A-Next: Beyond Frontiers escrita por Joke


Capítulo 11
Howard


Notas iniciais do capítulo

Acho que vocês vão gostar desse capítulo...



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Capítulo 11 - Howard Stark

Sinto estar em queda-livre. A gravidade me puxando cada vez mais rápido faz meus pulmões se comprimirem e minha cabeça latejar com a falta de oxigênio. Minha visão está embaçada e mal consigo me mexer, como se meu corpo estivesse preso numa massa densa de chumbo.

Percebendo que o quão preocupante é meu atual estado, tento inutilmente girar a fim de colocar a minha cabeça para cima. Minha velocidade está aumentando.

E meu tempo diminuindo.

Vamos, Howard, pensa! Como foi que você veio parar aqui? Onde estão os outros? Não tem ninguém pra te ajudar agora?

Por mais que eu tente usar minha cabeça, não consigo fazer ou pensar em nada, pois estou com cada vez menos ar dentro do meu corpo. O que significa que não conseguirei me manter acordado por muito mais tempo.

E, antes de perder os sentidos, sinto um arrepio na coluna.

[x]

– Howard, cheguei! – Escuto a voz da minha mãe me chamar. – Vai acabar se atrasando pra escola.

Embora ela esteja falando comigo, quem responde é um garotinho de uns seis ou sete anos vestindo um pijama do Mickey que esboça um enorme sorriso. Correndo como uma bala, ele vai ao encontro dos braços de Pepper, que o recebe com vários beijos.

– Mamãe! Você está em casa!

– Sim, meu amor, voltei pra você – ela toca a ponta do nariz do menino com o dedo, fazendo-o soltar uma gargalhada infantil. – Você se comportou?- O garoto mexeu freneticamente a cabeça em concordância. – E como foi na escola?

– Foi meio chata, a professora brigou comigo.

Pepper franze o cenho.

– Por quê?

– Porque eu não fiz algumas lições de casa – o rosto do menino fica vermelho, e depois procura se esconder entre as roupas da mãe. – Mas é que eu perdi.

– Perdeu como?

O garoto pensa por alguns instantes.

– Eu vi um passarinho com a asa quebrada no meio da rua cheia de carros, e como ele não conseguia voar, ia ser atropelado! – Os olhinhos castanhos se arregalam enquanto imagina a cena. – Eu corri pra ajudar, mas quando eu peguei ele, um cara esquisito me tirou do meio da rua muito rápido e a minha mala caiu com todas as minhas coisas e...

– Espera um pouco – minha mãe está boquiaberta com a história, não acreditando nas palavras do filho, ou melhor, nas minhas palavras. – Você foi pro meio da rua?! – Ela questiona num tom bravo.

– O passarinho tava machucado! – O garotinho, aos prantos, logo se defende. – Não podia deixar ele lá!

– Ah, meu deus, Howard! Não pode fazer essas coisas! Quer me matar do coração?! – Mamãe respira fundo e fecha os olhos, tentando manter o controle da própria voz. – Você disse que um homem o tirou da frente dos carros. Ele te falou quem era?

– A-acho que era Mercúrio – algumas lágrimas escorrem pelas bochechas redondas do menino, que tenta limpá-las com a manga do pijama. – Desculpa, mamãe, não queria te deixar triste.

Ainda tentando se acalmar, Pepper o abraça fortemente contra seu corpo, como se assim mantivesse o filho fora de perigo.

– Você é tudo pra mim, Howard – ela sussurra no meu ouvido. – Não sei o que eu faria se te perdesse – pegando o rosto do filho com ambas as mãos e o cobrindo de beijos, ela sorri. – Meu menino meigo. E o que aconteceu com o passarinho?

– Deixei ele num veterinário – o mini eu volta a sorrir. – Ele disse que cuidaria direitinho dele.

– Eu amo você, Howl.

– Também amo você, mamãe.

De repente, a cena toda congela. Sinto uma lágrima rolar pelo meu rosto e percebo que aquela lembrança me emociona. Esse foi um dos poucos momentos em que a gente esteve tão próximos, afinal, ela sempre estava trabalhão ou viajando... Pelo trabalho.

Poderia ficar observando aquele momento por muito tempo, mas algo me puxa pela cintura para trás, afastando-me daquela boa memória. Não tento lutar, pois rever o episódio me deixou num transe emocional forte e bom, do qual eu não quero sair tão cedo.

E, novamente, sou abraçado pela escuridão.

[x]

– A pressão estabilizou, embora esteja muito baixa – uma voz masculina desconhecida diz num tom neutro. – Está ainda com tosse e um pouco de febre

– Ele vai ficar bem? – Agora é uma voz feminina que surge.

– Não sei dizer. Aparentemente isso parece ser algum tipo de gripe, então teoricamente sim, ele ficaria, mas temos que saber logo o que é isso – sinto um cutucão na lombar. – Parece que é daqui que a armadura saiu - Armadura? Eu estou de armadura? Melhor ainda: onde estou? - Acho que ele recuperou a consciência também.

– Será que ele pode nos escutar? – A voz feminina volta a perguntar.

– Não sei dizer – eles ficam em silêncio por alguns segundos. – Você pode me escutar? – Quando percebo que a voz masculina está falando comigo, eu tento de alguma forma me mexer, mas tirando a minha coluna, ainda não sinto meu corpo, então não sei ao certo o que estou fazendo. – As sinapses nervosas tiveram alteração! Ele está nos escutando! Se ainda estiver me ouvindo, pisque. Você consegue piscar?

Essa é uma boa pergunta. Como vou piscar se não sinto o meu rosto?

Concentrando-me ao máximo, volto toda a minha força para onde eu imagino estarem meus olhos. Eu tenho que fazer meus olhos mexerem, nem que for por um único segundo. Tenho que avisar as vozes que estou vivo.

Pisque, pisque, pisque...

– Ele piscou! – Exclama a voz feminina num tom empolgado. – Acha que consegue injetar nele o “despertador”?

Como é que é? Ela quer injetar em mim um despertador? Por onde?

Ainda bem que não estou sentindo nada. Será que fui parar nas mãos de alguns malucos esquizofrênicos psicóticos? Deus, espero que não.

– Acho arriscado... Mas talvez seja a única possibilidade de fazê-lo acordar de vez.

–E então...?

– Teremos que arriscar.

A palavra “arriscar” não me deixa muito seguro, na verdade, me deixa apavorado. Eles sabem mesmo o que estão fazendo?

– Você vai conseguir perfurar a pele dele?

– Não sei, com a pressão baixa desse jeito, o ideal seria dar uma dose maior de uma vez.

– E como pretende fazer isso?

– Vou ter que fazê-lo tomar oralmente.– escuto o barulho de um líquido sendo misturado dentro de um vidro, e um cheiro forte e ácido começa a exalar. -“Tomar”. Graças a deus não era o que eu pensava. - Acho melhor você se afastar, não sabemos a reação que ele vai ter.

– A Helena disse que...

– Deixa a Helena pra lá, ok? Eu também sei o que to fazendo!

– Se você diz...

De repente sinto um líquido denso e azedo ser empurrado para dentro da minha boca e... Espera, eu to sentindo a minha boca! Conforme o líquido vai adentrando mais e mais, eu começo a recuperar a sensibilidade do meu corpo. Porém, a coisa começou a ir rápido demais, tudo está voltando ao meu controle muito rápido e com uma enorme energia. Sinto meu coração bater, acelerando a cada sístole e diástole.

Isso não vai acabar bem.

E, como se eu tivesse recebido uma enorme carga elétrica na espinha, meus olhos se abrem e eu salto do lugar onde estava deitado, caindo num solo duro como pedra. A sensação energética me domina, deixando-me desconfortável e com uma enorme dor de cabeça. Minha respiração não é o suficiente pra cumprir o que o meu corpo exige, o que resulta numa falta de ar horrenda.

– Ei, vai com calma – a dona da voz feminina, uma garota loira da minha idade com enormes olhos verdes, me instrui com um sorriso amigável. - Você está bem?

Não consigo responder de imediato a pergunta, pois por alguns instantes eu havia me esquecido de como mexer a minha boca.

– Argh – consigo responder apenas, pois os mínimos movimentos me doem todos os músculos.

– Acho que ele ainda está tonto – a voz masculina, que pertence a um rapaz com cabelo desgrenhado preto, barba rala e chamativos olhos azuis, vem para perto de mim, estendendo-me a mão. – Consegue se levantar?

Tentando não parecer um completo retardado, esforço-me para conseguir me por em pé sozinho. Tanto a menina loira quanto o garoto moreno observam enquanto ergo-me devagar. Quando finalmente estou ereto com meus pés firmes no chão, eu começo o interrogatório.

– O que aconteceu? Quem são vocês? Onde estou?

Enquanto os dois trocam olhares, eu decido fazer uma varredura básica do local onde me encontro. É um quarto enorme e bem antigo. A cama da qual caí é uma King Size com três travesseiros enormes que apoiaram a minha cabeça. O chão é feito de carvalho envelhecido, e as paredes brancas tem detalhes trabalhados na divisão com o teto. E, pra coroar, um enorme candelabro antigo de latão ilumina o local.

Engraçado, eu tenho a impressão de que já vi esse quarto em algum lugar.

– Você faz perguntas demais. – O moreno aponta num tom de desagrado. – Que tal agradecer ela por ter salvado a sua vida?

– Não seja rude! – A menina repreende as palavras do outro. – Desculpe o meu irmão, ele é grosso às vezes – mordendo os lábios, ela me pergunta logo em seguida. – Você não se lembra do que aconteceu?

Forço minha memória para tentar achar alguma coisa, mas tudo o que consigo são algumas imagens borradas e um latejar na nuca. Quando o toco, a garota loira explica.

– Eu estava andando na rua quando eu vi um clarão enorme se aproximar rapidamente de um beco há algumas quadras de onde eu estava. No momento que o clarão atingiu o solo, houve apenas um pequeno barulho.

“Corri para ver o que era, e me deparei com uma caçamba tombada pro lado. Assim que fui verificar o que era, eu me deparei com você. Eu te vi caído com a cabeça na quina e pensei que tinha morrido, mas quando te virei, um metal esquisito estava se retraindo da região do pescoço de volta para a sua lombar.”

– Enfim, eu não podia simplesmente te deixar largado lá na sarjeta – dando-me um sorriso gentil, ela aponta para o irmão. – Nós dois cuidamos de você aqui até agora.

– Não que eu concordasse com a ideia de te trazer aqui – novamente o irmão dela me ataca num tom seco. – Ainda não concordo, se quer saber. Não gosto de estranhos aqui.

– Olha, obrigado pela ajuda. Eu não quero continuar aqui pra atrapalhar vocês, ok? – Tento ser o mais controlado e cortês possível com as pessoas que salvaram a minha vida. – Mas eu não tenho ideia do que aconteceu comigo e eu realmente preciso achar algumas respostas.

– Você se lembra de alguma coisa antes de estar caindo? – A loira me pergunta, fitando-me de maneira curiosa com seus belos olhos verdes.

– E-eu não sei... Acho que eu estava no casam... – E de repente eu paro, contemplando as memórias que voltam rapidamente. O casamento! O ataque de Sin com a HAMMER! Minha família e amigos estavam lá também! Eu preciso saber como eles estão. – Será que algum de vocês sabe chegar no Instituto Xavier Para Jovens Dotados?

O garoto moreno me encara com o cenho franzido.

– Nunca ouvi falar – Droga. Eu devo estar em alguma cidade do interior. Se bem que com esse computador que eles têm, eu duvido que aqui seja tão longe de algum centro tecnológico. – Além do mais, por que deveríamos ajudar um completo estranho?

Respiro fundo.

“Ele é apenas mais um Luke Barton, você sabe lidar com esse tipo de pessoa.”

– Meu nome é Howard Stark, sou filho de Tony Stark, dono da Stark Inc. e eu posso dar uma grande quantidade de dinheiro pra vocês se me ajudarem a ir pra Nova York. – Logo faço a oferta, sem me importar se estou dando muita informação. Estou desesperado, preciso saber se os meus amigos e meus pais estão bem.

Porém, ao contrário do que eu esperava, os dois irmãos me olham com um pouco de aflição, quase como se eu fosse louco e estivesse no meio de um delírio.

O que eu disse de errado?

– O quê?

– Primeiro de tudo – o garoto moreno diz com desdém. – Nós não queremos, e muito menos precisamos do seu dinheiro.

A menina, ao contrário do irmão, tenta falar com a maior delicadeza possível.

– Hã, Howard, certo? - Eu confirmo rapidamente. – Desculpe, mas não conheço a empresa do seu pai... E muito menos de Nova York.

Meu queixo cai. Como assim eles nunca ouviram falar de uma das cidades mais importantes do mundo?! Será que eu to no Canadá? Tipo, perto das calotas polares ou algo do gênero?

– Vocês só podem estar brincando. Isso é sério? - Ela concorda de leve com a cabeça. – Que fim de mundo é esse que eu caí? E quem são vocês?

– Fim de mundo? – A gargalhada do garoto moreno é tão alta que ecoa pelo lugar. – Acho que agora é você que tá zoando da nossa cara.

Vendo que estou com um ponto de interrogação enorme estampado da cara, a menina mantém seu sorriso acolhedor enquanto tira minhas dúvidas.

– Meu nome é Barbara Wayne, e aquele é meu irmão, Damian. – Ela aponta para o rapaz moreno, que me dá um sorriso debochado antes de dizer:

– Bem-vindo a Gotham, Howard Stark.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Estavam esperando por isso? haha
Não deixem de comentar! E deem uma olhadinha no tumblr que compartilho com a Catwoman (autora de SHIELD-O Futuro) www.tomorrowheroes.tumblr.com
Até a próxima
xx