Angellus escrita por cecilya
Notas iniciais do capítulo
Ainda estou a procura de um revisor :/
Lídia havia acabado de despertar em seu habitual pesadelo onde o choro de uma criança perturbava seus sentidos, procurou de onde vinha o barulho como em todas as outras vezes, mas não conseguia ver quem emitia tal choro, tentou esfregar os olhos e se beliscar para acordar, mas de nada adiantou.
Seus sentidos abandonaram o choro perturbador e se focaram em uma sala a sua frente da qual saiam vozes sussurradas, ela tentava, mas não entendia oque eles diziam. Um grito e depois silencio absoluto, Lídia tentava se mover para ver oque estava acontecendo, mas era tão inútil quanto tentar acordar, começou a ouvir passos, o choro aumentou e um homem surgiu do lugar de onde antes vinham as vozes, ele veio na direção dela, tinha os olhos dourados como os de uma serpente, ele a assustava, se aproximava cada vez mais e andava tão calmo que parecia querer debochar de alguém, ele passou as mãos em seus longos cabelos negros e sorriu com os olhos malignos antes de estender as mãos e pegar o bebe que estava ao lado de Lídia a criança começou a chorar ainda mais, então ele olhou para a dona do sonho e sorriu com satisfação.
– Parado ai!
Era uma voz feminina e delicada que sempre a acordava do pesadelo. Ainda dentro do sonho o homem parecia não se importar e riu então uma luz forte tomou conta do lugar e a garota despertou.
– De novo esse sonho... – Ela reclamou, levantou e foi ao banheiro lavar o rosto. Os pesadelos perturbavam a Nefilim desde sua infância, mas eles se tornavam mais frequentes quando estava caçando algum demônio. – Nem os remédios afastam esses pesadelos– Ela falou com seu reflexo no espelho de olheiras arroxeadas. – Deixa pra lá, são apenas sonhos mesmo.
Lídia nunca se importou com os pesadelos em si, mas odiava ter uma boa noite de sono interrompida. Já era quase dia e ela preferiu não voltar a dormir, depois de um banho quente e demorado e um breve estudo sobre exorcismos para matar o tempo foi ao apartamento de Cristine, ainda era cedo, mas sua tutora já a esperava com o café da manhã pronto. Logo que sua vizinha a recebeu ela entrou na cozinha e sentou a mesa sem dizer nada.
– Está muito calada Lídia. – Disse a professora enquanto colocava café em uma xicara de uma forma graciosa como tudo que fazia.
– Pesadelos de novo... E o tedio é claro– Ela olhava para baixo desanimada.
Cristine fez carinho no cabelo dela tentando a animar e falou.
– Está assim só porque não tem caçado demônios? – Suspirou. – Tente passar um mês como uma garota normal, vá ver seu namorado e suas colegas.
– Caçar é a única diversão que conheço e quanto ao Dominik é divertido caçar com ele também.
– Oh, por favor! Façam coisas que namorados normais fariam!
– Namorados normais se divertem e é isso que fazemos.
– Ok, você venceu. – Cristine resmungou.
Cristine Wayne não parecia adulta, tinha cabelos negros e curtos e grandes olhos acinzentados, era o Anjo terrestre encarregado de cuidar da Nefilin, apos a fuga do Vaticano Cristine levou quase um ano para encontrar Lidia e outro para convece-la de que estaria melhor sob seus cuidados.
– Não vamos chegar atrasadas? – Lídia encarou o relógio, se perguntando se tinha mesmo saído tão tarde de casa.
– É acho que hoje o tempo está contra nós! – O anjo vestiu sua personalidade de professora e pegou suas pastas.
De carro o caminho do condomínio ao colégio levava menos de cinco minutos.
– Lídia tem algo que quero te pedir. – A professora falou logo que estacionou.
– Pode pedir. – A aluna respondeu olhando para a escola.
Para uma escola de bairro St. Raymond era muito pomposo, a começar pelo nome americanizado, tinha um enorme estacionamento que dificilmente era usado e um corredor de entrada feito de arvores de varias espécies era colorido de azul e branco e tinha dois andares de salas de aula, abrigando alunos da primeira serie ao terceiro ano e muitas crianças de outras cidades iam estudar lá pela estrutura.
– Por favor, tenha cuidado, estou com um mau pressentimento. – Cristine continuou.
– Hum, certo, não precisa se preocupar. – Lídia sorriu para ela e deixou o carro a tempo de entrar na escola quando o sinal tocou.
A garota correu pelos corredores azuis e passou pelas portas e escadas brancas, as salas do ultimo ano sempre eram as mais afastas, mas ela chegou bem a tempo de responder a chamada.
– Lídia Gray? – Disse o professor já se preparando para colocar o “F” de falta.
– Presente! – Ela respondeu prendendo a respiração.
– Sente-se. – O professor a olhou com desaprovação e continuou com a chamada.
Ela sentou no seu lugar de costume próximo a suas amigas. A primeira aula do dia passou rápido, mas na hora do intervalo Lídia ainda estava exausta pela noite mal dormida.
– Não dormi bem essa noite, aqueles pesadelos de novo, podem ir sem mim.
Suas amigas concordaram com um aceno de cabeça.
– Cuidado para o coordenador não te ver aqui na sala, você sabe o quanto ele odeia quando alguém fica aqui em cima durante o intervalo. – Disse Jane balançando os cabelos violeta, ela sim sempre tinha problemas com o coordenador.
– Pode deixar.
– Quer que agente traga algo para você comer? – Disse Kate a mais gentil de suas amigas e também a mais popular entre os garotos.
– Não, hoje eu lanchei com a Cristy. – Lídia sorriu mostrando que estava tudo bem e elas saíram da sala.
Ela deitou o rosto sobre os cadernos, não esperava dormir queria apenas descansar para a próxima aula, mas logo que deitou o rosto ela pensou ter dormido tanto a ponto de ficar zonza.
– Veja só quem acordou. – Disse alguém que parecia cantar e rir enquanto falava. – Levante Lídia, veja só oque nos fizemos.
Lídia levantou o rosto e esfregou os olhos esperando ver quem a havia acordado, mas oque ela viu foi uma cena aterrorizante, havia sangue por todos os lados inclusive em suas mãos e roupas, as carteiras da sala estavam tingidas de vermelho e os corpos de seus colegas que ainda restavam e não tinham sido completamente dilacerados estavam partidos ou deformados.
– Oque demonio na escola? Não é possivel. – Ela se levantou desesperada.
– São as coisas que nos fizemos Lídia. – Finalmente ela olhou para o lugar de onde vinha à voz e oque ela viu foi ela mesma. – Nos adoramos fazer isso você sabe, venha vou te mostrar.
Lídia estava paralisada pelo horror então seu outro eu a levou para fora da sala onde estavam suas amigas inconscientes porem intactas, ela suspirou aliviada.
Cedo de mais.
E antes que ela pudesse ter dito algo seu outro eu atacou as garotas e as matou.
– NÃO! – Ela gritou, e então percebeu que estava em sua classe e os alunos que começavam a chegar do intervalo riram dela por causa do grito.
Depois que os alunos pararam de rir e fazer brincadeiras com ela e o barulho ter diminuído se deu conta de que confundiu sonho com realidade e isso a preocupou, mas saiu de seus devaneios quando suas amigas perguntaram oque houve.
– Foi aquele pesadelo de novo? – Perguntou Kate.
– Não, foi diferente dessa vez. – Ela respondeu desanimada.
– É melhor você ir para casa mais cedo, eu vou falar com o professor. – A monitora da turma se pronunciou.
– Pode deixar eu estou...
Mas ela já estava falando com o professor.
– Ele disse que você pode ir, tome cuidado. – A garota voltou avisando
Lídia tentou desconversar e ficar para a próxima aula, mas a monitora sempre exagerava e era melhor que ela voltasse para casa se não quisesse ser arrastada para a enfermaria.
– Ok... Estou indo. – Ela se despediu das amigas e voltou caminhando para casa, por um momento até pensou em avisar Cristine, mas mudou de ideia, ela ficaria sabendo logo de qualquer modo.
Lídia chegou a casa rapidamente que como sempre estava vazia e fria, jogou a mochila pesada sobre o sofá e colocou os sapatos perto da porta; desde que fugiu do Vaticano ela tem vivido sozinha, mesmo quando Cristine a ofereceu ajuda ela preferiu ficar distante, para um exorcista o melhor é não criar laços, É claro era não obedecia a essa regra, afinal tinha um namorado, o qual havia salvado de um demonio seis meses antes e o pior de todos os laços certamente era com Gabriel, havia tido uma paixão pré-adolescente por ele quando tinha doze, mas ele sempre a ignorou e agora era seu tutor de batalha.
– Depois de um pesadelo nada melhor que um banho. – Ela disse consigo mesma. – Isso se você não tiver visto filmes de terror com espelhos e agua é claro.
Depois do banho foi para o quarto e vestiu algo confortável, deitou na cama ainda de cabelos molhados, mal fechou os olhos e o sono veio tão rápido quanto o pesadelo.
– Sabe que esse sonho não vai parar não é? – Disse o outro eu de Lídia acariciando seu rosto.
– Vai sim, eu vou te encontrar e te exorcizar.
– Acha que vai conseguir isso? Assim como você fez parar o sonho com aquele homem? Oh! Verdade você não fez parar. – A outra Lídia riu.
– Você não existe!
– Tem certeza? Todo mundo tem um lado mau.
– É claro que tem, mas eu sou mais forte!
– Tão forte que está tremendo de medo agora. – A outra disse sarcástica.
– Não tenho medo de você!
– Claro que não tem, porque você sou eu. – Ela puxou Lídia para fora da cama. – Venha Lídia..
Ela flutuou com Lídia para fora do apartamento.
– Nos podemos fazer oque quisermos Lídia, podemos ter o mundo só para a gente.
– Não quero saber de suas mentiras! Saia de mim eu não me importo sobre oque você está falando.
– Estou falando que se você deixar eu posso fazer oque quiser, se eu tomar o controle.
Ela olhava para a Lídia verdadeira como se a ameaçasse.
– Isso é só um sonho. – Disse Lídia para si mesma.
– Não Lídia, Não é só um sonho. – Ela partiu para cima de Lídia a jogou contra uma janela de vidro.
Dor
Não se pode sentir dor em sonhos, por isso Lidia percebeu que aquilo se tratava de um demonio invasor.
– Lídia acorde! – Era a voz de Cristine, ela nunca havia se sentido tão aliviada por ouvir a voz de sua professora, mas ainda estava presa no sonho.
O outro eu de Lídia se transformou em uma mulher com chifres, cauda e asas de morcego, um demônio denominado por Succubu que invadia os sonhos das pessoas para sugar sua energia.
– Saia do meu sonho demônio estupido! – Ela gritou.
O demônio voou para cima da garota que rapidamente pegou um caco de vidro para se defender e conseguiu perfurar barriga da succubu, ela estampou um sorriso sangrento.
– Isso pode até te acordar agora, mas eu vou continuar a te atormentar. – E a risada dela ecoou no ar.
Cristine continuou a sacudir Lídia que finalmente acordou.
– Cristy! – Ela estava agradecida por ser acordada, mas a dor continuava.
– Por Deus você está sangrando!
Lídia olhou para a cama e havia uma mancha de sangue em baixo de onde antes estava seu ombro.
– Juro que não sei oque houve. – Mentiu enquanto Cristine enfaixava seu ombro fazendo questão que ela sentisse dor.
– Eu disse para você ter cuidado!
– Mas eu só estava dormindo.
– Com oque você sonhou? – Ela exigiu a resposta.
– Tudo bem, foi com uma Succubo, vou procurar algo nos livros que a impeça de entrar na minha mente novamente. – Ela disse honestamente.
– Não existe algo que a impeça a não ser você mesma. – Ela disse se levantando. – Cuidado com esse ferimento.
– Ainda posso dormir na sua casa hoje?
– Pode. – Ela tinha o olhar triste. – Desculpe Lídia.
– Pelo que?
– Por ter deixado você se machucar... Eu... Eu prometi...
– Não foi sua culpa Cristy, eu que deixei minha mente fraca.
Cristine a abraçou tomando cuidado para não machucar o ferimento e depois foi embora atormentada pelos segredos que tinha de guardar. Mais tarde Lídia Saiu do seu apartamento e em menos de um minuto estava em frente ao de Cristine, ela abriu a porta e ainda estava com uma expressão preocupada.
– O ombro está melhor?
– A dor já passou você fez um ótimo curativo. – Ela sorriu tentando convencê-la disso.
– Talvez fosse melhor te levar ao medico...
– Não é necessário. – Lídia Entrou no apartamento e fechou a porta antes que ela mudasse de ideia e a arrastasse para o hospital. – Então, quais os planos para a noite?
– Escolha um filme da estante, o bolo está quase pronto.
Ela dirigiu-se a estante e lá estavam vários filmes, Cristine sempre escondia os filmes de terror quando Lídia ia a sua casa, pois sabia que ela adorava esses filmes e ficava tentada a sair para caçar depois, mas Lídia foi esperta e trouxe seu próprio filme e a noite passou rápido.
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