Os Guardiões - Reino dos Elementais escrita por Kai


Capítulo 18
Revelações mentirosas


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



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–Ego te coniuro te vincula, et præcidam brachium tuum, qui est, et usque ad quinque, molestie eu, nomen Waeros, fatum!- ordenou Rhal. Jack jamais vira algo tão estranho e dominador como o conselheiro Rhal, ele era estranho, e talvez fosse um dos muitos elementais renegados como Bob, o bakeneko, e Rose, a kitsune, mas do que importava? Klaus ainda confiava em Jack e tinha pedido que o chanceler fosse tirado das masmorras, mesmo com a relutância dos guardas golens. Quando ele entrou na escura prisão, muitos dos presos começaram a gritar, sussurrar, murmurar, e com um simples gesto eles ficaram em silêncio. Assim como o encanto utilizado por Kathe para que ela e Jack entrassem nos domínios de Demitry e se alistassem, o feitiço utilizado por Rhal era em latim, por algum motivo. Quando ele terminou de falar, as correntes que prendiam os pulsos ensanguentados de Jack se desfizeram em cinzas pois os pentagramas consumiram eles em chamas azuis quentes que não controláveis pelo salamandra.

A porta da jaula se abriu, e Jack foi levado pelo braço por Rhal com relutância e jogado em um quarto pequeno que tinha algumas roupas;

–Para..por que..como...?- perguntava Jack;

–Apenas obedeça- sussurrou Rhal -O embaixador Klaus Wellington deseja sua presença assim como a da sua amada Suzana durante a reunião do conselho geral dos leprachauns em um jantar, há não ser que queira comer com os prisioneiros- Rhal fechou a porta deixando Jack só. O salamandra não acreditara que Suzana ainda não tinha contado o que tinha acontecido na casa secreta para Klaus. Claro. Eles ainda tinham que achar a relíquia da terra antes que Cailleach atacasse, ou Ahura conseguisse a relíquia antes deles e fazer com que Katherine voltasse junto com Rose, mas.... como iriam conseguir isso sozinhos? Waeros o estranho havia sido bem esperto quando escondeu o anel de sua família, provavelmente o objeto estaria em algum lugar da cidadela de Sidh, porém onde?

Jack colocou calças jeans e uma camiseta verde típica de camponeses assim como um casaco com o símbolo do conselho. Quando saiu, Rhal o levou pelos longos corredores medievais com quadros, armaduras. Os corredores por onde Rhal o conduzia pareciam mudar de caminho a medida que ele os percorria apreensivo. Alguns goblins carregavam pratos de comida ou ficavam empurrando com pressa. Fazia tempos que Jack não via goblins. Os goblins era também renegados que eram tratados como empregados em grandes instituições elementais ou monumentos. Quando por fim Rhal trouxe-o ao corredor principal, existia um longo portal de pedras em que goblins saíam e entravam, uma placa branca tinha escrito em irlandês:

AN IONTACHE

E logo abaixo a inscrição estava na língua comum dos elementais:

(O MAGNÍFICO)

–Jack!- gritou Klaus. Apesar de estar sem o tal gorro vermelho, Klaus estava com os cabelos cor de caramelo encaracolados penteados, os olhos verdes brilhantes e inteligentes, mas dessa vez vestes verde prateadas que indicavam o jantar que logo teria. Klaus foi até Jack e o abraçou. Suzana estava do lado esquerdo do gnomo quando olhou Jack com um olhar triste e vago. O salamandra e a ondina se entreolharam sabendo que ele ainda não sabia do segredo que ainda guardavam;

–Desculpe os métodos de segurança do conselho, mas acho que entende o porquê de uma fênix e dois elementais distintos virem juntos ser algo preocupante. Suzana explicou-me o que aconteceu, pretendo tentar mostrar ao conselho o que aconteceu quando estávamos em Shambala e dizer como Ahura é perigoso- Enquanto Klaus explicava para Jack sobre os conselheiros que diziam estar muito "ocupados" para atender os pedidos dele, e que nesta noite eles finalmente iriam estar perto de derrotar Ahura, Jack reparava no vestido de Suzana. Seus longos cabelos castanhos estavam presos em uma trança jogada de lado e possuía uma franja virada para a esquerda. Seus olhos castanhos eram realçados pelo seu vestido cor de oliva e a pequena bolsa que trazia. De alguma forma, Jack sentia algo por Suzana, mas o que seria de Klaus? Ele fora seu primeiro amigo, o ajudou a entrar na ilha Tartária, sempre tinha lhe prevenido e ensinado sobre coisas que os outros nem fazia ideia....Klaus era inteligente demais para perceber.

Quando o jantar começou, Klaus entrou com Suzana de mãos dadas e Jack ao seu lado. O salão magnífico tinha uma mesa comprida com vários pratos e talheres de prata, além de goblins que serviam a todos com audácia e extremo respeito. Os quatro leprachauns que aguardavam a presença de Klaus eram totalmente diferentes do que Jack pensava. Alento, era um leprachaun muito velho com a barba e cabelos extremamente alvos, sua pele era bronzeada e ele era tão gordo quanto um porco, representava a facção dos Niggey, gnomos que viviam nas regiões tropicais e quentes.

Dario era um leprachaun anão calvo que tinha uma barba rala e era extremamente iracundo, batia e fazia poltergeists facilmente fazendo goblins caírem ou serem empurrados para longe, ele representava a facção dos Browns, gnomos que viviam em fazendas e garantia sucesso para os agricultores. Ele amava pudim, e se sujava como uma bebê comendo-os. Cassius parecia ser o leprachaun mais centrado e sistemático dos outros três, ele era magricelo, usava as velhas vestes sacerdotais, um medalhão, e era careca, se comportava como representante dos Rouge: gnomos que vivem nas montanhas. Por fim, Petrus era o leprachaun que fazia piadas constantemente fazendo todos rirem, o único que entendia suas piadas era Klaus a qual gargalhava insistentemente deixando todos na mesa sem graça. Petrus era o represante dos cluricauns, facção que tinha o costume nômade de percorrer grandes desertos e florestas deserdando outros gnomos (por causa deles, os gnomos passaram a criar os primeiros freixos demarcando suas propriedades ou utilizando como mecanismo de fuga rápida).

Klaus parecia ter se enturmado facilmente entre os outros leprachauns, chegando a não utilizar a insígnia dada por Gaio (o verdadeiro representante dos duendes, facção de Klaus e sua família) e esquecer da presença de Jack e Suzana que se entreolhavam dezenas de vezes. Depois de comerem tudo o que o castelo tinha oferecer, desde os pratos principais até a sobremesa, Cassius sugeriu que quem dos leprachauns tivesse algo para pronunciar que se declarasse, mas Klaus ainda ria e conversava com Petrus, até que Suzana revirou os olhos e chutou sua canela. O gnomo derrubou o copo com bebida dentro e se levantou pigarreando a garganta e chamando a atenção de todos;

–Hum...senhores do conselho dos leprachauns, o jantar desta noite foi um dos melhores a qual tive na minha vida, inclusive a torta de pêssego estava ótima mesmo, mas temo dizer que o objetivo de eu estar aqui e meus amigos Jack e Suzana estarmos aqui é outro- alguns dos conselheiros riam ou esforçavam-se para não rir;

–E qual seria este objetivo?- perguntava Petrus -Nós leprachauns entendemos o caso de Gaio, ele era apenas um velho doido que falava de profecias e blá blá blá-

–De fato, Gaio era um pouco absorto das reais preocupações do conselho, tais como impedir que certos "elementais" hereges se aproximem do nosso povo, ou que outras espécies tentem criar uma guerra como os ridículos silfos- indignou-se Alento;

Nós não estamos aqui para competir quem come mais pudim ou qual de nós faz mais piadas- rosnou Jack se levantando e surpreendendo a todos -O mundo está em perigo, será que não entendem? Eu, Klaus e Suzana enfrentamos Ahura pessoalmente sabemos o que ele quer!-

–As relíquias dos imortais- completou Klaus -Ele não vai descansar até consegui-las. Por isso, se virou contra nós com a maior inimiga deste conselho: A primeira mãe- o conselho ficou em silêncio até que Dario levantou a voz;

–Impossível. Todos sabemos que a primeira mãe está detida em sua prisão no outro da Irlanda, e que jamais poderá levantar até que os verdadeiros filhos da luz nasçam. Quem vocês acham que são? Pelo que sei, Paracelso disse que eles seriam cada um de uma espécie dos elementais. E vocês são três, não quatro-

–Não temos tempo para isto!- gritava Jack -Cailleach se unirá a Ahura e em pouco tempo vai acontecer o Samhain, eles levantarão seres que vocês consideram tão abomináveis para matar todos nós-

–Traição!- rosnou Cassius -Pela barba de Waeros, como podeis falar tanta bobagem?! Primeiras mães, espíritos das trevas, renegados, profecias... O conselho não tem tempo para isso! Esta reunião está encerrada- bradaram os conselheiros. Jack e Klaus tentaram correr para impedi-los, mas rapidamente foram jogados contra as cadeiras em que estavam sentados assim como os outros conselheiros que ficaram presos nestas;

–Mas que diabos...- dizia um dos conselheiros. Alguma coisa estava acontecido ali. Quando Jack se virou para ver Suzana, seus olhos expeliam uma luz azul e branca que parecia ser tão nítida e quente quanto a luz do sol. Seus cabelos pretos pareciam estar eletrizados pois alguns fios voavam e ela flutuava sobre a mesa se dirigindo para todos ali presentes. As portas e as trancas se fecharem e as chamas das velas e do candelabro apagaram. Ninguém fazia ideia do que estava acontecendo, senão fosse por Jack e Klaus

Como vocês ousam? rosnava a espírita da água Deixei que mergulhassem na rispidez e arrogância por séculos enquanto que adormecia profundamente no cajado de meu servo, mas agora não permitirei que tratem oprimidamente os filhos da luz! a sala parecia balançar a medida que a espírita em Suzana falava com força e poder jamais visto;

–Mas...Mas...Mas...- gaguejava Alento -Só o...o...espí...pí...rito da ter...- A espírita olhou para o conselheiro e então manipulou a água do vinho em que tinha bebido para que engasgasse e desmaiasse, o que justamente aconteceu;

Cailleach também já foi como vocês. Ela era a rainha da natureza, tão poderosa que reinava sobre as fadas que agora dormem como eu. Mas seu poder a envenenou e fez ela se virar contra vocês! Não se tornem como ela! A espírita em Suzana se virou para Klaus e Jack com os olhos brilhantes e então disse ainda mais, mesmo com o gnomo e a salamandra em extremo silêncio;

Como podeis ser ainda tão teimosos e divergentes? Mandei que minha receptácula dissesse, porém agora eu mesma digo: As paixões traem, mas o amor verdadeiro vence o medo. Guardais as minhas palavras, abri vossos olhos e alçais a audição como o refúgio! Quando a espírita terminou de proclamar seus olhos brilharam poderosamente e então Jack e Klaus tiveram sua visão levada longe do salão Magnífico para um lugar turvo e cinza onde Jack agora podia ver a si mesmo e Suzana conversando na sala da casa secreta, assim como Klaus, mas inesperadamente algo aconteceu. Suzana tinha se aproximado de Jack e tocado seus lábios com os dele. Aquilo não estaria acontecido...Jack queria que não estivesse... mas era tarde demais.

Depois que a visão de ambos tinham acabado, Suzana havia flutuado um pouco acima do chão, e quando ia cair, Jack correu e a segurou em seus braços. Klaus estava sentado como se nada tivesse acontecido, pálido, e com os dedos tremendo de qualquer coisa menos a felicidade que tinha tido quando beijou Suzana semanas atrás em Shambala, ou quando eles passaram a namorar. O conselho dos leprachauns se dissolveu em silêncio, Cassius afirmou que no dia seguinte haveria um reunião para atacar Cailleach e impedir que algo acontecesse com a cidadela ou com todo a raça gnômica. No entanto, Klaus se despediu de Jack sem ao menos olhar em seus olhos ou falar com ele.

Após o salão magnífico se fechar e todos estarem indo para seus respectivos lugares, Jack entendeu que a espírita havia sido benéfica usando Suzana novamente como seu receptáculo, mas inevitavelmente mostrado o segredo dele com Suzana. Enquanto caminhava solitariamente para seu quarto, sentia vontade de queimar as paredes e queimar aquele lugar com o pior incêndio da história dos elementais. O salamandra socava em chamas os corredores e grunhia, até que ouviu a voz de Klaus. Se esgueirou pelos corredores e observava e ouvia ele e Suzana;

–Klaus...eu...Jack...desculpe, eu juro. Eu estava sozinha, Katherine e Rose tinham acabado de fugir... não foi...- explicava Suzana em lágrimas;

Sua intenção? É claro, você acha que sou idiota? O bobo e nerd Klaus que ficava tímido quando você me beijava?- O gnomo virou-se para trás tremendo de rancor -Como pôde vir até mim e não me contar a verdade? Eu... Eu....- Jack sabia o que ele queria dizer a Suzana, que a amava. Mas os três estavam impossibilitados de dizer aquela palavra. Suzana estava derramando lágrimas mistas de ódio e tristeza, até Klaus evitava chorar;

–Você sabe qual é o pior? Eu confiei em você, eu confiei em Jack. Agora...não posso confiar em mais ninguém- Suzana tentou tocar em Klaus mas ele simplesmente a rejeitou -A espírita da água estava certa, as paixões traem, mas o verdadeiro amor vence o medo- repetiu o gnomo sem gorro com amargura. Depois disto, ele saiu entrando em seu quarto e deixando a Ondina caída e sem ninguém, apenas com Jack.


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Notas finais do capítulo

Obrigado