O Filho Do Olimpo E O Cinto Do Amor escrita por Castebulos Snape


Capítulo 1
Volto Ao Lugar De Onde Sempre Quis Sair


Notas iniciais do capítulo

Oi, mais uma vez. Estou começando essa fic, continuando Faca Da Noite, espero que gostem e continuem lendo.
CONTINUAÇÃO A FACA DA NOITE, SE AINDA NÃO LEU NÃO COMECE ESSE.
Você recebeu esse avido três vezes não é possível que continue lendo!



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Isso tinha que acontecer, pensei, Estava predestinado. As Parcas me odeiam. Elas se arrependeramde me deixar viver, então estão acabando comigo aos poucos. Deve ser divertido assistir o mortal sofrer. Eu mereço, eu mereço. Em pensar que eu esperava paz e tranquilidade por hoje. Pelo menos por hoje. Será que minha vida nunca vai ser simplesmente... Simples?

Olhei para a rua vazia, depois para a construção branca assustadora que se erguia a minha frente. Cocei de leve o rosto com as unhas que já estavam grandes, aquela mania tinha voltado com tudo com os últimos meses de treinamento, eu achei até que tinha superedo, mas devia ter aperado apenas por eu estar com coisas mais intereçantes para fazer com as mãos, exeplo: matar gorgonas, elas são irritantes.

– Não – respondi a meus pensamentos.

Eu estava escorado na Harley-Davidson que ganhei do meu pai, Ares, o deus da guerra, no meu primeiro Solstício de Inverno, de frente para a escola que um ano antes eu ajudei a destruir, usando ma cobre mitológica gigante e onde eu estudara por toda minha vida esperando minha prima/irmã, filha de Afrodite sair.

Estranho, você deve estar pensando. Ah, é você não faz idéia o quanto minha vida é estranha. Isso aqui, é um dia normal na minha vida, normal até demais, eu já estava estranhando, provavelmente queria dizer que algo ruim ia acontecer.

Acho que foi no dia mais estranho da minha vida que ela passou a ser tão estranha. Foi aí eu descobri que era filho de dezesseis pessoas, bem, catorze são os deuses do Olimpo e dois meus pais humanos, mas acho que posso definir como pessoas, parecem pessoas pelo menos. Algumas semanas depois eu descobri que eram dezesseis deuses, ou seja, dezoito pessoas.

Nesse mesmo dia eu matei a cobra mitológica, Píton, com a Faca de Nix, a arma mais poderosa de todos os tempos, assisti minha melhor amiga morrer e encontrei Ártemis e Ares, meus principais progenitores, sentados no meu sofá vermelho conversando com meus pais mortais. Foi lindo! Minha cabeça já não era normal, depois disso virei o que sou hoje.

Eles me contaram que Ártemis queria uma filha e Ares se intrometeu me deixando mais deus de que humano. Assim sendo, mais poderoso. Por isso todos os doze deuses do Olimpo, Hades e Hestia tinham de dado bênçãos e presentes para que eu virasse filho deles também, e assimpudessem ter algum poder sobre mim. Agora eu tinha que passar sete anos treinando com eles, seis meses com cada.

Mas é claro que eu não podia simplesmente ir ao Olimpo e passar seis meses com a Deusa do Amor aprendendo coisas muito importante como... como... fazer cartões de dias dos namorados em forma de coração artesanais, ou bolos de despedidas de solteiros, cozinhar bem-casados, despedaçar corações apaixonados, observar o amor jovem e ver como ele passa rápido ou descobrir quem a garota destinada para mim. Não! Nunca a coisa mais fácil! Agora eu estava ali. Pronto para enlouquecer, se é que eu já não o tinha.

Eu bem que poderia entrar e trazer Catarina Leal, a bendita meio-sangue, para fora eu mesmo, ia ser até divertido, entrar na sala de aula e tirá-la de lá a força... mas eu tinha jurado que nunca mais colocaria meus pés naquele lugar infernal.

Mas ele não acaba de dizer que estudou ai a vida inteira?, você deve perguntar. Por isso mesmo. Todos os professores e a diretora sempre me perseguiram por anos, simplesmente, porque eu contava historias gregas antigas para os alunos. Belo motivo, não acha? Eu sempre achei bem legal.

Para falar a verdade Catarina e seus amigos e amigas venenosos também eram um dos motivos de eu odiar aquele lugar. Eles eram uns dos poucos alunos que ficavam do lado do corpo docente e odiavam a mim e aos meus amigos (Não me pergunte por que). Eles ficavam insultando e batendo nos meus amigos, foi assim em que eu me meti nas minhas primeiras brigas, perdi minhas primeiras brigas e quebrei meu a primeira vez nariz. E olha que o pai dela era o irmão preferido do meu pai.

Quando Afrodite me disse, por meio de uma Mensagem de Iris, que, alem de minha prima, ela era minha irmã, e que eu teria que levá-la o colégio interno Caminho aos Elíseos, em NY City, que é o único lugar seguro para nós semideuses, antes de ir passar os seis meses de paz com ela, eu quase enlouqueci. Certo que tudo meu é estranho, mas isso de prima/irmã era muito nojento, ela era filha do irmão do meu pai com minha mãe que nunca teve nada com meu pai, sacou?

Agora eu tinha que levá-la para a casa do seu pai, onde ele me ajudaria a contar sobre sua mãe e o que aconteceria com ela agora. Essa parte seria tão divertida! Mostrar a ela que eu estava certo e que ela era tão anormal quanto eu, seria a melhor parte do meu dia.

O problema é que eu estava com um mau pressentimento quanto a minha missão.

Primeiro: aquele lugar estava destinado a me dar arrepios por toda a eternidade por motivos óbvios e todos que estavam ali estavam de recuperação então parecia que a historia estava se repetindo. Eu não gostei dessa sensação.

Segundo: para Afrodite ficar tão nervosa quando a segurança da filha queria dizer que ela estava em perigo. Não que Afrodite seja uma mãe desnaturada, não é isso, ela é a deusa do amor! É uma das Leis Antigas: os deuses não podem demonstrar favoritismo aos mortais. E ela demonstrar isso era uma placa cor-de-rosa neon dizendo: Cuidado: monstros!

As probabilidades de um monstro chegar até lá, léguas e léguas de distancia da nova localização do Olimpo, é mínima, mas, depois de uma cobra de quarenta metros, tudo era possível. Com minha sorte seria algo grande, feio, que falava e que tem algum tipo de veneno ou arma secreta. Que monstro não é assim?

Tentei me distrair e comecei a recitar uma historia na minha cabeça. Depois de alguns minutos a historia de Hades e Perséfone ficou chata e passei a imaginar qual foi a reação de Martins quando Catarina ficou de recuperação.

Depois de algumas horas de tédio, inquietude, raiva e infinitos chicletes a sineta tocou, me fazendo pular a um metro do chão e quase derrubar a moto, e o mar de alunos começou a sair correndo, gritando, falando alto e rindo histericamente vindo em minha direção. Devo admitir: eu senti um pouco de saudade do Touro de Creta.

Quando todos me viram, pararam e arregalaram os ollhos para mim, sem dizer uma palavra, como se eu fosse o fantasma do natal passado. Os professores empurraram alguns alunos para ver o que estava acontecendo e também congelaram, ou achavam que eu tinha mais cobras nos bolsos da calça.

Todos pareciam surpresos do seu jeito. Felizes, com raiva ou apenas abismados. Na verdade, a maioria, os que não ligavam muito para meus problemas e os novatos, que só me conheciam por meio de histórias que meus amigos deviam espalhar por ai, estavam com a expressão obvia de medo.

Sem contar, é claro, o fato de que eu devia estar mais assustador que nunca, e que mudara muito no ultimo ano. Minha mãe quase não me reconheceu quando me viu, a mortal, a imortal só ficou triste com minhas cicatrizes, com meu estado geral de quando sai do Tártaro, para ser sincero.

Eu crescera seis centímetros nos últimos meses; meus músculos também cresceram um pouco por ordem de Ares no mesmo dia que me dera a moto; meus cabelos, avermelhados com mexas brancas e pretas, estavam longos e desfiados, então os prendi num rabo de cavalo quando subi na moto e no meu rosto tinha duas cicatrizes finas que tinham sido feitas por uma espada e uma faca.

Acho que minha roupa era a única coisa que quase não mudara, eu estava usando a mesma calça preta que Afrodite tinha feito crescer, blusa preta larga, coturnos pretos e vermelhos bem mais resistentes, que Hermes me dera também no Solstício de Inverno e por cima de tudo minha jaqueta de couro já puída, mesmo que eu a tivesse ganhado há um ano.

Eu fiquei olhando aquela imagem digna de Dante por alguns segundos; a maioria das pessoas que eu mais odiava na terra estava ali e estavam com medo de mim. Abri meu maior sorriso de escárnio, especialidade que conquistei depois de anos de convívio com aquelas pessoas, e desencostei da moto esfregando uma mão na outra.

– E aí, pessoal? – perguntei muito feliz, bati palmas e as fechei juntas com força, esbanjando os músculos – Como vão? Eu estou ótimo. Nem tanto. Vida corrida e tal... Mas deixemos isso para outro dia! Onde esta aquela patricinha nanica e irritante que, por um infeliz erro do destino, eu sou obrigado a chamar de prima? – E logo, logo de irmã.

Houve vários empurrões, gritinhos, e uma garota magra, baixa, com cabelos negros e brilhantes, olhos azuis, roupas na moda e combinando, e de jeito raivoso saiu do meio da multidão. Seus olhos passaram por todos os outros antes de voltar para o meu e me lixar com eles. Ela andou até mim pisando com força.

– Quem você chamou de nanica, seu marginal irresponsável?

Sorri para ela sarcasticamente, essa era minha priminha tão querida! Em pensar que eu era responsável por ela, a arma mais poderosa do universo e mais uma centena de irmãos.

– Olha, um guaxinim! – uma onda de gargalhadas correu a multidão – Ah, é você! Oi, Catarina. E foi você mesma que eu chamei de baixinha, priminha. Por que você o é – ela tentou me socar e eu segurei seu punho – Bem, como o mais velho eu devo dizer as palavras gentis... Não é bom te ver! Não faz tempo o baste! – Seus olhos concordaram com exatamente tudo – Anda, sobe na moto e deixa de escândalo, seu pai me mandou vir te buscar. Estamos, realmente, com muita pressa – Olhei em volta procurando uma cara nova que me parecesse suspeita, mas, além dos alunos novatos, só vi os velhos rostos irônicos.

– Não suba, Cat! – gritou uma voz esganiçada do meio da multidão, que me fez saltar mais alto que minha moto.

Era a voz protagonista dos meus pesadelos, Erebus a usara nos ultimos meses contra mim, o que deixa bem claro o quanto ela era ruim. O seu nome era Rosário Martins, ela era diretora do colégio. Ela que deu o direito aos professores de me perseguirem dês dos oito anos.

Ela é maluca se pensa que eu vou acatar suas ordens, pensei, Porque se ela acha que sou o mesmo menininho calmo e bonzinho de antes ela esta...

Pela primeira vez não estou a fim de brigar, disse Vox lentamente, ele era a voz do outro lado de minha consciência, se distanciou do normal por causa da Faca, longa historia e isso é um ótimo resumo, Estou com tédio. Vamos pegar a menina e ir embora! Pergunta: quando você foi um menininho calmo e bom?

Tem razão; nunca. Mas isso não muda o fato de que eu piorei.

Apoiado. O Tártaro faz coisas interessantes com uma pessoa.

Valeu por me lembrar.

– Cat? – perguntei a Catarina indiferente enquanto Martins dava um jeito de sair do meio da multidão. Me perguntei porque simplesmente não errastav a filha de Afrodite dali.

– É meu apelido, trombadinha. Não que seja da sua conta, não é mesmo? Mas é sempre bom dar cultura às pessoas, é porque eu sou uma gata – ela empinou o nariz fino, mexeu o quadril fino, e me olhou superior.

– Ah! – exclamei sem nenhuma emoção – Que cultura estimulante.

Filha de Atena ela não é!, pensei.

Sem nenhuma dúvida.

Martins saiu descabelada, descalça, ofegante e com marcas no vestido, que me disseram que alguém estava tomando sorvete de chocolate no meio daquela confusão. E isso nos trás a um ponto importante: é sempre bom levar lanchinhos para um show de horrores, nunca se sabe se um animal rastejante passar por você. Fique atento às brechas, elas sempre aparecem.

Em resumo, Martins era uma velha esquelética e baixa, cheia de colares enormes, falsos e fora de moda, com cabelos naturais castanhos bem escuros e com uma mescla branca que ela tinha dês de muito jovem, seu nariz era arrebitado e muito vermelho por causa do pó que passava que a fazia espirrar muito.

Ela sorriu para nos, a bile subiu à minha garganta, e falou inocentemente:

– Não suba, Cat. Minha querida, ele com certeza não tem carteira e a moto deve ser roubada, você sabe que ele não teria dinheiro para isso – Olha o insulto! – Mesmo que sua boa fé e bondade a façam acreditar nas pessoas e dar-lhes novas chances, me escute e não suba – Eu fiquei sem reação, Meus Deus Do Olimpo... onde é que eu tinha me metido? – Eu sou responsável por você e sei que mesmo com todas as chances do mundo, Jack, é incorrigível. Lembre-se que eu tentei ao máximo fazê-lo entender que as hierarquias devem ser respeitadas e que certas normas sociais modernas devem ser a base de nossa educação – ela me olhou de cima a baixo, parecia contar todas as “transgressões” presentes em meu corpo – Sabia que ele terminaria desse jeito deprimente – olhei-a de cima a baixo, pensando quem era mais desprezível – Ligue para seu pai. Eu vou chamar a policia se ele não for embora, só para não dizerem que eu sou má com esse tipo de pessoa.

Respirei fundo para me acalmar quando percebi que estava segurando forte minha calculadora. Eu não estou aqui para matar ninguém. Respira, Jack.

– Martins! – olhei seriamente para ela, ouvindo suas palavras ecoarem por meus ouvidos –Olha, me chamar de ladrão é calunia, a moto esta no meu nome, foi um presente, ok, e eu poderia comprar uma para mim sim, minha vida deu um salto dês daquele dia. E aonde é que eu iria roubar uma Davidson? E não, eu não tenho carteira. Também não preciso de uma, dirijo melhor que muita gente por ai, melhor que você até, eu já estive no seu carro, lembra?

“Dês de quando Catarina tem boa fé?”, mais pessoas riram, aquilo não era para fazer as pessoas rirem, mas era divertido voltar a ridicularizar aquelas pessoas, “Pelo que eu sei essa patricinha é tão maldosa quanto o irmão, tão cruel e ridiculamente fraca como ele, eu acho que é a genética do pai, porque a mãe dela é bem forte, me todos os sentidos”, Caterina me olhou, surpresa, deixando a expressão de soberba, ficando seu reação, “Mesmo que você deseje que seu bichinho que estimação seja uma princesa de contos de fada, ela não é, é um ogro. É cruel, dissimulada e invejosa.

“Não me chame de ‘Jack’, não te dou o direito de dizer meu primeiro nome como tenho nojo de dizer o seu. E sim eu sou incorrigível e incorruptível, tenho mais lealdade que deveria ter por causa de minha Rainha”, Isso Hera, agora me dá uma ajudinha!

“Pelo que eu sei a hierarquia só existe para as pessoas que a respeitam e que aceitam receber ordens erradas. Eu respeito a hierarquia lógica e democrática como os moradores de Atenas. Se você tivesse nos deixado em paz, não tivesse implicado com minhas historias e nos deixasse agir como sempre, eu nunca teria levado sua amada escola ao caos”, todos me encararam com se estivessem imaginando um mundo em que Martins e eu vivêssemos em paz. Alguns até negaram com a cabeça e abriram um enorme sorriso de deboche. É impossível.

“Quem é essa pessoa asquerosa que anda espalhando a terrível mentira de que você é má?”, transbordei minha voz de sarcasmo e o pessoal lá trás começou a rir e alguns levantaram o braço, “Eu preciso conhecer gente realista de vez em quando”, agora o pessoal gargalhava, “E isso”, apontei para Catarina, “não é assunto seu. Suba, Nanica, ou eu vou fazê-la subir

“E”, aproximei nossos rostos, “deprimente é a mãe!”

Catarina corou e deu a impressão de que ia chorar. Foi crueldade falar de Afrodite quando ele não sabia nem que tinha mãe. Cheguei até a me sentir culpado por compará-la ao irmão, que é, sim, pior que ela, mas ela mereceu. Vê-la sofrer um pouco doía mais do que eu queria admitir... Mas a vingança... Ah, a vingança é doce e um prato que se come frio! E eu amo sorvete, principalmente de menta.

A velha mancou em minha direção até ficarmos cara a cara, bem, “cara a cara” não é lá o termo para a situação, os seis centímetros que eu aumentara fora o bastante para fazer com que ela ficasse na altura do meu peito.

Me perguntei aonde meus amigos jogariam seus tamancos quando os encontrassem.

– Olhe aqui, Jack Leal – murmurou. St. James, corrigi por dentro – A gangue que você deixou aqui vai ser posta em seu lugar. Você vai ser esquecido completamente. Essa escola vai voltar a ser a instituição séria e respeitada que era antes de você. Catarina e seus amigos são os únicos bons exemplos que eu tenho e você não vai corrompê-la com sua aura de CAOS!

Eu ainda sorria da situação. Ela me olhava nos olhos, mas de vez em quando ela olhava minhas cicatrizes. Eu sabia que, enquanto mais eu sorria, mais elas ficavam aparentes e assustadoras. Agradeci silenciosamente por Ares ter me mostrado isso.

– Ora, Rosa! – exclamou Catarina fingindo bom humor, pude perceber que sua voz tremia – Você fala com se fosse possível eu me juntar com gente dessa laia. Gente como ele!

Foi a vez dos professores rirem um pouco. Aquelas gargalhadas também faziam parte dos meus pesadelos, vi os olhos de Erebus, negros, vazios e cruéis, flutuarem na frente dos meus olhos.

Essa laia, pensei irritado, esta em guerra com os filhos mais velhos de Caos!

Ah, exclamou Vox de saco-cheio, diga isso e nós vamos daqui para o hospício municipal. Vamos embora. Amarre Catarina com Kroboros na moto e vamos embora!

– É impossível! – continuou ela – Meu senso de moralidade impede que eu faça uma coisa grotesca dessa. Espelho-me em pessoas que tem futuro. Gente direita. Como você – me virei para ela – Jack vá embora, não vou com você.

Eu já estava perdendo a paciência e considerava seriamente a ideia de Vox de arrastá-la comigo.

– Catarina, se quiser ligue para seu pai – murmurei. Ele falou com Afrodite hoje de manha – Mas considero isso uma perda de tempo. Não tenho saco para discutir com vocês. Eu espero aqui com minha moto e meu chiclete – masquei com mais força o chiclete na cara de Martins e montei na moto, sentindo o estofado macio do meu bebê.

Catarina me olhou, deixei minha expressão menos cretina o possível, e pensou por alguns segundos, bufou de ódio e marchou para dentro. Suspirei e me deitei na moto com a cabeça apoiada no guidão e fechei os olhos calmamente.

Que perda de tempo!, pensei, Afrodite poderia estar ajudando um pouco.

Martins bufou e reabri meus olhos com a cabeça virada para ela. Engoli seco quando vi que ela encarava com ódio e repugnância, parecia estar olhando um pedaço particularmente nojento de... Vocês entenderam.

Essa é filha de Erebus!, pensei, Sinceramente!

Apoiado! Mudei de idéia: deixe a menina e vamos embora daqui.

Ela se virou para os alunos, de supetão, batendo o pé no chão quente que devia estar deixando suas solas em carne viva, e gritou a plenos pulmões:

O que estão esperando?! Vão para casa, agora!

– Meu Senhor dos Céus! – murmurei colocando o indicador no ouvido e mexendo para cima e para baixo ficando sentado na moto – Estou surdo. Ártemis não pode ter um filho surdo! – abri e fechei minha mandíbula atrás de um ponto razoável – Pode? Um caçador surdo é triste.

Ela se virou para mim e murmurou:

– O que foi disse, Leal?

– Que estou surdo! – respondi gritando com o cenho franzido – Pela Rainha do Olimpo, Martins! Achei que, depois de tantos anos que tivemos de convívio, você já tinha se acostumado com meu talento surpreendente de falar sozinho. Você mesma usou isso diversas vezes usou isso contra mim, contestando minha sanidade mental. E sim, minha sanidade mental é contestável.

Por alguns segundos pensei no que tinha dito: Pela rainha do Olimpo? De onde eu tinha tirado essa? Meus deuses, de vez em quando minha mente anormal me surpreendia um pouco. Ótimo! A referência à Hera não era tão ruim, era deusa que estava me protegendo naquele minuto, mas falar do Olimpo na frente daquela mulher era ridículo.

Ignorei minha aparente nova anormalidade e acenei com a mão para minha amiga Rebecca, que passou por nós fuzilando Martins com o olhar. Meu outro amigo: Paulo estava com o braço entorno de seus ombros sorriu para mim e beijou Gabriela, que estava em baixo do seu outro braço, no rosto me mostrando que os dois estavam juntos.

Milla, outra amiga minha, passou girando um tamanco no indicador. Na outra mão estava o par do sapato completamente destruído. Eu me acabei de rir.

– Eu sabia que ia terminar nessa religião morta – me interrompeu Martins com uma expressão de puro desgosto. Estraga prazeres.

Eu me deitei na moto, abri meu sorriso para o céu e voltei a fechar os olhos calmamente.

– Tão morta quanto parece. Espere, Martins, eu ouvi bem ou você falou de Caos naquela hora? Ele é um deus, sabia? O mais antigo e poderoso dos deuses, o primeiro rei. E se ele não estiver do nosso lado estamos ferrados.

Um trovão discordou com minha insinuação. Abri os olhos e encarei o céu, cético.

– Não diga que é mentira – murmurei para o nada – Sabe que é a mais pura verdade. Ele é o cara mais bizarramente poderoso do universo. Criou tudo. Então não enche.

Mais trovões pareceram resmungar alguma coisa e pararam. Resmungão.

– Quando eu digo caos – disse ela – quero dizer confusão e desordem não de um deus qualquer – Ela acabou de chamar Caos de um deus qualquer? – Falando em desordem, em que escola você esta? Eu não mandei nenhum documento de transferência.

Sorri com a resposta que veio a minha mente.

– Eles não pediram documentos nenhum... – abri um belo sorriso – Quíron, o diretor nem quis saber de onde eu vinha. Sorte a dele. E minha, porque a escola é o máximo, você precisa ver, é um colégio interno só com gente legal, com professores legais... É o máximo, sair dessa escola aqui foi a melhor coisa que eu já fiz.

Seu queixo flexionou.

– Se seu mundo fosse tão perfeito você não estaria tão mutilado. Essa escola deve ser para crianças incorrigíveis. – Voltei a rir, ela esta ficando desesperada e acertou; para os mortais era exatamente o que meu lar era – Ouvi dizer que estava sentindo minha falta. É engraçado, você não fez falta nenhuma para nós, não é, crianças? – vocês acham que alguém falou alguma coisa? Acho que até os que me odeiam sentiram falta de minhas besteiras!

– Então Cabral sobreviveu! Ele ainda lembrou do me recado! Ossos quebrados? Dores? Escoriações? Ser jogado longe por um armário cheio de músculos e raiva fez alguma coisa naquele corpo mole? – eu sabia a resposta. O meu antigo professor de geografia, que, por um acaso, me achou nos Estados Unidos foi jogado em uma parede por um ciclope enfurecido, não estava morto, não parecia nem estar sentindo dor e ainda lembrou-se do que eu disse a ele antes de ir matar o ciclope. Pode em negocio desse?

– Sim, ele está vivo e bem, agradecemos sua preocupação, e está trabalhando aqui – ele me cumprimentou na multidão. Sinistro, sorria, sem graça, acena, ele não pode te morder, eu acho. – Me falou que uma gangue atacou o colégio por você, foi assim que ganhou as cicatrizes, ou numa briga de rua? Ou no lugar que chama de casa?

Gangue, não deixa de ser verdade.

– Um assalto. Foi nos dias em que ficamos fora da escola. O bandido foi hospitalizado e preso. Eu não paguei muito caro. Não fui assaltado, nem morto. E não a escola, minha casa, não é para isso, normalmente os alunos são corretos e parecidos uns com os outros. Parecido comigo, então não há nada de errado com eles.

Ouvi-a bufando e alguém se posicionando do lado dela como quem se posiciona na frente de um general, aquele som pareceu se propagar por meus ouvidos. Voltei a abrir os olhos para ver quem seria louco o bastante. Um cara de um metro e oitenta estava parado na minha frente me encarando nos olhos. Seus olhos eram negros, esfomeados e frios. Frios como o fundo do Tártaro

Droga, pensei, eu gosto quando as probabilidades estão certas!


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Notas finais do capítulo

É isso ai. O primeiro cap, logo eu posto o próximo, não sei quando, mas logo. Espero que tenham gostado.



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