Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 8
Cap 7: O Lago Translúcido




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O som era abafado, tudo era preto. Eu não sabia onde eu estava, mas me sentia dentro d’água, flutuando... Ou vagando sem destino no universo, mas de qualquer maneira sentia uma estranha pressão sob meu corpo.

– Zara. – Me chamou uma feminina e poderosa, mas abafada.

– Zara. – Chamou novamente, desta vez mais nítida.

– Zara. – Chamou pela última vez, desta vez perfeitamente nítida e pronunciando o meu nome lentamente, causando-me algum tipo de arrepio estranho. – Você precisa despertar. – Disse a voz. – Você precisa despertar. Eles precisam de você, e não de mim. – Completou.

– Quem é você? – Perguntei num sussurro fraco e triste, minha voz parecia não existir, minha garganta parecia não me obedecer.

– Nós somos o Avatar. Agora você precisa despertar. – Informou a voz.

– Eu não consigo. – Sussurrei mais uma vez.

– Você já fez isso milhões de vezes. – Falou me fazendo estremecer de novo. - Precisa se acalmar. Você precisa ser Zara, e não o Avatar. Precisa despertar. – Disse a voz mais uma vez, sempre repetindo as mesmas palavras.

Tentei me concentrar enquanto ouvia aquela voz repetir as mesmas palavras num eco sem fim, que distanciava-se cada vez mais de meus sentidos. Eu sempre fui Zara, filha de Tera e Gaibo.

Aos poucos, a ventania ao redor da menina cessou e o terremoto findou junto. Os olhos da menina lentamente voltavam ao normal, e precisou piscar algumas vezes para enxergar naquele ambiente escuro.

Airon ainda olhava para o pano em sua mão, e Zara acompanhou o olhar do rapaz.

– Gumo. – Sussurrou franzindo o cenho determinadamente.

Os quatro correram em disparada par sair daquele subsolo, e Zara não hesitou em montar em Vivi junto com Airon para chegar mais rápido.

O coração de Airon nunca havia batido tão rápido. Por medo do que quer que tivesse acontecido com Gumo, e por medo do que quer que viesse acontecer depois.

Quando Vivi chegou na entrada estreita, Sozen já havia chegado antes. Passaram correndo o mais rápido possível, e chegando na saleta onde tinha a porta do túnel, Zara sentiu um arrepio percorrer toda a sua espinha.

– Já estive aqui. – Sussurrou franzindo o cenho para si mesma, mas logo Vivi solou outro berro vindo de dentro do túnel, e os outros três a seguiram.

Ao encontrar o lago, Airon deu passos trêmulos para trás, tentando agarrar as mãos nas paredes. Vivi juntou-se ao seu dono, e ele abraçou a ave, escondendo o rosto embaixo da asa da mesma.

– O que foi agora? – Perguntou um pouco irritada por falar com Airon.

– E-eu conheço esse lugar. – Gritou Airon sem tirar a cabeça do lugar. – Esse lago maldito te mostra o que você mais quer e te afunda nele. – Explicou. – Eu tinha ouvido falar, mas não acreditei. – Concluiu.

Zara franziu o cenho preocupada e olhou para o lago. Não via Gumo em lugar algum.

– Eu vou mergulhar. – Informou a menina.

– Não! – Gritou Airon no mesmo instante, finalmente olhando para ela. – Zara, se você entrar, eu não vou ter como te tirar de lá. – Disse com uma careta de sofrimento.

Posso perde-la por meus erros, isso eu consigo suportar. Mas perde-la por minha impotência nunca. Pensava entrando em desespero.

Zara via as lágrimas nos olhos dele, olhava-as com frieza.

– Não tenho tempo para você. – Disse com o olhar congelante e o rosto inexpressivo, logo pegando velocidade para pular no lago, e quando o fez, dobrou o máximo de água que pôde para abrir o lago a redor de seu corpo e retardar seu contato com a água.

Quando mergulhou Zara não conseguia mais ver o teto, mesmo a água sendo completamente transparente. Ela dobrou a água de modo que havia uma bolha ao seu redor, não estava realmente em contato com a água.

Com certeza não é um lago comum. Pensou a menina. Será que ele tem algo a ver com o mundo espiritual? Perguntou-se.

Antes que pudesse realmente procurar por Gumo, viu um vulto passar ao seu lado. Zara procurou o vulto, girando embaixo d’água, mas sem sucesso na busca.

– Menina estranha. – Ouviu uma voz cavernosa e grave falar, vinda de todos os lados. – Eu não tenho nada para te mostrar, menina. – Repetiu a voz.

– Quem é você? – Perguntou Zara, procurando a fonte da voz.

– Seu amigo lá fora por outro lado... Ah, por que não chama ele? – Disse a voz ignorando as palavras de Zara.

– Eu perguntei quem é você. – Repetiu Zara ouvindo uma estranha risada melodiosa e rouca.

– E eu perguntei pelo seu amigo. – Disse a voz. Zara acalmou-se.

– Se você me devolver o meu amigo, eu te entrego o outro. – Anunciou Zara. Assim que terminou de pronunciar tais palavras, uma movimentação na água ao seu redor transformou-se num corpo semi-humano que entrou com o busto na bolha de Zara e manteve os quadris e os braços fora da bolha.

Era como um meio-homem feito d’água. Zara arregalou os ohos e tentou olhar para o rosto dele, mas a água mexia-se sem parar o que não permitia que Zara visse os detalhes.

– Não pode mentir para mim, menina burra. – Reclamou o “homem”.

– Se me devolver meu amigo, eu te dou aquele lá. – Repetiu Zara para que a criatura tivesse certeza do que dizia.

– Eu nunca devolvi ninguém. – Disse com nojo da palavra.

– Para tudo tem uma primeira vez. Já negociou com alguém? – Perguntou Zara entrando no jogo daquela criatura.

– Já... Há muito tempo. – Disse surpreendendo a menina. – Era uma mulher, ela tentou me matar me dobrando. – Informou com uma gargalhada irônica. – Tola. Mas então ela conseguiu o que queria. – Completou com desgosto evidente na voz.

– O que ela queria? – Perguntou Zara recebendo um longo silencio em resposta. – O que foi? – Perguntou estranhando o clima tenso e sem ironia alguma.

– Qualquer um perguntaria o que ela fez, ou quem era. – Disse com um jeito estranho na voz e deu outra longa pausa. – Ela queria sair daqui levando uma coisa que há muito tinha caído. – Disse, deixando claro que não diria o que era.

– E porque você a deixou sair? – Perguntou Zara ironicamente, incomodando o monstro.

– Não deixei. – Disse. – Mas foi a primeira vez que o Avatar me visitou. – Completou. Zara tentou não demonstrar emoção alguma.

Eu sabia que já havia estado aqui. Pensou.

– Você deve ser muito importante para um avatar vir até você. – Comentou recebendo um olhar indiscreto da criatura.

– Eu estou aqui há mais tempo que o Avatar. – Disse levantando a voz de modo majestoso e grave. – Eu nunca devolvi ninguém. – Repetiu.

– Vai devolver hoje, Sr Espírito do Lago. – Disse a menina com um sorrisinho de canto.


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Notas finais do capítulo

E agora, Maria? XD