Carol acordou, e viu um dos lobos em seu quarto, dormindo, resolveu tentar fugir, mas ao sair no corredor, Solfieri tapou sua boca e lhe disse:

- Não lhes dê motivos pra lhe fazerem mal. Eles não precisam de um.

E a levou de volta para o quarto. Disse que Luigi estava muito bem e que ele, Solfieri, não deixaria que lhe fizessem mal.

- Obrigada.

Solfieri saiu do quarto, Carol descobriu mais tarde que ele havia ido falar com Byron, sobre Luigi e tinha conseguido liberta-lo.

Luigi e Solfieri estavam na floresta.

- Porque você intercedeu por mim?

- Porque sim. Tu preferia que eu tivesse te deixado lá? Não fui o único a perceber o quanto você é bonito, mas pode ter certeza que sou o único que não te obrigaria a fazer alguma coisa.

- Vocês são gays?

- Um bando de homens, morando juntos há anos, sem nenhuma mulher por perto...a resposta é meio obvia não acha?

Luigi começou a reparar em Solfieri, ele era lindo. Mas ele não conseguia tirar Peter da cabeça, como será que ele estava?

- Você o ama não é?

- O que? – Luigi se assustou com a pergunta, ela foi tão inesperada.

- O tal Peter, você o ama. Deu pra perceber quando falei dele ontem. Ele estava bem preocupado com você.

- É mesmo? – Apesar de tudo Luigi deu-se ao luxo de sentir felicidade.

- Eu o amo realmente, mas ele nunca olharia pra mim, ele ama a Carol.

- Ele acha que ama a Carol. Mas eu acho que não.

- O que você quer dizer com isso?

- Quando o pegaram na floresta, antes de desmaiar, ele perguntou por você, e enquanto estava desacordado ele falava o seu nome e não o da Carol.

- Isso não quer dizer nada, ele pode estar se sentindo culpado, afinal se ele tivesse deixado a Carol se despedir do Aliakyn, eu não teria vindo pra ilha de novo.

Solfieri não gostou disso, afinal se ele não tivesse vindo ate a ilha de novo, nunca teriam se conhecido. Mas Solfieri sabia que Luigi pertencia a Peter, por mais que Luigi sentisse alguma atração física por ele, não era amor. Luigi amava Peter, e por mais que o próprio Peter não percebesse, Peter amava Luigi.

Solfieri tinha ido no meio da noite falar com Peter, ele queria saber se Peter se importaria se Luigi fosse embora, e Peter deu a maior prova de amor possível, abriu mão da própria liberdade, e com isso, talvez, da própria vida, para que Luigi ficasse em segurança.

- Eu quero que você o tire daqui, Solfieri. Não me importo de passar o resto da vida aqui, não me importo de morrer amanha, se souber que o Luigi está seguro e feliz.

- Porque? Byron me disse que tu era muito egoísta. Que faria de tudo pra ter a sua liberdade, inclusive deixar os amigos pra trás.

Peter riu melancólico.

- Eu era assim, mas Luigi é...ele abriu mão da própria segurança pra ajudar a irmã. Ele já passou noites em claro, cuidando de mim, ele é meigo, um companheiro perfeito, pra todas as horas. Não sei exatamente quando começou, mas eu sei que agora, a segurança e a felicidade dele são mais importantes pra mim, do que a minha.

- E você não sabe o motivo?

- Eu amo o Luigi, não como eu amo a Carol, mas eu o amo.

- Então o que você sente pela Carol é mais forte?

- Não sei...

- Então porque, até agora, você só falou, perguntou e se preocupou com o Luigi, e não com a Carol?

- Não sei...

- Pense nisso, e encontre a resposta antes que seja tarde demais.

Solfieri saiu e foi contar a Byron o que tinha acontecido, depois buscou Luigi para irem embora dali. Obvio que ele não quis ir sem o Peter, mas ele não tinha outra escolha.

-Carol, junte-se a nós. – Byron estava no meio da sala, sentado no sofá com Bertram e os outros a seu lado, Aliakyn desacordado no chão, e Peter em um canto.

- Onde está Luigi?

- Ele foi embora.

- Como assim?

- Ele foi libertado, Solfieri conseguiu sua soltura, mas tem ordens de não traze-lo de volta.

Carol gelou, teve que se apoiar na mesa para não cair, será que Solfieri iria matar o seu irmão? Depois lembrou da promessa dele a ela pela manha e se tranqüilizou.

- Onde eles estão?

- Não sei, Solfieri achou melhor não contar, mas assim que Luigi estiver em segurança ele irá voltar, eu acho...ou talvez prefira viver com Luigi em algum lugar.

Byron olhou pra Peter, sabia que dizer que Solfieri e Luigi podiam estar vivendo um romance o afetaria. Byron sabia, depois de conhecer Carol ao vivo, que ela não fugiria sem ter certeza de que TODOS que ela amava estavam bem, então não seria perigoso soltar Luigi, e assim que Peter admitisse que amava Luigi, ele soltaria o Peter. Era melhor que inocentes não se metessem naquela historia, era algo a ser resolvido entre Aliakyn, Carol e os lobos.

- Carol...

Aliakyn estava começando a acordar, devia ter sido muito maltratado, pois a sua aparência estava horrível e sua voz era de dor. Antes que qualquer um pudesse evitar, Carol se ajoelhou ao seu lado e o abraçou.

- Aliakyn, meu amor, como você esta?

Antes que ele pudesse responder, Bertram já tinha tirado Carol dos braços dele.

- Vocês não estão aqui pra matar as saudades, nós temos que conversar. Mas antes tenho um assunto pendente, então precisamos esperar.

Carol não entendeu, mas achou que pra sua segurança e da sua família era melhor esperar e ficar quieta, devem ter ficado horas ali, sem dizer nada, Carol e Aliakyn mantiveram-se conectados pelo olhar.

Quando pensaram que aquele era só mais um modo do Byron de irritá-los, Solfieri entrou na casa. Carol se assustou ao vê-lo, e ele sabia o que ela sentiu e a tranqüilizou:

- Ele está bem e a salvo. E muito feliz.

Solfieri deu um sorriso malicioso, aquela foi a gota d’água para Peter, ele voou no pescoço de Solfieri...

- Seu desgraçado, o que tu fez com ele? Se tu encostou um dedo nele, eu juro que te mato.

Bertram tirou as mãos de Peter do pescoço do seu irmão e o segurou.

- Qual o problema, Peter? – Solfieri deu um sorriso irônico e seco. – Você ama a Carol, então se o Luigi resolveu ficar comigo ele fez porque quis, nunca o forçaria a nada. E isso não lhe diz respeito.

- É mesmo, meu caro. Quando Carol abraçou Aliakyn você não mexeu um músculo, agora por causa do Peter você está dando chiliques?

Peter parou de se debater nos braços de Bertram, e começou a pensar em tudo isso. Ele sentia ciúmes de Luigi, dormia toda noite abraçado com ele, tirando a noite no cativeiro, e nesta noite ele sentiu como se faltasse uma parte dele, ele se preocupava muito mais com a segurança e a felicidade do outro do que com a sua, quis bater no Solfieri só de pensar que ele tocou no seu Luigi e ele pensava no Luigi como seu...

- Eu o amo. – Disse baixo, como pra se certificar de que aquilo podia acontecer.

- O que você disse, Peter? – Carol estava confusa com tudo aquilo, desde que se conheciam Peter se dizia apaixonado por ela.

- Eu amo o seu irmão, Carol. Eu sempre quis ficar perto de vocês, mas sempre pensei que era por sua causa, mas percebi que não, que o tempo todo, o amor da minha vida era ele e não você. Não pretendo me desculpar, pois não me envergonho de amá-lo.

- Tudo bem, Peter. Você não tem do que se desculpar, mesmo.

Solfieri sorriu, satisfeito por, finalmente, tê-lo feito perceber que amava Luigi. Solfieri se aproximou de Peter e o abraçou. Pegou suas mãos e disse:

- Cuide muito bem dele, Luigi é um guri de ouro, e eu o amo, se ele não te amasse tanto eu tentaria ficar com ele. Mas nunca destruiria um amor puro.

Solfieri explicou pra Peter, só pra ele, onde estava Luigi e ele foi atrás do seu grande amor, pensando em como tinha sido idiota em não perceber antes que o amava tanto.

Assim que Peter saiu, Byron olhou pra todos na sala e disse:

- Hora da nossa conversa.