Após o perturbador encontro com John do futuro, os viajantes do tempo retornaram aos seus lugares na linha do tempo, voltando para o dia em que saíram. John e Stephen resolveram ficar mais um dia nA Toca para então viajarem de volta para os Estados Unidos. Aproveitaram tal dia para por Morpheu à par da situação.

– Então... vocês me expliquem de novo? Mesmo eu, fiquei confuso.

Stephen revirou os olhos bufando, não agüentava mais falar sobre o tema.

– Quer saber... Fiquem aí e conversem à vontade sobre isso. Não vou mudar minha opinião. – E saiu, sem rumo, da barraca.

Morpheu olhou para John, que por sua vez entendeu que Morpheu precisava de outra explicação.

– Jedikiah descobre que eu e Stephen estamos namorando e arma para o Stephen, para tentar chegar nos refugiados que moram comigo. O plano dele é me capturar.

– Entendi...

– Só que ao invés de pegar à mim, ele pega a Cara e faz terríveis experimentos nela. – John engoliu em seco e piscou devagar – Ainda não sei bem o que ele fez com ela, mas isso a deixou fora de controle. Tão fora de controle que... É como se os poderes dela estivessem vivos. Além disso, ela podia matar. – John respirou fundo e fechou os olhos para que as lágrimas, que agora enchiam seus olhos, não escorressem - Ela mata o Stephen.

Morpheu não teve reação. Ficou imóvel absorvendo as informações. Cada detalhe era importante, para que no seu futuro, toda a viagem se repetisse e para que nada fosse alterado, ele precisava saber de todos os spoilers.

– Sabe, John... eu estava pensando... Eu vou com vocês. Eu voltei para impedir tudo isso.

– Você voltou pra impedir o meu namoro com o Stephen.

– Não é nada pessoal. Acho legal esse romance de vocês, só que há muito mais coisas a se considerar aqui. Cara vai se tornar a pior arma que o mundo já viu, matando milhões. Os Seres Do Amanhã serão expostos e nós não estamos apenas no seu país. E claro: a morte de várias pessoas com quem nos importamos. Stephen entre elas.

– Eu não quero uma vida sem ele.

– Então se afaste dele antes que Jedikiah descubra que vocês têm um caso!

– Mesmo que “pelo bem maior”, eu me afastasse dele, ele não se afastaria de mim. E isso não só me machucaria emocionalmente, como machucaria Stephen também.

– Então quer dizer que você deixaria sua amiga e ex-namorada, destruir uma cidade inteira por que Stephen estaria machucado por dentro? - John encarou Morpheu silenciosamente – Isso não pode estar acontecendo. – Dizia, inconformado com a atitude de John. – E o que Stephen pensa disso? Qual a opinião dele?

John deixou escapar um sorriso.

– Stephen diz que não importa o futuro. Quanto tempo ainda temos. Independente do que acontecerá, o que pra ele ainda é incerto, ele não vai desistir de me amar. Ele não vai desistir de nós.

Morpheu suspirou. Isso era exatamente o tipo de coisa que Stephen diria. Falar com ele seria inútil. John era mais racional e sabia que cuidar de outras pessoas não era fácil, já que ambos eram líderes, então usou seu último recurso.

– Roger ficaria decepcionado com vocês dois.

No dia seguinte, John e Stephen foram buscar suas coisas no hotel onde se hospedaram há alguns dias atrás e voltaram para A Toca. Morpheu apresentou Josh à John e Stephen enquanto os dois se despediam do pessoal. Josh parecia animado quanto à missão que recebera, de levar os três para se preparem para a batalha que estava por vir, já que suas ultimas tarefas tinham sido apenas teleportar as pessoas.

Selena estava triste por Morpheu deixá-la. Lágrimas escorriam pelo rosto apesar de o costumeiro sorriso brincalhão continuar estampado em sua face. Morpheu a abraçou, passando a mão em seus cabelos enquanto sussurrava-lhe coisas no ouvido e por fim a beijou demoradamente.

Por fim, todos saudaram os quatro e então Josh os teleportou dali.

Os quatro apareceram num beco escuro quase não fazendo barulho. Em seguida, foram para o metrô e então para o covil dos Seres Do Amanhã. Assim que chegaram, foram recebidos por Cara e Russell, que foram avisados, telepaticamente, que teriam visitas.

Cara ficou feliz por Stephen e John terem voltado, mas não gostava muito a idéia de que o homem misterioso do capuz estivesse por ali. Russell, por sua vez, simpatizou-se com Morpheu e Josh, e não tardou a chamá-los para jogarem sinuca no bar que costumava visitar.

Mais tarde, quando todos já estavam acomodados e Stephen já tinha ido para casa, Cara e os rapazes se juntaram para conversarem sobre a viagem de John e Stephen. A menina ficava boquiaberta a cada palavra que ouvia. A Toca, as extensões dos três t’s, a viagem no tempo e a morte de pessoas com quem se importava (e as que não se importava).

Como esperado, Cara não acreditou. Como poderia acreditar naquele absurdo? Viagem no tempo? Ela destruindo tudo e todos? Não, não era possível.

Russell ficou em dúvida, mas rapidamente aceitou a idéia de ser possível viajar no tempo levando em consideração a teoria de Morpheu sobre as extensões, logo todo o resto fazia sentido.

Para convencer Cara sobre a viagem no tempo, foi preciso leva-la de volta no tempo, e mesmo assim, ela ainda não confiava em Morpheu. A verdade é que Cara não queria que isso acontecesse com ela, não suportava o fato de ser a vilã, de ir contra tudo o que lutou contra. Talvez por isso estivesse descontando em Morpheu.

Por causa das discussões constantes entre Cara e Morpheu, ele e Josh foram procurar um hotel para ficar, pois os outros Seres Do Amanhã estavam incomodados e preocupados com os líderes (John e Cara).

Nesse mesmo dia, após Morpheu e Josh saírem do covil, John simplesmente sumiu. Ninguém conseguia acha-lo, nem mesmo Stephen, telepaticamente. O jovem namorado de John procurou em todos os lugares que imaginou que John poderia estar. Imaginou! Era isso. Stephen pensou em John, lembrou-se dos bons momentos que tivera com ele e deixou que o seus sentimentos tomassem conta de sua mente e no segundo seguinte, sentiu o ar um pouco mais quente enquanto ouvia os passos de alguém parar vagarosamente.

– Stephen?

– John! – Stephen abriu os olhos e correu para o abraço de John. – Porque você sumiu, seu louco?

– Como você me achou?

– Eu perguntei primeiro.

– Eu vim apenas pensar um pouco.

– Fiz igual você quando apareceu no hospital quando levei um tiro.

John forçou um sorriso e Stephen percebeu que era forçado. Não estava satisfeito. Sumiu porque tinha que “pensar” e agora forçava sorrisos para Stephen, o rapaz não estava gostado nem um pouco do jeito estranho de John.

– O que está pegando? Porque você está assim? – Perguntou com medo da resposta.

– Stephen, eu não quero me afastar de você. – Stephen revirou os olhos. Os dois voltariam a discutir sobre a viagem no tempo – Só que não quero que pessoas inocentes morram por nossa causa. E se Jedikiah descobrir que eu amo você?

– Sobre isso... Acho que ele já deve ter descoberto. Provavelmente o novato que trabalha comigo nem é tão novato assim.

– Ainda assim, Stephen, nós temos mais seis dias antes de tudo aquilo que vimos, acontecer. Não podemos ser egoístas e pensar somente em nós... Porque eu tenho que te amar?

Stephen ficou vermelho. Não podia estar ouvindo aquilo. John estaria desistindo dos dois? A resposta para todos os problemas estava bem na cara de John e ele não enxergava.

Stephen deu um soco em John, que ficou imóvel encarando o namorado.

– Eu concordo com você, não podemos simplesmente deixar outras pessoas morrerem apenas para ficarmos juntos, mas isso não significa que meus sentimentos por você irão desaparecer. Se nós vimos como as coisas vão acontecer, basta pisarmos em lugares diferentes, falarmos coisas diferentes e ficar de olho que sabemos que vai acontecer. Ainda podemos mudar o que está por vir. Além disso, nós não vimos algo concreto, vimos as memórias de alguém abalado emocionalmente.

– Porque eu te perdi, Stephen. Eu não quero me ver assim, não quero me ver sem você.

– Já pensou na possibilidade de termos interpretado tudo errado?

– Não acho que seja este o caso.

– Então é isso? Você vai simplesmente desistir de nós dois? Vamos mostrar à esta porcaria de vida que nós podemos reescrever o tempo!

John ficou com os olhos cheios de lágrimas, mas não as deixou que escorressem com vergonha. Apenas abraçou Stephen fortemente e se teleportaram dali.

Reapareceram em uma casa abandonada, mas limpa e com todos os móveis cobertos por lençóis. John, de mãos dadas com Stephen, levou-o para o quarto e começou a beijá-lo intensamente. Logo os dois já estavam tirando as camisas e se deitando na cama em cima do lençol que a protegia da poeira.

– Espera... É certo entrarmos numa casa qualquer só para transarmos?

– Não, mas eu costumava morar aqui com outras crianças quando era criança. – John sorriu – Obrigado por não desistir de mim... De nós.

Stephen deu um selinho em John.

– John Drama Queen!

E voltaram a se beijar (entre outras coisas).