Já era a terceira vez que Shunrei ia ao toillet. Normal para uma grávida no último trimestre. Quando ela retornou a mesa, Marin pediu para o garçom trazer o bolo, quando chegou, todos começaram a cantar parabéns para Shiryu. Os funcionários o abraçavam e felicitavam o ex-colega de trabalho.

_Faça um pedido e apague as velinhas! Disse Ikki.

Todos da mesa estavam de pé quando Shiryu fechou os olhos por um instante e seguidamente apagou as velinhas, então ouviram um gemido baixinho e todos olharam para Shunrei.

_Não deu tempo de ir ao banheiro! Disse Shunrei bastante corada, enquanto descia o líquido por suas pernas.

Imediatamente ela se encurvou com as mãos na barriga, soltando um gritinho de ai.

_Ela está entrando em trabalho de parto! Disse Aiólia.

_Resposta imediata do pedido, hein? Disse Ikki dando tapinhas nas costas de Shiryu.

_Isso não é hora para brincadeirinhas, Ikki. Vamos levá-la agora ao hospital. Disse Minu ajudando Shunrei a sentar.

_Vamos levá-la no meu carro. Disse Aiólia.

_Não, vou levá-la no meu! Retrucou Shiryu nervoso.

_Não Shiryu! Você está muito nervoso, é melhor irmos no meu. Disse Ikki.

_Vocês três querem parar, por favor! Se demorar mais um pouco o bebê vai nascer aqui mesmo! Falou Shunrei ofegante.

Ela se levantou ajudada por Shiryu e Minu e começou a dar as instruções:

_Shiryu e eu vamos no carro de Aiólia. Ikki e Minu vão até o hotel para pegar a mala do bebê que eu já deixei pronta.

Shunrei parou de falar, pois estava chagando mais uma contração. Prontamente Shiryu a pegou no colo e levou até o carro, deitando-a no banco traseiro. Aiólia deu a partida, colocou uma pequena sirene ligada no teto do carro que ia pedindo passagem urgente ao trânsito. Enquanto isso, Ikki e Minu estavam no quarto do hotel procurando a mala de Shunrei. Eles encontraram uma mala grande azul clarinho identificada com MAMÃE & BEBÊ.

“Só pode ser essa aqui! Mas pra quê tudo isso para uma pessoinha tão pequena?” Pensou Ikki.

_Ikki, vamos logo! Apressou Minu.

Aiólia estacionou na frente do hospital, enquanto Shiryu entrava com Shunrei nos braços,ele ligava para Ikki para dar o endereço do local. Imediatamente surge uma enfermeira de longos cabelos loiros e olhos esverdeados, com uma cadeira de rodas. Shiryu colocou Shunrei na cadeira e foram imediatamente para um quarto, momentos depois chegam também Ikki e Minu, eles ficaram na recepção fazendo a fichinha de Shunrei enquanto Shiryu a acompanhava. Já no quarto, Shunrei tem outra contração.

_Oh, quanta dor! Dizia Shunrei quase sem ar.

_Calma querida, vai ficar tudo bem! Consolava Shiryu alisando-lhe a mão nervosamente.

_Senhor, não esfregue a mão da paciente. Ajude-a na respiração, ok? Disse a enfermeira antes de sair para chamar o médico.

_Está doendo muito Shunrei? Perguntou Shiryu ajoelhado a cabeceira da cama, segurando suas mãos.

_Agora aliviou um pouco, mas quando acontece dói muito! Parece que vou me partir ao meio. Explicou Shunrei.

_Eu sinto muito querida! Daria tudo para você não sofrer assim.

_Mas apesar da dor, eu estou muito feliz, amor! Daqui a pouco vou lhe dar seu presente de aniversário. Disse Shunrei sorrindo.

Shiryu aproximou-se do seu rosto depositando-lhe um beijo terno em seus lábios.

_Boa noite! Cumprimentou o médico adentrando no quarto.

Ele tinha uma altura mediana, seus cabelos eram estranhamente verdes assim como seus olhos, mas era muito bonito e transmitia paz e serenidade em seu semblante.

_Boa noite, doutor. Por favor, ajude minha mulher! Implorou Shiryu.

_Calma, meu rapaz! Papai de primeira viagem, hein? Brincou o médico.

_Shunrei, eu sou o Dr. Shun Amamiya. Já dei uma olhada em seus exames e está tudo bem com você e o bebê e sua pressão arterial também está ótima! Agora vou agora verificar sua dilatação, ok?

Shunrei assentiu com a cabeça. Shiryu ficou desconfortável com o exame de toque e disse para si mesmo que da próxima vez vai combinar com Shunrei um parto cesariano.

“Ora, mas o que é que eu estou pensando, meu filho ainda nem nasceu e já estou programando o nascimento do segundo!” Pensou Shiryu rindo consigo mesmo.

_Shunrei, você já vai ver o rostinho de seu bebê. E você também papai! Disse o médico fazendo umas prescrições no prontuário da paciente e entregando-o a enfermeira que fez um acesse intravenoso e administrou a medição conforme estava prescrito.

_Já volto. Qualquer coisa é só apertar esse botão aqui. Instruiu a enfermeira.

Mais adiante a enfermeira encontrou o médico.

_Dr. Amamiya, o senhor lembra-se desse rapaz?

_Ora June! Pode me chamar de Shun, afinal sou seu namorado. Disse Shun colocando os braços em volta da cintura de June.

_É que eu não gosto de misturar trabalho com vida particular. Sabe como tem algumas pessoas fofoqueiras aqui, né?

_Eu entendo. Mas o que tem o futuro papai?

_Ele é aquele rapaz que passou meses internado aqui, vítima de acidente e perdeu a memória.

_Agora que você falou me lembrei. Que bom que ele encontrou sua família!

_É.

Minutos mais tarde a enfermeira June retornava ao quarto levando uma cadeira de rodas.

_Vamos lá?

_Eu posso acompanhar? Perguntou Shiryu.

_É claro que sim! Eu trouxe essa roupa especial para o senhor. Disse a enfermeira.

Shiryu vestiu-se rapidamente e como seus cabelos estavam soltos e eram muito compridos, ele não conseguiu colocar a touca.

_Ah, mas o senhor não poderá ir se não colocar a touca! Disse a enfermeira.

_Mas é que eu não consigo colocá-la, ora essa! Retrucou Shiryu.

_Então não vai entrar! Retrucou a enfermeira.

_Querem parar vocês dois? Disse Shunrei alterando a voz devido as contrações que agora estavam mais próximas uma da outra.

_Shiryu, venha aqui. Ordenou Shunrei.

Ele de pronto agachou-se e ela pegou seus cabelos, fez um laço e colocou a touca.

_Pronto!

Ao chegarem à sala de parto, June conduziu Shunrei a um pequeno vestíbulo. Depois a enfermeira deixou-a na mesa apropriada para partos naturais. Shunrei sentia muita dor, Shiryu estava posicionado atrás da amada, ele segurava suas mãos e ajudava na respiração. Ela concentrava-se na respiração dele. Respirar juntos era gratificante para os dois nesse momento tão importante.

_Oi, mamãe! Vamos lá? Disse o Dr. Shun acompanhado da enfermeira e de uma pediatra.

_Quando vier uma contração forte, quero que faça força para baixo, empurrando o bebê, ok? Orientou o médico pacientemente.

_Ok! Respondeu Shunrei ofegante.

Depois de muito trabalho, nasceu o bebê. Os pais choravam emocionados ouvindo o chorinho forte do recém-nascido. Shiryu beijava a testa da amada, enaltecendo-a pelo trabalho penoso e prazeroso ao mesmo tempo. O médico pediu a Shiryu para cortar o cordão umbilical. Assim que foi feito, o bebê foi entregue a pediatra para os devidos procedimentos e Shiryu acompanhou de pertinho. Depois do primeiro atendimento, ela entregou-o ao pai que estava maravilhado com o filho. A pediatra indicou para ele levar o lactente até a mãe, para a primeira mamada. Shiryu o fez e com a ajuda da enfermeira, o bebê começou a sugar seu primeiro alimento fora da barriga. Shiryu afastou um pouco para admirar aquela cena. De repente o sorriso de seus lábios sumiu e ele começou a lembrar-se do seu passado.

Continua...