Zumbilândia - Matar ou Morrer. escrita por The Huntress


Capítulo 42
O início do fim.


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal. Eu sei que vocês querem me matar por causa do último capítulo, mas, por favor, leiam esse capítulo antes de planejarem minha morte. Bem, a morte do nosso querido Justin não foi em vão, ok?! Vocês entenderão isso nesse capítulo (tem surpresinha u.u)
Ah, quero agradecer a Paula Lima e Renee Phoenix pela recomendação, suas divas :3



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“Se havia uma coisa que ela estava aprendendo com tudo isso era a facilidade com que é possível perder tudo aquilo que se pensa que será para sempre." - Cidade Dos Ossos.

Kimberly

Era como se uma parte de mim tivesse morrido com Justin. Ou talvez todas as partes que tinham em mim. Não sei dizer exatamente como, mas quando Justin deu seu último suspiro, senti que meu coração parara de bater. Que estava tão morta quanto qualquer zumbi que eu encontrasse na rua. Tão morta quanto Justin estava.

Justin ainda segurava minha mão. Ou era apenas eu que segurava a mão dele. Não conseguia me mexer, as lágrimas ainda rolavam por meu rosto, minha garganta parecia seca. Queria poder voltar no tempo e ter feito tudo diferente. Estava com raiva de mim, daquele alemão idiota que tinha inventado essa droga de vírus, estava com raiva do mundo. Como iria falar para Jason e Jasmyn que o irmão deles tinha morrido pra me salvar? Como ia explicar a John?

Coloquei a cabeça nas mãos e comecei a gritar. Devia estar ficando louca. A neve estava mais fraca, mais eu ainda estava tremendo. Rezei para que eu pudesse ficar com hipotermia. Seria bem mais fácil. Justin estava morto, o soro não funcionou... Por que eu também não poderia morrer? Parecia ser a melhor opção. Não tinha nada a perder. E foi quando peguei minha katana e a segurei perto do meu pescoço que percebi que estava com medo de viver sem Justin.

Dallas foi mais rápido que eu. Segurou minha mão e tirou a katana da mesma. Ele segurou meus ombros e me obrigou a ficar de pé. Dallas estava nervoso, parecia estar gritando comigo, mas eu não conseguia escutar nada. Minha cabeça estava doendo e eu sentia uma dor lancinante por todo o meu corpo. Minha visão escureceu e eu não tinha mais controle sobre meu corpo. Desabei nos braços de Dallas.

Dallas

Quando Kimberly simplesmente desmaiou, Erika se desesperou. Começou a chorar e a gritar que a vida era uma grande merda. Drake e Kate estavam estranhamente calados. Carreguei Kimberly e dei sua katana para Drake. Eu ainda estava em choque com a morte de Justin. Ficamos todos impotentes o vendo morrer. Não conseguia imaginar como Kimberly estava, mas não podia correr o risco de perde-la. Ela era minha única família e agora, sem Justin, eu iria protege-la.

Senti a mão de Kate no meu ombro. A encarei e percebi que seus olhos estavam marejados. Seus cabelos estavam cobertos de neve e ela parecia bastante triste.

–Não podemos deixar Justin aqui fora - disse Kate. Eu assenti.

Expliquei para Drake o que faríamos e ele concordou imediatamente. Kate e Erika ficaram apoiando Kimberly enquanto eu e Drake colocávamos Justin dentro de um carro abandonado. Sabia que Kimberly iria querer que fizéssemos isso. Tomamos cuidado para não tocarmos nas mordidas visíveis no braço e na perna de Justin. Apesar de tudo, Justin parecia em paz. E, por estranho que pareça, Justin parecia tão... Humano.

Quando fechamos a porta do carro, voltei para carregar Kimberly. Dei a mochila com os soros para Kate e caminhamos juntos até o muro enorme que erguia-se à nossa frente. Drake deu três tiros no muro feito de ferro apenas para saberem que tinha gente por ali. O muro não sofreu nenhum dano, mas aos poucos os portões foram sendo abertos.

Quando tinha espaço suficiente, nos esgueiramos e entramos. A sede do governo era enorme, mas agora não era apenas um prédio público. Estava servindo também de moradia para algumas pessoas. Todos nos olhavam desconfiados das janelas do prédio, pareciam querer ter certeza de que não estávamos infectados. Bem, quanto à isso, podiam ficar tranquilos. O único que podia torna-se um zumbi, estava agora lá fora, dentro de um carro. Pensar em Justin, fez Kimberly parecer incrivelmente pesada nos meus braços. Sentia-me culpado.

Os portões atrás de nós, fecharam-se com um estrondo. Erika e Drake pareciam um pouco nervosos. Kate estava ao meu lado e me lançou um olhar que eu conhecia muito bem. Ela queria me passar tranquilidade, mas isso não estava funcionando. Antes que pudéssemos dar um passo, dois seguranças nos barraram. Eles tinham uma expressão carrancuda, mas não perguntaram nada. Uma mulher alta, negra, de cabelos curtos veio ao nosso encontro. Ela sustentava uma expressão fria e calculista. Podia jurar que tinha vindo para nos matar. Mas quando chegou perto de nós, um sorriso caloroso apareceu em seu rosto. Os olhos pretos ganharam um brilho. Kate segurou meu braço.

–Sejam bem-vindos - disse a mulher. - O Dr. Stephen avisou-me da chegada de vocês. Por favor, sigam-me.

Não confiava naquela mulher, mas o que poderíamos fazer? Já estávamos ali dentro mesmo. Era só entrar, deixar o soro e sair. E a morte de Justin nos abalara demais para fazermos algo imprudente enquanto estivéssemos por aqui.

Troquei um olhar com os outros e seguimos a mulher. A neve já tinha tomando conta de boa parte das coisas, porém tudo parecia bastante tranquilo. A mulher entrou dentro do prédio e nos acompanhou até um elevador. Entramos e ninguém disse nada. Kimberly ainda estava desacordada e eu não confiava naquela mulher, então achei melhor ficar em silêncio. Porém, queria saber o que ela quis dizer com "O Dr. Stephen avisou-me da chegada de vocês". Será que era alguma armadilha? Seriamos mortos?

Quando as portas do elevador abriram-se, dei de cara com uma sala enorme, cheia de computadores e todas as tecnologias que eu podia imaginar. Estava cheia de pessoas, homens e mulheres, mexendo nos computadores. Estavam tão concentrados que nem viraram para ver quem tinha chegado. A mulher nos encaminhou até uma sala e mandou nos acomodarmos.

–Pode deixar a garota ruiva no divã. Temos muito o que conversar - a mulher disse.

Caminhei até um divã roxo que tinha na sala e acomodei Kimberly ali. Ela tinha parado de tremer, mas sua pele estava pálida e seus lábios estavam azuis. Hipotermia, talvez. Algo que me intrigava, pois ela estava com uma jaqueta camuflada. Voltei para perto dos outros e sentei em uma das poltronas.

–Então, fico feliz que tenham vindo. Lamento por sua amiga e o rapaz que morreu - a mulher disse, voltando a ter a expressão calculista. - Aliás, meu nome é Donna.

–Você não tem sobrenome? - Kate perguntou.

–Não acho que seja necessário dizer o sobrenome - ela deu de ombros. - O que aconteceu com a sua amiga ruiva? - ela me perguntou.

Dei uma olhada em Kimberly, ela parecia estranhamente silenciosa. Sim, ela estava desmaiada, mas não conseguíamos nem ouvir a respiração dela. Foi então que comecei a sentir raiva. Como essa mulher sabia sobre Justin? Ela viu tudo o que tinha acontecido? Ela não abriu o portão logo, pois devia imaginar que algum zumbi estava vivo! Desgraçada!

–Ela está bem, ok?! Vamos falar sobre o que interessa - falei, inexpressivo.

–Não confia em mim, querido? - ela encarou-me. - Bem, não o culpo. Em um mundo como esse, nem eu confiaria em mim - ela deu uma risada.

–Trouxemos o soro - Kate disse, tirando a mochila das costas.

–Ah, certo. O soro - Donna levantou-se e caminhou até Kate. - Entregue-me.

Kate entregou a mochila para Donna e ela tirou os soros lá de dentro. Voltou a coloca-los na mochila e sentou-se.

–Bem, vamos conversar sobre isso. Stephen me disse que esses soros seriam algum tipo de... Cura. Mas, pelo o que vi, o soro não funciona. Como vocês explicam isso?

Mas uma vez senti vontade de gritar toda a minha raiva. Ela viu Justin morrer, viu minha irmã sofrer, mas não fez nada!

–Ele precisa ser testado ainda. E, quem sabe, passar por algumas modificações para ficar, finalmente, pronto - praticamente rosnei as palavras.

–Humm. Bem, o amigo de vocês foi o primeiro a experimentar a "cura" e morreu. Não acho que seja uma boa ideia testar isso em zumbis.

–É por isso que precisa de modificações. Meu pai... Quer dizer, Stephen nos disse isso antes de deixarmos o México - Erika pronunciou-se.

–Seu pai? Você é filha de Stephen? - Donna olhou, curiosamente, para Erika. A loira assentiu em resposta. - Interessante. Bem, garotinha, esse soro pode estar contaminado. Quem garante que ele não foi violado? Sua amiga ruiva usou no garoto morto, ela parecia saber exatamente como usá-lo.

–Posso garantir a você que nada foi violado. Os soros estão intactos. Pode mandar para o laboratório - falei.

Antes que Donna pudesse falar algo, Kimberly gemeu. Todos olhamos para ela. Ela estava piscando e passando a mão na cabeça. Corri até ela e a abracei. Kimberly deixou algumas lágrimas caírem, mas rapidamente se recompôs. Ela deve ter percebido a presença de Donna.

–Onde estamos? - Kimberly perguntou, sussurrando.

–Está tudo bem. Estamos na sede do governo - respondi.

Ajudei Kimberly a ficar de pé e a ajudei a sentar em uma poltrona ao meu lado. Kimberly ainda estava pálida, mas seus lábios já estavam com uma cor melhor. Ela encarou Donna com uma expressão vazia, parecia com tédio. Voltei-me a sentar na poltrona e segurei a mão de Kimberly.

–Olá - Donna falou à Kimberly. Ela a ignorou. - Você quer alguma coisa? Parece prestes a ter o mesmo destino do seu amigo.

–Cala a boca! - Kimberly sussurrou, encarando Donna.

–Ah, vamos lá, querida. Não precisa ficar assim. Todos sabemos que seu amiguinho já era.

–CALA A BOCA! - Kimberly gritou. Ela ficou de pé e bateu os punhos na mesa, parecia prestes a explodir. - VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR DE JUSTIN. ENTÃO, CALA A PORRA DESSA BOCA!

–Kimerly, já chega! - falei, puxando-a para trás. - Drake, tire-a daqui, por favor!

Drake assentiu e levou, cuidadosamente, Kimberly para fora da sala. Donna parecia perplexa com a atitude de Kimberly.

–Então, vamos falar sério agora, senhorita? - perguntei, usando a raiva e a ironia.

Kimberly

Quando saí da sala com Drake, sentei no chão do corredor e comecei a chorar. Acho que era a única coisa que eu conseguiria fazer por muito tempo. Chorar, chorar e chorar. Não demorou muito e Drake sentou-se ao meu lado, ele segurou uma das minhas mãos e me puxou para um abraço.

O calor das mãos de Drake em contato com minha pele me fez lembrar de Justin. Imaginei como seria se Justin estivesse aqui, comigo. Estaria sendo tudo tão mais fácil. Depois que entregássemos o soro, iriamos atrás do resto do grupo e procuraríamos uma casa. Caso não tivesse energia, Drake e Christopher dariam um jeito de ajeitar algumas antenas e cabos para que pudéssemos nos manter informados. Erika, Amber, Kate e Lucy revezariam-se nas atividades domésticas. Eu tentaria cuidar de Jason e Jasmyn e tentaria ensiná-los a usar a katana, só por precaução e também iria sair para ir atrás de alimento e gasolina. Drake, Dallas e John cuidariam dos automóveis e da segurança da casa. E Justin, tenho certeza, que me ajudaria. Cuidaria dos irmãos como se fossem seus filhos e me ajudaria nas expedições na cidade atrás de suprimentos enquanto o governo não tomasse nenhuma providencia em relação aos zumbis. E, assim, tentaríamos viver. Mas, agora, isso parecia tão distante quanto o céu. Parecia quase... Impossível.

Reparei que algumas pessoas passavam no corredor e olhavam para mim e Drake com pena. Eu não precisava da pena de ninguém, mas estava fraca demais para falar algo compreensível e mandar todo mundo para o inferno.

–Vai ficar tudo bem, Kim - Drake sussurrou. -Você tem que ser forte.

Forte? Como eu poderia ser forte diante de tudo o que estava acontecendo? Eu já tinha perdido meus pais, Eleanor, Austin, metade do meu grupo, quase perco Dallas e agora tinha perdido o cara que amo. Ainda não entendia porque não tinha enlouquecido. E agora teria que deixar três pessoas arrasadas dando a noticia que Justin estava morto. Eu não conseguia acreditar que tínhamos chegado tão longe só para vermos Justin morrer.

Dallas apertou-me mais contra seu corpo. Estava tão concentrada em chorar que quase não senti uma mão em meu ombro. Enxuguei minha lágrimas e encarei a mulher pequena e frágil que estava à minha frente. Era uma idosa. Tinha cabelos ruivos e alguns fios grisalhos. Seus olhos azuis me encaravam com alegria, mas ela parecia preocupada. Eu a conhecia. Esfreguei os olhos para desembaçar a visão e encarei mais atentamente a idosa. Percebi porque ela parecia pequena, ela estava agachada para ficar do meu tamanho. Sua mão ainda estava em meu ombro e ela abriu um sorriso. Foi então que a reconheci. Ah, meu Deus, era ela! O cabelo ruivo, os olhos azuis... Sim, era ela!

–Vovó.

Não fiz uma pergunta, mas, mesmo assim, ela respondeu.

–Sim, querida. Sou eu.

–Ah, meu Deus.

Eu a abracei tão apertado que fiquei com medo de quebrar seus ossos. Desde o último verão eu não a via. Dallas e eu conversamos com ela por telefone, mas desde quando o apocalipse zumbi começou eu fui egoísta demais para pensar em alguém há não ser em mim. Acho que, quando vi meus pais mortos, não imaginei que mais alguém da minha família conseguiria sobreviver. Mas, vendo minha avó viva, percebi o quanto queria ver alguém da minha família além de Dallas.

–Como você soube que eu estaria aqui? - perguntei, encerrando o abraço. -Como conseguiu sobreviver?

Ela abriu um sorriso caloroso e apertou minhas mãos.

–Quando seu irmão e as duas garotas saírem daquela sala, vou responder a todas as suas perguntas.

Assenti e a abracei de novo.

–x-

Alguns minutos depois, Dallas, Kate e Erika saíram da sala. Donna saiu atrás deles, mas ela nos ignorou completamente e seguiu corredor adentro carregando a mochila dos soros. Assim que Dallas viu nossa avó arregalou os olhos, sorriu e a abraçou. Ele parecia tão feliz quanto eu. Dallas e eu sempre fomos muito apegados com nossa avó. Ela sempre fora bem mais compreensiva que nossa mãe.

Dallas me avisou que Donna iria mandar uma equipe de busca atrás de Christopher, Amber, Jasmyn, John, Lucy e Jason, também me avisou que ele e Drake tinham colocado Justin dentro de um carro para não deixa-lo jogado na rua. Senti-me grata por isso. Caminhamos com vovó até o final do corredor, ela abriu a porta de uma sala e vimos que dentro parecia um quarto. Ela mandou que nos acomodássemos no grande sofá que tinha ali e serviu biscoitos e chocolate quente para todos nós.

–Então, vó, como a senhora sobreviveu? - Dallas perguntou.

–Ah, meu querido, depois que o apocalipse começou, resolvi vir para cá. Como seu avô morreu há alguns anos, eles decidiram acolher um velhinha - ela sorriu. - Meu Deus, que indelicado, não apresentei-me para seus amigos, Dallas. Chamo-me Abigail Mclean.

Drake, Erika e Kate assentiram. Mesmo Kate sendo minha melhor amiga, ela nunca tinha conhecido vovó e agora parecia bastante envergonhada.

–Como a senhora nos encontrou? - perguntei.

–Vi quando vocês chegaram. Os reconheci na hora. Fiquei preocupada quando vi que Dallas estava carregando você, Kimberly. Aconteceu algo? Cadê seus pais?

–Nossos pais... - Dallas hesitou, mas continuou. - Eles morreram, vó.

Vovó não pareceu feliz, mas ela parecia estar preparada para isso. Afinal, estávamos em um apocalipse zumbis. O que mais poderíamos esperar além da morte?

–E quanto à você, Kim? - vovó segurou minhas mãos. - Você chegou sendo carregada por seu irmão, estava chorando convulsivamente no corredor. O que aconteceu com você, minha querida?

–Senhora Abigail, acho que não é uma boa ideia falar sobre isso - Kate disse, tocando meu ombro.

–Está tudo bem, Kate - dei um sorriso cansado para minha melhor amiga e voltei a encarar vovó. - Antes de entrarmos aqui, uma pessoa muito importante para mim... Morreu.

–Sinto muito, Kim - ela me abraçou. - Era seu namorado?

–Ele... Ele era mais do que isso, vó. Bem mais - respondi.

Vovó passou as mãos pelos meus cabelos e ouvimos batidas na porta. Vovó encerrou o abraço e foi ver quem era. As primeiras pessoas que vi foram Jason e Jasmyn, eles observaram as pessoas dentro do quarto, provavelmente procurando Justin, e quando não o encontraram correram para me abraçar. Eu os abracei e não consegui controlar minhas lágrimas.

–Ele morreu, Kim? - Jasmyn perguntou.

–Crianças... - Jason interrompeu-me.

–Kim, o nosso irmão foi para o céu?

–Ele foi sim, crianças - falei. Não conseguiria explicar nada para eles, então apenas respondi as perguntas. - Mas, vai ficar tudo bem, ok?! Estamos seguros aqui. Essa é a minha avó, Abigail, e ela vai ajudar a cuidar de vocês.

Todos cumprimentaram vovó e sentaram-se em um canto do quarto. O quarto tinha uma cozinha bem pequena, onde vovó preparou alguma coisa para comermos. Lucy e John a ajudaram e ninguém falou de Justin novamente. Era melhor assim. Não queria que Jason e Jasmyn sofressem ainda mais. Pedi para Dallas me deixar um pouco em paz e ir dar atenção para Kate. Drake, Erika, Dallas, Kate, Christopher e Amber estavam conversando aos sussurros e eu fiquei cuidando de Jasmyn e Jason. Alguns minutos depois, vovó serviu o jantar e todos comemos. Às dez horas, coloquei Jasmyn e Jason para dormir e, quando todos estavam dormindo, caminhei até a janela média que tinha no cômodo e fiquei observando a neve cair.

Durante o jantar Dallas tinha me avisado que Donna não estava nem um pouco convencida de que os soros poderiam ser a cura e que, como Justin não tinha resistido, eles iriam testar quantas vezes fosse preciso em animais que tinham sido infectados. Lembrar de Justin fez algumas lágrimas caírem. Observei ao redor, todos estavam dormindo. Meu olhar parou em uma árvore de natal pequena que estava em cima de uma estante. Foi aí que me toquei, amanhã era manhã de natal. O dia do meu aniversário e Justin não estaria comigo. Abaixei minha cabeça e chorei. Não era justo!

–Kim.

Levantei o rosto e vi Jason puxando a minha blusa. Ainda não tinha reparado como ele tinha crescido nesses meses. Seus cabelos loiros estavam grandes e ele já estavam quase do tamanho de Jasmyn. Ela também tinha crescido. Os cabelos castanhos claros estavam chegando à cintura e ela parecia um pouco mais alta.

–Você não estava dormindo, Jason? - o carreguei e o coloquei em meu colo.

–Sim, mas lembrei que amanhã é aniversário do Justin, então comecei a chorar e perdi o sono.

Senti um nó se formar em minha garganta. Então quer dizer que Justin fazia aniversário no mesmo dia que eu? E ele não estaria aqui. Suspirei e fiz carinho nos cabelos de Jason.

–Ele não vai estar aqui fisicamente, mas vai estar bem aqui - apontei para o coração de Jason e para o meu. Ele sorriu.

–Eu amo você, Kim.

–Também amo você e sua irmã, Jason.

Beijei a testa de Jason e coloquei novamente ao lado de Jasmyn que estava dormindo ao lado de vovó. Ele voltou a dormir rapidamente e eu me encolhi em um canto. Chorei mais um pouco. Eu estava acabada com a morte de Justin, mas algo dentro de mim estava feliz por ter reencontrado minha avó. Bocejei e acabei pegando no sono.

–x-

Na manhã seguinte, acordei com Dallas desejando-me feliz natal e feliz aniversário ao mesmo tempo. Vovó estava com um bolo na frente do meu rosto e cantarolava "feliz aniversário". Limitei-me a dar um mínimo sorriso, afinal hoje era natal e eu completava dezoito anos. Todos desejaram-me feliz natal e feliz aniversário. Nos reunimos ao redor da mesa e enquanto comíamos o bolo, vovó contou a novidade.

–Antes de você acordar, Kimberly, Dallas e eu fomos chamados por Donna.

–E...? - a incentivei a continuar falando.

–E ela disse vai nos mandar para uma casa hoje. Ela viu que o nosso grupo está grande demais para esse quartinho e resolveu nos dar um presente de natal. Ela é uma mulher rica e tem várias casas aqui em Washington. Dallas e eu já fomos visitar a casa e é linda. Já enfeitamos tudo - ela disse, animada. Dallas sorriu, concordando.

–Que horas são? - perguntei. Não estava acreditando que eles fizeram tudo isso enquanto eu dormia.

–Quase meio dia - vovó respondeu. - Agora, vá tomar um banho. Tem roupas em cima da cama para você. Vamos espera-la lá embaixo.

Dallas deu um beijo em minha testa e saiu junto com os outros do quarto. Tomei um banho e me vesti. Quando me olhei no espelho, tive certeza de que tinha sido Kate quem escolheu minhas roupas. Assim que saí do quarto escutei um alarme soar. Assustei-me quando todos, que estavam nos corredores, correram para as portas de saída e eu não tive alternativa a não ser seguir atrás. Será que zumbis tinham invadido? Assim que cheguei perto do muro que protegia a sede, encontrei-me com os outros do meu grupo. Vovó me abraçou e me puxou para perto dela.

–O que está acontecendo? - perguntei a Dallas.

–Não faço a menor ideia - respondeu ele.

Os portões de ferro foram abrindo. As pessoas ficaram inquietas. Drake me entregou minha katana e fiquei na frente do meu grupo. Tinha muita fumaça do lado de fora, não conseguia ver direito o que estava na frente do portão. E a neve também não ajudava. Meu grupo era o primeiro da multidão. Quando o portão abriu até certo ponto, alguém caminhou para longe da fumaça e, finalmente, ficou visível. Pela roupa percebi que era um garoto. Quando seu rosto ficou visível quase caí para trás. Fiquei petrificada. Lágrimas vieram aos meus olhos. Não era possível!

–Homens como eu tem três paixões: armas, carros e mulheres. E não é um apocalipse zumbi fedorento que vai mudar isso!

Sua voz estava alta. Com certeza, todos escutaram o que ele disse, e alguns até riram. Mas eu não conseguia rir. Não conseguia acreditar que era ele. O garoto empunhou sua metralhadora HK416 e deu um sorriso metido. Os portões fecharam-se e meus joelhos cederam, se não fosse por Dallas segurar-me, teria caído no chão. Minhas mãos começaram a tremer, mas cravei as unhas na palma das mãos e respirei fundo.

–Como é seu nome? - Donna, avançou pela multidão, perguntando.

Os olhos castanhos do garoto voltaram-se para ela.

–Meu nome é Justin Walker. E tenho uma pequena história para contar. Fui mordido, duas vezes, mas sobrevivi. Graças ao soro e a minha incrível namorada, Kimberly Mclean. E, graças a eles dois e, claro, Deus, eu estou completando dezenove anos hoje. Eu amo você, ruiva!

Parecia que todos os olhares estavam voltados para mim. Larguei minha katana e corri até Justin. Ele estava ali. Estava vivo. Os olhos de Justin encontraram os meus; percebi que seus olhos estavam marejados de lágrimas. Justin abriu os braços para me receber e assim que nossos corpos se encontraram ele me carregou. Entrelacei minhas pernas em cima cintura e o beijei. Pude escutar os gritos de aprovação da multidão atrás de nós, sorri e intensifiquei o beijo.

–Você nem pense em me deixar novamente, Walker - sussurrei.

–É o início do fim, garota. Relaxa, não é um apocalipse zumbi que vai nos separar.

E esse foi o melhor aniversário e natal que eu já tive. Justin estava comigo. Era nosso aniversário e natal. O soro funcionou. Meu grupo, mesmo sendo só a metade, estava junto. Em segurança. Cumpri todas as minhas promessas. Agora, o mundo poderia ser salvo. Justin é a prova viva de que o soro funciona. Senti que eu estava prestes a transbordar de alegria. Eu poderia querer algo mais? Bem, só uma coisa: nunca mais largar Justin.

–Eu amo você, Mclean.

–Eu amo você, Walker.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que esse capítulo ficou grande. Me desculpem. Mas valeu a pena, não é?! Justin voltou, tudo deu certo no final :3 Espero que tenham entendido porque eu disse, nas notas inicias, que "a morte do Justin não foi em vão", se não entendeu, pergunte em um comentário e eu explico. E, sim, eu sei que não apareceu nenhum zumbi, mas essa era a minha intenção, ok? Queria que eles tivessem um pouco de folga pelo menos nesse capítulo. Bem, comentem amores.
Ah, sobre a Abigail Mclean, não planejava coloca-la, mas a Kimberly estava tão tristinha... Enfim, espero que tenham gostado da vovó Mclean :3



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