A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 21
Discórdia




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Shion em seu escritório anotava no livro de ocorrências o incidente entre o italiano e Heluane.

– Shion? - Dohko abriu a porta. - ocupado?

– Não. Entra.

O chinês aproximou sentando.

– O que está fazendo? - percebeu que se tratava do livro de ocorrências do santuário. - aconteceu alguma coisa?

– Sim. Giovanni machucou uma das meninas.

– Machucou? Como? Onde? - indagou afobado. - quem?

– Heluane, na casa de Câncer, dias atrás.

– O que ele fez?

O ariano contou brevemente o ocorrido.

– Não acredito que ele tenha feito isso. Se fosse o Mask antigo...

– Pois fez. Ele próprio admitiu. Está preso nas masmorras.

– Agora faz sentido o fato dela ter o chamado de fracassado...

– Que história é essa? - o fitou.

Dohko narrou o acontecimento.

– Foi apenas um revide... - o chinês deu razão a ela. - apesar de se aplicar a nós, ela disse apenas para ele... e eu a julguei...

– É inadmissível esse tipo de atitude de um cavaleiro de Atena.

– Fez muito bem. Mask não pode ficar impune. Acho que devo um pedido de desculpas a ela.

– Deve.

– E a missão do Afrodite?

– Está tudo certo. Sem problema algum. Apenas pedi para que ele ficasse de olho nas meninas.

– Por quê?

– Elas podem ser inimigas.

Por segundos Dohko ficou vermelho, depois explodiu numa gargalhada. Shion arqueou a sobrancelha.

– Qual a graça?

– Ficou louco Shion? - riu ainda mais. - a idade está te afetando. Está um velho gagá.

– Ao respeito!

– As meninas cosmos? Tem dó Shion, sua mania de precaução já está a níveis insanos!

– Todo cuidado é pouco.

– Está louco... elas são apenas pessoas normais Shion. Está paranoico.

– Pois não penso assim.

– A Paula estaria no meio? - o fitou dando um sorriso.

– Sim.

– Me responda uma coisa... - aproximou colocando os braços sobre a mesa. - está interessado nela?

– Não.

– Está sim. - abriu um sorriso. - eu te conheço.

– E se eu estiver? - tirou os óculos.

– Só ficar com ela.

– Depois eu que sou o louco.

– Você se interessou, ela também, qual é o problema?

– O problema atende-se pelo nome "Grande Mestre".

– Shion... não estamos mais naquele santuário cheio de regras. Não tem que necessariamente assumir algo sério com ela. Só umas pegadas.

– Lembre-se que está conversando com o grande mestre. Ao vocabulário.

Dohko fechou a cara.

– Só quero dizer, oh excelência, que deveria ter alguma coisa com ela. Precisa esquecer um pouco das obrigações. A ultima vez foi com a Liz.

Ao escutar o nome, Shion abaixou o rosto.

– Ela foi embora Hian. - disse tristemente. - sabe como fiquei mal, não quero passar por isso novamente. Se eu puder evitar eu farei. Não sou homem de relacionamentos vazios.

– Então tenha um relacionamento sério.

– Ela vai embora Dohko! Jules também vai embora! Vai ficar mal quando isso acontecer!

O libriano ficou em silêncio.

– Acorda para vida Dohko! - levantou da cadeira. - O vértice pode abrir daqui um minuto e o que vai fazer?

– Não aprendemos a aceitar perdas? - a voz saiu baixa.

– Você nunca passou por essa situação, por isso não entende. - deu a volta indo para perto da janela. - é uma ferida que não se cicatriza. - o fitou. - eu ainda penso na Liz.

– Pensei que estivesse esquecido.

– Não é um tipo de sentimento que se esquece tão facilmente. Eu não quero começar algo que já sei que não terá futuro. - voltou a atenção para a janela.

– Pois eu comecei.

Shion o fitou imediatamente.

– Pedi a Jules em namoro.

– Só vai sair machucado Dohko.

– Eu sei. - levantou, caminhando para perto do amigo. - mas terei lembranças boas de alguém que gostou de mim pelo que sou e não pelo fato de ter uma armadura de ouro.

– Eu não quero me machucar de novo. Não quero ter que passar por aquilo novamente.

– O futuro não pertence as Moiras? - tocou no ombro do ariano. - talvez ela reserve algo bom para nós. Vamos pelo menos tentar? Deixe o que sente aqui. - apontou para o peito dele. - sair. Permita-se se sonhar mais uma vez.

– Sei que vai virar um pesadelo.

– Pense nisso depois. Mesmo que seja rápido tenha alguma coisa com a Paula. Vamos, por algumas horas ou dias, imaginar que somos homens normais.

Shion pensou nas palavras do amigo, lembrando-se dos dizeres de Paula. As horas com ela seriam como uma explosão de estrela?

O.o.O.o.O

Saga estava sentado na sala lendo um livro, quando Kanon chegou com a cara amarrada. O dragão marinho começou a andar de um lado para o outro.

– O que foi Kanon? - não tirou o olhar do livro.

– Nada. - respondeu ríspido.

– Fala.

– Aquele idiota do Afrodite!

– O que tem ele? - indagou entediado.

– Simplesmente roubou a atenção de todas as garotas!

– Da Suellen você quer dizer. - o olhar continuou no livro. Já tinha notado que o irmão ficava diferente na presença dela.

– Nãoooo! Estou falando de todas. - desconversou.

– Está incomodado por quê?

– Por que o Dite é um aproveitador.

– Isso para mim tem outro nome: ciúmes.

– Eu não estou com ciúmes! E quer parar de ler? - tomou o livro de Saga. - estou expondo toda a minha preocupação.

– Porque não me interessa sua preocupação, pois isso não passa de ciúmes.

– Está assim agora, quero ver quando pegar a Cris com o Rodrigo.

Kanon mexeu na ferida.

– Ela e eu não temos nada, logo não há motivos para isso. - pegou o livro de volta.

– Pois se eu fosse você abria bem os olhos. Vai perder a única mulher que não te olha com medo ou com segundas intenções.

Saga o fitou.

– Como assim?

– Algumas queriam se aproximar de você, pois era o Grande Mestre, outras porque tinham medo da sua outra face. Me diga, teve alguma mulher que realmente se apaixonou por você?

– Não...

– Ela gosta de você Saga, Suellen me disse isso. "E vai me matar por ter contado." - pensou.

– Gosta do cavaleiro de Gêmeos, não do Saga Milyes. Posso voltar a ler?

Kanon fechou a cara.

Shura que tinha chegado a pouco, não quis interromper a discussão. Quando Kanon calou-se bateu na porta, chamando a atenção dos dois.

– Desculpe estava aberta.

– Tudo bem Esdras. - disse Kanon. - entre.

– Sem querer eu ouvir a conversa e... a Cristiane gosta do Saga? - olhou para Kanon.

– "Agora sim a Su me mata...."

– É apenas a imaginação dele Shura. - disse Saga. - aquela sua observação que é a correta. É apenas tietagem... - a voz saiu entristecida.

– Você gosta dela mesmo? - o espanhol notou a voz melancólica.

– Gosta. - respondeu Kanon por ele. - só não faz nada, alias faz, a expulsa de perto dele. Tomara que ela fique realmente com o Rodrigo ou com o Afrodite. Vou pegar bebida. - disse saindo.

Saga encolheu no sofá, os olhos encheram de água. Shura ficou em silêncio, o humor do geminiano era muito instável. Sempre foi assim, desde o dia que se conheceram há vinte e sete anos atrás.

–--- Flashback-----

Esdras segurava uma pequena sacola, com poucos pertences. Os olhos negros olhavam assustados para o complexo de templos que se erguia.

– Aqui será sua nova casa. - disse o homem que estava ao lado dele, trajando uma armadura de ouro. - não precisa ter medo. Espere aqui, já volto.

O homem o deixou. Shura sentiu-se ainda mais sozinho, sem a companhia do inglês Harry, o cavaleiro de Capricórnio. A passos vacilantes Shura caminhou até as escadarias de Áries, ao se aproximar escutou um choro. Curioso, foi até lá, vendo num canto um menino de cabelos azuis.

– O que foi? - indagou a voz de um menino de sete anos.

– Nada... - o garoto que era mais velho, limpou o rosto. - quem é você?

– Esdras... Esdras Shura. - o pequeno espanhol, fitou o garoto pouco maior do que ele, que tinha os cabelos azuis na altura dos ombros e olhos verdes.

– Sou Saga Myles. Vai vir morar aqui?

– Sim...

– Que bom. Não tem muitas crianças aqui, apenas meu irmão, o Aiolos e o Aioria. Acho que podemos ser amigos. Nós cinco. - sorriu.

– Os adultos daqui te machucaram? Por isso estava chorando?

– Não é por isso... - Saga abaixou o rosto.

Shura pensou em que poderia ser, será que ele também não tinha pais como ele?

– Podemos ser amigos sim. - estendeu lhe a mão, talvez ele fosse tão sozinho quanto ele.

– Quer ser meu amigo mesmo? - sorriu para o menino de cabelos negros curtos e olhos da mesma cor.

– Claro. Poderia me mostrar esse lugar...

– Combinado. - Saga retribuiu o aperto de mão.

–--Fim do Flashback-----

O espanhol sentou ao lado dele.

– Kanon só quer o seu bem. Ele se preocupa com você.

– Eu sei...

Shura pensou nas palavras dita a brasileira, ele foi claro que era para ela se afastar, mas será que era realmente o melhor para Saga?

– Engole o choro. - disse divertido. - Kanon vai usar isso contra você. - sorriu.

Saga riu.

– Nossa infância foi divertida, não foi? - o geminiano o fitou.

– Demos trabalho para os nossos mestres. Coitado do mestre Harry.

– Coitado mesmo. - disse Kanon chegando com uma garrafa de refrigerante. - você era uma peste.

– Você que era. - rebateu. - eu era o mais novo.

– Shura sinto muito mas você era uma peste. - disse Saga.

– Eu não! Vocês dois que me levavam para o mal caminho. Quem colocou fogo no alojamento não fui eu!

Os três caíram na gargalhada.

– Shion ficou puto! - Kanon servia aos dois. - mestre Sumait quase nos matou. Ameaçou mandar-nos para o Quênia morar com o irmão dele, o Suwesi. " Eu mato vocês suas pestes!!!!"

– Ele era do Quênia não era?

– Sim Shura. - Saga pegou um copo.

– Mas foram bons tempos. - disse Kanon sentando no tapete. - a nossa infância!

O.o.O.o.O

Aioria deitado na cama olhava para o céu sem nuvens do santuário, na sua mão o desenho que Gabe tinha feito.

E agora o que faria? Durante todo o almoço, não teve oportunidade de trocar mais que meia dúzia de palavras com a brasileira e isso o chateou. Não tirava a razão do irmão, pois realmente estava sendo um crápula com Gabe e Marin.

– Pelos deuses por que isso agora? - virou o corpo de lado. - por que ela tinha que ter aparecido? Minha vida era tão perfeita sem ela... - subitamente lembrou-se da tarde de vídeo game, fazia tempos que não se divertia assim, tinha sido a tarde perfeita... piscou os olhos, se dando conta. - minha vida não era perfeita antes dela? - essa pergunta matutava em sua mente.

Sentou na cama, olhando os traços. Precisava tomar uma atitude e o momento era aquele. Guardou o desenho na ultima gaveta e retirou da primeira uma pequena caixa que estava ali há alguns dias. Rumou para o alojamento da amazona. Subiu as pressas e isso lhe causou um enorme cansaço. Parou perto do templo, respirando ofegante. Marin

que acabava de subir as escadas que ligava o alojamento até o templo principal, assustou ao vê-lo.

– Aioria? - parou ao lado dele, segurando no ombro. - Respira.

– Estou bem... já está passando...

Aos poucos a respiração foi voltando ao normal.

– Está bem mesmo?

– Sim... - a fitou. - obrigado. Eu preciso conversar com você. Está ocupada?

– Não... estava indo para Peixes... é algum problema do seu pulmão?

– Não, mas é importante. - disse decidido.

Os dois foram para os jardins da fonte, sentando em um dos bancos.

– Aposto que subiu correndo. - disse Marin. - sabe que não pode.

– Mas é importante, muito importante. - sorriu.

– Eu preciso te contar uma coisa. - contaria a ele a respeito de Fernando.

– Deixa eu falar primeiro? - deu um sorriso terno.

– Diga. - Marin suspirou, Aioria quando fazia aquela cara conseguia o que quisesse.

– Tínhamos decidido oficializar a nossa união, depois da cerimônia do Aiolos...

– Não vamos mais? - indagou assustada.

– Vamos... - estranhou o tom da pergunta. - por quê?

– Por nada... é que você não falou mais nada... achei que estivesse acontecendo alguma coisa.

Aioria ficou em silêncio, será que ela tinha descoberto? Ou suspeitava? Não... se fosse assim Marin não deixaria por menos.

– Foi só o tumulto do vértice. Esse abre não abre...

– Ah...

– Mas então, eu vou oficializar nossa união depois da cerimônia, tanto que até pedi o Mu para fazer algo para nós...

O grego tirou do bolso uma caixa branca. Marin sentiu um nó na garganta.

– Abra. - ofereceu a caixa.

Com as mãos indecisas a japonesa pegou a caixa abrindo-a, sua expressão era ao mesmo tempo de felicidade e de culpa.

– Alianças não se encaixariam, pois somos guerreiros, então pedi ao Mu que fizesse esses pingentes.

Marin pegou o primeiro, era a letra "A" preso numa fina corrente dourada.

– É de oricalco. - deu um grande sorriso.

– Sério?

– Deu um pouco de trabalho, convencer o Mu a fazer, mas... sei ser persuasivo.

Marin pegou o outro pingente, era a letra "M".

– Gostou?

– São lindos Aioria. - os olhos encheram de água. O leonino tinha sido tão delicado, que pensou não merecer tal tratamento. Tinha beijado outra pessoa... - são lindos... - ao contrário, porém, era seu sonho de adolescência, "casar" com Aioria.

– Quer casar comigo Marin? - o cavaleiro pegou a correntinha que continha a letra "A".

– Sim.

O grego de forma delicada colocou a correntinha nela. A peça era bem delicada. Marin a pegou na mão fitando-a.

– Linda Aioria. - o fitou. - quer casar comigo? - sorriu.

– Ainda pergunta?

Ela riu. Pegou o pingente "M" e depositou no pescoço do leonino.

– Prometo que vou te fazer a mulher mais feliz do mundo.

Marin aproximou dando um beijo nele.

O.o.O.o.O

Depois do ocorrido com Juliana, Shaka trancou-se no quarto. A mente estava a mil, como tinha cedido a um instinto puramente carnal? Culpava o DVD de Giovanni por isso. O beijo ocorreu por influência das imagens e não por um desejo interno.

– Shaka!

A voz de Kamus tirou-o dos pensamentos. Rapidamente foi para a sala recepcionar o aquariano.

– Kamus?

– Atrapalho sua meditação?

– Não... não estava meditando...

O francês notou o tom de voz confuso do indiano.

– Aconteceu alguma coisa?

– Não. Senta. - apontou uma cadeira. - o que faz aqui?

– Pensei que poderia precisar de ajuda sobre o vértice. - esse era um dos motivos, mas o principal é que não estava aguentando ficar em casa, sabendo que Isa estava com Dite. Precisava espairecer. Como bom observador, Shaka notou que havia um objetivo por trás da fala.

– O que te trouxe aqui não foi o vértice. - disse dando um leve sorriso. - Muito me admira essa sua posição, normalmente é o Miro que usa alguma desculpa esfarrapada. E por falar nele...

– Está na casa da Elsa.

– Fazia muito tempo que ele não ia até lá. - observou o indiano. - E então o que trás aqui?

– Não é nada Shaka.

– Entendo. Como vai a pesquisa da Isabel?

– Está progredindo. Aiolos emprestou-lhe alguns livros de uso exclusivo do grande mestre, mas como são de um francês mais arcaico tive que ajudar na tradução.

– Você está empenhando em ajuda-la.

– É sempre bom ajudar alguém que goste do meu país. - sorriu.

– Mas acho que não é só essa questão e é isso que não consigo entender, porque está se empenhando tanto em ajuda-la, se ela pode embora a qualquer momento?

– A situação é mais complexa Shaka.

– Você tem sentimentos por ela?

– Tenho.

– E ela tem por você?

– Não sei.

– É ilógico. Sabe que vai sofrer e mesmo assim estimula esse sentimento?

– Não escolhemos por quem apaixonamos e mesmo com tudo contra, sempre temos a esperança que um dia vai dar certo. Eu gosto da Isabel, embora não tenha certeza se a recíproca é verdadeira, mas eu quero tentar. Consegue entender?

– Não. - disse com sinceridade. - eu não entendo esse sentimento. É muito abstrato.

– Camões tem uma ótima definição " Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente..." - Kamus declamou toda a poesia.

– Palavras bonitas, mas sem sentindo para mim.

Kamus não disse nada, de todos os cavaleiros de ouro, o menos sociável era Shaka. Desde que o conheceu há anos atrás, o indiano sempre se mostrou arredio e quase não interagia com os outros. Somente após voltarem de Hades é que ele começou a demonstrar empatia pelos companheiros. Não o culpava e sim a situação em que foi criado, sem qualquer laço sentimental com alguém. Estava até surpreso por ele crescer e não desenvolver algum distúrbio de personalidade.

– Espero que um dia conheça alguém que te mostre o sentindo do verso de Camões.

– Agradeço os votos, mas dispenso.

O.o.O.o.o

Aiolos estava recluso na biblioteca. Sheila deveria ser uma pessoa bem leviana. Primeiro jogava charme para Dohko e agora para Dite? Daqui a pouco estaria flertando com todos os dourados! De raiva, o sentimento de Aiolos passou a ser de insegurança. Começava a entender a situação. Era evidente que ela se interessaria pelos outros. Dohko participou de duas guerras santas e conduziu os bronze até a vitória. Afrodite apesar do seu temperamento difícil provou seu valor na batalha, além de ser boa pinta. Somado a isso os dois eram compatíveis com a idade de Sheila. Enquanto ele não passava de um garoto, que ficou a maior parte do tempo morto. Era natural ela se interessar pelos outros e não por ele. Sheila era forte, autêntica, determinada e segura, logo ela procuraria por alguém que fosse assim, não por ele.

Soltou um suspiro desanimado.

– "Agora tudo faz sentido..."

O barulho vindo da porta da biblioteca chamou sua atenção.

– Atrapalho? - indagou Fernando.

– Não.

– Posso olhar os livros?

– Fique a vontade.

O mineiro seguiu para as estantes sob o olhar de Aiolos. Não bastasse Dohko e Dite ainda havia o brasileiro. Por mais que dissessem que não tinham algo, eles eram muito amigos e Fernando tinha a idade dela e morava perto. Muito mais fácil de ter um relacionamento entre os dois.

– Essa biblioteca tem muito exemplares interessantes. - disse Fernando.

– Foi construída ao longo dos séculos. Temos exemplos raros.

– Deu para perceber.

– Conhece a Sheila há muito tempo? - indagou fingindo não mostrar interesse.

– Há vários anos. - respondeu sem tirar o olhar das prateleiras. - é amizade antiga.

– Entendo...

– A rainha dos tombos, dos escorregões, da quebração de copos, etc...

– Deu para perceber. - sorriu. - ela é um pouco estabanada.

– Pouco? Está sendo gentil em falar pouco. - pegou um exemplar. - posso levar?

– Claro.

O mineiro caminhou até o sagitariano.

– Prometo devolver.

– Sem problema. - ficou em silêncio sem saber se deveria perguntar ou não. - a Sheila tem alguém no Brasil?

Fernando franziu o cenho. Aiolos perguntando isso? Sheila tinha que saber disso.

– Não que eu saiba.

– Ah...

– Por quê?

– Por nada. - deu um sorriso amarelo. - só curiosidade.

– Ela tinha terminado um namoro há uns quatro meses. O cara era do tipo inseguro sabe? E como ela não tem muita paciência com pessoas inseguras...

– Sério? - aquilo foi um balde de água fria, em algo que já estava gelado.

– Como ela mesmo diz "não gosto de homens inseguros."

– Entendi...

– Vou indo. Até mais.

– Até...

Aiolos sentiu o último raio de esperança se extinguir.

O.o.O.o.O

Depois de se despedirem na porta do escritório, Atena foi cuidar de assuntos do santuário. Rodrigo pediu o computador emprestado, pois tivera uma ideia de algo que estava desenvolvendo no Brasil. A deusa concedeu até porque a internet estava bloqueada.

Em Gêmeos, Saga deixou o irmão e Shura dirigindo-se para o templo, pois era hora do seu tratamento com Atena.

O.o.O.o.O

Em Peixes, o chá continuava. O assunto sobre Giovanni foi abandonado passando a ser sobre as rosas. Dite explicava sobre os vários tipos de espécies.

– É difícil manter tantas qualidades de rosas. O sol grego não ajuda muito.

– Mas elas são lindas Dite. - disse Sheila. - posso te chamar assim?

– Pode tudo. - deu um sorriso lavado.

– Nós temos uma amiga, - iniciou Mabel. - que é sua fã número um.

– E por que ela não veio?

– Ela estava em final de mestrado. - disse Isa.

– Uma pena. Adoraria conhecer uma fã.

– Tem a nós. - brincou Jules.

– Assim me deixam sem jeito. Eu sou muito tímido.

Caíram na risada.

– Se quiserem podem andar por aí, só não toquem nas flores, nem aspiram de perto o perfume, o veneno está fraco, mas é bom não arriscar.

Nem precisou ele repetir, todas levantaram de uma vez.

– Eu também quero ver. - Mabel levantou.

– Posso acompanha-la? - Dite ofereceu a mão.

– Pode. - sorriu. Ela estava encantada pela gentileza dele, justamente do cavaleiro mais arrogante das doze casas.

O cavaleiro deu o braço a brasileira, seguindo para o jardim. De certa distância Paula, Marcela e Heluane olhavam os dois.

– Eu acho que está nascendo chifres no touro. - disse Marcela.

– Já dá para perceber que isso não vai prestar.

Disse Marcela com Heluane concordando.

Enquanto isso o "casal..."

– Então a senhorita é pedagoga?

– Sim, mas atualmente dou aulas particulares.

– Você tem cara de ter jeito com crianças.

– Eu gosto.

– E sua família, como é sua cidade?

– Minha cidade é pequena, não tem tanta graça.

– Mas quero saber sobre o lugar onde vive.

– Tem certeza? A maioria mora em São Paulo, elas teriam mais coisas para contar.

– Mas eu quero saber sobre você. - a olhou nos olhos.

Mabel ficou surpresa, ao mesmo tempo ressabiada. O que aquele homem lindo queria com ela? Logo ela?

– Bom... moro em Corrente e...

Começou a contar sobre sua cidade e família. Afrodite ouvia tudo atentamente. A cada frase se encantava ainda mais por ela.

O restante do grupo estava disperso. Ester, Julia e Cris olhavam as rosas amarelas.

É difícil imaginar um jardim desse tamanho escondido por entre essas montanhas. - Ester aproximou das rosas, mas mantendo uma distância segura.

– Deve ser um local meio "mágico." - Cris olhou para as montanhas. - deve ter algum encantamento.

– Por mim moraria aqui. - disse Julia.

No outro grupo o assunto era sobre o pisciano.

– Como pode existir um homem tão lindo como ele? - Sheila estava encantada.

– É diva, como diz a Luísa. - Gabe agachou, tocando na terra. - gostaria muito de estudar o solo e essas rosas. Será que o cosmo influencia na evolução das plantas?

– Cabe você descobrir Gabe. - disse Isa. - ta aí uma boa tese de mestrado.

– Verdade! Vou arrumar um saquinho e coletar essa terra. Mas tem que ser escondido, pois Atena não vai deixar levar.

– Não vai mesmo. - Jules agachou do lado dela. - eu te ajudo. - deu um sorriso cúmplice.

– Onde vão arrumar um saco plástico? - indagou Juliana.

– Vamos dá um jeito Ju. - disse Isa. - nós não passaremos pelo vértice sem o saco de terra da Gabe.

O.o.O.o.O

Saga ao chegar ao templo foi direto para o escritório de Atena, bateu na porta e não obtendo resposta abriu.

– Atena...?

A voz perdeu-se quando viu o baiano sentado na mesa dela, com fones no ouvido e a atenção na tela.

– "O que ele faz aqui?"

Rodrigo levantou o olhar, pois tinha visto um vulto na porta. Tirou os fones. Seguiu alguns segundos em silêncio, com os dois se encarando.

– Procurando alguém? - indagou o baiano sem desviar o olhar.

– Atena. - respondeu seco.

– Foi resolver assuntos do santuário. - voltou a atenção para a tela do computador.

Saga fechou a porta, caminhando até o baiano, parou bem na frente dele.

– Algum problema? - o baiano o encarou.

– Todos. - a voz saiu fria.

– Posso ajudar?

– Se sumir da face da Terra não for difícil, resolveria mais da metade.

O brasileiro sorriu.

– É um desejo seu?

– Sim, mas infelizmente não posso realiza-lo.

– Digo o mesmo.

– Não se esqueça quem eu sou. - advertiu.

– Eu não ligo para quem você seja.

– Admito que é bem corajoso, para um garoto.

– Quando envolve meus amigos. - disse desse modo, mas na verdade queria dizer minha amiga.

– Aceita um conselho? - Saga abaixou o rosto.

– Se for bom...

– Fique longe dela.

– Ta aí um conselho que não vou seguir.

– Está avisado.

Saga deu lhe as costas saindo. Rodrigo sorriu.

– A Cris precisa saber disso...

O geminiano saiu pisando duro, ainda daria um jeito naquele rapaz. Foi para a biblioteca encontrando Aiolos e Saori. O sagitariano pediu licença, saindo. Atena indicou um sofá para iniciar o tratamento.

Assim que impôs a mão sobre a testa dele, sentiu o cosmo desequilibrado.

– Aconteceu alguma coisa Saga?

– Não.

O.o.O.o.O

Depois da exploração do jardim, voltaram para as mesas. Sheila conversando animadamente com Jules acabou por derrubar uma xícara no chão.

– Por Deus! - exclamou vendo os cacos da porcelana. - Afrodite...

– Não tem problema. - disse sorrindo, mas por dentro... - tem muitas.

– Não como aquela. - Isa abafou o sorriso. - era uma peça rara Sheila.

– Sério?? - ficou com medo.

– Sheila fazendo estrago em Peixes. - brincou Helu.

– Foi sem querer...

– Eu ajudo a limpar. - Mabel ofereceu-se e estava levantando.

– De jeito nenhum. - Dite a deteu. - não posso deixar essas mãos delicadas se machucarem.

– Minhas mãos? - Bel olhou para elas. - já fiz muito trabalho pesado, não tem nada de delicadas.

– Deveria bater na pessoa que deixou você fazer trabalho pesado.

– Está falando sério?

– Sim. Se fosse eu a trataria como uma rainha e eu seria seu humilde servo. - fez uma reverencia.

As meninas olharam entre si totalmente surpresas. Era claro que Afrodite estava flertando com Mabel.

– Eu não tenho jeito nem aparência de rainha...

– Tem mais que imagina. Vou buscar a pá não demoro.

Saiu sob o olhar de todas.

– Mabel conquistou o cavaleiro de Peixes. - disse Marcela.

– Eu? - gaguejou. - está enganada.

Como não?– Ester a olhou. - ele está a seus pés.

– Vocês que tem imaginação.

– Vai achando que é imaginação. - brincou Jules.

O.o.O.o.O

– Obrigada pela presença Miro. - disse uma jovem.

– Sabe que não nego uma visita. - sorriu. - mas agora tenho que ir. Prometo que volto amanhã.

– Elas vão ficar bem contentes.

– Eu sei que sou o máximo. Até amanhã Elsa.

O escorpião deixou o local com um sorriso no rosto, era sempre gratificante visitar aquele lugar. Nos últimos dias, não teve tempo para visita-las, mas agora seguiria a risca seu ritual de passar algumas tardes com elas.

Passou pelo mesmo caminho, ganhando rapidamente as doze casas, mas não parou na sua casa, indo para Aquário, a essa hora Kamus já tinha retornado. Miro entrou sem cerimônias, indo direto para a biblioteca. Estranhou por não ver Kamus. Subiu para a varanda, vendo o amigo lendo um livro.

– Boa tarde meu nobre amigo. - puxou uma cadeira.

– Onde realmente esteve?

– Nas minhas visitas de sempre.

– Até estranhei, tinha dias que não ia até lá.

– A chegada delas deu uma alterada na programação. Isa foi para o chá?

– Sim.

– E estava com Aiolos antes? - não perderia a chance de alfinetar.

– Por que não cuida da sua mulher hein Miro? - fechou o livro.

– Ela não quer saber de mim. - cruzou os braços atrás da cabeça. - e não tenho tempo para ficar andando atrás de mulher, - fechou os olhos. - elas que correm atrás de mim.

– Pois deveria. - deu um sorriso enigmático.

– Por quê? - o fitou.

– Digamos que Afrodite está interessado.

– Ele gostou é da mulher do Mu. - fechou os olhos.

– Não foi o que vi na casa de Peixes.

Miro desfez a postura na hora.

– O que aconteceu? - o fitou curioso.

– Só não rolou um beijo, porque eu estava lá. - "xeque mate", pensou.

O olhar do grego estreitou.

– Eu mato. - levantou as pressas.

– Aonde vai Miro?

– Não é da sua conta!

– Espera Miro. - Kamus foi atrás. - seu idiota espera. "Droga."

– Vou acabar com a raça daquele almofadinha.

– Não vai a lugar algum.

Kamus congelou a porta da sala.

– Deixa de ser cabeça quente! Vai atrapalhar o chá por picuinha?

– Vou!

Miro fechou o punho elevando seu cosmo. Deu um soco no gelo despedaçando-o.

– Miro! - Kamus correu atrás.

O grego estava possesso e sua unha da mão direita estava vermelha.

– Seu idiota. - o francês conseguiu segura-lo. - me escuta, o que eu disse...

– Não interessa! Me solta ou vai levar uma agulha.

Kamus o soltou.

– Pode me escutar? Eu só estava...

Miro deu um empurrão no aquariano, voltando a subir.

– Miro.

Kamus elevou seu cosmo, disparando uma rajada de gelo, congelando os pés do escorpião.

– Me solta Kamus!

– Não até me escutar. O Afrodite não fez nada com a Marcela.

– Não adianta tentar encoberta-lo. Sabe muito bem como ele é. Hoje é a Marcela, amanhã pode ser a Isa.

O francês ficou em silêncio, nisso ele tinha razão. Realmente Dite não tinha feito nada, era tudo mentira apenas para aborrecê-lo, mas poderia se tornar verdade.

– Miro...

Quando Kamus percebeu, o escorpião tinha soltado do gelo e já estava longe.

– "Cabeça dura!"

O chá seguia com muitas risadas, num clima descontraído, contudo não durou muito. Miro chegou arrebentando a porta de vidro que separava a casa do jardim. A passos duros desceu as escadas com a unha vermelha apontada para frente.

– Mas o que é isso? - Dite olhou para o vidro quebrado. - Seu estúpido! - destruiu a minha porta!

– Saia da frente, - fitou um ponto adiante. - Marcela vamos embora agora!

– O que? - a paulista indagou incrédula. - ficou doido?

– Eu não vou falar de novo. - a voz saiu fria.

– Você não manda aqui! - Afrodite colocou-se na frente. - quem pensa que é para invadir minha casa?!

– Sai da frente. - disse pausadamente.

– Escuta aqui seu idiota. - Marcela levantou de onde estava indo até o escorpião. - quem pensa que é para invadir a casa dos outros assim? Sua mãe não te deu educação?

Miro nem respondeu, fazendo um ato que deixou todas de queixo caído. Ele pegou a paulista, jogando sobre o ombro.

– MIRO! ME SOLTA! CARALHO! - batia nas costas dele.

– Bata o quanto quiser. - deu meia volta saindo.

Kamus que tinha chegado a pouco olhou para a cena de boca aberta.

– Por Atena... o que eu fiz...

– ME SOLTA SEU ESTUPIDO! FILHO DA MAE!

Ele não se importou com os xingamentos, começando a subir as escadas.

– Miro solta ela. - pediu Kamus. - está sendo infantil.

– Para de falar e faça o mesmo com a Isabel. - passou por ele.

Isabel olhou para Kamus, que devolveu o olhar.

– Ele surtou? - Paula estava atônica. - não era o seu cavaleiro, o doido? - olhou para Cris.

– Será que é contagioso? - Cris trazia os olhos arregalados.

Miro passou pelos cômodos de Peixes ignorando os gritos de Marcela.

– ME SOLTA!!!! IDIOTA!!! ESTUPIDO!!! TOMAR N @#&!

– Quando chegarmos em casa te solto.

– COMO É? CRETINO! ME SOLTA!

De volta ao chá, todos estavam estarrecidos com a cena. Isa aproximou do aquariano.

– O que deu nele?

– Fui brincar com ele e aí...

– O que disse?

– Que o Dite tinha beijado a Marcela.

– Está explicado.

– EU JURO QUE MATO AQUELA ARANHA! - berrou Afrodite. - VAI TER QUE PAGAR PELA PORTA! EU MATO AQUELE FILHO DA MAE!!!

– Calma Gustavv. - Mabel segurou no braço dele.

– Você viu o que ele fez? - o tom de voz já foi mais baixo.

– Nós limpamos e depois Miro compra outra. Simples assim.

Dite a fitou admirado. Como ela poderia ser tão tranquila?

– Só você mesmo para me deixar calmo.

Perto da mesa....

– O chá foi para o espaço. - disse Helu. - e a Marcela vai matar o Miro.

– Melhor irmos embora. - disse Jules, temendo que outro cavaleiro invada o recinto.

As que estavam perto concordaram.

– Gustavv nós já vamos. - disse Cris.

– Desculpe pelo fim trágico do chá.

Não se preocupe. - disse Ester. - foi tudo ótimo!

Kamus que estava calado, até que não achou muito ruim o fim do chá. “Até que o Miro serviu para alguma coisa.”, pensou.

– Quer passar lá em casa para continuarmos a pesquisa? - olhou para Isa.

– Eu acho melhor ir para o templo, essa história ainda pode render.

– Tudo bem. - não gostou muito, mas aceitou.

– A noite eu desço.

– Certo.

Depois de despedirem subiram Paula, Heluane, Sheila, Gabe, Isa, Juliana e Cris.

Tinham ficado Mabel, Jules, Suellen, Ester e Julia.

– Obrigada pelo café Dite.

– De nada Bel.

– Quer ajuda?

– Não precisa. Ah... isso é para você.

Afrodite fez aparecer várias rosas vermelhas, passou a mão numa fita, fechando o ramalhete.

– Todas não têm espinhos para não machuca-la.

– Para mim? – ficou surpresa.

– Em agradecimento pela tarde.

– Eu também quero. - disse Julia.

– Em outra ocasião. - deu uma piscadinha, enquanto Ester deu uma cutucada na amiga.

– Obrigada Dite. São lindas.

Na porta de Peixes Mabel, Suellen, Ester e Julia decidiram ir para a casa de Touro. Jules pegara uma "carona" onde pararia em Libra. Como Peixes não era muito longe chegaram rapidamente ao templo encontrando Rodrigo que acabava de sair do escritório de Atena. O baiano observava atentamente o papel que trazia nas mãos.

– Ei Rô! O que é isso que você está vendo?- indagou Isa curiosa.

O baiano estava tão concentrado que nem ouviu a voz de Isabel, a paulista teve que chama-lo mais uma vez. Ele levantou a cabeça e fitou cada uma parando em Cris.

– O que foi Rodrigo? O que é isso? – ela indagou se aproximando.

Rodrigo queria fazer surpresa e nem aquela era a versão final, mas como estava de bobeira resolveu pensar em como seria a capa do livro que faria para Cris.

Sorrindo de forma matreira, ele mostrou a folha de papel para elas. “ Temporits Actis” Cristiane abriu a boca, olhou pra ele e para o papel sem acreditar.

– Onde arrumou isso? - indagou surpresa.

– Estava sem fazer nada resolvi fazer o layout da capa do livro. Não estava nos planos te mostrar, mas...espero que goste.

– Adorei.

– Converter a Temporits num livro, isso que é amor. - Mabel brincou.

Mal imaginava que Saori e Saga estavam na porta da biblioteca escutando.

– Claro que a amo, porem se ela me apresentasse à dona da Shivani a amaria muito mais. – deu um sorriso bobo.

– Você e essa fixação pela Shivani. - disse Juliana, fazendo os demais rirem.

Na porta da biblioteca Saori trazia a expressão séria, como ele dizia que gostava de Cris, a beijara no dia anterior e falava que queria ser apresentado a essa tal de Shivani? Sentiu muita raiva não só seu lado humana, como a deusa também. Atena não estava achando graça de ser trocado por uma mortal. Saga também não estava melhor, os punhos estavam cerrados com as unhas quase entrando na pele. O baiano a amava...

– Quantas vezes tenho que lhe dizer que ela é casada hein Rodrigo?- Cris ditou brava.

– Droga Cris. - suspira desanimado. – eu sou azarado, não tenho e nuca tive chances com a Shivani já que ela não existe. Com a Puri nem se fala... então me contento com esse sotaque gostoso.

– Olha o Bullying!- ela riu batendo de leve no braço dele.

– Eu sei que me ama.

Nem Cris, nem as meninas, muito menos Saori e Saga contavam com a ação do baiano. Ele dera um beijo na bochecha da mineira.

Sheila sorriu, mas a expressão descontraída dera lugar a de surpresa e para tentar alertar aos dois amigos apontou o indicador para os fundos do corredor. Tanto Rodrigo como Cris olharam para a direção indicada e gelaram ao ver a deusa e o geminiano com olhares duros.

O olhar de Saga para Rodrigo era frio e a raiva que emanava deles era quase palpável, tanto que o baiano deu um passo para o lado longe de Cris, mas o suficiente para tocá-la caso precisasse protegê-la.

– Acho melhor você falar com seu bipolar. -murmurou só pra ela ouvir.

– Você acha?- perguntou olhando de um para o outro.

– Tenho certeza.

Cris fitou Saori, o semblante da jovem era tão fria quanto do seu cavaleiro.

– Você também. -apontou com olhar para Saori.

– Acho que devemos ir pois vai rolar porrada. - disse Helu.

"Vendo" que aconteceria mesmo, as meninas saíram tomando direção contrária a eles.

Assim que todas saíram Cris aproximou de Saga que ainda continuava com a expressão gélida.

– Saga.

Ele a fitou, mas não disse nada.

– Podemos ir até a biblioteca?

Ela queria ficar sozinha com ele, Saga com um movimento de cabeça sutil fez que sim e encaminhou-se para o aposento. Deixando o baiano e a grega sozinhos.

– Isso não perturba você?- a jovem indagou ríspida assim que eles saíram, a expressão estava séria.

– O que?- disse confuso.

– Saga e Cristiane, juntos, não lhe incomoda? - mordeu os lábios, insegura. Droga de sentimento humano. Aparece nos piores momentos.

– Não, ela gosta dele, por que isso me incomo...- uma esperança repentina apoderou -se dele.- Saori você...

Não, não poderia ser, poderia?

– Eu o que?

Não sabia se perguntava, ou ficava calado. Talvez fosse apenas uma irritação pelo barulho, ou que no templo fosse proibido cenas de carinho.

– O que você tem com ela? Pensei que fossem apenas amigos. - era notável o tom de irritação na voz.

– Mas nós somos. Fiz algo proibido?

– Não, apenas achei o contato muito próximo. - não tinha engolido aquela história.

– É o costume...

– Que isso não se repita. - a voz saiu imperativa, e ele percebeu que se tratava de Atena.

– Me perdoe Atena, não tive a intenção de malucar sem templo.

– Não se trata disso. - disse ríspida. - apenas não acho conveniente esse tipo de contato. Agora se me der licença tenho mais o que fazer.

Rodrigo a viu saindo sem entender. Por que um simples beijo a incomodara tanto?

– "Ela gosta de você" - sua mente pronunciou. - " não mesmo... ela jamais olharia para mim com outros olhos."

Saori subiu as escadas pisando duro. Como ele tinha se atrevido a fazer aquilo? Ainda mais debaixo de seu nariz! Seu lado humano estava com raiva, mas nem se comparava ao divino, esse sim estava possesso! Se fosse a Atena da Era mitológica tinha lançado uma maldição nos dois!

Enquanto isso, Saga esperou Cris entrar e quando isso aconteceu o geminiano surpreendeu-a segurando-a pelos braços prensando contra a parede.

– Saga?- engoliu o grito.

– Você o ama? – inquiriu enérgico.

– Amo? De quem você está falando?- perguntou confusa.

– O seu amigo, o Rodrigo. - o nome saiu repleto de ódio.

No primeiro momento, apenas preocupou-se em se soltar, contudo parou ao ouvir o que ele disse. Oh, ele, ele, mas...

– Saga como você mesmo disse ele é meu amigo. Amo o Rodrigo como amigo. - disse analisando as feições dele.

– Só amigos? -tinha que ter certeza.

– Só amigos, Saga, nada mais...

Ele a soltou fechando os olhos, a raiva ainda revirava.

– Por que disso agora? Você está com ciúmes? Você não tem motivo.

Saga a fitou ferino.

– Não tenho? - voltou a segura-la e com mais força. - Ele está sempre com você, estão juntos a maior parte do tempo, ele diz que a ama e você não o contradiz! Prometeu ficar comigo, mas ele é quem tem prioridade na sua vida, não EU. - falou alterando a voz.

– Posso não ter deixado muito claro, mas eu gosto é de você. - revelou jogando tudo para o alto, depois pensaria nas consequências. - você é que não me quer. Me disse isso com todas as letras hoje de manha. - forçou os braços para se soltar. - estou mentindo?

O grego a soltou, afastando-se. Ela tinha razão, ele pedira para ela se manter afastada, e agora tinha mais certeza disso. O lugar dela não era ao seu lado e sim do brasileiro.

– Tem razão. - passou a mão pelas mechas azuis. - eu não tenho motivo para ficar com raiva. A vida é sua.

– Que bom que chegou a essa conclusão. Então espero que não se intrometa com quem eu converso. Adeus.

Dava meia volta quando Saga a segurou novamente. Os rostos ficaram bem próximos.

– E sua promessa? - primeiro olhou nos olhos, depois para a boca.

– Costumo cumprir o que prometo, mas nesse caso seria perda de tempo. - lembrou-se das palavras de Shura. - Pode me soltar?

Saga a soltou.

– Adeus cavaleiro de gêmeos.


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