Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 2
Cap 1: Discursões




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Ficou decidido que iriam para a Nação do fogo. Havia alguns grandes problemas, obstáculos que Airon sempre colocava. Ultimamente o garoto estava muito mais mal humorado do que de costume. Muito mais mal humorado do que há um ano. Airon reclamava de tudo e de todos, passou a ser ingrato com as pessoas ao seu redor, o que já estava dando nos nervos de Zara.

Gumo passava a maior parte do tempo alisando Sozen, quase deprimido, o que rendia-lhe mais reclamações de Airon. O que animava o menino era sair da tribo para dobrar água a vontade com Zara.

Quanto a Sozen, bem, ela estava bem crescida, já estava na altura da cintura de Zara, e se ficasse de pé sob as patas traseiras alcançava a altura da menina facilmente. A criatura estava cada vez mais bonita, e Zara imaginava que logo Sozen suportaria o peso de uma pessoa.

Yue demorou um pouco para aceitar a decisão de Zara de ir à Nação do Fogo, mas como a primeira que tomara quanto a dobra de terra foi um sucesso, decidiu que era bom confiar em Zara e nas suas decisões.

Passaram uma semana na tribo da água, descansando de todos os novos acontecimentos. Zara visitava Tuí e La quase todos os dias. Os espíritos permaneciam calmos e neutros, mas La demonstrava um pouco de orgulho dos avanços da menina.

Quando a Airon e Zara, estes estavam cada dia mais afastados. Airon tinha um dilema sobre contar ou não seus segredos, sobre ir ou não embora, sobre pedir perdão ou não. Mas enquanto estava indeciso todas as escolhas pareciam ser não. Zara via o rapaz distante e sentia vontade de abraça-lo. Para ela, Airon sempre tivera cara de quem sofre muito, de quem precisa de amor, de carinho.

Aos poucos a menina nutria um sentimento diferente pelo menino, e criava expectativas no mesmo.

Um dia antes de partirem os três estavam sentados diante do lago no Jardim de Gelo e conversavam sobre o transporte que os levaria à Ilha do Avatar Roku, que era o lugar onde Airon “deixava” que fossem.

– Vamos de barco? – Perguntou Gumo num sussurro.

– Não, como espera que eu leve Vivi? – Respondeu Airon Mal humorado.

– Que tal você ir na frente com “Vivi” – Zara dizia falando o nome da ave de um modo irritante com a voz aguda – e eu e Gumo vamos num barco com dobra e com Sozen dentro? – A menina já estava no ápice de raiva. Airon estava sendo irritante para todos, ninguém estava mais aguentando ele, GUmo até deixara de ouvir o que ele dizia.

– Ótimo, vocês sabem chegar sozinhos, certo? – Perguntou Airon Irônico.

– Não, não sabemos! – Gritou Zara se levantando bruscamente. Ela ainda não tinha gritado com Airon, aquele grito e a expressão de fúria no rosto da menina surpreendeu os dois garotos. – Mas desde quando você se importa com nosso bem estar, Tenente? – Gritou ainda mais.

Para que não acabasse falando ou fazendo besteira, a menina saiu a passos fortes para dentro do palácio, sendo seguida com facilidade por Sozen.

Gumo olhou para Airon com o mesmo olhar morto que passara a ter desde que Lyn morrera, e em seguida se levantou caminhando devagar atrás de Zara.

Quando só restara o dobrador de fogo no Jardim, ele socou o chão com raiva.

– Zara? – Chamou Gumo, pedindo para entrar no quarto da menina. Zara abriu a porta devagar e se afastou, sentando na cadeira da escrivaninha e deixando que Gumo entrasse. O menino fechou a porta com calma, tentando não fazer som algum, e sentou-se na cama dela, olhando-a.

– Desculpe por isso, Gumo. – Pediu ela.

– Tudo bem, ele estava merecendo. – Sussurrou o menino. – Você está bem? – Perguntou fazendo-a suspirar. – Pode me contar. Mesmo que eu não entenda... Posso te ouvir. – Falou o menino, incentivando-a.

Alguns minutos se passaram com Zara pensando no que dizer. Ela permanecia com os cotovelos apoiados na escrivaninhas e o rosto escondido pelo cabelo, apoiado nas mãos.

– É muito... Complicado lidar com ele. – Falou muito devagar a menina. – Desde que nos reencontramos tem sido muito difícil. – Falava ainda devagar. - Não sei porque ainda o suporto. – Sussurrou.

– Porque ele é dobrador? – Arriscou Gumo.

– Não... Eu não acho que seja tão difícil arranjar outro dobrador de fogo. – Sussurrou Zara. – Ele esconde algo, e eu quero saber o que é. – Dizia, falando mais consigo do que com Gumo.

Por fim a menina suspirou.

– E quando você descobrir? – Perguntou o amigo.

– Não sei. Tenho medo do que seja. – Admitiu Zara.

Em pouco tempo os três foram dormir. Zara dormiu abraçada com Sozen, que sempre lhe parecia o ser mais confiável de todos. Na manhã seguinte todos tomaram café-da-manhã juntos como uma forma de despedida. Zara sequer olhava para Airon, que desde o dia anterior não falava com ninguém.

Na hora de partir, Gumo e Zara entraram no barco com Sozen, e Airon montou em Vivi, sua ave negra. O clima entre eles estava indo de mal a pior.

No final da manhã, durante a viajem, começou a chover. Vivi não conseguia voar na chuva e logo precisou pousar num iceberg qualquer. Gumo conseguiu convencer Zara de esperar a chuva passar junto com Airon, mas a menina havia simplesmente colocado o capuz e se deitado de olhos fechados, esperando a chuva passar. Não queria trocar nenhuma palavra com o dobrador de fogo.

Enquanto chovia, Gumo e Airon chegaram a trocar um olhar. O primeiro sempre com os olhos azuis tristes e nostálgicos, e o segundo com os olhos amarelados cobertos de raiva e de uma pontada de arrependimento.

Assim que sentiu a chuva parar cair, Zara levantou bruscamente e dobrou a água o mais rápido que pôde, fazendo Gumo quase cair do barco, junto com Sozen.

Airon olhou o barco de longe, montando devagar em Vivi.

O que eu fiz? Perguntou-se arrependido. Deixara seus problemas afetarem sua relação com os dois – Zara e Gumo. Como ensinaria dobra de fogo para alguém que não quer sequer olhar na cara dele?

Chegaram a Ilha durante a tarde do segundo dia. Vivi estava exausta e Sozen estava com muita fome. Assim que desembarcaram, Zara sentiu um calafrio. Olhou bem para a Ilha fazendo os outros dois pararem para olhar também.

Tratava-se de uma Ilha com o formato de uma Lua muito fina. No centro dela havia um vulcão alto, mas adormecido há mais de cem anos. O solo da Ilha era tão rico que tinha uma tonalidade avermelhada. Ao lado esquerdo do vulcão havia o templo abandonado. Os anciãos do fogo haviam deixado aquele lugar desde a ultima visita do Avatar Aang.

Uma sensação de solidão invadiu Zara, incomodando-a um pouco. Mas a sensação que mais lhe incomodava era a de que não estava sozinha.

– Gumo. – Chamou num sussurro, fazendo o menino ter que se aproximar muito para ouvir. – Tem alguém lá. – Murmurou novamente, fazendo o menino franzir o cenho. Airon tinha curiosidade de saber o que ela dissera, mas não se deixaria vencer.

– Como assim? – Perguntou o amigo.

– Não sei. Tenho a sensação de que tem alguém lá. – Continuava sussurrando. – Mas temo que não vamos encontrar essa pessoa. – Completou franzindo o cenho numa expressão de sofrimento.

Ela caminhou para mais dentro da ilha, mantendo aquela expressão e o olhar fixo no Templo. Gumo e Airon ficaram olhando a amiga caminhar, até que ela se distanciou demais, e se ajoelhou no chão, sentando-se em posição de meditação.

Airon suspirou. Quando ia falar algo para Gumo, o menino apenas começou a caminha em direção a Zara e sentou-se alguns metros atrás da mesma. Airon imitou a ação do menino.

Sozen era a única que tinha coragem de se aproximar o suficiente. Ela estava com a cabeça deitava no como de Zara. Vivi apenas se deitara para dormir.

Os olhos de Zara brilhavam e seu rosto tornou-se inexpressivo.

A ilha parecia-lhe vazia, exceto por algumas plantas coloridas, graças ao solo fértil.

– Olá! – Chamou Zara, levantando-se e dando alguns passos para frente, quando sentiu algo macio roçar em sua perna. Olhou assustada e viu que tratava-se da pata de Sozen, mas mal reconheceu o animal. Estava estupidamente maior. A criatura estava maior que um mamute, estava com no mínimo dois metros de altura e dez de comprimento. – Sozen! Você pode entrar aqui?! Como?! – Perguntou estupefata, mas tudo o que recebeu em resposta fora um sinal com a cabeça, indicando para seguir em frente.

No mundo espiritual Sozen lhe aprecia ainda mais misteriosa. Zara não sabia que animais podiam entrar no mundo espiritual, mas obedeceu e continuou caminhando em direção ao templo, sendo seguida por Sozen.

– Sabe, Sozen... Acho que não estamos sós aqui nesta ilha...- Falou casualmente.

– Mas é claro que não está. – Ouviu uma voz masculina e rouca falar ao longe. Zara apertou os olhos para tentar distinguir a figura.


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