Demônios escrita por Fabrício Fonseca


Capítulo 15
Despedida e reencontro


Notas iniciais do capítulo

Espero que goste :)



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§A§

Eu estava completamente ansiosa; já fazia um mês desde nossa batalha no museu abandonado e faltava apenas três dias para Eric e eu nos casarmos.

Margareth era minha madrinha e estava me ajudando com toda a arrumação do casamento e da recepção logo após da cerimônia. Nós estávamos nos divertindo bastante com tudo isso.

Era mais ou menos cinco e meia da tarde e nós duas estávamos no meu quarto, eu estava provando o vestido de casamento e ajustando já que minha barriga crescera no último mês. Era no modelo tomara-que-caia com detalhes em diamante que imitavam galhos com pequeninas folhas; a saía era cheia e redonda feita com renda branca levemente ondulada, Margareth havia dito que quando eu andava parecia que a saia era feita de rosas brancas.

–Você está tão linda – disse Margareth ameaçando chorar – está parecendo uma princesa!

–Margareth Cryam, não ouse chorar se eu não posso fazer isso – eu disse a puxando para um abraço. De repente senti um cheiro vindo do corredor.

Levantei a saía e corri para fechar a porta, fui tão rápido que a porta bateu.

–Hey, eu quero entrar – Eric falou do outro lado da porta.

–Você não pode ver Annabelle, Eric! – Margareth gritou enquanto abria um sorriso em seu rosto – ela está provando o vestido.

–Dá azar ver a noiva antes da hora – eu disse.

–Mas eu preciso vê-la para ter certeza se vamos estar combinando no dia – ele disse e eu pude sentir o tom de brincadeira em sua voz. – E azar nenhum vai me afastar de você, mulher!

Aquilo me fez soltar um risinho fraco.

–O que você quer, Eric? – Perguntou Margareth.

–Quero algo pra vestir, to indo tomar um banho.

–Pega qualquer coisa aí dentro do armário – sussurrei para ela.

Margareth foi até o armário e pegou qualquer roupa que apareceu primeiro, e então veio pra perto de mim. Eu abri a porta somente um pouco e ela literalmente jogou a roupa para Eric.

–Obrigado senhoritas! – Eric disse quando pegou a roupa e eu ouvi seus passos se afastando, indo em direção ao banheiro.

–Ainda dá tempo de desistir, você sabe não é? – Margareth brincou e eu lhe devolvi um sorriso malicioso.

Nada faria com que eu desistisse de Eric. Nada faria com que eu desistisse do amor da minha vida.

§E§

Fui até o banheiro e tomei um banho demorado. Eu havia acabado de chegar da cidade; como dissera a vovô eu estava trabalhando com o pai de Annabelle, não nos negócios dele – que na verdade eu nunca entendera bem com o que ele trabalhava –, mas sim resolvendo suas questões como vampiro primogênito. Havíamos passado todo o último mês recrutando novos vampiros para seu exército e “Tirando do caminho” – como dizia Andrei – aqueles que haviam se rebelado.

Desliguei a água do chuveiro assim que terminei me sequei com a toalha que havia pedido a Julian emprestado quando havia passado em frente a seu quarto, e então parei em frente ao espelho me olhando.

Eu tinha exatamente 19 anos, havia me transformado em vampiro e em lobisomem pouco antes de completar 18, havia sido enfeitiçado e me transformado em humano novamente; havia envelhecido – um pouco – e cortado os cabelos. Mas naquele momento em que perfurei a esfera com a minha essência tudo havia voltado ao normal, meus cabelos eram castanhos, lisos e iam até o meu ombro novamente; minha pele era morena e meus olhos castanhos. Era como se nada tivesse mudado. E a partir dali – eu esperava – nunca mais mudaria.

Peguei a roupa que Margareth havia jogado para mim, ela havia levado a sério quando Annabelle havia dito “Pega qualquer coisa”. Era uma bermuda verde e uma camiseta sem mangas –também – verde. Acho que eu teria que ficar parecendo uma planta até que elas decidissem sair e deixar que eu entrasse no quarto.

§§§

Sai da grande casa e fui em direção a grande mesa de madeira que ficava debaixo da grande árvore do acampamento. Meu irmão e minha prima estavam lá lendo uns livros velhos que haviam pegado na biblioteca “escondida” de George.

–Acharam alguma coisa interessante? – Perguntei me sentando ao lado de Erac, Alice estava do outro lado.

–Pelo que pudemos ler nesses livros – começou Alice olhando para mim – uma maldição como essa pode deixar efeitos-colaterais por um tempo considerável mesmo depois de ser encerrada.

–Um ou dois meses, mais ou menos – completou Erac.

–Não aconteceu nada de estranho comigo desde aquele dia – eu disse – e eu parei de ver nossa mãe no dia que Annabelle me trouxe da universidade.

–Nem comigo – Erac e Alice disseram ao mesmo tempo e nós rimos com a coincidência.

Devia ser seis horas da tarde e o sol começava a se por.

De repente uma brisa fraca soprou nossos rostos e quando olhei para frente eu vi Minha mãe e meu pai com as mãos dadas, do lado dele estavam meus tios, Helena e Zac.

Olhei para Erac e para Alice e pude ver que eles também estavam vendo o mesmo que eu, então eu não estava ficando louco.

Eles estavam na margem do lago, usavam roupas brancas e sorriam. “Nós amamos vocês!” meu pai e minha mãe disseram movimentando a boca sem sair nenhum som olhando para mim e para Erac; “Te amo, querida!”, disse a mãe de Alice para ela da mesma forma. Zac, nosso tio, não disse nada, apenas ficou lá sorrindo.

Ouvi Erac e Alice soluçarem quase ao mesmo tempo, estavam chorando. Eu também queria chorar, mas era uma coisa impossível para um vampiro.

Então de repente mamãe, papai, Helena e Zac balançaram a mão em despedida e outra leve brisa soprou e então eles sumiram.

–Isso com toda certeza foi um efeito-colateral da maldição – Eu disse sorrindo.

–Um ótimo efeito-colateral – Erac falou – nossa mãe é tão linda – ele olhou sorrindo para mim.

–Eles pareciam estar tão felizes – Alice disse limpando as lágrimas do rosto com as costas das mãos, mas foi inútil já que ela começou a chorar novamente no mesmo minuto.

Nós nos abraçamos.

§M§

Eu estava amando ajudar Annabelle com as coisas do casamento, porque aquilo ocupava minha cabeça e evitava que eu tivesse um “ataque de tristeza” como Annabelle havia dito naquele dia que vimos embora do museu e eu a contei sobre sua mãe, sobre ela estar morta. Ela havia reagido bem, havia dito que meio que imaginava porque sua mãe não sumia assim.

Annabelle havia tirado o vestido e pedido que eu guardasse em meu quarto para que Eric não espiasse durante a noite. Assim que guardei o vestido no meu closet, eu e Annabelle fomos lá para fora, ela foi correndo ficar com Eric debaixo da grande árvore que estava com o irmão e com a prima. Eu fiquei lá na varanda, em pé, observando o por do sol. Estava tão lindo naquele dia.

De repente ouvi um barulho estrondoso perto da entrada do acampamento e corri para ver o que era. Uma cortinha de poeira havia se levantado no local.

A poeira se abaixou pouco a pouco e tomei um susto ao ver Natanael ali parado em minha frente da mesma forma do dia em que chegara pela primeira vez ao acampamento. Ele usava um jeans desbotado e estava descalço e sem camisa, ele olhou diretamente para mim.

–Natan? Por que você está aqui? – Eu perguntei segurando o choro, eu fiquei incrivelmente feliz por ele estar ali, mas não queria me empolgar demais pra depois descobrir que ele não ficaria novamente.

–Eu caí, Margareth – eu senti empolgação em sua voz – eu escolhi cair.

–Por que você fez isso, Natan?

Ele respirou fundo e olhou nos meus olhos.

–Eu fiz por você, Margareth. Eu caí por você!

Eu não me segurei e pulei de braços abertos encima dele, abraçando-o.

Surpreendi-me quando não senti nenhum choque, nem um incomodo quando meu corpo tocou sua pele. Apenas o calor do seu corpo.

–Isso dói? – Perguntei me afastando dele e olhando para seu rosto.

Eu nunca me perdoaria se o machucasse apenas para meu próprio prazer.

–Não! – Ele disse sorrindo e ainda me olhando nos olhos. – E como algo vindo de você poderia me machucar?

Eu fui de encontro a ele novamente e envolvi seu pescoço com meus braços... E então o beijei. Seus lábios eram quentes e aconchegantes e eu senti seu corpo completamente em contato com o meu.

–Eu te amo, Margareth Cryam – Ele disse escorando sua cabeça na minha.

–Eu também te amo Natanael – Respondi.

Eu passei a mão nas suas costas e senti algo em suas costas.

–Você ta ferido? – Perguntei.

–Entreguei minhas asas ao céu em tributo quando caí – Ele disse.

Ele é certinho demais” Naisél havia dito. Agora ele era o meu anjo certinho.

–Não se preocupe, eu me curo rápido – ele terminou de falar.

Eu sorri para ele e me estiquei para lhe dar outro beijo, e logo depois falei:

–Só o que importa é que você está aqui... Comigo!

§E§

Annabelle segurava minha mão e nós olhávamos Margareth e Natan abraçados na entrada do acampamento. Na verdade todos olhavam, como já ficara completamente escuro os vampiros haviam saído de suas casas e andavam pelo acampamento.

–Parece que tudo está bem agora – Annabelle falou.

Eu me virei para ela e lhe dei um beijo.

–Eu só vou ficar completamente bem e feliz quando você estiver presa a mim para sempre daqui a três dias – Eu brinquei e ela me deu outro beijo.

Annabelle estava certa, tudo estava bem para todos agora.


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Notas finais do capítulo

Os próximos capítulos a serem postados serão os últimos de Demons, não perca!



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