Clara, obviamente, já caminhava ao meu lado.

- Espere. – chamou ela.

Parei contra minha vontade, embora nem tão contra já que ansiava ver seu belo rosto novamente.

- Quero perguntar algo, mas você está me distraindo. – ela riu, com bom humor.

- O que?

- Você vai a Araquari no dia do baile, não é? – ela foi direta. Nem me dei ao trabalho de confirmar. – Gostaria de uma carona. Tenho... algo a tratar lá.

- Carona? Com quem? – me animei.

- Comigo, é claro. – seu tom arrogante me irritou, fez eu me sentir um idiota.

- Por que eu vou querer ir com você? – respondi com orgulho. Mas encontrava muitos motivos para ir com ela.

- Como já disse, tenho coisas a tratar lá. E eu tenho um carro e você não. – ela fez questão de ressaltar.

Ótimo, ela me colocou na parede. Ia ser engraçadinha então?

- Sem problemas. Eu sobrevivo ao ônibus. A não ser que você acredite que ele possa tentar me atropelar e talvez queira estar lá para segurar o ônibus. Deve ser moleza para você. – ironia pesada.

Clara ficou séria. Parecia irritadíssima. Mas eu estava contente. Não era apenas ela que sabia jogar baixo.

- Eduardo, você é completamente absurdo. – ela resmungou. – E então, vai comigo, ou prefere o risco de ser atropelado pelo ônibus? – ela riu, mas seus olhos ainda me fuzilavam.

- Tudo bem. – resmunguei, no tom mais desanimado que consegui forjar. Eu me animava com aquela possibilidade.

Ela sorriu brevemente e depois ficou séria.

- Você realmente devia ficar longe de mim. – alertou.

- E se eu não quiser? – sussurrei quando ela estava distante.

Talvez fosse minha imaginação, mas pude jurar que Clara sorriu.