Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 25
Cap 24: Entendendo o Espírito - Parte 1




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A luz da manhã era quase branca, e iluminava um pouco os corredores. - Sabe... Eu gostaria de ter nascido entre os nômades do ar. - Admitiu a menina.

– Por que? - Perguntou Avalon.

– Todos eles são dobradores de ar. Não que hoje restem muitos... na verdade só restam dois... Mas quando eram muitos, não havia preconceito ou forma diferente de se tratar ninguém... Onde eu nasci, fui mandada para ser curandeira... - Explicava, tendo a maior conversa que já havia tido com Avalon. - Eu não podia ser uma dobradora de água para objetivos de batalha...

Avalon via muita ironia no caso, preferiu ficar calado, e o silencio perdurou algum tempo. Zara os guiava até a sala das estátuas, que ficara aberta. Ela parou alguns metros antes da sala e se virou para Avalon.

– Avalon... Meu nome é Zara, certo? - Ela perguntou um tanto hesitante. Ele a olhou confuso por algum tempo.

Só então eu comecei a entender. Ela era o Avatar, e ela era Zara. Devia ser difícil distinguir Zara entre tantas outras vidas... Ang, Roku, Damon e todos os outros... Ela era todos eles, e ao mesmo tempo ela talvez só quisesse ser ela mesma. Ela agora não me olhava nos olhos. Estava com uma expressão corporal de culpa, encolhida, com medo.

– Sim, seu nome é Zara. - Disse o rapaz.

– Eu quero te mostrar... eu. - Ela disse, fazendo Avalon engolir em seco e arregalar um pouco os olhos.

Me mostrar... ela?! Mas que...

Então Zara mostrou a sala das estátuas para ele. Só então Avalon entendeu, um tanto aliviado. Ficou incrivelmente surpreso, a boca semi aberta, os olhos arregalados. Olhava para todos os lados enquanto caminhava sendo guiado pela própria Avatar. No centro da sala havia a última estátua. Todas haviam sido organizadas em espiral pela sala inteira, e a última tratava-se de Aang.

– Eu quero tentar fazer uma coisa. - Ela sussurrou, mais para si do que para Avalon. Ele a olhou por algum tempo, para depois encarar Aang.

A estátua do Avatar Aang estava claramente mais nova do que as outras. Ao lado dele, o Avatar Roku parecia sorrir de canto, compreensivamente. Ao lado dele, um a mulher do Reino da Terra, em seguida um homem com trajes de alguma das Tribos da água, para então aparecer o Avatar Damon. Eu parei diante da estátua do mesmo, encarando o rosto dele... Não parecia tão sábio, nem tão violento olhando-o daquela forma.

Eu me virei para Zara para falar com ela, e ela já não estava mais ao meu lado. Ela estava em pé, no centro da sala, encarando o Avatar Aang e de costas para mim.

– Zara. - Chamei, mas ela não se virou. Caminhei até ela e a encontrei com os olhos brilhando intensamente.

– Saia da Sala. - Ela disse, com a voz dupla e mais grave, porém ainda feminina.

– Zara, está tudo bem? - Perguntei, insistente, parando de frente para ela tentando ver melhor seu rosto que estava coberto pelos cabelos agora soltos.

– Eu disse saia! - Disse mais uma vez. Quando abriu a boca para falar, sua boca tambem soltava aquele brilho branco e intenso.

Avalon arregalou os olhos para a cena e saiu da sala o mais rápido que pôde. Ele correu para chamar Muraoka, mas estava quase perdido nos corredores do templo.

Com a respiração rápida, Avalon correu desesperadamente pelos corredores mas tudo parecia um enorme labirinto. A imagem de Zara com olhos e boca brilhando assustava-o, impressionava-o. Chegando na beira de uma varanda, ele olhou para o chão há quase quatro metros de altura de onde ele estava. Bufou de raiva antes de pular para fora do templo, caindo com um rolamento quase perfeito.

Correu em direção à cabana de Muraoka, onde entrou o mais rápido que pôde, chamando a atenção da mulher que lavava algumas roupas.

– Zara... - Ele falava sem fôlego. - Na sala... de estátuas... - Ia dizendo, enquanto Muraoka enxugava as mãos com o cenho franzido, preocupada. - Começou a... - Ele falou, fazendo um gesto diante do rosto indicando o brilho dos olhos e da boca.

A mulher largou o que fazia e correu para o templo, com um Avalon preocupado em seu encalço. A porta da sala estava fechada, e Muraoka não se demorou ao dobrar o ar e abrí-la. Dentro da sala, tudo parecia normal e o ambiente estava escuro. Avalon avançou na frente de Muraoka, procurando por Zara no centro, onde estava quando ele saiu. E lá estava ela, intacta, com olhos brilhando e expressão dura no rosto.

– Mandei ir embora. - Disse a voz dupla, que arrepiou os pelos da Nômade do ar e revelou o brilho dentro da boca de Zara. Muraoka se pôs na frente de Avalon e gestuou para que ele saísse da sala. Irritado e preocupado, o rapaz obedeceu.

– Raava? - Perguntou a mulher, incerta.

Zara permaneceu muda.

– Raava, deixe-me falar com Zara, por favor. - Pediu Muraoka.

– Não. - Foi a resposta.

Zara estava inconsiente, sequer sabia o que falava ou fazia.

Estava num lugar negro, com poucas estrelas, enquanto uma estranha pressão se fazia em seu corpo magro. O espírito branco de Raava havia assumido uma forma humana, de uma mulher, e estava diante dos olhos brilhantes de Zara.

– Raava? - Perguntou a menina, encarando aquela estranha e linda mulher. A forma humana de Raava tinha a pele clara e desenhos azulados por todo o seu corpo. Os cabelos brancos e as vestes nobres, também brancas com detalhes em azul.

– Quero que se concentre em mim, menina. - Disse a mulher, com a voz que Zara já conhecia.

A jovem Avatar anuiu com a cabeça e ficou observando Raava enquanto ela falava.

– Antes de se unir à mim, Avatar, você era um ser humano completamente normal, incapaz de possuir de fato uma dobra. - Começou a mulher, com a voz profunda que parecia ecoar nos ouvidos da garota. - Humanos comuns nascem, crescem e morrem, e reencarnam em seguida. Um humano comum pode nascer entre os nômades hoje, e na encarnação seguinte nascer no Reino da Terra. Pode nascer dobrador hoje e amanhã nascer sem dobra alguma. Mas não você.


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