Os Guardiões - Reino dos Elementais escrita por Kai


Capítulo 31
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Obrigado a todos que acompanharam a fanfiction e me desculpem, sinceramente, pela demora. Algumas coisas infelizmentemente estão além do nosso domínio.
Boa leitura!



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A queda não era algo sobrenatural ou incomum para os elementais ou qualquer tipo de povo e nação, afinal, quedas, desmoronamentos, destruições, e massacres, em especial, foram vistos, observados cordialmente em todo o caminho longínquo e criterioso percorrido pela humanidade, povos, espécies e transformações impostas por sistemas ou unicamente utilizados pela mãe natureza modelaram a sociedade e sobretudo o modo como são enxergados os soldados, guerreiros, reis, rainhas, líderes, sábios, mestres, aprendizes, vitoriosos, derrotados, cúmplices, mentirosos e até crimes hediondos como o assassinato. Dentre todas essas medidas e instrumentos tortuosos inventados e planejados pelo ser curioso e destemido que conhece-se por ser humano, a guerra, talvez, tenha sido a mais catastrófica, impiedosa, cruel e maníacamente manipulada sucessão de eventos que aterrorizaram cidadãos e humildes pessoas habitantes dum mundo tão precário de amor e escasso de valores. Infelizmente, Sídh, tal como o impróprio império romano e a trágica antítese internacional comunista-capitalista, sofreu uma das piores derrotas já vivencidas na história dos elementais. Numa madrugada remota e qualquer, todo o povo de Sídh dispersava-se em direção às suas casas preprando suas respectivas famílias, comércio e lojas para retornarem a sua rotina habitual, o fluxo imigratório feito por gnomos de todos os cantos possíveis do globo havia cessado e passagens secretamente formuladas pelos feitiços e sigilos somente conhecidos pelos elementais terrestres daquela região foram lacrados até que o conselho popular governado pelos anciões representantes autorizasse a chegada de vistantes apreciadores da suposta cultura elemental mais antiga. Todos, de alguma forma, aguardavam transformações imediatas na sociedade gnômica, a reconciliação efetiva das facções, já que as diferenças acumuladas ao longo dos séculos jamais foram muito bem entendidas ou aceitas, cada subsespécie acredita ser superior a outra, um dos motivos pelo o qual gnomos criaram seus próprios clãs, hierarquias individualista e instigadas apenas pelo seu interesse, e discursos promovidos pelos sábios herdeiros da riqueza de Waeros, o famoso considerado "rei" dos gnomos e o único governante que todos os gnomos receberam prestigiosamente, entretanto, a chegada de quatro adolescentes conseguiu reverter totalmente o destino da cidadela. Semanas depois da permissão do chanceler, arauto serviçal e mensageiro do público ante o poder imperial do governo, manhãs e tardes tornaram-se mais curtas, frias, sonolentas, deprimidas, neve e ventos ecoavam do oeste sombrio pertencente ao país irlandês, frio inconsolável provocou mortes extensas e imparáveis de crianças pequeninas, recém nascidos, e mais do que nunca, pessoas foram levadas aos sacerdotes e curandeiros do templo de cinco pontas também conhecido como pentáculo, a religião mais valorizada e amada por elementais de todas as raças. A adoração e respeito por parte dos fiéis assolava a influência governamental já que a liturgia e o clero conduziam o público altamente sigiloso e temeroso ao culto excessivo e enriquecedor às principais divindades que deram origem aos elementais. Para as ondinas e ondins, existia Leviathan, a primeira serpente e a maior criatura já observada na terra, um ser incontrolável e cuja força e resistência assemelhava-se a um material indestrutível, incomparável e invencível, sua logintude e latitude sondavam a essência cósmica cobrindo o núcelo com sua energia e expandindo os poderes adquiridos e abençoados por alguma entidade desconhecido pelos próprios magos, os antecessores ao sacerdócio litúrgico e entoador prazeroso de cânticos aos Cinco Grandes. Simbolizando as propriedades curativas e fertilizantes da terra, a criatura rival suprema do Leviathan, estava Behemoth, o colosso virtuoso da esperança, e o primeiro a formar, modelar e lapidar continentes, árvores, ecossistemas, pradariais, campos e bosques, amado e seguido por todos os lugares, foi eleito rei de todas as feras e com sua boca batalhou contra a serpente e arrancou-lhe o pescoço fazendo com que despedaçasse e dividisse seu corpo em milhões de seres conjurados como serpentes marinhas, filhas dos mares e guardiãs das profundezas mundanas que fazem separação entre o mundo dos vivos e o império dos mortos. Quando por fim homens ergueram-se das fezes e do interior de savanas, atacaram e caçaram exasperadamente dizimando centenas e até milhões de espécies que viviam em seus ambientes pacificamente concorrendo e acompanhando o ciclo da natureza, uma necessidade desafiadora colocada para todo ser vivo: adaptar-se ao reino, mas o humano não aceitava as leis, e pelejou contra elas a fim de ser a coroa da criação. Após séculos de confrontos, gnomos andarilhos e conhecedores das estrelas suspeitam que o rei das animalias adormeça no interior do universo aguardando o momento exato para erguer-se de seu explêndido mausóleu para chamar seus seguidores e clamar por guerra contra a humanidade. Por outro lado, enquanto nos planos terrestres batalhas eram travadas para que houvesse dominação e controle absoluto, o mundo etéreo permanecia em constante estado de ebulição, chamas e ventos eram vistos pelos moradores montanhosos conhecidos como Imortais e suas majestosas aves insinuadas como Ziz, pássaros de penugem prateado e praguejar semelhante ao som de mil trovões e milhões de relâmpagos. Elementais infantes, precários e audaciosos, sonhavam ,em suas cavernas, tabernáculos e, até mesmo, moradas humanas, aparentemente adaptaram o comportamento de fungos e orquídeas adquirindo assim um efeito biológico intitulado simbiose, nas distantes possibilidades de cavalgar pássaros como estes, alçar aos seus glória e tomar posse do território antes dominado totalmente pelos humanos, mas... De que adiantava? Apesar de não saberem manipular ou sentir os elementos (água, terra, fogo e ar) da mesma forma que salamandras ou gnomos, as pessoas "comuns" tinham vasta curiosidade e a incrível capacidade de atendar às suas necessidades construindo pontes, ferramentas, muros, muralhas, palácios, atalaias, carruagens, automóveis, máquinas perplexamente avançadas e complicadas e caso estivessem em guerra poderiam explodir, torturar, capturar, distorcer e converter razão em loucura, sim, o nefasto e odioso desiquilíbrio mental. Ainda que fossem poderosos e reconhecidos por suas lendas, livros e mitos, os elementais sabiam claramente o que lhes aconteceria se revelassem ao mundo urbano e tecnológico a existência de golens, magias, sigilos, grimoriais e arquisegredos, a origem de todos os idiomas utilizados por seus povos e símbolos inscritos em desertos e planícies, basicamente, viram o que tinha acontecido com aqueles que aprenderam a sentir ou desviar parcelas mínimas do seu poder para favorecer aldeias e povos: revoluções, genocídeos, massacres, tragédias, mortes, a chance de serem encontrados ou detectados devido à forte energia demarcada em seus anteriores territórios nos tempos antigos ou medievais era enorme, portanto a cautela e o oculto deveriam ser mantidos escondidos escrupulosamente. Portanto, possuir uma língua universal ( a língua dos pássaros ), trancar e proteger suas passagens ou habitats naturais com sigilos, feitiços, enigmas, treinar e ensinar às suas crianças e descendentes como estabilizar suas emoções, impedir a ocorrência inumerável de poltergeists e revelações era completamente essencial. Viviam sozinhos, distantes dos humanos, tentavam permanecer a salvo e nunca vislumbrar a mínima luz em escuridão utópica em que nações humanas lutavam umas contra as outras e negavam vida inteligente ou superior a eles. Egoístas e arrogantes, características típicas dos Homo Sapiens. Raríssimas foram as situações em que humanos não foram mortos ou guarnecidos como reféns e jaulas como escravos para que não informassem à mídia ou aos seus líderes acerca de expedições em que acharam homens de pedra, homens e mulheres andando sobre a água, ou pessoas sendo incendeiadas apenas por diversão, como o astrólogo Merlin e o naturalista Charles Darwin, por exemplo. Outros elementais foram tolos e incitaram em mentes desprovidas intelectualmente ou maravilhadas pelas forças sobrenatuais a acreditaram e formarem religiões preconceituosas e extremistas, os mais conhecidos por provocarem este tipo de situação são os três judeus levados ao exílio após o ataque iminente do império babilônico e o insano também paranoico profeta galileu Emanuel, famoso por seus prodigiosos milagres e possível libertações, já que muitos o seguiam e chamavam-lhe insistentemente de mestre, isto ameaçava elementais de mesma etnia de terem suas naturezas reveladas e serem apedrejados ou perseguidos como muitos outros em meio aos quatrocentos anos exercidos por Alexandre, o Grande e César, o imperador indiferenciadamente exaltado por leigos e conhecedores de suas práticas aterrorizantes, ódio por rebeliões e favoritismo pelos leais e caridosos cidadãos romanos, especialmente patrícios, confortadores de seu ego insuportavelmente orgulhoso e poderoso. Emanuel foi preso. Mudo e fiel, teve seu corpo flagelado, humilhado à crucificação. O salvador dos hebreus fora traído e, como proprimente foi dito, aqueles que realmente eram seus familiares, não o receberam e negaram a legitimidade de seus ideais celestialmente inspiradores. Tamanha burriçe e desprezível tornou-se aquele ato, que seus discípulos copilaram livros e biografias sobre sua vida e ninguém conseguiu lhes interromper, aqueles simples homens mudaram o mundo,a maior condicionadora das crenças se formava, e ainda que brevemente o plano do sinedrius tivesse funcionado, era tarde demais. Lamentações. Choro. Pranto. Ranger de dentes. O coro infernal de tragédias narrados por Dante Aligheri se repetiu naquela desgraçada madrugada. Ela estava lá, caída, ferida, como uma rosa queimada pelo fogo e quase consumida por cinzas, a bela amarela brilhava naquela escura caverna enquanto a água despencava das alturas ao som de vitupérios e explosões distantes porém altíssimas no céu, algo estava errado, eu podia sentir, mesmo que fosse cego, surdo ou mudo, se a morte tivesse levado-me antes daquele momento, até os meus ossos e alma poderiam ter se revirado no túmulo ou amontoado de terra cobrindo meu putrefato corpo. Aproximando-se da garota de cabelos pretos desmaiada e extramamemente ferida, prostrei-me e quase esqueci da bagagem que segurávamos desde que descemos àquele inóspito interior obscuro e misterioso no rochedo, e, como fosse o coração do próprio inferno sendo revivido, eu pude sentir a vitalidade tomar conta das rochas e tudo quanto era morto crescer e se apoderar do que outrora era seu, no entanto, não era uma vida suave e prazerosa, mas a ressurreição de algo monstruoso, terrível, furioso, despertado e levemente angustiado pela traição, a destruição dum antigo pacto que, lamentavelmente, nunca deveria ter sido quebrado. Babulciei quando a vi tentando abrir seus olhos e sacolejei seu corpo delicado e feminino. Estava inerte. Apenas eu seria capaz de sustentá-la ou retirá-la donde provavelmente seria soterrado e eternamente esquecida. Após despojar minha mente do medo do terror que aguardava-me consecutivamente depois da saída daquele escrutínio, dobrar as mangas da minha camiseta, carregar a garota nos braços ao mesmo tempo em que carregava nossas mochilas expiei para o céu fora daquela gruta e um brilho faíscava no céu semelhantemente às luzes do norte incrustando a cidadela com um escudo antes invisível despedaçando-se no céu como vidro partindo sua conjutura em milhões ou bilhões de pedaços, casas e prédios ardiam em chamas negras que cresciam, explosões quase insurdecedoras ecoavam das profundezas, gnomos se jogavam de suas janelas para não serem devorados pelos incêndios indomáveis, e, por mais que minha audição não fosse impecável, sabia muito bem que eles chamavam, gritavam e agonizavam repetindo nomes e expressões de ajuda, socorro, auxílio, mas ninguém poderia-lhes salvar, o mal viera repentinamente para todos. Tocando na parede rochosa defronte a mim e à garota, ordenei que uma passagem fosse aberta até a superfície do rochedo, mas não havia resposta, os pedregulhos, rochas e partes antigas do rochedo estavam confusas, inquietas, recusavam-se a estender alguma passarela ou caminho a fim de garantir a salvação de dois elementais. A cólera subiu-me a cabeça e exclamei com mais força no toque, repreensivamente risos e gargalhadas ouvi, elas desprezavam qualquer tipo de autoridade, independentemente do meu posto como embaixador, ouviam somente às vozes escuras da anarquia, a única rainha que temiam. Percebendo o quando desprezavam e rejeitavam as ofertas pacíficas e temíveis por minha parte, recorri a um efeito o qual geraria obediência, o caos. Exerci todo o poder reservado e apoderei-me de todos os ensinamentos aprendidos e ensinados na Academia Tartariana dos Elementais, eu era um elemental, um mestre dos elementos, e não seriam pedras inúteis e ancestrais como aquelas que impediriam uma ordem minha. Ameaçei dispersar a vitalidade das rochas, tomá-la para mim e fazê-las adormecer para sempre em um mundo devastado pelo crepúsculo que sempre temi, o Samhain. Rapidamente, o rochedo atendeu ao meu chamado, e serviu-me com tanta paciência, que a própria realeza jamais obteria admiradores tão fiéis. Como existiam diversas escaderias e caminhos escondidos por Waeros, o estranho, não foi difícil acreditar que uma escadaria até o topo tinha sido construída para ser uma possível rota de fuga na cidadela. Levando comigo a ondina a cada que passa dado na escadaria, a recordação de uma família responsável por governar a Baviera e ensinar aos seus herdeiros os mandamentos essenciais para que tivesse justiça e coesão em suas ações pareceu um sonho perpetuamente distante, verdadeiramente, uma família perfeita nunca existiria para alguém como eu, não existiria motivo melhor para a chama titânica ter escolhido meu nome do que destroçar o que havia de melhor e bom em mim a fim de fazer com que o lado negro recuado e preso sob controle se permitisse remexer nas minhas entranhas e assumir ilimitadamente meus pensamentos. Chegando na metade do caminho, ouvi estrondos percorrendo as dezenas de metros acima do meu cérebro e vibrações assustaram as rochas que acompanhavam meu percusso tentando achar alguma maneira de serem salvas daquela guerra, infelizmente, aquele teria sido o destino delas. Eu poderia ter nascido e formado há milhões de anos como um desses minérios, resultado inédito de calor inominável, formações calcárias e químicas sem vida até que pudesse ser banhado por algum tipo de criatura elemental primordial, a possível alternada origem dos gnomos, os vermes nórdicos de grandes e reconhecidíssimas mitologias, contos épicos fabulosos em que aparecem como anões irritadiços, ratos secundários, ou pessoas ambiciosas por ouro, rejeitadas e gananciosas, sempre acompanhado o garoto alto e bonito, que, inusitadamente, ganha a confiança do patriarca real, finanças suficientes para comprar alianças e castelos a uma princesa infeliz a qual deseja ser livre para voar com seus adornos pelos sete céus e não temer os reis dragões manifestos por seus sete infernos de suas únicas e demasiadas suberanias. TODOS sabiam que dentre os quatro incapacitados para lutar diante das forças das trevas, todos gritariam e se maravilhariam com o explendor e glória flamejante do salamandra, um garoto abandonado e deprimido, o típico órfão dotado de poderes que todos olharão e respeitarão temendo sua coragem e espantando-se graças à sua habilidade não vista há séculos de incendeiar seu corpo e não ter qualquer queimadura ou problemas referente à singular saúde do garoto inglês. Ele roubou a ondina das minhas mãos, fora incapaz e covarde o suficiente para impedir que os filhos da luz se separassem e fraco demais para derrotar Cailleach.Meu primeiro e mais dourado amor tinha sido destruído pelo espírito escuro e perturbador que possuíra seu corpo,

trevas e abalos cósmicos que não eram vistos centenas de anos antes do meu ou o nascimento de qualquer outra pessoa assolam impiedosamente a cidadela e seus habitantes. Finalmente, meus olhos se abriram e percebi que não existia mais nada que eu pudesse fazer. Estando cansado, quebrantado de ossos e enfraquecido pela longa caminhada, toquei a parede densa de pedra, e,pouco a pouco, pedrugulhos caíram e desmoronaram na minha frente. Arrepios tremularam em minha pele e entendi a gravidade daquela catástrofe. Se não fosse pelas luzes que incandesciam o grande teto recheado de nuvens que obscurecia o cintilar das constelações de Ptlomeu, a poeira misturada a negritude que passeava retumbante em Sídh teria me feito cair centenas de metros abaixo do penhasco. Gritos aterrorizantes de soldados gnomos desarmados e feridos oprimiam os meus ouvidos, o único sentido que parecia não ter sido afetado em meio àquele desastre. Como fogos de artifício no ano novo europeu, explosões multicoloridas dissipavam as energias desordenadas do céu e os cacos de vidro invisivelmente enfeitiçados haviam parado de despencar dos céus, as mais horrendas criaturas afloravam como portais e gosma estranhamente negra, mui parecida com o petróleo, e saltavam em cima de suas vítimas arrancando pedaços de seus corpos, bebendo o sangue torrencial de partes estraçalhadas do corpo e chamavam mais e mais bandos de pequenos monstros auto-ressurretos para que se alimentassem e se desenvolvessem o mais rápido que podiam. Centenas de corpos estavam revirados, com toda a sua vitalidade sugada, sem olhos e sequíssimos, um cemitério de aflitos e perdidos. Vi um dos poucos soldados que conseguia se defender atacando as bestas vampíricas, mas foi elotrocutado quando um bando voou sobre sua cabeça em formato circular e um relâmpago roxo atingiu o escudo que protegia sua cabeça. Os predadores riam diante do desmaio do guerreiro e voaram rapidamente como pequeno morcegos para absorver sua vida, mas eu não seria capaz de deixar mais alguém inocente ter o sangue derramado. Coloquei a garota perto da passagem cobrindo a de pedras junto com seu cajado, talvez aquela arma conseguisse a proteger além do que ele poderia fazer a si próprio, cerrou rispidamente os punhos e chocou o ar projetando um pequeno sopé de terra que se movimentou veloz como um projétil e lhe permitiu saltar e chutar os íncubos, renegados que foram vistos pela última vez ao lado de Cailleach séculos atrás e assim como hags e dagdas reduziam novamente as chances de sobrevivência dos elementais e sua dignidade. Os morcegos íncubos sibilaram nervosamente no momento do ataque e arrancaram pedaços da calça e arranhões no calcanhar desprotegido, ambos os pés estavam ausentes de calçados. Em seguida, borbulharam entre si sentimentos, risos, ameaças até começarem a se conectar e formar um corpo maior, magricelo, negro, demoníaco e horrivelmente sombrio, longas e esticadas asas ergueram-se no ar e o íncubo, agora maior e feroz, gritou legião para mim. Suas esqueléticas extensões carnais que permitiam o vôo amordaçaram meu corpo, seus braços frios, gélidos e cruéis prenderam meus braços e senti meu corpo sendo levado cada vez mais alto no céu. Primeiramente, senti o horror chacoalhar meu corpo, aos poucos meu coração parar e o fôlego ser retirado. Dentro das nuvens cinzentas e rebeldes, centenas de íncubos e suas consortes, súcubos, gritavam aleatoriamente em suas línguas redirecionando-me a uma morte sem sentimento ou agonia, caso caísse daquela altura provavelmente desmaiaria ou morreria de insuficiência cardíaca, mas eles simplesmente dissolver seus corpos deformados em pequenos morcegos e voaram até o meu corpo, minha camisa fora arrancada e, invés de tirar todo o sangue das minhas veias e afetar irreparavelmente meus músculos, senti contagiosamente o prazer que transmitiam e perpassava em minha alma, minha boca gemia consecutivamente até que os gritos passaram a vir não só dentro dos meus pulmões, mas daqueles que tocavam e mutuamente receberam a sensação nunca expertimentada desde muito tempo. Antes que eu pudesse perceber, feridas se agravavam pelo meu corpo e no lugar de renegados, enxerguei ondina e kitsune sem quaisquer adereços ou vestimentas sobre mim, seus cabelos, lisos eram balançados pela brisa e despiam-me da vergonha e assombro que acompahara-me em toda a minha vida. a garota asiática se abaixava para abrir o zíper, lambia e fazia o prazer pulsar, ter vontade próprio e optar por escorrer para fora desesperadamente, mas algo o impedia de concretizar seus planos. A ruiva rodeava meu corpo, antes magro e esbelto, agora musculoso e jovial, com seios enrijecidos e voz dócil, astuta, apaixonada, juras de amor e infinia felicidade. Ela recitava Shakespeare, e meus olhos cruzavam-se com a beleza Aesir do seu rosto tentando tocá-la, apreciá-la, amar o que verdadeiramente merecia ser amado, aquilo que não era passível de corruptibilidade e era fiel, manso, mas minhas mãos estavam atadas, pernas permaneciam congeladas, meu busto parecia ter sido esculpido em gesso e, como uma estátua grega renascentista, a vida petrificava ao meu redor, meus movimentos encerravam-se como se fossem mergulhados em nitrogênio líquido, as duas garotas saíam perto de mim e riam, seus cabelos transformavam-sem em prateado lunar,íris lilás e anil convertiam o castanho e verde em sedução pecaminosa e sedenta. Peles pálidas, vestidos pretos e enormes presas ramificavam a beleza das duas elementais em pura imaginatividade e ilusão de pensamentos que nunca deveriam ter suscitados. Meus gritos de socorro refletiam-se na escuridão e a vaidade era derrubada pela amargura, até que uma explosão fez meus olhos se abrirem e as miragens serem diluídas levemente na visão que persuadia minha alma a acredita que aquilo era real. A verdadeira garota de cabelos pretos utilizava seu cajado para fazer meu corpo fluir nas águas e acordar antes que o veneno impregnado pelos íncubos tivesse sucesso. Recuperando a consciência, atentei minha visão à destruição que se estendia além do peímetro, as chamas pretas e sombrias apagavam-se lentamente nas ruas e moradas da cidadela, mas todos sobre a superfície da rochedo, com a exceção de que eu estava vivo juntamente com a elemental do clã amarelo, estavam mortos. O castelo e sua vegetação, soldados, tesouros e empregados possivelmente estariam mortos pelas chamas, atacados e parasitados pelos renegados vampíricos, destroçados pelo desmoronamento ou teriam se suicidado ou fugido daquela região. Ainda atordoado pela visões, percebi que a filha da luz acompanhava-me até a montaria de um hipogrifo filhote,achado escondido no palácio,que foi conquistado pela generosidade da ondina e sua honestidade. Apesar de suas queimaduras, conseguiu ter forças suficientes para colocar-me no bichano penudo e usar o cajado como apoio para subir igualmente. Ambos alçaram vôo naquela terra incendeiada e viram que as chamas ainda desintegravam as construções datadas de séculos atrás por famílias de guerreiros humildes e corajosos, porém falecidos e ao lado dos descendentes mortos por aquilo que tanto temiam. O plano da garota, aparentemente, era pousar na casa secreta e fugir pelo primeiro feixe, a demarcação territorial da minha família na Alemanha, enquanto que renegados se regozijavam em partes distantes de Sídh e se inundava de vinho e soberba. Dagdas haviam pisado centenas de pessoas, destruído monumentos e até memoriais dedicados aos guerreiros encomendados cordialmente por Waeros, vosso primeiro general e único rei. Cipós gigantescos tinham crescido das partes mais distantes da cidadela, se contorciam, cobriam e arrastavam dezenas de casas enquanto a cantoria dos sátiros continuasse a encher os ares de vergonha e temor. Pousando aos arredores da vizinhança da minha casa e apenas a elemental da água conseguiu segurar meus braços e sustentar-me para chegar perto o suficiente da casa sem chamar a atenção de seres indesejáveis com hipogrifos, mas a besta não queria deixá-los, parecia estar aflita, ansiosa, solitária, queria alguém para cuidar dela durante a sua infância, por mais que sua "salvadora" tentasse mandá-la embora. Temendo ser rejeitada, a hipogrifo tropeçou em um dos cipós e este terminou por quebrar suas patas contorcer ao redor do seu corpo, apertar seus membros e sufocá-la até a morte. A garota gritou pela hipogrifo, mas a pobre ave já tinha perdido sua vida. Ela só queria amar, e sua única companhia, neste único momento, seria a morte, a única criatura que abriu seu manto para lhe abraçar e colher sua alma a um rio sem origem ou afluentes. Cipós com dezenas de metros surgiram por todos os lados para detê-los e se alimentar de sua carne, pois seus hábitos eram predatórios, mas a ondina desfirou o cajado e cortava ramos e mais filetes vegetativos que caíam mortos e secavam até se tornarem pó, porém foi a água removida de um trecho do curso do riacho que a fez mergulhar e congelar metade raivosa das raízes sob mando dos renegados terrestres. Suzana lutava para não desistir e puxou me braço, independentemente de tudo o que tinha acontecido, ela confiava em mim e sabia que valia batalhar por algo maior. A garota mancou comigo até chegaros à casa secreta, manipulou a água para que massacrasse os portões e corremos até a entrada. A casa parecia intocada, o fim poderia estar surgindo e destruindo tudo lá fora, mas assim como constava nas memórias depositadas por meus pais em minha mente, a família permanecia para sempre. A ondina gritou pelo nome de Jack, Katherine, qualquer um que tivesse conhecido, confiado, amado, respeitado...ninguém podia lhe ouvir, eles estavam sós. De repente, dois gnomos, mal trajados, ríspidos e ignorantes chegaram na sala cerimonial onde fui colocado próximo à mobília antiga e preciosa. Eles blasfemavam, xingavam, usavam uma das facas da cozinha e ameaçavam cortar a garganta da garota caso eu não lhes dissesse como abrir a passagem do primeiro feixe. De alguma forma, a árvore, assim como todas as outras, estavam impedidas de funcionaram, aquele era simplesmente o plano perfeito de Cailleach e seus asseclas. No passado, ela e seus seguidores foram mortos, perseguidos e dizimados para houvesse paz entre os gnomos, e, como vingança, prendiam a todos dentro dos tão adorados e conhecidoos muros como ovelhas num aprisco para o matadouro, ninguém estava livre da morte. As palavras saíam gaguejadas e semelhantes a grasnidos da minha boca, se eu tentasse me levantar, caíria e desmaiaria como consequência de uma estupidez tão grave. Os assaltantes se encheram de furor e começaram a manusear todas as armas a seu favor para atirá-las em mim e ver o sofrimento duplicar. Antes que pudessem lançar um dos projéteis estendidos em uma das batalhas por meu tio por parte de pai em meados do século dezoito, um rugido terrivelmente incompreensível acordou atrás de mim e aquele que o fazia saltou sobre eles coberto de vultos e sombras, rasgos e arranhões surgiam em seus corpos, feridas se alastravam, olhos e cavidades sangravam até que fogo queimou, vaporizou e escapou das bocas, orelhas e narinas. Os dois elementais gritavam agonizantes e clamavam por misericórdia até explodirem em imensas e macabras poças de sangue sapilcaram tudo a uma distância de aproximadamente sessenta e oito centímetros. Parcialmente coberta de restos mortais, Suzana exclamou de horror e viu o um rosto traumatizado e envelhecido na minha face no lugar de feições jovens e límpiadas. Do meio daquele sangue, um gato falante eloquente, olhos de cores desiguais e comportamento humanístico praguejou e xingou em trinta e sete línguas, quinze dialetos e oito expressões étnicas derivadas de tempos passados com filósofos gregos antigos em suas academias e leituras vagas nas bibliotecas de mosteiros e abadias. Bob saiu imundo de sangue té se pôr de pé como um humano e fez diversas piadas até perceber os olhos chorosos e semblantes deprimidos. Redirecionando agora sua fala para Suzana, esta o abraçou e , mesmo que não gostasse de abraços, aceitou aquela convenção inesperadamente social. Relutando em espressar seus sentimentos quanto àquela situação, falava de planos, ideias, concepões, rotas imigratórias, viagens e lugares para se refugiarem. Ambos filhos da luz não ouviam, estavam amendrotados, assustados, queriam fugir, queriam repousar, queriam esquecer. Ouvindo apuradamente os gritos e sons de sátiros e dagdas andando perto da casa secreta, o bakeneko saltou inusitadamente sobre mim e a garota fazendo-nos andar e ter parte da nossa força recuperada. A maldição assim como todos os outros feitiços tinham sido quebrados após a chegada do Samhain, o gato falante havia recuperado sua cauda e todos estavam em perigo. Entrando em estado de transe, o gato tornou-se mais longo, magro, forte, até atingir 9 metros e assemelhar-se a um tigre em força e poder, talvez aquela fosse sua verdadeira forma. Manipulando minha mente lentamente fez com que eu e a ondina montassemos em seu corpo peludo e selvagem e segurássemosem seus lombos até saltar para o teto teto da casa e atravessarmos-na quase como fantasmas e subirmos em céu cinzento, seco, frio, obscuro, rasgado, desprotegido, aninhando em um mundo sem esperança e tinindo como bronze e ferro a gredidos por seu entusiasmado e cruel dono, as trevas retornavam para a face do abismo, pois já não estavam escondidas ou oprimidas pelo poder inatingível da luz. Abaixo das nuvens, podia-se ver as chamas desintegrando e sendo apagadas aos poucos pelos ventos que viam do leste quente e afável. Despertando ao horizonte, vi o sol se levantar do pior de seus anos e anunciar como um anjo o qual renasce todas os dias a verdade, a catástrofe e principalmente o inevitável...

–Relato perdido de Klaus Wellington Lee, gnomo canhoto e desprovido de gorro, após a quebra do Samhain e a divisão induvidável da nova era dos elementais. Horas depois achado por um dos vários peregrinos arquivistas e compiladores servos dignos para a manutenção do percusso histórico dos elementais. Após ser encontrado por um de seus aprendizes comercializando esse tipo de material com pessoas encapuzadas , afirma ser capaz de tudo, com tanto que sobreviva às mãos de Ahura, pela recompensa inestimável da entrega ou mera dedução da localização do filhos da luz. "Ninguém está seguro" diz gnomo, momentos antes de ser assassinado.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima, caro leitor!



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