Era uma noite fria, nevava la fora. Havia dias que meus pesadelos me deixaram em paz, mas não haviam dito "Adeus". Acordei com um grito continuo. Tinha me esquecido que Peeta estava no quarto ao lado caso eu precisasse. A verdade era que eu sempre precisava mas ele já tinha seus próprios problemas com sua mente, e eu seria mais um mesmo ele dizendo que não. Eu não queria acorda-lo mas uns cinco segundos depois, Peeta aparece em minha porta. Sinto um alívio muito grande e corro pro conforto que seus braços sempre tiveram. Ele me abraça forte de modo que me sinto protegida. Peeta estava recuperando aos poucos nossas lembranças. Quando olho em seus olhos consigo ver que ele está pensado "Está tudo bem, estou aqui" porque ele sabe que agora meus pesadelos são, na maioria das vezes, sobre perde-lo.

–Desculpa, eu não queria te acordar. -digo.

–Eu estava acordado a um tempo, sem sono.

Eu o chamo para sentar a lareira da sala comigo, já que nós dois estamos sem sono e a lareira nos esquentará.

–Quer brincar de Verdadeiro ou Falso?

Ele faz que sim com a cabeça. Começamos com coisas fáceis até chegarmos ao grande problema. Eu. Enquanto esclareço algumas coisas, Peeta me diz que vai se lembrando e consigo dar um leve sorriso. Depois de tantas coisas serem contadas, sinto que devo a ele uma explicação final.

–Peeta.

Quando seus olhos se encontram com os meus, sinto culpa e um gelo percorre meu corpo.

–Te devo muitas coisas, Desde que a gente se conheceu te tratei muito mal. Tenho certeza que se você estivesse no meu lugar, nunca me trataria como te tratei. Me perdoa.

Estou ajoelhada e ele sentado, ambos em frente a lareira acesa. Estou bem próxima dele e percebo que nossos lábios estão quase juntos. Eu sou uma completa idiota, demorei muito tempo para perceber o que sentia por Peeta.

Eu o beijo e vem a minha mente que depois de tantos meses se entendendo devagar por causa dos danos sofridos na Capital, isso é um grande avanço. Queria muito que Peeta recuperasse o sentimento que ele tinha por mim.

Caímos no tapete de modo que estou em cima dele. Ele emite um som que é uma mistura de um lamento com um gemido. Tinha me esquecido, o corpo de Peeta ainda está se recuperando das torturas e maus tratos.

–Desculpa, eu cuido disso.

Mesmo não tendo herdado as mãos de curadeira da minha mãe, me dou bem com ferimentos. Peeta me da um leve sorriso:

–Ta tudo bem. -diz ele.

Haymitch tem razão. Eu não mereço Peeta. Nunca merecerei.

Peço que ele tire a camisa para eu poder limpar seus ferimentos que percorrem suas costas e abdômen inteiros. Sinto culpa, a culpa foi toda minha. Passo muito delicadamente remédio em seu corpo e depois cubro os machucados com curativos. Quando acabo, Peeta recoloca a camisa e depois de um longo silêncio ele diz:

–Katniss, minha cabeça está confusa de modo que o que aconteceu agora...

–Você ainda acha que sou uma bestante criada pela Capital? -digo, dando um risinho. Ambos sorriem levemente.

–Não, nem um pouco. Mas é como você disse. Você não gostava de mim.

–Me perdoa. Eu sempre agi como durona e besta. Foi um erro.

Estamos próximos de novo mas dessa vez ele que me beija. Seus lábios percorrem meu pescoço onde ainda havia alguns leves hematomas provocados por ele. Ao contrário dos de Gale, seus lábios são gélidos e refrescantes, assim como a pérola que recebi de presente dele na arena.

–Me desculpa - ele sussurra em meu ouvido, se referindo as marcas em meu pescoço.

–Você não tem culpa de nada -sussurro de volta- Fica comigo.

–Sempre.

Sua cabeça está apoiada em meu colo. Eu passo a mão em seus cabelos loiros continuamente. Ele se levanta ligeiramente e percebo que acabou de passar um Flash back em sua cabeça. Ele sussurra:

–Katniss, você me ama. Verdadeiro ou Falso?

Com meus lábios próximos aos seus, eu respondo:

–Verdadeiro.