– Ah, como é bom podermos fazer compras no Shopping, mamy...

– É, mas tome cuidado... porque enquanto você tem dinheiro para comprar coisas desnecessárias há pessoas que não têm dinheiro nem para comprar comida.

– Credo, isso é só coisa de pobre.

– Falando nisso, pare de comprar besteiras senão eu viro uma.

– Credo, nem me fala. Vou usar e abusar enquanto tenho.

– Carmem Frufru! Já falei que é para você parar e é isso que você vai fazer!

– Tá bom, mamãe estressada.

– Tá bom nada. Se você comprar mais alguma besteira eu te esgano, ouviu?

– S-sim!

– Olha, aquela não é a sua amiguinha, a Cascuda?

– Inimiguinha, você quis dizer.

– Vai lá falar com ela.

– Com essa ralé? Só por cima do meu cadáver maquiado!

– Pois então você está morta. – A Senhora Frufru falou ironicamente arrastando a filha para perto da garota.

– Oi, Cascuda!

– Oi, Senhora Frufru. – Cascuda falou de cabeça baixa.

– Por que está assim? O dia está tão lindo.

– Mas pra mim foi o pior dia da minha vida.

– Tá mais pobre do que já é?

– Carmem! Respeite sua amiga!

– Não, Senhora Frufru. A Carmem tem razão.

– Como assim?

– Lembra quando éramos um pouco menores?

– Lembro.

– Lembra que o meu pai custou conseguir aquele emprego?

– Sim, mas o que isso tem a... ô, minha filha. Não fique triste.

– Ei! Sua filha sou eu!

– É só modo de dizer, Carmem.

– E agora, nossa condição está horrível. Talvez tenhamos até que morar na Rua.

– Mas se você está mesmo pobre, o que está fazendo no Shopping? – Carmem pergunta com um pouco de pena.

– Meu pai está saindo do emprego agora. Ele fica do outro lado. Pra evitar andar muito pegando Sol, resolvi cortar caminho e vir por dentro do Shopping.

– Cascuda, sua mãe está em casa a esta hora?

– Acho que sim, por quê?

– Vou conversar com ela. Carmem, pode ir para Casa logo que daqui a pouco eu vou.

– Sim, mamy.