Demônios escrita por Fabrício Fonseca
Notas iniciais do capítulo
Espero que goste :)
§A§
Eu estava completamente ansiosa; já fazia um mês desde nossa batalha no museu abandonado e faltava apenas três dias para Eric e eu nos casarmos.
Margareth era minha madrinha e estava me ajudando com toda a arrumação do casamento e da recepção logo após da cerimônia. Nós estávamos nos divertindo bastante com tudo isso.
Era mais ou menos cinco e meia da tarde e nós duas estávamos no meu quarto, eu estava provando o vestido de casamento e ajustando já que minha barriga crescera no último mês. Era no modelo tomara-que-caia com detalhes em diamante que imitavam galhos com pequeninas folhas; a saía era cheia e redonda feita com renda branca levemente ondulada, Margareth havia dito que quando eu andava parecia que a saia era feita de rosas brancas.
–Você está tão linda – disse Margareth ameaçando chorar – está parecendo uma princesa!
–Margareth Cryam, não ouse chorar se eu não posso fazer isso – eu disse a puxando para um abraço. De repente senti um cheiro vindo do corredor.
Levantei a saía e corri para fechar a porta, fui tão rápido que a porta bateu.
–Hey, eu quero entrar – Eric falou do outro lado da porta.
–Você não pode ver Annabelle, Eric! – Margareth gritou enquanto abria um sorriso em seu rosto – ela está provando o vestido.
–Dá azar ver a noiva antes da hora – eu disse.
–Mas eu preciso vê-la para ter certeza se vamos estar combinando no dia – ele disse e eu pude sentir o tom de brincadeira em sua voz. – E azar nenhum vai me afastar de você, mulher!
Aquilo me fez soltar um risinho fraco.
–O que você quer, Eric? – Perguntou Margareth.
–Quero algo pra vestir, to indo tomar um banho.
–Pega qualquer coisa aí dentro do armário – sussurrei para ela.
Margareth foi até o armário e pegou qualquer roupa que apareceu primeiro, e então veio pra perto de mim. Eu abri a porta somente um pouco e ela literalmente jogou a roupa para Eric.
–Obrigado senhoritas! – Eric disse quando pegou a roupa e eu ouvi seus passos se afastando, indo em direção ao banheiro.
–Ainda dá tempo de desistir, você sabe não é? – Margareth brincou e eu lhe devolvi um sorriso malicioso.
Nada faria com que eu desistisse de Eric. Nada faria com que eu desistisse do amor da minha vida.
§E§
Fui até o banheiro e tomei um banho demorado. Eu havia acabado de chegar da cidade; como dissera a vovô eu estava trabalhando com o pai de Annabelle, não nos negócios dele – que na verdade eu nunca entendera bem com o que ele trabalhava –, mas sim resolvendo suas questões como vampiro primogênito. Havíamos passado todo o último mês recrutando novos vampiros para seu exército e “Tirando do caminho” – como dizia Andrei – aqueles que haviam se rebelado.
Desliguei a água do chuveiro assim que terminei me sequei com a toalha que havia pedido a Julian emprestado quando havia passado em frente a seu quarto, e então parei em frente ao espelho me olhando.
Eu tinha exatamente 19 anos, havia me transformado em vampiro e em lobisomem pouco antes de completar 18, havia sido enfeitiçado e me transformado em humano novamente; havia envelhecido – um pouco – e cortado os cabelos. Mas naquele momento em que perfurei a esfera com a minha essência tudo havia voltado ao normal, meus cabelos eram castanhos, lisos e iam até o meu ombro novamente; minha pele era morena e meus olhos castanhos. Era como se nada tivesse mudado. E a partir dali – eu esperava – nunca mais mudaria.
Peguei a roupa que Margareth havia jogado para mim, ela havia levado a sério quando Annabelle havia dito “Pega qualquer coisa”. Era uma bermuda verde e uma camiseta sem mangas –também – verde. Acho que eu teria que ficar parecendo uma planta até que elas decidissem sair e deixar que eu entrasse no quarto.
§§§
Sai da grande casa e fui em direção a grande mesa de madeira que ficava debaixo da grande árvore do acampamento. Meu irmão e minha prima estavam lá lendo uns livros velhos que haviam pegado na biblioteca “escondida” de George.
–Acharam alguma coisa interessante? – Perguntei me sentando ao lado de Erac, Alice estava do outro lado.
–Pelo que pudemos ler nesses livros – começou Alice olhando para mim – uma maldição como essa pode deixar efeitos-colaterais por um tempo considerável mesmo depois de ser encerrada.
–Um ou dois meses, mais ou menos – completou Erac.
–Não aconteceu nada de estranho comigo desde aquele dia – eu disse – e eu parei de ver nossa mãe no dia que Annabelle me trouxe da universidade.
–Nem comigo – Erac e Alice disseram ao mesmo tempo e nós rimos com a coincidência.
Devia ser seis horas da tarde e o sol começava a se por.
De repente uma brisa fraca soprou nossos rostos e quando olhei para frente eu vi Minha mãe e meu pai com as mãos dadas, do lado dele estavam meus tios, Helena e Zac.
Olhei para Erac e para Alice e pude ver que eles também estavam vendo o mesmo que eu, então eu não estava ficando louco.
Eles estavam na margem do lago, usavam roupas brancas e sorriam. “Nós amamos vocês!” meu pai e minha mãe disseram movimentando a boca sem sair nenhum som olhando para mim e para Erac; “Te amo, querida!”, disse a mãe de Alice para ela da mesma forma. Zac, nosso tio, não disse nada, apenas ficou lá sorrindo.
Ouvi Erac e Alice soluçarem quase ao mesmo tempo, estavam chorando. Eu também queria chorar, mas era uma coisa impossível para um vampiro.
Então de repente mamãe, papai, Helena e Zac balançaram a mão em despedida e outra leve brisa soprou e então eles sumiram.
–Isso com toda certeza foi um efeito-colateral da maldição – Eu disse sorrindo.
–Um ótimo efeito-colateral – Erac falou – nossa mãe é tão linda – ele olhou sorrindo para mim.
–Eles pareciam estar tão felizes – Alice disse limpando as lágrimas do rosto com as costas das mãos, mas foi inútil já que ela começou a chorar novamente no mesmo minuto.
Nós nos abraçamos.
§M§
Eu estava amando ajudar Annabelle com as coisas do casamento, porque aquilo ocupava minha cabeça e evitava que eu tivesse um “ataque de tristeza” como Annabelle havia dito naquele dia que vimos embora do museu e eu a contei sobre sua mãe, sobre ela estar morta. Ela havia reagido bem, havia dito que meio que imaginava porque sua mãe não sumia assim.
Annabelle havia tirado o vestido e pedido que eu guardasse em meu quarto para que Eric não espiasse durante a noite. Assim que guardei o vestido no meu closet, eu e Annabelle fomos lá para fora, ela foi correndo ficar com Eric debaixo da grande árvore que estava com o irmão e com a prima. Eu fiquei lá na varanda, em pé, observando o por do sol. Estava tão lindo naquele dia.
De repente ouvi um barulho estrondoso perto da entrada do acampamento e corri para ver o que era. Uma cortinha de poeira havia se levantado no local.
A poeira se abaixou pouco a pouco e tomei um susto ao ver Natanael ali parado em minha frente da mesma forma do dia em que chegara pela primeira vez ao acampamento. Ele usava um jeans desbotado e estava descalço e sem camisa, ele olhou diretamente para mim.
–Natan? Por que você está aqui? – Eu perguntei segurando o choro, eu fiquei incrivelmente feliz por ele estar ali, mas não queria me empolgar demais pra depois descobrir que ele não ficaria novamente.
–Eu caí, Margareth – eu senti empolgação em sua voz – eu escolhi cair.
–Por que você fez isso, Natan?
Ele respirou fundo e olhou nos meus olhos.
–Eu fiz por você, Margareth. Eu caí por você!
Eu não me segurei e pulei de braços abertos encima dele, abraçando-o.
Surpreendi-me quando não senti nenhum choque, nem um incomodo quando meu corpo tocou sua pele. Apenas o calor do seu corpo.
–Isso dói? – Perguntei me afastando dele e olhando para seu rosto.
Eu nunca me perdoaria se o machucasse apenas para meu próprio prazer.
–Não! – Ele disse sorrindo e ainda me olhando nos olhos. – E como algo vindo de você poderia me machucar?
Eu fui de encontro a ele novamente e envolvi seu pescoço com meus braços... E então o beijei. Seus lábios eram quentes e aconchegantes e eu senti seu corpo completamente em contato com o meu.
–Eu te amo, Margareth Cryam – Ele disse escorando sua cabeça na minha.
–Eu também te amo Natanael – Respondi.
Eu passei a mão nas suas costas e senti algo em suas costas.
–Você ta ferido? – Perguntei.
–Entreguei minhas asas ao céu em tributo quando caí – Ele disse.
“Ele é certinho demais” Naisél havia dito. Agora ele era o meu anjo certinho.
–Não se preocupe, eu me curo rápido – ele terminou de falar.
Eu sorri para ele e me estiquei para lhe dar outro beijo, e logo depois falei:
–Só o que importa é que você está aqui... Comigo!
§E§
Annabelle segurava minha mão e nós olhávamos Margareth e Natan abraçados na entrada do acampamento. Na verdade todos olhavam, como já ficara completamente escuro os vampiros haviam saído de suas casas e andavam pelo acampamento.
–Parece que tudo está bem agora – Annabelle falou.
Eu me virei para ela e lhe dei um beijo.
–Eu só vou ficar completamente bem e feliz quando você estiver presa a mim para sempre daqui a três dias – Eu brinquei e ela me deu outro beijo.
Annabelle estava certa, tudo estava bem para todos agora.
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Os próximos capítulos a serem postados serão os últimos de Demons, não perca!