Pov da Miku

–Ótimo, ela está acordando! – uma voz feminina surgiu, não pude identificá-la, estou lerda demais

–Onde estou? – perguntei, olhando ao redor. Rin e Len estavam ao meu lado, ambos de olhos fechados. Estávamos em um pano azul enorme, no meio de um campo florido. Um céu bem colorido, com várias cores pintando o cenário.

–Estamos em Aislin – finalmente reconheci uma voz, era Akaito – Dormiu bem?

–Sim... – disse sonolenta. – Ah! – finalmente me lembrei do ocorrido. - Eu estava com Zatsune há algum tempo, ela tinha desaparecido. Quando toquei no espelho, ele me puxou para dentro e tudo ficou escuro. Agora, acordei aqui!

–Zatsune? Miku, você está bem? Eu sei que você acordou aqui, com que você está falando? – perguntou Meiko

–Com eles... Ah, esquece! Você não pode vê-los... – falei desanimada. Eu sei que vocês estão ai, por isso, esse será nosso segredinho, ok?

Olhei novamente. Lá estava Akaito, Kaito, Yuki, Fuji, Meiko, Piko e Luka... – Luka?!

–Há quanto tempo, Miku! – disse Luka sorrindo

–Mas, como...?

–Te explicamos depois! – falou Luka

–Oh, Len está se mexendo! – exclamou Yuki

Len começou a abrir os olhos, ele se sentou, se espreguiçou, coçou o olho e depois olhou ao redor – Já chegamos em Aislin... – disse o mesmo mais como uma afirmação do que como pergunta

–Já sim! – exclamou Yuki alegremente

–Onde está a Rin? – perguntou Len um pouco mais acordado e alerta

–Olha pro lado, retardado. – disse Kaito

–Retardado é você! – retrucou Len. Ele olhou para o lado e viu a Rin dormindo – Rin?

–Ela morreu? – perguntei

–Sua besta, ela está dormindo! – disse Kaito

–Chega! Hoje você está atirado demais! – exclamou Meiko puxando Kaito para longe pela orelha

–Ai! A orelha não! Orelha não! – Todos riram, principalmente eu! Bobão, quem mandou mexer comigo!

–Ela está cansada, deixem-na descansar. – disse Luka calmamente, se referindo a Rin

–Certo... – Todos nós nos levantamos, menos Len que, antes de sair, deu um beijo na testa de Rin.

Óbviamente, lancei o meu olhar malicioso para Len

–Nã-não é nada! Eu só estava com... Hã... Saudades! – Acho que foi um movimento involuntário de Len, e só agora que ele percebeu.

–Isso se chama assédio! Rin está dormindo, você não tem respeito, não? – falei rindo da cara de Len que estava ficando cada vez mais vermelha.

–Me deixa em paz! – disse Len andando para longe de mim e de Rin

–Você tem sorte do Piko não ter visto isso! – Piko estava encostado em uma árvore, um pouco longe da gente. Ele se mexeu, se direcionando para o lugar onde estava Rin. Já vi que vai acontecer muita coisa hoje...

Pov da Rin

–Rin?

–Ela morreu?

...Eu morri?

–Sua besta, ela está dormindo!

Quem são essas vozes?

–Ela está cansada, deixem-na descansar.

Não... Eu não quero ficar sozinha...

“Rin?”

Enailir...?

“Que bom! Você ainda consegue me ouvir! Antes de me tornar realmente parte de você, preciso te dizer duas coisas. Primeiro: parece que você ainda não se lembrou de nada de seu passado. Ele ainda está fragmentado, você irá se lembrar de seu passado aos poucos, nos momentos mais aleatórios e imprevisíveis. E segundo...Não conte isso a ninguém, muito menos para Len, está bem?”

Por quê?

“Porque eu descobri isso quando era uma Serva do Destino, não temos pouco tempo!”

Está bem. Não contarei a ninguém.

“Ótimo. Rin, o poder do Destino está se esgotando. Ele está fraco. Rei ainda não sabe disso, por isso, não conte a Len de jeito nenhum. Rei pode estar conectado com Len, não devemos nos arriscar. Você e os Corações da Esperança necessitam concluir a missão de vocês e achar o Destino antes que Rei o ache primeiro. Por favor, faça isso por mim... Faça isso pela nossa família!”

Enailir? – silêncio – Enailir?! – nada além do vazio – Ela... Se foi...

–Rin...

Piko?

–Me desculpe... Eu não consigo compreender isso... Somos melhores amigos desde a 1° série, sempre achei que sabia tudo sobre você e agora... Parece que eu nunca soube quem é você exatamente. –ele fez uma pausa – Ah, do que eu estou falando, é claro que eu te conheço! Você é a Rin, a Rin fofa, meiga e gentil de sempre! Posso não saber nada de seu passado, mas sei quem você realmente é, o seu verdadeiro eu! Se bem que... Eu também nunca fui totalmente verdadeiro com você... Rin, eu amo você. Desde o primeiro dia em que eu te vi eu te amei. Mesmo se você se tornar rainha, eu quero estar do seu lado, te apoiando e vendo você construir seu futuro... Eu quero ser a pessoa especial de seu coração...

Estava completamente surpresa. Meu corpo não se mexia, não tinha reação nenhuma

–Não acredito que eu estou falando isso para você justamente quando você não está me ouvindo! Como eu sou bobo...

Por algum motivo, finalmente pude abrir meus olhos. E, por impulso, olhei para Piko – Você não é bobo...

–Ri-rin?!?! – Piko pulou de susto – Nã-não me assuste a-assim!! – Seu rosto estava corado. Muito corado mesmo. – Você... Ouviu? Tudo?

–Sim... – fitei o chão. Não senti o meu rosto esquentar como achei que fosse sentir. Meu coração estava somente um pouquinho mais acelerado do que o de costume, mas, não me sinto diferente.

–Então... Você não sente o mesmo que eu, certo? – neguei com a cabeça, ainda com a mesma abaixada. Piko suspirou – Tudo bem, eu já sabia disso!

–...Sabia? – finalmente pude levantar a minha cabeça

–Claro. Rin, eu te conheço desde a 1° série! É óbvio que sei o que sente! – Piko sorriu

–E... Você não está triste ou bravo comigo? Você não me odeia?

–Eu? Te odiar? – Piko riu – Nunca! É impossível! Se eu, algum dia, te odiar, pode me internar! – Ele foi parando de rir – Eu só... Estou um pouco frustrado. Por que tinha que ser ele?

–Ele?

–Sim, ele. E eu sei que você sabe quem é ele. – Piko olhou para o céu colorido. Só agora que eu vi que estou deitada em um pano azul, ao ar livre. Tudo ao meu redor era estranho, mas tudo tinha um charme especial... Ao nosso redor havia várias flores amarelas e brancas, parecia cena de filme ou até mesmo um sonho.

–Piko, me desculpe. Eu gosto muito de você, mesmo! Mas, acho que meu coração já foi preenchido por alguém...

–Ei, isso está muito meloso para meu gosto! Vamos fazer o seguinte, você continuará sendo a Rin e eu continuarei sendo o Piko de sempre! Só te peço... Uma coisinha...

–O quê?

–Você me dá permissão para, pelo menos, tentar fazê-la se apaixonar por mim? – Ele segurou a minha mão, sorrindo esperançosamente

Piko realmente está sempre do meu lado.

Sempre sendo a pessoa maravilhosa que ele é.

Não quero que isso mude, com certeza!

Sei que, em qualquer ocasião, ele ficará comigo, sorrindo do mesmo jeito que ele sempre sorri. Mesmo que eu nunca consiga amá-lo do jeito que ele deseja, eu estarei apoiando ele para o que ele precisar. Meu precioso amigo.

Sorri para Piko e segurei sua mão de volta – Sim!

Pov da Emi

Grupo estranho. Estranho mesmo. Mas, gostei deles! Parecem ser legais!

Tenho que voltar pra casa logo! Hikari-chan ficará muito feliz com as novidades!

Assoviei como sempre, avisando que cheguei em casa, e logo, Hikari-chan veio correndo para perto de mim, pulando e fazendo a festa. Ri e acariciei sua cabeça.

–“Viva! Estava te esperando! Você demorou hoje!” – exclamou Hikari

–“Me perdoe Hikari-chan, eu me distraí! Mas, tenho ótimas notícias para você! Eu encontrei um grupo de viajantes, entre eles tinha um igual à você! Só que menino!”

–“Alguém igual a mim?! Sério?! Uau! Estou feliz! Muito feliz!” – Hikari começou a pular para cima e para baixo, de um lado para o outro, abanando seu pequenino rabo de leão

–Oh, Emi! Por onde andou? Estava preocupado! – disse meu pai descendo as escadas. Ele me carregou no colo e me abraçou – Quantas vezes eu peço para você me avisar quando for sair? Seria tão mais fácil se você falasse...

Ora, mas eu falo! Falo com Hikari-chan, com o passarinho, com os peixinhos... Só não consigo produzir palavras com a boca! E não consigo fazer com que você me ouça... Não consigo fazer com que nenhum humano me ouça...

–Bom, eu preciso trabalhar! – ele beijou minha testa – Hikari, cuide de Emi, está bem? Emi, cuide de sua mãe.

–“Claro, papai da Emi!”

Vi a porta se fechando, criando um barulho estridente de porta rangendo e um forte barulho no final, quando a porta se bateu. Papai tinha que trabalhar, ele precisava ganhar dinheiro para ajudar a mamãe.

Eu não gosto de ver o papai ir para o trabalho, ele vai sempre triste e volta bem tarde, quando eu estou dormindo. Eu quase nunca o vejo, mas, sei que ele sempre vem me dar um beijo de boa noite.

Eu tenho um papai muito bom.

Ele cuida de mim e da minha mamãe.

Ela está muito doente, e não pode sair da cama.

Os remédios da mamãe são caros. Muito caros.

Subi as escadas, pulando degrau por degrau. É divertido! Hikari-chan estava pulando degrau por degrau assim como eu. Hikari-chan é muito companheira e alegre.

Abri a porta do quarto da mamãe, estava claro, quer dizer que ela está acordada. Abri um sorriso quando a vi. Ela estava olhando para a janela.

–Emi-chan. Que bom que está de volta! – ela sorriu e abriu um espacinho ao lado dela para me sentar – Boa tarde, Hikari!

–“Boa tarde, mamãe da Emi!”

–Como foi seu dia, Emi? – a mamãe passou a mão pela minha cabeça. Eu peguei do meu bolso um papel dobrado. Desdobrei o mesmo e mostrei para a mamãe. – Oh, que lindo! Emi, você é uma verdadeira artista! Quem são esse menino e essa menina loiros?

Levantei os ombros, mostrando que eu não fazia ideia de quem sejam

–Eles são parecidos! E bonitinhos! Deixa eu ver... O menino está com asas e roupas pretas e a menina com asas e roupas brancas, os dois estão de mãos dadas... Que bonita cor dos olhos. Azuis, como os seus, Emi!

Eu tinha usado os gizes que o papai tinha comprado para mim, papai sempre dá gizes para mim, ele gosta de me ver colorindo, ele acha que eu tenho talento. Esse é um dos meus melhores desenhos, é uma pena que o papai não conseguiu vê-lo...

–Emi, adorei o desenho! Hikari também gostou, né Hikari?

–“Sim! Eu adorei!”

Mamãe parece feliz! Gosto quando a mamãe está feliz! Gosto quando o papai e a Hikari estão felizes! Eu queria que todos fossem felizes...

–Emi, você pode trazer os meus remédios, por favor? – assenti com a cabeça e sai correndo para pegar os remédios e um copo de água. Voltei rapidamente, tomando cuidado para não derrubar o copo.

Abri a porta novamente, mamãe estava tossindo. Muito. Havia uma coisa escorrendo na mão dela, uma coisa avermelhada. Sangue.

Corri o mais rápido que pude com o copo na mão, coloquei o copo e o remédio sobre a cômoda e peguei um pano para a mamãe. O pano ficou cheio do líquido vermelho, mas logo, a mamãe foi parando de tossir.

Entreguei os remédios e a água para mamãe. Ela tomou tudo e depois fez uma careta. – Essas coisas são horríveis! – depois sorriu – Obrigada Emi. Você deve estar com fome, lá embaixo tem suco de Moanti e alguns biscoitos, aqueles que você gosta.

Sai do quarto, sem antes dar um beijo na mão de minha mamãe. Ela precisava descansar.

–“Emi, você está bem? Sei que você tem medo de sangue...”

–“Sim, estou.” – respirei fundo – “Eu preciso sentar um pouco” – sentei em um dos degraus e fechei os olhos. Eu não gostava quando a mamãe tossia, sempre tinha sangue depois. Agora isso está se tornando mais freqüente...

Me levantei e fui na cozinha comer. Dei alguns pães para Hikari e comi uns biscoitos. Não gostava daqueles biscoitos, eram amargos. Mas queria ver a mamãe feliz, por isso, comia os biscoitos. Gosto de suco de Moanti. Tem um sabor docinho e é bem colorido.

–“Emi, quer descansar? Você ficou um tempão lá fora. Quanto tempo vai esconder dos seus pais?”

–“Eu não sei... Eles não podem saber, é errado. Papai nunca permitiria que sua filha trabalhasse em vez de brincar. Mamãe ficaria triste se me visse trocando uma boneca pelos remédios que ela toma... Eu estou com sono, acho que vou dormir um pouco. Amanhã, eu e você vamos encontrar o leão alado que eu vi!”

Subi as escadas novamente, entrei em meu quarto rosa e deitei na minha cama. Meu quarto era fofinho, cheio de desenhos. Inclusive um desenho que a Hikari-chan, a mamãe, o papai e eu estamos em um campo florido e ensolarado, saudáveis e totalmente felizes.

Meus olhos foram pesando e logo, se fechando – “É uma pena que isso ainda não aconteceu... Mas vai, algum dia...”

Pov da Yume

–É... Eles foram embora... Está um vazio aqui... - disse Yuzuki

–Logo eu terei que ir também, minha cara amiga. Tenho que acompanhá-los nessa looonga aventura. E também, vou precisar consolar Nedrock e Kuro, eles estão arrasados com a partida de Enailir... Eu admito, também já sinto falta dela...

–Ah, mas pense pelo lado bom! Enailir se foi para trazer um novo brilho em Rin... E um novo poder! Além disso, um novo raio de luz estará em Fantasy, mal vejo a hora de vê-la!

–Como sabe disso...? - perguntei um pouco surpresa

–Tá aqui, no blog do Destino! Você não segue ele não?

–...Blog? Desde quando ele tem blog?

–Ah, isso já é outra história! Não temos tempo para isso! O relógio já está girando! As engrenagens estão se mexendo! Corra, não perca tempo! Estamos atrasadas!

–Você está imitando o coelho da Alice de novo...

–Eu amo coelhos e você sabe disso! - Yuzuki fez uma cara emburrada. Eu ri - Na minha próxima vida, eu serei um coelho! Ou, quem sabe, terei um capuz com orelhas de coelho! Eu sempre quis ter um desses...

–Da próxima vez que eu vier aqui, trarei um capuz com orelhas de coelho para você.

–É sério?! - os olhos dela até brilharam - Obrigada! Obrigada! Obrigada! Eu já disse que você é a minha melhor amiga?? Obrigada!

–Bom, eu já vou indo... Antes que eu me esqueça, lembre-se...

–...Nunca deixe a minha luz virar sombra! Eu sei! - ela riu - Agora vá, temos que cumprir nossas missões, certo?

–Certo.