As Sete Coisas escrita por maguita


Capítulo 13
Parte III - Paradoxo


Notas iniciais do capítulo

Er... oi gente. Eu sei que demorei MUITO. Só posso pedir desculpas, do fundo do coração, e dizer que estou envergonhada. Eu não queria demorar tanto para postar esse capítulo, mas não tive culpa. Aconteceram muitas coisas que me impediram de escrever a fic, e para coroar, fiquei completamente sem ideias. Por isso, sinto muito. De verdade.

MAS, a vida é bela e cá estamos! Acabei de tirar as teias de aranha aqui da fic, e o capítulo saiu do forno. É o final da história e finalmente chegou a hora, haha. Mas vamos deixar isso para as notas finais. Por agora, espero que gostem do capítulo, porque escrevi com muito carinho.

Boa leitura!



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Parte III



Paradoxo




Era como se Lílian tivesse um filme passando diante de seus olhos. Enquanto o padre falava sobre a importância daquele dia, ela apenas deixava que as palavras atravessassem seu vestido de noiva e seguissem até o último banco vazio da igreja. Um sorriso discreto teimava em controlar seus lábios, quando ela pensava no que faria se alguém sugerisse que um dia ela iria se casar com Tiago Potter. Até o quinto ano, a garota provavelmente lançaria uma azaração para calar a boca de quem quer que fosse, mas depois que começara a sair com Tiago, ela realmente passara a considerar a possibilidade.

E agora, ali estava Lílian. Vestida de noiva, no altar ao lado de Tiago, diante dos olhos de seus amigos mais queridos e familiares. O padre continuava falando sobre como era bonito ver duas pessoas tão jovens já unindo suas vidas daquela maneira, apesar de ser raro alguém se casar com tão pouca idade.

Em outras circunstâncias, Lílian teria concordado com o padre. Ela, Tiago e os amigos haviam acabado de se formar em Hogwarts, e mesmo que fossem bruxos maiores de idade, ainda eram vistos como crianças por grande parte da sociedade. A garota tivera que conversar longamente com seus pais para que eles entendessem que ela e Tiago não podiam esperar. Sabiam que seriam perseguidos, e haviam decidido se casar assim que terminassem a escola.

Lílian nunca imaginara que um dia fosse ter pressa para casar, muito menos com Tiago. Mesmo agora, a ideia parecia estranhamente cômica, apesar de a garota ter certeza de seus sentimentos. Enquanto as palavras do padre resvalavam nela – por que aquele sermão não acabava? -, Lílian deixou seus olhos vagarem discretamente pelos rostos dos convidados.

Seus pais estavam de pé, junto aos pais de Tiago, sorrindo para eles. À direita do altar, estava Sirius. O garoto exibia um sorriso contido, como se estivesse tentando se controlar para não cair na gargalhada ali mesmo. Lílian sabia que não era um riso de deboche. Ele estava feliz pelos dois, e ela sentiu-se grata por aquilo. Ela e Tiago haviam hesitado um pouco entre convidar Sirius ou Remo para ser o padrinho, mas o próprio Remo sugeriu o amigo.

“Sinceramente, eu fico honrado por terem pensado em mim”, dissera ele, sorrindo serenamente para os dois. “Mas, apesar de saber que o bebê de vocês teria um padrinho mais responsável, se eu fosse o escolhido, ele também correria mais risco”, ele lançou aos dois um olhar significativo, e Lílian quisera rebater aquela frase imediatamente, mas Lupin sorrira outra vez, tranquilizando-a. “Sério, Lílian, todos nós sabemos que seria um risco absurdo, e eu não estou disposto a arruinar a vida de uma criança inocente. Principalmente a criança de vocês. De verdade, eu não vou ficar chateado. Chamem Sirius para ser o padrinho. Mesmo com toda a inconsequência dele, a criança vai estar mais segura. E eu sempre posso aparecer para ajudar, vocês sabem.”

“Mas Remo...”, protestou Lílian sentindo-se péssima. Não é que ela não quisesse Sirius como padrinho. Se ela pudesse, chamaria os dois, Sirius e Remo. Mas não podia. Tiago vinha lutando com aquela dúvida também, embora suspeitasse que a resposta de Remo seria aquela – o que ele achava ridículo, pois seu filho (ou filha) certamente não se importaria com os riscos.

No entanto, ele entendia o lado de Lupin, e foi com uma expressão contrariadamente conformada que ele soltou o ar pelo nariz e acabou assentindo.

“Eu imaginei que você diria algo assim”, disse ele, por fim. “Você sempre teve a melhor cabeça entre nós, Remo. Então vamos dizer que você é um tio que nasceu em outra família, o que acha?”

Remo sorriu.

Diante daquela resposta, Lílian e Tiago convidaram Sirius para ser o padrinho, e o garoto aceitara prontamente, falando com tanta formalidade que a ruiva caíra na gargalhada, logo sendo acompanhada pelos dois. Como se Sirius tivesse se lembrado da cena no mesmo momento que Lílian, ele sorriu mais abertamente e deu-lhe uma piscadela. Lílian sorriu de volta, feliz. Ela correu os olhos pelas pessoas sentadas nos bancos e sorriu para os amigos, localizados logo na primeira fila. Remo, Pedro, Dorcas, Marlene, Frank e Alice haviam sentado juntos e pareciam ter sorrisos permanentes nos rostos.

No banco logo atrás dos amigos, estavam seus professores de Hogwarts. Dumbledore, McGonagall, Flitwick, Slughorn, todos sorrindo – a Prof.ª McGonagall secando delicadamente os olhos com seu lenço escocês.

Do outro lado, estavam os parentes. A maioria deles era da família de Tiago, e Lílian não conhecia todos eles – Tiago confessara que mal se lembrava da metade dos tios que haviam aparecido ali, e a garota podia entender; eram muitos. Petúnia estava sentada no banco mais próximo do altar, Válter ao seu lado. Lílian se alegrara imensamente por ver sua irmã ali, mas fora tratada com tanta indiferença que sentiu uma pontada no estômago. A frase mais longa que Petúnia lhe dirigira antes de a cerimônia começar fora um ríspido “Só estou aqui porque papai e mamãe me obrigaram, ou não perderia tempo com essa cena ridícula!”

Contudo, nem mesmo os olhares enjoados e indiferentes de Petúnia e Válter conseguiriam abalar sua felicidade naquele dia. Nada, absolutamente nada, estragaria seu casamento.

O padre finalmente fez uma pausa no sermão, e Lílian viu de relance Sirius unindo as mãos no peito como se estivesse dizendo “Aleluia!” Mais uma vez, ela teve que se controlar para não cair na gargalhada ali mesmo. Ela sentiu Tiago se movendo discretamente ao seu lado, e em seguida sua mão sendo segurada por ele.

Apesar de ter observado os convidados por alguns minutos sem problemas – pois o padre olhara para cima sonhadoramente na maior parte do sermão -, por algum motivo, Lílian não conseguira encarar Tiago. Talvez fosse porque estava tomada por lembranças de todas as brigas dos dois até poucos minutos atrás, talvez porque estava ligeiramente nervosa e não queria mostrar isto a ele.

Por outro lado, Tiago não conseguia parar de olhar para Lílian pelo canto dos olhos. Ela estava linda, com o véu caindo delicadamente sobre os cabelos soltos e aquele sorriso tímido nos lábios. Ele não se incomodara por não ter recebido nenhum olhar da garota até agora. Sabia que ela estava nervosa, tão nervosa quanto ele, pelo significado daquela cerimônia. Os dois ainda eram muito novos, e muitas pessoas haviam aconselhado que eles esperassem um pouco mais para casar. Mas eles não podiam esperar, não queriam esperar.

Tiago estava impaciente. O padre finalmente terminara o sermão e agora estava fazendo a pergunta interminável para ele.

“... até o fim de seus dias?”, o padre o encarou, sorridente.

Tiago não pensou duas vezes. Sorriu largamente e respondeu: “Aceito.”

O padre repetiu a pergunta para Lílian, e a garota finalmente olhou para Tiago. Seus olhos brilhavam tão intensamente que ele sentiu uma corrente elétrica correndo no lugar do sangue nas veias. Lílian sorriu e apertou levemente sua mão.

“Aceito.”

Sirius entregou-lhes as alianças e após alguns minutos, o padre os abençoou.

Quando Tiago a beijou suavemente e os convidados aplaudiram, Lílian sabia que estava fazendo a coisa certa. Não importava que idade eles tinham, nem o que viria pela frente. Ela estava onde devia estar, com quem devia estar, sendo apoiada pelas pessoas mais importantes de sua vida. Para ela, isto bastava.



“Sabe, Lílian...”, comentou Dorcas, observando o jardim enquanto Lílian acenava com a varinha para encher novamente os copos vazios sobre a mesa, “eu acho que mesmo naquela época, quando você e Tiago só brigavam, você já gostava dele.”

Lílian franziu o cenho. “O que te faz pensar isso?”

“Veja bem, você e Snape se desentenderam e desde então você não deu atenção a ele. Tiago, por outro lado, sempre conseguia sua atenção.”

“Mas é claro que conseguia”, exasperou-se Lílian, e Dorcas riu gostosamente. “Ele fazia tudo aquilo para me irritar, você sabe disso.”

“Mas Snape não tinha intenção.”

“Mas o que ele fez me ofendeu de verdade”, retrucou Lílian. Seus olhos vagaram pelo jardim, onde Tiago, Sirius, Remo e Marlene (Pedro deveria estar presente, também, mas tivera um imprevisto. Ele mandara uma carta pedindo desculpas por não comparecer, e um pacote fino que continha uma varinha de brinquedo para o bebê) faziam truques com suas varinhas e maravilhavam um bebê risonho. O menino tinha cabelos pretos e muito bagunçados, vestia um macacão azul adorável, e seus olhos, fechados por causa da risada, eram iguais aos de Lílian. Ver seu pequeno Harry rindo fez a expressão no rosto de Lílian abrandar e um pequeno sorriso despontar em seus lábios. “Mas sabe... eu já esqueci aquilo. Se eu cruzar com Severo, algum dia, seria capaz de falar com ele como se nada tivesse acontecido.”

Dorcas sorriu. “Isso é bom, Lílian. Ao menos você ficou em paz com ele.”

“Sim”, Lílian sorriu mais abertamente quando Harry começou a engatinhar na grama, perseguindo uma lagarta que Sirius enfeitiçara para mudar de cor constantemente. Todos pararam por um momento, admirando a cena de Harry balbuciando algo enquanto a lagarta se afastava dele, o mais rápido que podia. Após alguns minutos de perseguição incessante, Harry finalmente a alcançou e capturou-a em seus dedos pequenos e gordinhos.

Tiago e os outros riram, comemorando. Lílian e Dorcas sorriram, involuntariamente. Harry erguera a lagarta à altura dos olhos e observava, maravilhado, enquanto ela se contorcia e mudava de cor, tentando se livrar de suas mãozinhas. O menino riu, arrancando suspiros de Marlene, e segurou a lagarta mais perto do rosto. Lílian levantou do banco, adivinhando o que seu filho estava prestes a fazer.

“Tiago, não deixe ele comer a lagarta”, pediu, num tom não muito alarmado enquanto se aproximava aparentemente com calma do filho.

“Ele não vai comer a lagarta, Lílian”, disse Tiago, despreocupado, abanando a mão.

“É, não se preocupe. Ele teria que ser muito obtuso para fazer algo assim”, disse Sirius, arrancando uma risada gostosa de Marlene.

“Sirius, é um bebê”, disse Remo, franzindo o cenho. “Ele não sabe o que é ser obtuso ou que lagartas não podem ser comidas. Principalmente lagartas psicodélicas como a sua obra de arte ali”, ele indicou a mão de Harry, multicolorida.

Lílian chegou perto de Harry, finalmente, e sentou diante do filho, sorrindo docemente para ele. Harry riu para a mãe e estendeu o braço para que ela visse a lagarta.

“Você apanhou a lagarta sozinho, Harry?”, perguntou Lílian, alisando seus cabelos, mas eles continuaram bagunçados. “Como meu bebê é inteligente!”

Harry piscou os olhos verdes, sorrindo abertamente, e balançou o bracinho, balbuciando algo que ninguém entendeu. Lílian fez menção de pegar a lagarta, mas Harry continuou balbuciando e movendo o braço, de modo que o único jeito de Lílian conseguir fazer o filho soltar o pobre animal seria usando força para fazê-lo parar.

Ela, então, começou a balbuciar junto com Harry, o que fez o menino rir. Tiago, entendendo os olhares que a ruiva lhe lançara, juntou-se a ela na força-tarefa de libertar a lagarta, mas Harry, em vez de soltá-la, apenas ria dos pais e balbuciava de volta, engatando uma conversa que apenas ele entendia.

“Sabe, eu nunca pensei que viveria para ver uma cena dessas”, comentou Sirius, em meio às risadas. “Uma coisa é o Pontas conseguir conquistar a Lílian e os dois serem felizes juntos. Isso, todo mundo esperava. Outra coisa é ver os dois agindo assim. Harry é meu herói!”

“Um dia eu quero estudar seu cérebro, Almofadinhas”, comentou Remo.

Eles, Dorcas e Marlene se juntaram a Tiago e Lílian, todos tentando convencer Harry a soltar a lagarta. Por um momento, pareceu que o menino ia ceder, quando ele abaixou o bracinho, parando de rir. Olhava para os seis, mistificado, tentando entender o que todos diziam ao mesmo tempo.

“Esperem, acho que conseguimos!”, disse Tiago, aliviado. “Bom menino, Harry. Bom menino! Imaginem só, se ele realmente comesse a lagarta...”

“Tiago!”, gritou Lílian, assustando-o.

“O quê?”, perguntou Tiago, olhando para ela, os olhos arregalados.

Lílian não estava olhando para o marido. Tiago ainda não havia entendido o que a fizera gritar, e a falta de resposta estava deixando-o nervoso. Lílian pegou Harry no colo quando o menino fez uma careta, decididamente nervosa.

Remo olhou de Tiago para Lílian, notando a expressão tensa no rosto da garota, e dela para Harry, que agora tinha um bico enorme nos lábios e parecia prestes a abrir o berreiro. Voltando a olhar para Tiago, Remo disse:

“Ele comeu...”

“Comeu... o quê?”, perguntou Sirius, franzindo o cenho, mas Tiago olhara para Harry, agora entendendo a situação.

“Ah, pelas barbas de Merlin”, murmurou Tiago, ficando de frente para Harry, e tentando fazê-lo abrir a boca para tirar a lagarta lá de dentro. “Abra a boquinha, Harry, diga ‘Ah’ para o papai, vamos...”

Lílian apertou um pouco as bochechas de Harry, e o menino abriu a boca sem querer, exibindo algo na língua que mudava de cor. Sirius, observando atentamente, caiu na gargalhada ao finalmente entender o que havia acontecido. Remo o empurrou para longe, caso Harry se assustasse, e Dorcas e Marlene correram para dentro da casa, atrás de água e remédios para cuidar de Harry assim que a lagarta fosse removida.

Tiago enfiou dois dedos na boca do filho, agora lutando com a lagarta, que parecia relutar em sair da nova caverna. Lílian continuava segurando as bochechas de Harry e cantando para distraí-lo, mas o menino começava a choramingar, incomodado com a batalha travada em sua boca.

“Por que não usam Accio?”, perguntou Sirius, secando as lágrimas de riso. “Evitaria todo esse transtorno para o pobrezinho.”

“E se a língua dele vier junto, Almofadinhas?”, retrucou Tiago, e Lílian lhe lançou um olhar feio. “É verdade, amor, é um risco. Não precisa de feitiços... estou quase lá.”

“Só tenha cuidado para ele não engolir, Tiago”, pediu Lílian, voltando a cantar para Harry, mas o menino já estava começando a se remexer no colo da mãe, incomodado.

“Sem problema. Calma, Harry, papai quer ajudar você...”

Após alguns minutos confusos nos quais os três lutaram, a lagarta finalmente foi capturada pelos dedos de Tiago, que suspirou aliviado. Lílian parou de apertar as bochechas de Harry e agora o enchia de beijos, para compensar a agonia. O menino ainda parecia prestes a chorar, mas o alívio certamente abrandara seu incômodo. Tiago levou a lagarta até uma árvore e a soltou no tronco, onde ela começou a se arrastar para longe dele.

Ele limpou os dedos na calça jeans e voltou a sentar perto do filho, que agora não chorava mais. Dorcas e Marlene chegaram com uma bacia de água, alguns frascos e uma escova de dentes infantil.

“Para que isso?”, perguntou Sirius, apontando para a escova azul.

“Tinha uma lagarta na boca dele, Sirius!”, exclamou Marlene, impaciente.

Sirius encolheu os ombros e Remo sacudiu a cabeça. Começava outra luta para escovar as gengivas de Harry, porque o menino não gostava das cerdas arranhando sua boca. Desta vez, era Tiago que o segurava, e Lílian tentava vencer a batalha. Dorcas, Marlene, Remo e Sirius, observavam boquiabertos enquanto Harry virava a cabeça para todos os lados e Tiago tentava contê-lo para que Lílian conseguisse limpá-lo.

Após vários minutos confusos, Lílian ganhou a briga. Ela e as amigas foram guardar os materiais, enquanto Tiago levantara e começara a jogar Harry para o alto, fazendo-o rir e esquecer qualquer incômodo na última meia hora. As risadas do bebê voltaram a encher o jardim, logo sendo acompanhadas pelas risadas dos adultos.



Após o jantar, Dorcas, Marlene, Remo e Sirius foram embora. Lílian e Tiago agradeceram a presença dos amigos e prometeram que dariam notícias. Os dois normalmente poderiam se encontrar com os outros no trabalho, mas por causa das circunstâncias, Dumbledore os convencera a não sair mais de casa. Quando os outros podiam, iam visitá-los.

“Você está bem?”, perguntou Tiago a Lílian, depois de fechar a porta. Lílian aconchegou Harry melhor nos braços e assentiu. O menino brincava com uma mecha de cabelos acaju da mãe.

“Só um pouco cansada. Esse rapazinho estava a todo vapor hoje”, disse ela, beijando os cabelos de Harry.

Tiago riu. “É, ele teve uma experiência inesquecível. Pena que não vá se lembrar de nada quando crescer.”

“Podemos contar a ele”, comentou Lílian, voltando para a sala e sentando no sofá. “Quando for mais velho. Podíamos anotar todas essas aventuras e contar a ele, no futuro, as peripécias de Harry Tiago Potter.”

Tiago sorriu largamente. Sentia o peito inchar de alegria quando escutava o nome completo do filho. Quando Harry nascera, Tiago quisera registrar seu nome de uma vez, como Lílian quisera, mas ela pedira que esperasse. Apenas quando pudera sair do hospital, os três foram ao cartório e Lílian preencheu a certidão de nascimento. Ela não lhe dissera nada sobre colocar um nome do meio, muito menos que esse nome seria o seu, e Tiago quase chorara quando vira o nome completo de Harry na certidão.

Ele acariciou os cabelos rebeldes do filho e beijou Lílian, sorrindo. Ela se acomodou no sofá, apoiando a cabeça no ombro de Tiago, e os dois ficaram observando Harry por um momento, que agora cutucava as estampas do sofá, completamente entretido.

“Sabe, você precisa descansar um pouco, Lílian”, disse Tiago, após um tempo. “Hoje foi exaustivo, com o Harry hiperativo e toda a saga da lagarta.”

“Você também precisa descansar”, rebateu Lílian, num tom ameno.

“Mas não estou tão exausto quanto você”, contrapôs Tiago. “Vá relaxar um pouco. Tome um banho, não sei. Eu fico aqui com ele.”

Lílian considerou a proposta por um minuto e decidiu aceitar. Beijou Harry outra vez, fazendo-o sorrir, beijou também Tiago e subiu as escadas. Um banho relaxante seria bom, agora. Harry já estava pronto para dormir, então ela podia se dar alguns minutos embaixo do chuveiro antes de levá-lo para o berço.

Vinte minutos mais tarde, já vestindo seu pijama, Lílian descia as escadas para dizer a Tiago que fosse tomar um banho também, e que ela ficaria com Harry. Contudo, chegando ao pé da escada, notou que a sala estava quase completamente silenciosa. Além do tique-taque do relógio, ela podia ouvir duas respirações lentas e profundas. Nada mais. Nenhum barulho, nenhuma risada, nenhum Tiago falando com a voz estranha para fazer Harry rir.

Preocupada, Lílian seguiu a passos leves até a sala de estar, perguntando-se o que estava acontecendo. Dando a volta no sofá, ela viu Tiago deitado de barriga para cima, os óculos tortos no rosto adormecido. Harry estava deitado de bruços no peito do pai, dormindo a sono solto. Tiago tinha uma das mãos nas costas do filho, para impedir que ele caísse, caso se movesse, e a outra estava pendurada no braço do sofá, meio torta também, mas ele parecia confortável.

Lílian sorriu sem perceber, e sentou no tapete, diante do sofá. Ali estavam as duas pessoas mais importantes do mundo. As duas pessoas que ela mais amava, e as duas pessoas pelas quais faria tudo. Ela acariciou suavemente a bochecha de Harry e depois os cabelos de Tiago. Os dois sorriram levemente enquanto dormiam, apreciando o carinho.

Dorcas tinha razão. Talvez Lílian gostasse de Tiago desde o começo, sem perceber. O sentimento fora suprimido por muito tempo, porque ela odiava o modo como Tiago se comportava até o quinto ano, e talvez por aquela razão, ela sentisse tanta raiva do garoto. Ela odiava saber que gostava de alguém tão arrogante. Mas depois, quando Tiago resolvera mudar, ela baixara a guarda e percebera que havia algo nele que valia a pena. Ela passou a amar saber que Tiago havia mudado, e mudado por ela.

Antes, Lílian odiava saber que o amava, por mais que reprimisse seus sentimentos.

Agora, ela tinha orgulho de saber disso. E a maior prova do amor dos dois estava ali, dormindo serenamente no peito de Tiago, ainda sorrindo com o carinho da mãe.

Lílian estendeu um cobertor sobre os dois e levou seu travesseiro e seu cobertor para a sala. Deu um último beijo nos cabelos de Tiago e em seguida nos de Harry, sussurrando “Eu te amo” para os dois. Ela deitou e se aconchegou ao lado do sofá, observando os dois. Quando seus olhos estavam prestes a se fechar, ela pensou ter ouvido Tiago murmurar “Eu te amo, Lílian. E Harry também te ama.”

Lílian sorriu antes de cair no sono.


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Notas finais do capítulo

E, com esse capítulo, chegamos ao fim de As Sete Coisas! Não sei se é ironia da vida ou não, mas enquanto eu digito essa nota final, está acabando de passar Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 na HBO, haha.
Bem, gente, eu tenho que dizer que estou meio triste que a fic tenha acabado. Escrevê-la foi uma das coisas mais gostosas, e se pudesse, eu continuaria escrevendo. Mas um dia, o fim teria que chegar, não é? Chegou ;;

Gente, eu quero agradecer a vocês. Dimitri Dalf, obrigada por todos os comentários, pela recomendação (ainda fico sorrindo quando a leio), pelos surtos e por me incentivar tanto! Acho que nunca vou superar isto, obrigada mesmo! :3
Obrigada, também, a todos que favoritaram, visualizaram e acompanharam/estão acompanhando a fic! De verdade, ver que tinha gente lendo me deixava (e ainda deixa) muito feliz. Então, muito obrigada a todos vocês.

Pretendo postar outros projetos aqui. Então, se As Sete Coisas agradou, conto com vocês para acompanhar o que vier depois dela. Como é o último capítulo, eu ficaria ainda mais feliz se vocês me dissessem o que acharam da fic, do capítulo em si, enfim... críticas são sempre bem-vindas, e eu vou adorar falar com vocês! ♥

Outra vez, muito obrigada!
Até um próximo projeto,
K Felddripp x