Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 9
Cap 8: O Estado Avatar




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O espírito retirou sua forma humana de dentro da bolha e logo o lago começou a ficar agitado.

– Quero ver quem vai me forçar. – Falou com uma voz grave e ameaçadora. Zara se encolheu dentro de sua bolha, concentrando-se para mantê-la.

– Zara? – Ouviu uma voz ao longe chamar. A menina abriu os olhos pensando ser a voz de antes, aquela dentro da sua consciência, mas logo percebeu que se tratava de uma voz masculina.

– Gumo? – Chamou a menina hesitante.

– Zara! – Exclamou o menino. Zara podia ouvi-lo mais claramente, percebeu que a sua voz estava arrastada, embriagada. Ele falava muito devagar e maciamente.

– Está tudo bem? – Perguntou a menina ignorando o lago agitado.

– Não podia estar melhor. Eu encontrei Lyn! – Disse encantado.

– Viu, menina? – Perguntou o lago sarcasticamente. – Ele está melhor aqui. – Disse.

Zara fechou os olhos determinadamente.

– Ele está melhor comigo. – Sussurrou.

– Então deixa que eu te levo até ele! – Gritou o lago rindo maliciosamente.

A menina o ignorou. Precisava tentar algo. Com os olhos fechados, concentrou-se como podia até achar que tudo estava escuro e com a atmosfera espiritual o bastante. Não estava tentando estrar no mundo espiritual.

A menina não via nada, sentia o seu corpo dentro da bolha, mas também o sentia flutuar brevemente com uma estranha pressão agindo sob o mesmo.

– Olá? – chamou incerta. Não ouve resposta. - Olá? – Chamou de novo, quando algo mudou naquela completa escuridão.

Zara demorou para descobrir o quê havia mudado, então percebeu que a tal escuridão já não era completa. Aos poucos, alguns pontos de luz surgiam ao longe, como estrelas no céu noturno.

– Zara? – Questionou uma voz ao longe. Uma voz de uma mulher.

– Oi. Eu preciso de ajuda. – Pediu sem sequer saber o quê era aquela voz. Mas Zara podia jurar que sentia uma outra consciência ali, e não apenas a sua.

A tal voz riu-se um pouco com o pedido, mas era uma risada melodiosa e compreensiva.

– Mas é claro. – Disse a voz, estimulando Zara a continuar falando.

A menina demorou-se um pouco. Queria perguntar tantas coisas...

– Zara, creio que não haja muito tempo. – Disse a voz compreensivamente.

A menina suspirou.

– Preciso levar Gumo para fora daquele lago... – Disse a menina sem saber por onde começar.

– Já enfrentamos este antes, não se lembra? – Perguntou a voz. Zara não se lembrava, é claro.

– Eu não lembro, mas se já... enfrentamos... antes... Me ajude a enfrentar de novo. – Pediu a menina.

Ela não fazia ideia de com quem estava falando, e temia nunca mais poder falar com “ela” de novo. Mas precisava tirar Gumo daquela estranha prisão de ilusões.

– É claro, menina Zara. – Disse imitando o modo como Tuí e La a chamavam. – Eu sempre estive aqui à sua disposição. – Foi a ultima frase que falou, antes que o corpo de Zara mexesse-se sozinho e a forçasse a abrir os olhos no mundo físico.

Tudo parecia exatamente igual, não parecia ter se passado mais de um segundo desde que conseguira falar com a tal voz.

– Mas o quê é isso? – Ouviu a voz do lago num lugar muito distante.

O lago continuava muito agitado, mas Zara não havia percebido que ele girava tão rapidamente ao redor dela, e não por controle do espírito.

– Zara, meu poder e o seu estão unidos agora. Faça o que achar que deve fazer. – Disse aquela voz na sua mente. A menina arregalou os olhos enquanto olhava para a água ao seu redor. Em seu reflexo seus olhos brilhavam como duas estrelas.

Só então a menina pensou em algo eficiente para agir.

Ela desfez a bolha ao seu redor, entrando na água e impulsionando eu corpo na direção da voz de Gumo com a dobra d’água.

– O que está fazendo? – Perguntou o lago revoltado. – Acha que pode vir aqui duas vezes e levar o que quer nas duas? – Questionou novamente.

– Acho. – Disse Zara com a voz dupla que adquiria quando estrava no estado avatar, mas ela não queria ter dito aquilo. Só então percebeu que a segunda voz junto a sua era aquela da mulher em sua mente, e que quem havia respondido ao lago havia sido “ela”, e não Zara.

O lago tentava não deixar Zara se mover tão facilmente em suas águas, ele concentrava toda a massa que podia na frente do corpo de Zara, tentando impedi-la de descer mais e mais em sua profundidade.

Suas tentativas chegaram ao ponto de Airon conseguir ver Zara facilmente, mesmo ela estando à metros da superfície, porque o lago já não estava a cobrindo – ou tentava não fazê-lo – para concentrar toda a sua água embaixo do corpo dela para empurrá-la.

Mas nada funcionava, aquilo só conseguia retardá-la um pouco.

– Você está me fazendo perder tempo! – Gritou Zara junto com a voz.

A menina parou de nadar por um instante e moveu seus braços num movimento circular acima da cabeça, dobrando toda a água do lago ao mesmo tempo e erguendo-a acima de sua cabeça.

Juntando as mãos em cima da cabeça, Zara transformou toda a água do lago em vapor, e logo não restava mais “Espirito do Lago”. Não por enquanto.

Quando o silencio se fez, Zara percebeu que estava caindo em direção ao fundo do antigo lago, onde Gumo estaria. Antes que pudesse cair, ergueu uma plataforma de terra em forma de rampa, onde caiu escorregando maciamente, sem ferimento algum.

– Está feito. – Disse a voz como um sussurro na mente da menina, se afastando cada vez mais dos sentidos dela, e logo seus olhos voltaram ao normal, seguidos por um cansaço repentino que a atingira.

– Zara? – Perguntou Gumo parecendo não ter muita certeza do que dizia. – Zara, eu tive um sonho tão estranho... – Dizia.

Zara o procurou ao seu redor, o mais rápido que pôde com o corpo tão cansado.

– Gumo, cadê você? – Perguntou ela com a voz chorosa. Começava a se lembrar do que tinha acontecido. Procurou pelo amigo até que o encontrou uma caverna de onde Gumo começava a sair devagar, trêmulo e tonto.

A menina usou o resto da força que tinha para correr até o amigo, abraçou-o com toda a força e chorou. Logo ambos se ajoelharam, e Zara ainda estava soluçando nos braços do amigo.

– Zara, o que houve? – Perguntou o menino sussurrando em seu ouvido. A menina simplesmente não conseguia falar.

Zara, seja forte. – Disse a voz em sua mente, mas só o que ela conseguia fazer era chorar e negar com a cabeça. Gumo a afastou de seu corpo para olhar seu rosto.

Estava com o rosto vermelho e molhado, a expressão de sofrimento no rosto estava me matando.

– Zara, deixa eu te ajudar. – Pedi. Ela não conseguia abrir os olhos, e as lágrimas simplesmente não paravam de cair. Quando ela finalmente abriu os olhos, eu quase podia sentir sua dor, como algo ou alguém conseguira deixar uma garota tão forte caída em lágrimas desse jeito?

– Airon. – ela falou entre soluços. Uma onda de raiva me invadiu, e nem mesmo eu entendia o porquê.

– Zara, precisa nos tirar desse buraco. – Eu disse com as mãos em seus ombros, tentando acalma-la para que pudéssemos resolver tudo aquilo.

A menina negava com a cabeça e soluçava mergulhada em suas lágrimas.

– Eu não quero ir lá. – Disse com certa dificuldade. Eu franzi o cenho e a abracei. O que quer que Airon fizera à Zara, não havia sido besteira.


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Notas finais do capítulo

Perdão pela demora, mas ter só duas leitoras ativas desanima um pouco. Ç_Ç