Entre sem bater - Para Shana Black Rx escrita por Amigo Secreto


Capítulo 2
Capítulo 02 – Mesmo que digam não?




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Diferente do que eu imaginava, além de quase congelar e de ver o estacionamento lotado se esvaziar, eu não pude desabafar com a Laura naquela noite. Ela resolveu dar carona pra bendita Dafne, que morava em um bairro depois do meu e antes do bairro da Laura. Ou seja, fiquei no banco do carona atrás, fingindo estar com dor de cabeça enquanto elas tagarelavam na frente. O assunto principal era: “O que teria de bom em Campo Grande no fim de semana?”. A Dafne convidou a Laura pra conhecer a tal de “Cabana” aonde ela sempre ia com o namorado e garantiu ser “Perfeito!”.

Um pouco antes de ser deixado na esquina de casa, ouvi que elas fariam um tipo de programa de casais no próximo fim de semana, por educação, a Laura me estendeu o convite. Eu disse que iria pensar no assunto, mas claro que eu não iria ser a vela no encontro de casais.

Aquela noite eu demorei a dormir. Acabei ficando no Face até tarde. Li tudo o que estavam publicando sobre a tal “Revolução dos 20 Centavos” até curti algumas páginas e acabei ficando realmente por dentro do assunto.

Antes de ir para cama lembrei que no fim das contas nem ficamos sabendo o desfecho da discussão do professor Roberto com o Thiago, mas pelo “Agora estou bem” acompanhando de um lindo sorriso, era fato que ele havia se saído vitorioso.

“Droga... Comecei a pensar nele de novo...”

...

Na manhã seguinte, o serviço foi um lixo. Começando porque acordei atrasado e fiz a Laura se atrasar comigo, por mais que eu tivesse insistido para ela ir sem mim. Recebemos uma bela de uma advertência verbal pelo atraso, mesmo ela tendo inventado que o pneu havia furado. Deve ser porque ela tinha dado essa desculpa na semana passada.

Na hora do almoço a Laura foi almoçar com o Maurício, o namorado dela, porque precisavam comprar algumas coisas para a viagem. Eu comprei marmitex e almocei no escritório mesmo, depois dormi na sala de descanso.

A tarde foi preguiçosa e no fim do dia eu não estava com pique algum de ir para faculdade, mas a Laura me convenceu com sua animação. No entanto, meu pouco ânimo se esvaiu no momento em que pusemos os pés para fora do escritório. A Dafne trabalhava no Wallmart, na mesma quadra do nosso trabalho, e adivinhem? Sim. Ela estava esperando lá na frente do escritório quando saímos.

Ou seja: as duas, Dafne e Laura, haviam se tornado super-melhores-amigas da noite para o dia, e agora a Dafne seria outra carona fixa. Não que eu tivesse o direito de reclamar, já que eu era carona também, mas eu ajudava com metade da gasolina, a Dafne iria ajudar? Não sei. Fiquei muito chateado com aquela amizade tão repentina entre as duas. Além de ser altamente rejeitado pelos pretendentes a namoro, agora estava perdendo minha melhor amiga? As coisas não poderiam ficar piores.

Ou poderia. O Thiago não apareceu na aula na terça. Nem na quarta e nem na quinta. Ouvi de alguém que ele tinha levado suspensão de três dias pela discussão com o Roberto, eu queria saber se era verídico, ir até a coordenação averiguar, mas claro que não tive coragem. Era pra eu estar achando bem feito, já que ele havia sido tão grosso ao ponto de me pedir para manter distância, mas depois que fiquei a par do assunto sobre a revolução nas ruas, principalmente sobre o que a mídia televisionava e que não condizia com nada da realidade, eu estava dando razão a ele. Toda a razão.

— Está dormindo, Caio Henrique? — Sobressaltei com o chamado do professor Rubens e me irritei com sua voz paciente me chamando pelos dois nomes. De novo.

— Oi, professor?

— Vem pegar o trabalho.

Eu franzi a testa. Afinal, eu não tinha colocado o nome no trabalho. E como eu demorei muito pensando, o professor Rubens veio ao meu encontro e depositou o trabalho em cima da minha carteira.

— É. Você está dormindo, Caio Henrique — ele disse e virou as costas.

— Quanto você tirou, Caio?

A Laura nem esperou eu pegar o trabalho e já veio fazendo aquela pergunta, exclamando em seguida para toda a sala ouvir: “Uau! Dez!”. O “dez” em vermelho destacava-se na folha, mas aquilo não me chamou atenção nenhum pouco, o que prendeu meus olhos foi a parte dos nomes: “Thiago César e Caio Henrique”. Eu olhei a letra do Thiago nas respostas, era inclinada para direita, uma caligrafia bonita, bem desenhada. Era a mesma caligrafia que havia escrito “Caio Henrique” ao lado de “Thiago César”.

Nunca fiquei tão bobo na minha vida por algo tão idiota. Eu ignorei completamente o pedido de “Deixa eu ver as suas respostas, Caio” da Laura ao meu lado, depois que ela recebeu o trabalho dela e da Dafne com sete e meio.

— Depois — resmunguei. — O professor vai começar a revisão.

Foi só uma desculpa. Eu não queria entregar para ninguém aquela página tão preciosa, principalmente a primeira página! Não que eu imaginasse que seria impossível ele colocar meu nome. Afinal, o Thiago era um cara que clamava por justiça, por um país mais justo. Apesar de que aquilo não era nada justo. Não era certo eu ganhar a nota nas costas dele. E ele deveria pensar o mesmo.

Aquela noite eu dormi abraçado com aquele pedaço de papel, enquanto lia e relia o “Thiago César e Caio Henrique” escrito no topo.

...

A sexta-feira chegou, mas eu estava tão ansioso para ver o Thiago que já havia determinado em minha mente: se ele não aparecesse na aula, eu iria perguntar para o professor Roberto, no fim dos primeiros tempos, o que tinha acontecido. Vai que o Thiago havia até sido expulso e eu não sabia. Não que fosse realmente da minha conta. Mas a ideia de não vê-lo nunca mais fez meu peito apertar.

O professor Roberto entrou na sala e nem nos desejou “boa noite” e já foi avisando que faria revisão da matéria para a prova da próxima semana. Mal ele começou a falar e duas batidas na porta fizeram meu coração disparar e toda a sala se voltar para a entrada.

— Posso entrar?

— Entra, rapaz — o professor falou sem muita cerimônia.

Eu vi o Thiago entrar de cabeça baixa, o capacete na mão, a mochila nas costas. Ele passou pelo Roberto, que estava de costas apagando o quadro, chegou na sua carteira, largou o capacete no chão, perto do pé da mesa e colocou a mochila em cima da mesa.

Tá. Ele andava todo esquisitão, estava mal vestido como sempre, mesmo assim meu coração continuava disparado que nem um louco. Não consegui prestar atenção em nada da revisão.

Disfarçadamente eu tentava olhá-lo. Ao contrário dele, que estava bem concentrado na revisão da matéria, mesmo que fosse o professor Roberto, o causador do seu momento de instabilidade e talvez dos seus três dias de suspensão. Mas em nenhum instante o Thiago deixou transparecer remorso, até levantou a mão duas vezes para tirar dúvidas.

Peguei-me ainda mais frustrado. Eu precisava ser como ele e esquecer o que havia acontecido entre a gente. Por mais que ele não gostasse que outros caras (ou eu especificamente) o tacassem, ele havia sido camarada suficiente para escrever meu nome no trabalho. Eu queria sustentar que isso aconteceu por ele ter uma leve simpatia por mim e na possibilidade de que isso fosse um sinal de que, pelo menos, poderíamos ser amigos. Já que nós dois parecíamos não ter sorte nas amizades dentro da sala.

Eu ainda tinha a traidora da Laura que havia me trocado pela Dafne, mas eu nunca o vi conversando com ninguém além da pouca troca de palavras com a dona Lúcia, que sentava na frente dele, a loira detrás, a qual eu não lembro o nome agora, a Vanessa, que senta ao lado dele, a Maristela, que fica na frente da Vanessa, e o namorado da loira, que fica atrás da Vanessa e ao lado da namorada.

O trabalho parecia estar em chamas dentro do meu caderno. Precisava primeiro achar o melhor momento para entregá-lo ao Thiago e puxar assunto. Acho que a melhor hora seria no intervalo, depois de eu despistar a Laura na área de convivência, o que não seria difícil já que agora ela também tinha a Dafne.

Voltaria correndo para sala, tinha quase certeza que ele passava o intervalo ali, e quase ninguém ficava na sala no intervalo, seria fácil agradecer, entregar o trabalho e puxar um assunto, o qual eu já havia ensaiado bastante em frente do espelho dor armário do banheiro.

“E aí, qual foi o motivo do sumiço, cara? Não diga que você foi suspenso? Eu estive lendo sobre o assunto no Face e o Roberto foi um puta injusto com você”.

Meu plano era perfeito.

Mas a aula nunca que acabava, parecia infinita.

Quando finalmente o sinal tocou, eu levantei num pulo.

— Vamos, meninas, vamos — apressei as duas, mas enquanto eu agia de forma eufórica, elas recolhiam as bolsas e os materiais tranquilamente. — Por que estão levando tudo? — eu me senti o professor Rubens, fazendo pergunta cujas respostas eram óbvias.

— Vamos matar os últimos tempo, Caio. Meu namorado está de folga hoje então vamos aproveitar para ir com a Dafne e o namorado dela conhecer “A Cabana”, mas antes precisamos de um banho, roupas limpas e muita maquiagem, né? E aí, tá afim?

“Claro que não, suas traíras” era a minha resposta mais ferina, mas ao invés disso, beijei cada uma delas em ambas as faces e desejei que se divertissem por mim.

— Vão logo. Eu não posso perder os últimos tempos.

— Me liga quando terminar a aula e eu venho te pegar.

— Laurinha, vai se divertir, caramba. Me esquece um pouco. Eu vou ficar bem.

— Certeza?

— Juro! — Fiz o sinal de jura, beijando meus dedos indicadores cruzados. — Agora vão logo. Fiquem lindas e poderosas para os seus gatos e arrasem na Cabana!

Dafne riu gostoso e então pegou o pulso da Laura e a puxou.

— Ouviu o que ele disse, amiga. Ele não quer ir. Vamos. Beijos, Caio. Até segunda — A Traíra ainda me soprou beijos e eu respondi com um aceno com as pontas dos dedos.

Laura foi puxada, mas ficou olhando pra mim com seus olhinhos de cachorro pidão. Eu ainda fiz um gesto de que eu amava apontando pra mim, depois para ela e desenhando um coração no ar. Ela riu e mandou beijos, então as duas desapareceram das minhas vistas. Suspirei fundo e só quando olhei pra carteira vazia do Thiago, que eu lembrei dele. Bati as mãos ao longo do corpo e praguejei.

— Merda!

Grudei a bunda na minha cadeira e nem no banheiro fui. Fiquei monitorando os minutos correndo no display do meu celular. Mas nada dele voltar. O capacete, a mochila e o material ainda estavam tudo ali, deixando claro que ele não tinha ido embora. Mas faltava menos de cinco minutos para acabar o intervalo e imaginei que já não daria tempo de conversarmos. Usei o resto do tempo pra pensar em um bilhete para pregar no trabalho que fizemos juntos.

Mas tudo que eu pensava soava grosseiro: “obrigada pela caridade, mas eu disse que não precisava”, risquei, amassei o papel e coloquei debaixo da carteira. “Eu disse que não precisava, mas agradeço por ter colocado meu nome no trabalho”, ficou grande, esquisito, amassei também. “Não precisava ter colocado meu nome, mas foi legal da sua parte, valeu”. Li e reli, olhei no relógio, tinha que ser aquilo mesmo. Me assustei quando o Fabinho entrou falando alto no celular. Precisava agir rápido, antes que entrasse mais gente. Prendi o bilhete com um clipe, dobrei o trabalho, levantei rapidamente e coloquei o trabalho virado pra baixo, em cima do caderno dele. Assim ninguém saberia do que se tratava e nem veriam o bilhete. Só ele.

Voltei para minha carteira e no instante seguinte o sino tocou e o pessoal que ficava conversando no corredor, perto da porta, entraram. Baixei a cabeça na carteira e esperei a sala se encher. A professora Cida logo entrou, mas nada do Thiago.

Por que ele estava chegando sempre atrasado afinal?

A professora já havia feito dois exercícios de revisão, quando finalmente as batidas na porta e o costumeiro pedido de “posso?” surgiu.

A Cida era legal, só fez um gesto com a mão para que o Thiago entrasse, e continuou passando os exercícios no quadro. Meu coração disparava mais rápido a cada passo que ele dava em direção da sua carteira. Senti o bendito entalar na minha garganta quando ele se sentou e, sem cerimônias, virou o trabalho, leu, tirou o bilhete, amassou na mão e o jogou embaixo da carteira. Depois disso, ele dobrou o trabalho, guardou dentro do caderno, folheou o caderno até encontrar a matéria da professora, cutucou a dona Lúcia na frente dele, provavelmente perguntando o número da página que a Cida estava, e abriu sua apostila.

Eu voltei a respirar, escondi o rosto entre meus braços e fiquei assim o restante da aula. Ele havia odiado meu bilhete, ou ele realmente me odiava. Era tudo que eu conseguia pensar.

Quando o sinal encerrando a aula daquela sexta-feira finalmente tocou, eu dei graças a Deus. Eu não sei se Deus não gosta de mim por ser homossexual, mas se tanta gente não gosta, eu esperava que pelo menos Ele, o soberano dos soberanos, me desse uma chance.

Fui um dos primeiros a deixar a sala, na verdade, sexta-feira nos últimos tempos, a sala só ficava cheia se fosse prova, a metade dos alunos já tinham ido embora.

O pior nem foi ser um dos primeiros a sair da sala. O pior foi que eu, idiota e panaca, fui parar no estacionamento! Esqueci que não tinha carona aquela noite e que teria que ir de ônibus. Subi de volta para sair pela guarita do estacionamento de cima, quando passei pelo estacionamento de moto. Foi apenas de relance, mas eu o vi. Estava sentado na moto e falava ao telefone, ele tinha dois capacetes. Era claro que ele tinha dois. Com certeza o Thiago iria pegar alguém, uma namorada, esquisitinha como ele, para passarem a noite juntos. Virei o rosto e continuei andando, fui para Avenida Ceará e só quando vi o ponto de ônibus lotado eu lembrei que poderia ter saído pelo estacionamento debaixo e pego ônibus na Ricardo Brandão, onde tem uma linha bem menos lotada.

— Merda ao quadrado! — praguejei novamente.

Vi que um grupo atravessava a Ceará e seguia em direção daquela viela encurvada que ia dar na Ricardo Brandão, suspirei fundo e decidi ir atrás dele. Já era horrível ter que pegar ônibus, pegar ônibus lotado em plena sexta-feira a noite estava fora de cogitação.

Várias motos passaram por mim no percurso e a cada barulho de moto meu estômago gelava. Uma delas passou bem devagar e o meu coração disparou. Claro que não parou ao meu lado e continuou seguindo. Estava indo em direção do grupo, eu pensei. Mas de repente o motoqueiro diminuiu a velocidade até que parou com o pé no meio fio, ergueu o capacete e retirou o outro que estava preso no banco e deixou repousado sobre a perna. Olhei pra trás pra ter certeza que não via nenhuma garota atrás de mim, mas não, não tinha ninguém.

Poderia só ser minha imaginação, mas aquela pessoa parecia estar esperando por mim. Me belisquei para ter certeza que não estava dormindo e doeu pra caramba. Então apertei o passo e quando cheguei próximo suficiente, o cara me estendeu o capacete.

— Onde você mora? Vou te dar uma carona.

Eu fiquei paralisado por um instante, olhando para o capacete estendido na minha direção. Ainda achando aquela situação muito surreal. Sem me dar conta do meu próprio ato, apanhei o capacete.

— Uma rua acima da Avenida Bandeirantes, perto da Salgado Filho.

— Monta aí — ele também fez o gesto com a cabeça. — Eu te levo.

A moto era uma Titan, nada de luxo, mas era muito melhor que andar de ônibus.

— Não tem problema? Não vai ficar fora da sua rota?

— Não se preocupe. Eu só faço o que eu quero. Eu coloquei seu nome no trabalho porque eu quis também, e vou te levar em casa porque eu quero.

Aquela seriedade toda é o que mais fazia meu estômago gelar.

Thiago havia colocado a mochila pra frente.

— Me dá os cadernos — ele pediu, estendendo a mão. — Vou colocar na minha mochila.

— Não tem problema, eu carrego.

— Melhor colocar na mochila, podem cair ­— ele insistiu, já puxando os cadernos da minha mão.

Era impressão minha, ou ele era mesmo do tipo mandão?

Abriu a mochila, guardou meu material junto com o dele e esperou, enquanto eu colocava o capacete. Montei na moto e estava pensando em como me segurar sem encostar nele, quando ele fez a advertência:

— Só não encosta muito.

Desta vez eu estava pronto pra responder.

— Qual é o problema, tem medo de gamar?

Eu poderia ficar sem carona, mas a afronta valeria a pena. No entanto, a resposta veio em forma de gesto. De um gesto muito, mais muito inesperado. Ele virou a mão para trás e bateu na minha perna, apertou firme a minha coxa e respondeu com um sorriso meio de lado.

— Né, isso não, neném. Eu só não quero que você sinta nojo de mim. Eu tô fedendo pra caralho! Eu trabalho o dia todo com entregas e venho direto pra faculdade.

Ele recolheu a mão devagar, fazendo questão de alisar a região por onde ela passeava, e finalmente ligou a moto. Como eu já estava segurando nas alças laterais do banco da moto, decidi me manter assim. Mas fiquei totalmente inerte, tentando acreditar no que havia acontecido, estava acontecendo e ainda poderia vir acontecer.

O Thiago havia me chamado de “neném?”. Havia pegado na minha perna? E o motivo para ele não querer que eu chegasse perto era...? O fedor de suor?

Nada do que minha cabeça ridícula havia pensado até aquele momento era verdade. Eu estava redondamente enganado, mas meu coração estava completamente certo. Em nenhum momento ele se deixou enganar pelo asco que imaginei que o Thiago pudesse sentir por homossexuais. Mais do que isso. E já não tinha mais como ser coisa da minha cabeça: ele gostava de caras. Afinal, que cara chamaria outro de “neném” enquanto alisa sua coxa?

Paramos no sinal do cruzamento da Avenida Ernesto Giesel com a 26 de Agosto. Meu coração ainda batia a mil. Ele aproveitou o sinaleiro para olhar uma mensagem que havia recebido no celular.

— Você bebe? — ele perguntou de repente.

— Como?

— Você bebe?

— Sim, claro.

— Tem uns amigos meus em um barzinho aqui perto, ‘O Copo Sujo’. Não sei se conhece... Mas é bem legal, tá a fim?

— Eu nem tô arrumado pra sair...

— E eu estou? — ele riu e bateu a mão na minha perna novamente. — Vamos lá, vai ser legal.

Depois desse pedido “tão amável”, quem seria o doido de dizer “não”?

— Sim — respondi, tentando evitar o suspiro.

O sinal de trânsito abriu, ele recolheu a mão pra voltar a dispô-la sobre os guidões e saiu.

— Beleza — ele disse com a voz agora abafada pela viseira abaixada do capacete. — Bora lá.

Eu sorri e assenti.

— Bora.

Continua...


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