— Vejo que você veio. — Moriarty falou, não querendo parecer surpreso. — Posso saber a que devo a honra?

— Pare. Você sabe os meus motivos. Aqui estou, fale logo o que deseja. — Sherlock, assim como o seu semblante, tentava ao máximo ser ausente, impessoal, impassível. Não iria se envolver, não de novo. Ele tinha John agora.

— Está assustado, meu querido? — Jim se aproximou, invadindo completamente o espaço pessoal do detetive. Ele quase conseguia entrar no palácio mental de Sherlock.

— Não. — sua voz era firme. — Eu não tenho medo de você. — o mais alto falou, e aproveitou para se afastar um pouco.

— Ora, assim eu fico com irritado com você, meu querido! Estou me sentindo usado, sujo... — Moriarty sussurrava, a voz envolvida em luxúria.

Sherlock fechou os olhos, não queria aquela imagem em sua mente agora. — Como você pode ser tão baixo? O que aconteceu entre nós nunca poderia ser comparado a o que eu faço toda noite com John. Você foi um erro! Foi sexo, apenas carnal, não sentimental. Foi uma mistura de hormônios e secreções corporais, foi necessidade, somente necessidade de saciar meus desejos. Nunca mais vai se repetir. — Sherlock suava, impossivelmente tenso. Aquele era um assunto no qual ele não queria tocar. As próprias lembranças só pioravam aquela situação.

Moriarty deu um sorriso, aquilo estava tomando o rumo que ele queria. — Foi aqui, você se lembra? Foi exatamente aqui, só nós dois, nus...

— Não! — Sherlock interrompeu. Seu asco por Jim estava aumentando.

Outro riso veio do mais baixo. — Você ficou de quatro, e eu comecei a estocá-lo sem parar. Devo lhe pedir desculpas, meu amor, se eu te machuquei. Deveria ter sido mais gentil. Deve ter doído muito, você até sangrou, erro meu. Mas seu eu não me engano, você gostou, e como.

Sherlock, em meio aos seus instintos, acertou um soco certeiro bem no rosto de Moriarty, que fora pego de surpresa. Ele lentamente levantou sua cabeça novamente e passou a mão pela face, na região onde recebera a pressão. — Agora é assim? Você não vale nada, Sherlock. — Jim cuspiu no chão o sangue que se formava na sua boca. —Você é igual a todos os homens.

— Cale a boca! Você é um idiota. — Sherlock suspirou — Eu nem sei porque aceitei vir aqui.

Foi naquele momento que o criminoso compreendeu tudo. Sherlock estava desconfortável. — Por que você não consegue falar sobre isso? — Sherlock abaixou a cabeça. É, Jim tinha percebido tudo. — Você não contou para ele, não foi? — o semblante de Moriarty ficou mais sério, e Sherlock continuou calado.

— Você não teve coragem, não foi? Aposto que seu querido Watson acha que foi seu primeiro. Ah! Pessoas ordinárias não são adoráveis? Queria saber qual seria a reação dele se descobrisse.

— Você não ousaria! — Sherlock novamente estava em postura de ataque.

— Não ousaria o quê? Contar como você se abriu para mim, sem pudor algum? Contar que você gemeu meu nome alto em meio de atos tão sujos? Ou você não quer que eu conte quando me pediu, ou melhor, me ordenou, a me derramar em seus lábios? E que lábios, Sherlock, John é um homem muito sortudo. Eu devo admitir que sinto ciúmes dele.

— Chega! — Sherlock deu um grito tão alto que até ele mesmo se assustou. — Você que se aproveitou de mim. Saiba que eu estava loucamente apaixonado pelo John, com os meus sentimentos a flor da pele. Ele era o meu ponto fraco. — Sherlock parou de falar, fazendo uma pausa. Queria se acalmar, mas já era difícil.

— Ele ainda é seu ponto fraco?

— Como disse? — Sherlock não tinha escutado pois estava em meio a seus pensamentos.

— Eu disse que ele é seu ponto fraco!

O detetive percebeu que seu inimigo estava tramando algo. — O que você quer?

— Bem, pelo visto no lado amoroso, nós dois não temos mais chance. Então, pretendo deixar você em paz. Mas somente dessa maneira, continuarei cometendo crimes e você resolvendo.

— E o que mais?

— Nada.

— Eu não acredito em você.

— Bem, eu só quero que você conte a John o que aconteceu entre nós.

— Nunca! Isso jamais. John é um bom homem para mim, ele não merece isso!

— Ok, se você não contar, eu mesmo mostro para ele o vídeo daquela noite.

Sherlock apertou os olhos, mas não conteve uma lágrima. — Você é tão baixo.

— Para falar a verdade, meu querido, eu estou sendo até, digamos, legal. Só estou pedindo uma coisa. Só uma coisa pequena. E se John te ama tanto quanto você faz parecer, ele não se importaria. Agora, não fale mais nada, só saia, e não se esqueça de contar para John. — Moriarty sorriu e mostrou o caminho para a porta.

Sherlock tinha acabara de chegar no seu flat, quando recebeu uma mensagem no seu celular. Era uma foto dele beijando e despindo Jim. O vigarista estava falando sério.

— Sherlock. — John se aproximou e deu um leve beijo nos lábios do namorado. — Querido, aconteceu algo? Você está pálido, parece assustado.

— John. — Sherlock afastou o médico de si, precisamos conversar.