Aposta Destrutiva escrita por Wine


Capítulo 13
Pernas fascinantes, plásticas e hobbies




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/462376/chapter/13

– Wow, Lily Evans, que olhar é esse? – a perspicaz Alice perguntou assim que a ruiva passou pela porta do quarto e se dirigiu a sua cama. – Você está bem?

Lily se fez a mesma pergunta. Ela estava bem? Há poucos minutos tinha certeza que beijara James Potter, mas agora que estava tentando raciocinar, tudo parecia ter sido fruto de sua imaginação. Honestamente, ela tinha uma imaginação bem fértil. Ainda assim, podia sentir seus lábios pinicarem onde James encostara.

– Estou bem – respondeu com a voz fraca, sem encarar a amiga.

Alice encontrava-se sentada perto da janela, lendo seu livro de Transfigurações. Ela irritava-se cada vez mais com tecido velho da cortina vermelha que ocasionalmente roçava em sua cabeça, graças ao vento que vinha da janela, mas o que mais a incomodava era a expressão doente que estampava o rosto de Lily.

– Qual é o seu problema, Lily? – perguntou com o tom de voz responsável demais. Pegou um cartão postal que seus pais lhe enviaram no mês passado a fim de marcar a página onde parara a leitura e transferiu sua concentração para a conversa. – Você está bêbada?

O quê? – Lily perguntou estridente. – Bêbada? Eu? Alice, você realmente acha que eu ficaria bêbada? Por acaso é você quem está bêbada?

Aliviada, Alice suspirou. Pelo menos a dona certinha e chiliquenta ainda estava ali.

– Desculpe – A morena respondeu, sentando-se mais ereta. – É só que... Sei lá, seu rosto está um pouco vermelho e você não estava falando nada... E como estava com James, não duvidaria de nada.

Lily sentiu seu estômago revirar quando Alice mencionou o nome de James. Sinceramente, Lily ainda estava extasiada demais, acreditava que nunca pararia de se sentir eufórica.

– Como foi seu encontro? – Alice perguntou, não escondendo a curiosidade. Ela era de uma cidade pequena do norte do país, mas como passava a maior parte de seu tempo em Hogwarts, quase não apresentava mais sotaque; exceto quando tagarelava excessivamente animada e ansiosa, como nesse instante. – Dançaram muito? Foi assim que eu e Frank nos apaixonamos, sabia? Ele roubou meu coração no instante em que me rodopiou na pista de dança.

Deixando de pensar em James – ou pelo menos tentando – , Lily analisou a amiga com as sobrancelhas erguidas. Alice aparentava estar tão perdida em suas próprias lembranças que não parecia mais querer ouvi-la. Esse era outro dos momentos em que Frank roubava a melhor amiga de Lily sem nem mesmo tentar.

– Hum – Lily pigarreou levemente. – Na verdade, James não sabe dançar. Descobri isso da pior maneira possível.

Dessa vez, Lily sorriu abertamente com a memória. James Potter num salão lotado, arrastando desajeitadamente os pés e remexendo-se como um hipogrifo. Francamente, ela nunca se esqueceria dessa cena. Nem mesmo em um bilhão de anos.

O quê? – Alice perguntou espantada, deixando de sonhar acordada. – Mas era country! Qualquer diabrete sabe dançar musicas country!

Eu sei!

As duas garotas se entreolharam e riram como meninas de cinco anos de idade assistindo a seu desenho preferido. Pela primeira vez em muito tempo, Lily Evans se sentia em sintonia com Alice. Ela finalmente encontrara um cara legal, assim como a melhor amiga. Ou, pelo menos, era isso o que pensava.

– Ele me chamou para jantar com ele e os amigos – Lily continuou numa voz empolgada demais para seu tom realista e pé no chão de costume. – Eu aceitei, mas... Não sei, acho que estou com medo.

Admitir isso era mais do que Alice esperava que Lily faria. A mais dedicada aluna da casa Grifinória nunca demonstrava fraquezas, mesmo para os amigos mais íntimos. James Potter parecia estar abrindo os sentimentos dela para o mundo.

– Tenho certeza que vai dar tudo certo, Lily – Foi a resposta que Alice deu com seu sorriso repleto de orgulho.

– Por acaso a senhorita e essas pernas fascinantes vêm sempre aqui? – Sirius Black sussurrou num tom sedutor, enquanto seu dedo indicador brincava com a barra da saia que Marlene vestia.

Para, Sirius – Ela respondeu curta e grossa, afastando-se.

Os dois estavam sentados lado a lado no banco refeitório, porém era como se estivessem a quilômetros de distância. Marlene apoiava seu cotovelo na mesa e recusava-se a encarar qualquer coisa que não fosse sua comida. Sirius estava farto de ter de lidar com a frieza dela e os olhares que outros lançavam na direção deles. O boato de sua galinhagem com Dorcas Meadowes se espalhara tão rápido como um incêndio de fogomaldito. No entanto, ele sabia que a chama eventualmente se apagaria – ou pelo menos, Sirius desejava desesperadamente que sim.

– Você não pode estar brava por causa daquela mentira... – Sirius voltou a dizer, tentando mais uma vez acabar com o clima. – Você não está, não é?

– Eu deveria estar? – Ela perguntou sem mover sequer um musculo, apenas erguendo uma sobrancelha perfeitamente desenhada para sua salada.

– Não, é claro que não – Sirius respondeu pronto. Felizmente, mentir era algo natural para ele. – Aquela vadiazinha só quer chamar atenção.

Marlene assentiu, mas ainda só tinha olhos para seu prato. Não podia se permitir não acreditar na palavra de Sirius, porque se Dorcas Meadowes estivesse falando sério, significaria que todo conto de fadas que Marlene lutara tão duro para conseguir não seria verdade. Por que era tão difícil para uma garota viver em paz com o amor de sua vida?

– James! – Sirius animou-se assim que viu o amigo na multidão.

Como sempre, James com toda certeza o ajudaria a recuperar a confiança de Marlene e eles poderiam continuar com suas vidas perfeitas até o próximo deslize de Sirius. O alivio era evidente na expressão de Black.

Contudo, conforme James se aproximava, Sirius notou que o amigo provavelmente estava bêbado ou no mínimo chapado, porque arrastava a estranha monitora ruiva em baixo do braço, sorrisos estampando os rostos dos dois, como se fossem dois Teletubbies abobados.

Era perceptível que Lily estava nervosa. Porém, desde que James a encontrou mais cedo no salão comunal com as tradicionais frases idiotas dele na ponta da língua, ela pareceu relaxar consideravelmente. Nenhum dos dois mencionou nada a respeito do beijo para a sanidade da garota.

– O que a Lindy está fazendo aqui, James camarada? – Sirius perguntou com olhos arregalados. James deveria dedicar toda sua atenção para resolver o problema de Sirius, não para paparicar uma ruiva azeda.

– Lily – Lily corrigiu, sentindo seu rosto corar.

Lily nunca teve uma boa impressão de Sirius Black; sempre o considerou arrogante e egocêntrico, assim como James. Por Merlin, os dois estudavam juntos há anos e ele não se dera nem mesmo ao trabalho de decorar o primeiro nome dela? Francamente!

O que ela não sabia, entretanto, era que o hobbie de Sirius era errar o nome dos colegas. Parte dele considerava essa uma atitude de garanhão.

– Lily vai jantar conosco hoje – James anunciou em tom descontraído. – Eu disse a ela que vocês não mordem, então, por favor, não vão quebrar a regra agora.

O garoto não estava pedindo permissão. Estava apenas informando os amigos que Lily Evans se juntaria a eles.

Ouvindo a frase, até Marlene deixou seu mau humor em segundo plano para encarar a ruiva que se sentava bem em sua frente na mesa, ao lado de James. Era claro que Sirius estava lançando ao amigo um olhar perfurador, praticamente enciumado por ter que dividir a atenção de James com a nova garota. Marlene, por outro lado, estava apenas lançando um de seus olhares questionadores, o qual James respondeu com um sorriso torto.

Eu poderia morder se quisesse – Sirius murmurou indignado, apenas recebendo um olhar nada amigável de Potter em resposta.

Marlene olhou para Lily e notou que ela parecia frágil e perdida demais com seus ombros encolhidos e lábios pressionados. De certa forma, nesse momento, Marlene lembrou-se de si mesma quando se sentou com os Marotos pela primeira vez. Bem, exceto que Sirius parecia não conseguir tirar a língua do pescoço dela na ocasião.

– Pelo amor de Merlin! – Marlene exclamou, procurando o tom mais entusiasmado que tinha. Ela podia ser simpática quando queria. – Eu adorei a sua pulseira, Lily! É linda!

Espantada por perceber que alguém estava interagindo com ela, Lily encontrou os grandes olhos de Marlene destacados com pesada camada de rímel.

– Obrigada – Lily disse com a voz fraca e sem entender por que alguém como Marlene Mckinnon olharia para algo tão simples como seu bracelete floral.

– É realmente linda – Marlene continuou, percebendo o olhar grato que James a dirigia do outro lado da mesa. – A propósito, eu sou a Marlene, bff oficial do James. Qualquer segredo obscuro que você quiser saber é só me procurar.

– Bom saber disso – a ruiva sorriu, visivelmente mais calma.

– Não tenho nenhum segredo embaraçoso, minha consciência está tranquila – James sorriu, colocando uma generosa quantidade de comida em seu prato. Era surpreendente como ele ainda era capaz de comer após tantas fatias de torta que comera no almoço. – Qualquer coisa que Lene falar é pura calunia.

Lily riu e Marlene acompanhou-a numa risada melódica.

– Lição numero um, Lily – A morena disse, encarando-a nos olhos. – James Potter é um tremendo mentiroso.

– Não minto mais do que você, Lene – James respondeu rápido. Seu tom de voz era brincalhão, mas sua expressão mostrava a severidade por trás das palavras dele.

Marlene Mckinnon era uma das poucas pessoas que sabiam sobre a aposta. Potter temia que por algum motivo idiota, como união feminina, Marlene poderia contar toda verdade para Lily. O pensamento o assustava.

– Sabia que o nariz dela é operado? – James, louco para voltar a discutir tópicos mais leves, sussurrou alto para Lily, de modo que a morena pudesse ouvir. – Costumava ser maior que as bolas de Black.

– Cala a boca, Potter! – Marlene gritou, jogando uma azeitona no garoto. – Isso é mentira, Lily. Meu nariz é totalmente natural.

– Relaxa, Lene – Sirius disse, aparentando estar se acostumando com a presença de Lily na mesa. Não significava que ele já gostava dela. – Contanto que os peitos sejam naturais, está tudo bem.

– Sirius! – Marlene disse genuinamente envergonhada. – Lily, ignore esses dois trasgos das masmorras. Eles chegam a ser ridículos. Eu juro para você, meu nariz é natural.

James e Sirius gargalhavam abertamente, eventualmente até socavam a mesa para tentar se controlar. Irritar Marlene era uma das atividades preferidas deles. De fato, era como se tivessem um dom para isso.

– Tudo bem, eu acredito – Lily sorriu.

– De qualquer forma, você não acha estranho a gente nunca ter conversado, Lily? – Marlene continuou, tentando ao máximo não quebrar o nariz do namorado, que ainda ria como um porco engasgado. – Quero dizer, estudamos juntas há tanto tempo, não é? Acho que nunca trocamos sequer uma palavra.

– Na verdade, - Lily disse depois de mastigar um pedaço de tomate. – Fizemos um trabalho em grupo no quarto ano, lembra? Sobre criaturas mágicas.

– Hum... Tem certeza?

– Lil, Marlene passou o quarto ano inteiro bêbada – James se intrometeu, fazer sua amiga sofrer de vergonha era um clássico. – Duvido que se lembre de algo.

– Cresça, James! – Marlene revirou os olhos.

Ainda que se controlasse para não parecer deselegante, Lily riu sinceramente. Talvez sair com Potter e seus amigos fosse mais natural para ela do que poderia ter imaginado. Para dizer a verdade, Lily até sentia que se encaixaria entre eles – ou talvez ela só estivesse sonhando acordada.

– Você vai ficar bem, não vai? – Remus perguntou assim que ele e Dorcas chegaram à beirada da escada que levava aos dormitórios. Ele não sabia se deveria ter acompanhado a garota o tempo todo, tinha medo de parecer um intrometido. No entanto, Remus se sentia mal em ver como Dorcas claramente se contorcia em agonia quando as pessoas olhavam para ela, sempre fofocando sobre seu passado com Sirius. Tudo que Remus queria era poder ajudar.

– É claro que vou ficar bem – Dorcas respondeu num tom ligeiramente grosso. Parecia que ela estava voltando ao normal. – Não sou uma donzela indefesa!

Remus quase poderia sorrir diante da resposta dela. Durante a tarde que eles passaram juntos, Dorcas Meadowes agiu exatamente como uma donzela indefesa agiria.

– Te vejo amanhã? – Ele perguntou esperançoso.

Dorcas lançou-o um de seus famosos olhares de desdém. O olhar teria funcionado muito melhor se os olhos dela não estivessem inchados e vermelhos de tanto chorar.

– Você me empresta um lenço para chorar e espera me encontrar todos os dias? – Dorcas perguntou raivosa. – Está tentando abusar de mim?

– É claro que não! – Remus respondeu rápido e espantado. – Só queria saber quando vamos continuar com as aulas! Sou seu tutor, lembra?

Dorcas balançou a cabeça em negação. Por acaso aquele garoto podia ser mais sem noção? Seus pés encontraram o primeiro degrau e ela seguiu subindo a escada. Contudo, antes de entrar no dormitório feminino, interrompeu seus passos.

– Você deveria arrumar um hobbie e me deixar em paz – Dorcas disse, sabendo que Remus estaria ouvindo.

– Ser seu tutor é meu hobbie! – Ele respondeu indignado, levando uma mão ao cabelo em pura frustração e suspeitando que sua frase o fez parecer mais nerd do que deveria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para ser sincera, eu estava adiando postar esse capítulo. Em parte, porque não sabia como me desculpar apropriadamente por demorar dois longos meses para atualizar – não vou me surpreender se mais da metade dos leitores já tiverem abandonado a fic. Espero que tenham gostado desse capítulo.
MUITÍSSIMO OBRIGADA A TODOS OS LEITORES LINDOS E MARAVILHOSOS QUE ME MANDARAM MP! Fico muito feliz em saber que gostaram da fic de verdade, ainda não respondi a todas as mensagens mas logo responderei, prometo!
.
VIIH LOVEGOOD, acho que nunca vou agradecê-la suficiente por ter recomendado Aposta Destrutiva! Significa muito para mim!!! ❤❤❤