A Lenda dos Santos de Atena escrita por Krika Haruno


Capítulo 20
A Rosa que trouxe o ciúme




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Isabel, Gabe e Aiolos subiram conversando. Gabe foi até seu quarto pegar seu caderno, enquanto o sagitariano separava os livros para Isa na biblioteca.

– Espero que sejam uteis. - disse colocando três livros de aparência bem antiga.

– Serão... - os olhos de Isa brilhavam só por olhar a capa envelhecida.

Aiolos deixou a brasileira numa das várias mesas de estudo da biblioteca, indo se sentar numa poltrona. Não demorou muito para Gabe aparecer munida de caderno, lápis e borracha.

– Tem certeza que quer um desenho?

– Claro! Não se preocupe eu serei bem mais paciente que Aioria.

Ela riu.

– Que pose?

– Ah.... pode ser só do rosto, perfil?

– Como o cliente mandar.

Gabe ajeitou-se numa mesa próxima com Aiolos a sua frente. Observando-o atentamente começou a desenhar.

Nas escadarias...

A expressão de Kamus estava mais fechada que o normal. Deveria colocar Miro dentro de esquife de gelo, para sempre! E Shura também! Estava possesso com o primeiro, por tentar dar um de cupido entre Aiolos e Isabel e com o segundo por causa da teoria sobre a tietagem. Isabel era de Gêmeos e por isso sabia que os nativos desse signo são extremamente voláteis! Era claro que a atenção dela começava a desviar. Sorte pelo menos que não teve a atenção chamada por Afrodite, porque se sim, era uma concorrência acirrada! Apenas passou em casa para pegar os óculos rumando para o templo. Apertou o passo ganhando logo o corredor que dava acesso a biblioteca, ela só poderia está lá.

Não bateu a porta como manda a boa educação, simplesmente a abriu, chamando a atenção de Aiolos e Gabe. Sentiu certo alivio por não vê-la perto do grego.

– Cadê a Isabel?

– No fundo. - disse Aiolos tentando não se mexer.

Kamus não agradeceu, indo direto para os fundos da biblioteca. Isabel estava tão compenetrada na leitura que nem percebeu a presença dele. Kamus parou diante dela.

– Isabel.

Ela ergueu o rosto deparando com o rosto fechado do francês.

– Oi. - notou a expressão carrancuda, mas pensou que fosse por causa do jeito dele. - esse livro é incrível!

O francês puxou uma cadeira.

– Está conseguindo ler? O francês dele é arcaico.

– Na medida do possível...

– Posso?

– Por favor.

Ela passou o livro para ele. Kamus deu uma rápida olhada, passando a traduzir num francês que Isa pudesse entender. A brasileira tentava prestar atenção no conteúdo, mas ter Kamus a frente fazendo biquinho na hora de falar, turvava qualquer raciocínio.

Enquanto isso, Gabe continuava com o desenho, Aiolos esperava a melhor hora para fazer algumas perguntas a paulista.

– Ao contrário de Aioria você é bem paciente. - disse.

– Meu irmão não tem muita. Marin que o diga. - disse para ver a reação dela e perceptivo do jeito que era notou o balançar do lápis quando o nome da amazona foi pronunciado.

– Ela me disse. - a voz saiu sem graça.

– Gabe.

– Sim? - o fitou.

– Kamus e Isa não podem nos ouvir, então me diga o que sente pelo meu irmão?

Gabrielle corou na hora, a ponto de parar de desenhar.

– Eu? Na-da.

– Ele me contou dos beijos.

Ficou ainda mais vermelha.

– Aioria agiu errado com você e com Marin. Não é uma atitude digna de um cavaleiro.

– Ele se desculpou...

– Não desculpou. - disse sério. - o conheço muito bem. - levantou indo até ela. - é jovem Gabe, não perca seu tempo com ele, não seria justo com você. É uma boa menina, merece um cara melhor que meu irmão.

Gabe assustou-se com a maneira de Aiolos referir-se ao irmão.

– Está enganado Aiolos...

– Você gosta dele não é?

– Sim... - nem ousou fita-lo.

– Aioria é um grande idiota. O que aconteceu em Leão ou no jardim não vai se repetir. Eu o fiz prometer que não chegaria perto de você. Não merece sofrer por ele.

– Talvez tenha razão...

– É talentosa, nota-se. - fitou o desenho. - tem um mundo todo lá fora, Aioria não merece seu sofrimento e nem suas lágrimas.

– Vou pensar nisso. - tentou sorrir.

– Pense. - voltou para onde estava sentado. - prometo que não mexo mais. - sorriu.

O.o.O.o.O

Durante o trajeto de Libra até Câncer, Giovanni tentava conversar sobre outros assuntos com Julia, mas todos caiam no pisciano.

– Chega de falar nele!

– Eu tenho culpa dele ser o máximo? Mal posso esperar pelo chá.

Mask torceu a cara. Chegaram a Câncer e a paulista ficou surpresa com a decoração.

– Sua casa é bonita.

– Obrigado. Agora senta. - disse imperativo.

Ela sentou, enquanto ele permaneceu de pé.

– O que aconteceu entre você e o chifrudo ontem a noite?

– Nada... - desviou o olhar.

– Fala Julia.

A paulista soltou um suspiro desanimado, começando a contar tudo o que aconteceu. Mask ouvia em silêncio com a expressão séria.

– Foi isso.

– Nunca pensei que o Shura fosse tão estúpido.

– Ele deve ter os motivos dele Gio.

– Continua estúpido.

– Eu já esqueci. Nem penso mais nele. Meus olhos serão apenas para o Dite lindo!

Mask rolou os olhos.

– Pelo menos Afrodite deixa claro que é um filh@#$&.

– Não fala assim dele não!

– Ganhou uma fã... - fechou a cara. - mudando de assunto, vai me prometer que não vai chegar perto daquele espanhol estúpido.

– Por que tenho que prometer?

– Apenas prometa. - a voz saiu fria.

– Vou pensar...

– Prometa Julia, se não quiser que eu quebre a cara dele, ou melhor, arranque-a.

– Tudo bem...

O.o.O.o.O

Aldebaran e Mabel desciam conversando sobre coisas do Brasil. O taurino estava mais aliviado por ela não ter tocado no nome de Afrodite em momento algum.

– Tem sorvete, quer? - indagou abrindo a porta para ela.

– Devia não, mas eu quero.

Rapidamente o cavaleiro serviu a ela e a si, sentando no tapete da sala. O sorvete napolitano foi regado a muitos risos.

– Além de coroinha, é também piadista?

– Tenho um talento nato. - sorriu.

– Falando nisso, que história é essa de coroinha?

– Eu morava perto da igreja de Santa Rita de Cássia, minha mãe era católica. Primeiro eu entrei para o coral e depois fui ser coroinha.

– Que ironia, anos depois você "serve" uma deusa pagã.

– Conheci meu mestre durante uma missa. - a fitou. - eu fiquei com medo, pois eu sentia algo muito forte vindo dele, só dele.

– Qual o nome?

– Sahi de Touro, nasceu no Egito.

– Ele foi atrás de você?

– Foi. Quando o ato acabou, fui para a sacristia e ele foi atrás.

– E aí?

– Me contou sobre Atena e os cavaleiros. - raspava a vasilha em busca dos últimos resquícios de sorvete. - claro que não acreditei, quase chamei o padre para ele. - riu. - então me perguntou se eu sentia algo vindo dele. Disse que sim. Depois disso ele foi outras vezes na minha igreja, até que conversou com a minha mãe.

– E ela?

– Quase chamou a policia. Como diz a Helu: "foi um barraco!" Depois de muita explicação, não sei como a convenceu. E aí vim para cá.

– Sua mãe deve se orgulhar tanto de você!

– Acho que sim... - deu um sorriso tímido. - para quem queria ser padre, cheguei quase a isso.

– Padre?

– É... - passou a mão na cabeça sem graça. - eu achei que tinha vocação.

– Ainda bem que não seguiu, senão como se tornaria o grande Aldebaran de Touro? Saint Seiya sem você perderia a metade da graça.

– Não sou tudo isso...

– É sim.

Sorriu. Aldebaran fitou aquele sorriso, levando a mão até o rosto de Bel acariciando-o.

– Reparou como Jules e Dohko se tratavam durante o almoço? - indagou continuando a acariciar o rosto dela.

– A Jules sempre gostou dele. Para ela está sendo um sonho.

– Se acontecesse com você, também acharia que fosse um sonho? - tocou a rosa branca no cabelo dela.

– Sim... um sonho que eu não queria acordar.

Deba aproximou-se mais dela. Mabel ergueu o rosto, olhando fixamente as íris azuis. O brasileiro inclinou o rosto iniciando um beijo.

– Dohko usou o termo "amizade colorida", mas eu o conheço bem. Ele não quer só amizade, ele quer algo mais profundo e sério, assim como eu... - disse sem afastar o rosto. - você também quer?

Mabel franziu o cenho surpresa. Aldebaran queria ter um relacionamento com ela?

– Está falando sério?

– Sim.

– Mas e a barreira?

– Damos um jeito quando isso acontecer, até lá... - afastou pegando na mão dela. - senhorita Mabel quer ser minha namorada?

A brasileira abriu um grande sorriso.

– Claro que sim! - pulou em cima dele.

O.o.O.o.O

Sheila e Juliana subiam caladas, principalmente a oriental que não parava de pensar qual mico Shaka escolheria para ela.

– Ju.

– Sim?

– Está com o rosto muito pensativo.

– Estou pensando na "prenda" que o Shaka vai escolher para mim.

– Pode preocupar mesmo.

– Por que gosto do ser mais complicado do universo?

– Amor não se escolhe. - a fitou. - posso sugerir algo?

– Claro.

– Vá lá falar com ele.

– Ficou doida??? Ele me mata!

– Se não te matou pelo "empregado" nem pelo beijo, mata mais não.

– Está se esquecendo de que estamos falando de Shaka de Virgem. É imprevisível...

– Não custa nada tentar Ju. Veja o meu caso, estou empacada porque Aiolos é inseguro.

– O seu caso não se assemelha ao meu.

– Você não está segura do seu taco.

Juliana parou de andar.

– Acha isso?

– Acho.

– Sheila, eu não sou como a Helu e a Marcela que são extrovertidas... imagina a minha cara quando eu olhar para ele!

– Quem não arrisca não petisca. Agora vá até virgem e agarre o buda loiro.

Ju abriu a boca para fechar.

– Está bem... se ele me matar, peça meu corpo pelo menos. Quero ser levada para São Paulo.

– Pode deixar. - riu.

O.o.O.o.O

Durante o trajeto até a primeira casa, Ester ensinava alguns gestos para Mu e como bom aluno que era aprendia depressa. Chegando a Áries as aulas continuaram por um tempo.

– Por hoje é suficiente.

– Será que algum dia vou poder conversar com você assim?

– Seria ótimo. O que queria falar de tão sério comigo?

Mu ficou em silêncio, ponderando se falava ou não.

– Você gostou do Afrodite?

– Gostei. - disse simplesmente. - pensei que ele fosse me tratar diferente, mas foi muito gentil.

– Ah... - abaixou o rosto fechando a cara.

– O que foi Mu?– Ester levantou de leve o rosto dele.

– Nada...

– O que queria conversar?

– Nada... acho que você deveria ir para o chá. Afrodite não gosta de atrasos, ainda mais que é o par ideal dele.

Ester arqueou as sobrancelhas sem entender até que...

– Está com ciúmes do Afrodite?

– Ciúmes?! - ficou vermelho. - imagina!

– Eu sei que os arianos são ciumentos, só não pensei que você enquadraria nesse aspecto.

– Não sinto ciúmes. De nada nem de ninguém. - disse seco.

Ester aproximou mais do sofá e segurou o rosto dele com as duas mãos, fazendo-o a olhar fixamente.

– "Você ainda não percebeu?" - Ester falou mentalmente.

– "O que?"

– "Que eu gosto é de você?"

Mu ficou surpreso.

– "Não precisa ficar com ciúmes. Afrodite é bonito sim, mas você é mais." - deu um sorriso sapeca.

– "Está falando a verdade?"

– "Por que eu mentiria?"

O ariano sorriu.

– "Agora diz, o que queria conversar comigo?"

– "É... pode parecer um pouco cedo e... até precipitado..." - abaixou o rosto levemente corado. - "mas..."

– "Mas?"

– "Nós... poderíamos ter alguma coisa..."

– "Alguma coisa? Como assim?" - fez de desentendida só para ver mais um pouco o rosto corado do ariano.

– "Bom... um namoro?" - a palavra saiu bem lentamente, como se tivesse medo da brasileira sair correndo.

Ester sorriu.

– "Você é tão fofo! Tão maravilhoso!" - o abraçou. - "como dizer não?"

– "Então aceita?"

A resposta dela foi beija-lo.

– Acho que isso é um sim. - sorriu.

O.o.O.o.O

Juliana olhava a porta entalhada, semi aberta. Ainda se perguntava o que estava fazendo ali? Será que era efeito "apaixonada por Virgem" que a fazia ser tão direta? Primeiro o beijo e agora parada diante da porta dele.

– "Como diria a Helu: foda-se!"

Entrou, e olhos ficaram surpresos. Das únicas vezes que esteve em Virgem, na primeira estava num estado de paralisia e no outro era noite, então não pode reparar bem na decoração da casa dele. Era simples e seguia os moldes indianos.

– "Ou está no jardim, ou naquele pedestal."

Nem um lugar nem outro. Ju ouviu bem baixo o som de uma música e guiado por ela, caminhou até os fundos da casa. Shaka estava na cozinha, fazendo algo na pia, estando portando de costas para ela. O som provinha de um pequeno rádio e ao julgar pela sonoridade percebeu que era música indiana.*

– "Shaka gosta de música?"

A brasileira encostou-se ao marco da porta, passando a escutar a música. Shaka absorvido na canção nem percebeu a presença dela, tanto que até realiza alguns passos de dança. Passou alguns minutos. Ju o olhava. O indiano trajava uma calça de moletom e camisa branca. Os cabelos estavam presos no alto por um coque.

A música acabou e ele se virou para desligar ou aumentar o volume quando deu de cara com a brasileira. Ju ficou vermelha na hora.

– O que está fazendo aqui?!! Alias como entrou? - os olhos permaneceram fechados.

– A porta estava aberta... - abaixou o rosto.

– O que quer?

– Que música era aquela? - indagou querendo diminuir a possível ira dele.

– Trilha sonora de um filme indiano. O que quer?

– Ele é bom?

– Nunca vi. Não gosto de filme, mas achei a música interessante. O que quer?

– Qual será a prova que vai me impor?

Shaka deu um sorriso e caminhando lentamente parou diante dela. Ju nem se atreveu a erguer o rosto.

– Está com medo?

– Não é isso... mas sei que vai revidar por causa de ontem a noite.

Shaka corou na hora ao se lembrar do beijo e ficou ainda mais quando lembrou do vídeo.

– A-quilo não me afe-tou.- afastou-se.

– Não? - ergueu o rosto.

– Não. - disse seco. - não me afeto por tão pouco.

– Pensei que estivesse ficado com raiva. - suspirou aliviada. - me perdoe por ontem, agi sem pensar.

– Não agiu assim... com o Dohko? Ou agiu?

– Não!!!! "Jules me mata!" Foi só... - ficou sem jeito. - me desculpe. - curvou um pouco o corpo.

– Não transaram?

Ju arregalou os olhos, para depois ficar completamente vermelha.

– Não!!!!!!!!

O cavaleiro a fitou de cima abaixo com os olhos abertos. Ela não parecia mentir. Sem saber o porquê sentiu um enorme alivio ao constatar isso.

– Eu ainda vou pensar no que vou fazer, mas não se preocupe não será algo que possa ser além da sua capacidade.

– "Não sei se fico feliz ou não." Obrigada Shaka. Já vou indo...

– Espera. - a voz saiu imperativa.

Ju não se mexeu. "Por que sempre fico sem ação quando ele faz isso? Droga!" Shaka voltou a aproximar ficando bem próximo a ela. Ju aos poucos ergueu o rosto, passando a olhar as íris azuis claras. Inconsciente abaixou o olhar para boca dele. O cavaleiro acompanhou o movimento e também fitou os lábios rosados dela. Sentiu uma vontade enorme de senti-los novamente, o corpo começou a esquentar e uma parte lá embaixo a reagir. Shaka inclinou o rosto tocando levemente a boca de Juliana, os olhos ainda permaneciam abertos, analisando cada reação dela. Ao sentir os lábios do virginiano sobre si, não se conteve aprofundando o contato. Ele aproximou um pouco mais seu corpo ao dela e segurou sua cintura. Aos poucos os olhos foram fechando. Ju poderia não ser nenhuma Expert em beijos, mas sabia bem mais que o cavaleiro, que se deixou ser guiado por ela. A essa altura os corpos estavam bem mais próximos.

Shaka sentia um turbilhão de sensações que não conseguia identificar ou mesurar, era estranho ao mesmo tempo prazeroso, já para Ju, estava nas nuvens.

Subitamente Shaka se afastou. O rosto estava vermelho e a respiração ofegante.

– Melhor você ir embora... - tentou tornar a voz mais séria.

Ju nem pensou duas vezes, saindo, apesar do medo, um fino sorriso brotou na face dela. Shaka a beijou por livre e espontânea vontade.

O.o.O.o.O

Aioria não foi atrás de Marin como Aiolos sugeriu e sim para sua casa. Ao chegar foi logo tirando a camisa, indo direto para o quarto. Abriu a segunda gaveta da cômoda, pegando o desenho que Gabe havia feito. Olhando para os traços sentou na cama.

– O que eu faço...?

O.o.O.o.O

Depois de aconselhar Juliana, Sheila continuou seu trajeto em direção ao Templo. Não foi para o quarto e sim para a biblioteca, como uma serva havia lhe dito onde Aiolos estava.

Deu duas batidas na porta.

– Oi Sheila. - disse Gabe.

– Atrapalho? - notou o lápis e papel.

– Não, ela está quase acabando. - disse o grego.

– Na verdade acabei. Veja.

Aiolos pegou a folha dando um sorriso de satisfação ao ver seu retrato.

– Ficou perfeito. Tem um talento e tanto!

– Obrigada.

– Verdade Gabe. - Sheila examinava o rosto do grego, estava lindo. - ficou muito bonito.

– Obrigada Sheila. - disse sem graça. - faço o que posso.

– Já pensou desenhar o Dite? Ficaria lindo.

Aiolos arqueou a sobrancelha.

– Ficaria mesmo. - Gabe pensou na possibilidade.

– Aquele homem maravilhoso imortalizado num papel, acho que nem assim. É muita beleza para ser contida num pedaço de papel.

– Concordo. - disse Aiolos ríspido, levantando de uma vez, dando um tapa na mesa. - meu desenho. - Praticamente arrancou das mãos de Sheila. - obrigado Gabe, gostei muito. Preciso ir, pois tenho assuntos a tratar. Com licença.

O sagitariano saiu pisando duro, deixando as duas surpresas.

– Eu disse alguma coisa errada? - indagou Sheila.

– Claro, fica babando no Afrodite na frente dele...

– Eu não tenho culpa do Dite ser lindo e ele de ser inseguro!

– Por isso mesmo. - Gabe juntava seus materiais. - o cara já é assim, você ainda fica babando em outro. No mínimo ele pensa que você não está interessada nele e aí a insegurança aumenta.

– Tem paciência com isso não Gabe. - Sheila sentou. - se ele não se mexer procuro outro.

– E posso saber com quem? Que eu sabia não tem ninguém disponível, nem o Mask.

– Afrodite.

– Ele já elegeu sua eleita. Viu como ele fez doce para a Ester?

– Vi... mas isso não vai mudar minha opinião. Aiolos tem que agir!

– Tu que sabe.

– A Isa não veio com vocês?

– Está no fundo com o Kamus.

– Ah....

No fundo....

Enquanto Kamus lia, Isa fazia pequenas anotações.

– Acho que é suficiente. - disse lendo o que tinha escrito. - Aiolos não imagina o quanto me ajudou.

O aquariano a encarou.

– Aiolos?

– Ele tem acesso a esses livros raros...

– Entendo... - a expressão fechou ainda mais.

– Você também tem me ajudado muito Kamus. - pegou na mão dele. - serei eternamente grata.

– Apenas gratidão?

– Sabe que tem muito mais do que isso.

Ele não disse nada, não tendo muita certeza dos sentimentos de Isa.

– Vou continuar a ler.

Isa franziu a testa. O que tinha dado nele?

O.o.O.o.O

Rodrigo não parava de agradecer a Saori pelo relógio, na porta do escritório ele disse "obrigado" mais uma vez.

– Fico feliz que tenha gostado. - a grega estava satisfeita.

Cris que perambulava pelo templo apontou no corredor.

– Cris olha o que eu ganhei!

A mineira aproximou.

– Que lindo. Quem te deu?

– A Saori.

– Muito bonito Atena. - a mineira pegou no braço dele para ver os detalhes. - Rolex?

– Sim. - disse todo orgulhoso. - dá até medo de usar.

– Que isso Rodrigo. Aqui não tem problema.

Atena acompanhava a conversa, ficando ligeiramente incomodada por está de "fora." Não gostou nem como Saori, muito menos como Atena.

– Nota-se que são amigos há bastante tempo.

– Somos. - responderam os dois ao mesmo tempo, voltando a atenção para o relógio.

– Deu para perceber...

– Bonito mesmo. - Cris olhou para a deusa. - vai ao chá do Dite?

– Não poderei, pois tenho assuntos da empresa.

– Tinha que ter chamado todo mundo e não só as meninas.

– Ele torce para os dois lados, quem sabe... - Cris riu.

– Cristiane... - a voz saiu ameaçadora.

– Brincadeira! Já não está aqui quem falou. Fui!

– Eu também estou de saída. Tchau.

A voz de Saori saiu seca, deixando-o sem entender.

O.o.O.o.O

A cozinha de Libra estava tomada por vasilhas para serem lavadas, enxugadas e guardadas, mas Dohko e Jules nem se importavam, acabando-se de tanto rir, ora por culpa do chinês ora por ela.

– Para Dohko. - Jules enxugava as lagrimas. - não aguento mais rir, minha barriga dói.

– A culpa não é minha e sim do Shun e do Hyoga, que denegriram a imagem da minha casa. Como diz o Shion: "a moral e bons costumes."

– Shion tem cara de ser moralista.

– Se é. Desde os treze anos é assim. Responsável, exímio cumpridor de seus deveres. Chegava até ser chato de tão sério que era. Não era atoa que ele e Manigold viviam as turras.

– O Mani?

– Sim. Sage era mestre do Mani e Hakurei dele. Era água e vinho. Rendia boas brigas.

– Posso imaginar. E com relação as mulheres? - aproveitou a deixa para ver se descobria alguma coisa para Paula.

– Mesma coisa. - pegou uma pilha de pratos, levando até o armário. Exceto uma vez.

– Que vez? - indagou curiosa.

– Ele se apaixonou por uma serva, logo após ter se tornado grande mestre.

– E o que aconteceu?

– Ela foi embora. Era uma relação complexa. Grande mestre e uma serva? Não na forma preconceituosa, de hierarquia e sim pelas obrigações. Shion teria que reconstruir o santuário. Ele sofreu muito nessa época.

– Ele a amava?

– Muito. E ela também.

– Se eu te contar uma coisa guarda segredo? - disse bem baixo.

– Sim.

– A Paula gosta dele.

– Percebi. - sorriu. - e acho que o Shion se interessou por ela.

– Sério? - aproximou do amado. - acha mesmo?

– Acho, só que tem um problema.

– Qual?

– O Shion de 1743 é o mesmo Shion de 2013*. Mesmo ele passando o cargo para Aiolos, acho que não vai querer se envolver. Ele continua muito responsável. E meio que a história se repete.

– Como assim?

– Liz foi embora. A Paula também vai. Não sei se ele suportaria mais uma perda. Eu sei que mesmo se ele estiver gostando da Paula, vai sufocar isso.

Jules ficou em silêncio. Queria ajudar a amiga, mas o fator: "vértice pode abrir a qualquer momento" era um grande empecilho. Não só para Paula, mas para todas.

– É como eu me sinto Ju. O que eu vou fazer quando você for? O que será do Mu, do Ricardo? Pela primeira vez estamos tendo a chance de ser "normais", mas isso pode ser arrancado a qualquer momento. Até o Mask.

– Até ele? - estranhou.

– A forma como ele se apegou a Julia. Ela lembra muito... - Dohko contou um pouco da vida do canceriano, Jules ouviu perplexa. - tem horas que penso que deveria ter levado as palavras de Shura em consideração, mas...

– Eu entendo. Apesar de irmos embora, para nós será mais fácil, não é? Atena vai tirar nossas memórias e aí vamos esquecê-los, o que tornará a separação mais fácil para nós...

– Sim. - aproximou-se dela abraçando-a. - eu não quero perder você. - apertou ainda mais forte.

– Hian...

Como era bom ouvir aquilo! Jamais imaginou que ouviria aquele tipo de confissão, quanto mais de Dohko!

– Eu também não quero perder você. - apertou-o.

O.o.O.o.O

Depois do almoço Fernando voltou para o quarto. Esperava que aquela conversa colocasse um ponto final na história entre Marin e ele. Voltou a ler o livro, pois não tinha nada para fazer. Pouco tempo depois Rodrigo apareceu.

– Já acabou o almoço?

– Já tem um tempo. - disse o baiano. - agora a tarde as meninas foram convidadas para um chá em Peixes.

– Afrodite chegou?

– Sim.

– E como ele é?

Rodrigo olhou bem para a casa do mineiro.

– Vou prestar atenção em homem?

– Não é disso que estou falando e sim da postura dele.

– Ah... - sentou na cama. - ele é bi, mas joga o maior charme para as meninas. Aparentemente não parecer ser aquele Afrodite "cruel" do anime.

– Bom para as meninas que o idolatram.

– Olha só o que eu ganhei. - mostrou o relógio.

– Rolex? Quem te deu?

– Saori, em agradecimento por ter ajudado com um trabalho.

– Ela deve ter ficado muito grata mesmo, Rolex é caro! Vocês....

– Estou dando um tempo, indo mais devagar... quando for o momento exato eu ataco.

– Boa sorte então e comece a usar uns amuletos.

– Por que?

– Para Sísifo não puxar seu pé a noite. - Fernando começou a rir.

– Engraçadinho...e quanto a você?

– Encontrei com a Marin na hora do almoço, falei para ela que vou me afastar.

– E ela?

– Disse que não queria perder minha amizade.

– Posso palpitar?

– Sim.

– Faça o que ela quer.

– Como assim? - fechou o livro colocando-o numa mesinha.

– Ela não quer sua amizade? Pois então, seja o amigo dela. Você já me disse que Aioria peca em algumas coisas. Fortaleça nas falhas dele.

– Isso é jogo sujo.

– Pense que também vai ajudar a Gabe.

– Eu não quero ser motivo de traição.

– Já começou a ser no momento que a beijou ontem.

O mineiro ficou em silêncio, estava tudo errado.

– Seja apenas um amigo mais dedicado e deixe que o destino cuide do resto. O máximo que pode acontecer é levar um surra do Aioria.

– Aí viro um homem morto. Só dele encostar o dedo em mim, já viro pó.

– Não custar nada tentar Fernando. Pense nisso.

O.o.O.o.O

Heluane e Paula esperavam Marcela no quarto. A paulista abriu a porta de uma vez, com o rosto possesso.

– O que foi Máh?

– Vou cortar o bilau daquele Escorpião fora. Juro que faço isso!

– O que ele aprontou?

– De certo se esfregando com alguma sirigaita! - o rosto estava vermelho. - não consegui segui-lo, mas eu descubro, ah se descubro.

Paula e Helu trocaram olhares.

– Você é está com ciúmes? - indagou Paula.

– Ciúmes?! Eu?! Imagina! Sou mais eu! Posso pegar qualquer dourado! Aquele idiota me paga.... - murmurou.

– Típica escorpiana. Ciumenta e vingativa. - disse Helu.

– Sou mesmo! Agora vamos ferrar com aquele italiano!

As três rumaram para o primeiro andar, procuraram no escritório, depois receberam a informação que Atena tinha seguido para a sala de reuniões.

As três trocaram olhares confiantes e bateram na porta.

– "Entre." - escutaram a voz da Saori.

– Oi Saori. - disse Helu. - será que podemos conversar?

– Claro. Sentem-se. - indicou três cadeiras, ela estava sentada a mesa de reuniões. - é sobre o vértice?

– Não exatamente. - disse a fluminense. - é um assunto chato... nem queria entrar em detalhes pois achei que íamos embora, mas como ainda estamos aqui...

– O que aconteceu?

Helu contou tudo que ocorreu na casa de Câncer. A expressão de Saori endureceu ao escutar, apesar de não está muito surpresa com o fato.

– Está certo que não sou uma pessoa fácil, mas foi covardia.

– Eu concordo com você Heluane. - disse Atena. - não é o tipo de atitude que espero de algum cavaleiro meu. Se bem que o Giovanni já foi capaz de coisas bem piores... - a fitou. - não estou inocentando-o por causa disso. - disse enfática. - mas em vista do que ele aprendeu a ser... - murmurou baixo, mas Helu, Paula e Marcela ouviram. - vou chama-lo.

Ela elevou seu cosmo, as meninas não perceberam, mas viram o cabelo lilás tremular. Ela aproveitou chamando também Shion.

– Tome. - tirou um anel que usava.- ele está impregnado com o meu cosmo, toda vez que o Giovanni se aproximar a menos de dois metros de você, além de eu sentir, ele vai sentir um ligeiro desconforto. Assim ele manterá distancia de você.

– Isso é bom. - disse, mas ainda achando pouco.

– Mesmo com o desconforto ele se aproximar de você, será punido, mais enfaticamente.

A conversa foi interrompida pela chegada de Shion.

– Atena. – fez uma leve reverência.

A deusa contou ao Shion a atitude de Giovanni. A medida que escutava seu rosto ficava vermelho. As três trocaram sorrisos.

Cerca de quinze minutos depois o canceriano chegou. Ao ver Helu, Shion e Atena já imaginava o que poderia ser.

– Mandou me chamar Atena? - fez uma leve reverência.

– Sim.

MM parou perto de Helu, mas sentiu um leve desconforto, recuando.

– Não vou perguntar se você fez ou não, pois sei que fez. Apenas quero escutar da sua boca. Você a machucou?

– Sim. - disse. - eu não tenho porque mentir. Ela me provocou eu revidei.

– Seu fi @%#. - disse Helu.

– Pensei que você tinha mudado... - murmurou Atena.

– Mas eu mudei, eu gosto das outras meninas, só não gosto dela, ela ainda me provoca...

– Eu? Você além de tudo ainda me beijou e eu que provoquei?

– Você bem que gostou... - deu um sorriso lavado.

– Vá se ferrar! Foi a força!

– Poderia ter me empurrado, mas não... até senti suas mãos em mim...

Atena arqueou a sobrancelha.

– Você o beijou Heluane?

Marcela deu um suspiro...

– "Ponto a favor do italiano." - pensou.

– Foi a força Atena! - exclamou.

– Não importa. - disse a deusa, querendo por um fim. - você errou Giovanni, muito. - o fitou seriamente. - isso é inadmissível em qualquer lugar, ainda mais aqui.

– Sinto muito Atena. - abaixou o rosto.

– Sabe que mau comportamento é punição? – Shion o encarou sério.

– Sei.

– Ficará preso essa noite nas masmorras.

Mask olhou com ódio para Heluane.

– Se até lá o vértice não abrir, não poderá chegar menos de dois metros dela. Eu saberei se chegou perto e seu corpo saberá. Não ouse encostar nela ou em alguma menina.

– Está certo Atena.

– Muito me admira sua atitude, logo você que testemunhou de perto esse tipo de agressão.

O italiano ficou em silêncio, virando o rosto.

– Peça desculpas.

– Prefiro ficar preso.

– Pois vai agora para a prisão! – disse Shion contendo-se para não pular no pescoço do canceriano.

– Eu deveria processa-lo! - gritou Heluane.

– Faça. - a fitou de forma desafiante. - contrate seus advogados que eu contrato os meus.

– Pois é isso que vou fazer!

– Prepare a grana. - e dando um sorriso saiu.

– Vá se ferrar! Sujeito petulante! Quem ele pensa que é? Dono do mundo? Duvido que ele tem dinheiro para pagar um advogado!

– Ele tem Helu... - murmurou Atena. - e muito... - olhou para Shion. - pode cuidar disso?

– Sim Atena. - levantou. - peço desculpas Heluane pelo o que ele fez.

– Tudo bem Shion.

– Com licença.

– Faço das palavras de Shion as minhas.

– Não se preocupe Atena.

– Enquanto permanecer aqui, não tire esse anel e qualquer coisa que acontecer me comunique imediatamente!

A expressão de MM era fria, os punhos estavam cerrados e seria capaz de matar alguém.

– "Vou acabar com a raça daquela mulher e com requintes de crueldade."

Julia que andava pelo templo, o viu. Não quis alertar sua presença para pregar-lhe um peça. Andou cautelosamente ate ele e quando estava próxima...

– Giovanni!

Tudo foi muito rápido, Julia trazia os olhos arregalados, sentindo um pequeno desconforto no pescoço, pois na surpresa, MM agarrou o pescoço da suposta pessoa que mexeu com ele. Mas o que era pior era a expressão do italiano. As íris azuis estavam num azul escuro, quase negro e transmitiam ódio, muito ódio.

– Gio...

A expressão aos poucos foi mudando, o rosto foi ficando mais suave e até a coloração dos olhos voltou ao normal.

– Julia?! - retirou a mão depressa. - você está bem? - ficou preocupado. - me desculpe, eu não sabia que era você. Machucou-se?

– Não... - passou a mão pelo pescoço. - estou bem.

– Certeza? - estava com medo de tê-la machucado. - me perdoe, é por que...

– Estou bem Gio. Sério. Você que não parece nada bem...

– Tudo por culpa daquela estúpida! Eu juro que mato!

– Quem?

– Heluane.

Julia franziu o cenho.

– O que aconteceu?

Mask ficou calado. Se contasse o que tinha acontecido, certamente Julia se afastaria dele.

– Giovanni...

– Se eu contar... vai se afastar de mim...

– O que você aprontou?

O cavaleiro resolveu contar, tudo. Era preferível ela saber por ele do que por Heluane.

– Como teve coragem??! - indagou indignada.

– Tendo... ela me provocou e eu não me controlei.

– Giovanni afaste-se dela imediatamente.

Os dois assustaram-se com a voz fria de Shion.

– Mestre...

– Saia. - o olhar era impiedoso.

– Mas mestre eu não fiz nada... eu juro.

– Saia, cavaleiro de Câncer.

O italiano olhou de Shion para Julia que olhava seriamente.

– Pode deixar Shion, eu saio. - e voltando a atenção para Gio. - eu pensei que tinha mudado, vejo que me enganei.

Ouvir aquilo fez o coração de Mask doer e sentir um ódio ainda maior de Heluane.

Julia saiu indo direto para o quarto, Mask foi levado para a prisão.

Atrás de uma pilastra Helu, Paula e Marcela ouviram a conversa.

– Agora sim você revidou a altura. - disse Marcela a Helu. - ficar preso não o atingiria, mas perder a amizade da Julia foi um golpe de mestre.

– Bem feito.

As horas passaram rápido. Em Peixes, Afrodite fazia os últimos retoques na mesa.

– Perfeito. - disse dando um sorriso.

Perto da hora do chá, Dohko acompanhou Jules até Peixes. Mesmo transitando pelas casas, o libriano não se acanhou em segurar a mão da brasileira. A caminhada não durou muito.

– Quando acabar vai lá para casa?

– Vou Dohko.

– Ora se não é o mestre ancião. - Dite surgiu na porta. - que coisa mais romântica, veio trazer a namorada.

O libriano fechou a cara.

– Algum problema?

– Nenhum. Sabe que não ligo para o compromisso de uma mulher.

– Não essa. - ele segurou ainda mais forte a mão de Jules, que fitava os dois sem entender.

– Brincadeira sr. Hohko Hian. Mulher de amigo meu é homem. - abriu o sorriso. - mas eu também gosto de homem... acho que essa frase não se aplica. - o sorriso se tornou maldoso.

Dohko respirou fundo para não voar no pescoço do cavaleiro, mas ameaçou.

– Se eu ficar sabendo de alguma gracinha, eu te mato.

– Tudo bem.

O chinês voltou a atenção para Jules que ouvia tudo sem compreender.

– Se cuida.

– Tá...

Ele não se importou com a presença de Dite, enlaçou Jules pela cintura e a beijou intensamente.

– Te espero.

– Sim.... - a brasileira estava com o peito afano.

Dohko ainda lançou um olhar atravessado a Dite antes de sair.

– Muito bem senhora Hohko. - salientou o "senhora". - seja bem vinda a minha humilde residência.

Enquanto isso Mu, Deba e Kanon escoltaram suas "meninas". Não estavam achando nada bom, ainda mais por elas conversarem sobre o chá de forma tão animada. Na parte de cima do santuário, Sheila, Gabe, Cris e Isa também tomavam rumo da última casa. Kamus que as acompanhava seguiu adiante. Suellen e as demais encontraram com Juliana na porta de Peixes, a garota trazia o rosto vermelho.

– Ju? - indagou Mabel. - aconteceu alguma coisa?

– Não... - sorriu. - estava esperando alguém para entrar, vamos?

– Juízo. - disse Kanon. - Dite vem com aquela conversa mole, mas é uma cobra!

– Acha que eu não queria me deixar levar pela conversa mole dele? - Suellen deu um grande sorriso.

O geminiano fechou a cara.

– Faça como quiser. - deu as costas saindo.

Os demais olharam entre si sem entender.

O que deu nele?

– Acho que o problema é hereditário.... - disse Deba apontando para a cabeça.

– Ah...

Paula, Marcela e Helu desceram juntas, a paraense dava detalhes da conversa com Shion.

– Não acredito que fez isso. - disse Helu.

– Fiz, só não agarrei, pois não queria pressiona-lo.

– Paula é uma mulher decidida. - disse Marcela dando um tapinha no ombro da fluminense. - e ela tem que ser rápida, pois corre o risco da pipa do vovô não subir mais.

Caíram na risada.

Julia demorou a descer, as atitudes de Mask tinha decepcionado a.

Chegaram praticamente juntas, sendo recepcionadas pelo pisciano. A sala dele era digna de um palácio tamanho requinte. Os sofás eram brancos, dispostos sobre um tapete persa. No centro uma mesinha de mármore preto, com uma escultura grega. Vários arranjos de rosas faziam a parte natural da decoração. As paredes eram na cor caramelo, o teto de gesso branco.

– Sua casa é linda Dite. - disse Sheila.

– Obrigado querida. Agradeço a presença de todas. - demorou o olhar em uma delas. - como o dia está agradável o chá será servido no meu jardim.

– O jardim das rosas?

– Sim Isabel. Não se preocupem, o veneno que exala delas foi anulado. Venham por favor.

– Ele é perfeito. - disse Gabe.

E Afrodite estava impecável. Usava uma calça de linho bege, uma camisa branca também de linho, sapatos marrons, combinando com o cinto. Os cabelos pareciam ainda mais loiros.

Ele as conduziu para o interior da casa, até pararem em frente a uma porta de vidro.

– Bem vindas.

Arregalaram os olhos, pois a visão era encantadora. A área era cercada pelas montanhas que serpenteavam por entre as casas douradas. O jardim ficava num nível bem mais baixo que a casa de peixes, sendo ligado por uma escada, adornada pelos dois lados por rosas vermelhas. Eram aproximadamente trinta degraus. Ao final das escadas, a área seguia por uma planície. Com milhares de rosas, em todas as cores.

– Parece mágica.... - murmurou Juliana.

– Você que cuida? - indagou Mabel encantada.

– Sim. - a fitou. - gostou?

– Muito.

– É bom ouvir isso.

As rosas eram separadas por caminhos de pedras que cortavam a planície em todas as direções. Haviam rosas do vermelho sangue, ao bordô, brancas, amarelas, laranjas, azuis, rosas, roxas e negras. No meio, um imponente chafariz.

Quando terminaram de descer viraram a esquerda. A mesa com quinze lugares estava disposta na relva.

– Uau! - exclamou Gabe. - quanta coisa!

– Por favor, sentem-se.

Fitaram a mesa, que simplesmente era um capitulo a parte. A toalha era de seda branca, as porcelanas pareciam sair de algum palácio britânico, tamanho luxo e sofisticação. Havia quatro bules, duas leiteiras, quatro açucareiros e duas jarras de água. Uma chávena, pires e colher de chá para cada convidado, além do prato e talheres para a sobremesa. O cardápio de iguarias estava disposto em pequenas travessas de três andares, onde haviam canapés, macarons, biscoitos, scones, bolos fatiados e míni-sanduíches.

– Vamos queridas sentem-se.

Cada uma posicionou-se numa cadeira.

– Posso me sentar aqui? - pediu Julia.

– A vontade.

Julia sentou a esquerda de Afrodite, que sentaria na ponta.

– Eu vou sentar aqui. - pediu uma das meninas.

– Por favor. - Afrodite puxou a cadeira.

– Obrigada.

– Disponha. - sorriu.

E a disposição da mesa ficou.. Afrodite na ponta, a sua esquerda Julia, Sheila, Gabe, Juliana, Jules, e Isabel na ponta. Na sequencia, Cris, Suellen, Marcela, Paula, Helu, Ester e por último Mabel, ficando a direita do pisciano.

– Meninas. Temos quatro tipos de chá: camomila, chá preto, verde e um de morango. Açúcar, adoçante, mel e leite...

Mabel levantou a mão.

– O que foi? - a fitou.

– Sei que somos apenas convidadas, mas... só tem chá?

– Sim, por que?

– Ah... - murmurou sem graça. - por nada. - abaixou o rosto.

– Por que Mabel?

O tom de voz do cavaleiro, deixou as surpresas. Foi num tom bem másculo. E isso era intrigante no pisciano. Há pouco tempo ele adotara uma postura mais feminina e num segundo depois de um homem viril.

– Eu não gosto muito de chá...

– E gosta do que?

– Com esses biscoitos uma xícara de café cairia bem. - apontou para uns biscoitos confeitados com açúcar refinado.

Gustavv ficou em silêncio.

– Mas não se preocupe, eu bebo o chá...

– Espere um minuto.

Ele saiu.

– Acho que ele ficou com raiva. - a piauiense ficou sem graça. - eu e minha boca grande.

– Que nada Mabel. Se não tivesse chá de morango também pediria outra coisa. - disse Helu.

– Mudando de assunto, notaram essa porcelana? - indagou Marcela. - deve custar uma nota!

– Afrodite é diva. - disse Paula. - ele pode.

– E esse jardim...é lindo!

– E olha quantas variedades de rosas. As azuis são lindas! - exclamou Jules.

– Deve dar muito trabalho cuidar de tudo. - Juliana fitava as rosas amarelas. - deixa-las tão vivas!

– Será que todas são venenosas? - indagou Cris.

– De certo que sim. - disse Isa. - se tocarmos em alguma, deve ser morte na certa.

– Igual ao dono. - Suellen olhava as vermelhas. - de uma beleza encantadora e mortal.

Afrodite andava apressado pela casa, como pôde cometer um deslize desse? Providenciaria o café de Mabel imediatamente. Usando a velocidade da luz rumou para a segunda casa. Acabou por encontrar Mu e o dono dela na porta.

– O que está fazendo aqui? - indagou o brasileiro.

– Sei que tem Starbucks* e quero um pouco.

– Não era um chá?

– É, mas tem alguém que não gosta e pediu café.

– Você atendendo um pedido? - Mu o fitou espantado.

– Sim, estou atendendo um pedido. - disse entediado. - vai me emprestar ou não?

– Vou.

Rapidamente Aldebaran providenciou um pacote para o pisciano.

– Obrigado Ricky. - deu um sorriso.

– Por acaso está tentando agradar alguém? - Mu o fitou desconfiado.

– Eu não preciso agradar, pois já agrado naturalmente, mas sim estou.

– E quem é? - Deba ficou curioso.

– Segredo.

Deba e Mu trocaram olhares. Quem seria? Não tinha nenhuma loira no grupo.

– Mais uma vez obrigado Deba, fico te devendo uma.

– Me arrume um ramalhete de rosas vermelhas.

– Quer dizer que o touro também está querendo agradar...

– Sim. - ficou sem graça.

– Arrumo, mas não agora. Fui.

Enquanto isso no jardim...

Eu prefiro as amarelas, são tão suaves.– disse Ester.

– Pois eu amo as vermelhas. - Mabel olhou para Ester. - acho tão romântico, ganhar um buquê de rosas vermelhas.

Usando a velocidade da luz, Dite voltou para casa. Rapidamente preparou o café, colocando-o num bule.

– Espero que fique do seu agrado. - colocou o objeto perto da brasileira.

– É café?

– Sim e um dos melhores do mundo.

– Arrumou café por minha causa?

– Você merece. - deu uma piscadinha.

Mabel sorriu, jamais imaginaria que o terrível cavaleiro pudesse ser tão gentil.

Do outro lado da mesa, Isabel arqueou a sobrancelha.

– "É apenas a minha imaginação... muito fértil por sinal, Afrodite não...."

– Por favor, sirvam-se a vontade.

Atacaram as guloseimas, que por sinal estavam uma delicia.

– Seu aparelho de chá é lindo Dite. - disse Suellen.

– Obrigado. Era da minha mãe.

– Devem valer uma fortuna. - Helu examinava uma colher.

– São muitos raros senhorita Coragem. - sorriu e antes que ela dissesse algo... - não estou sendo irônico.

– Assim espero. Pois senão terei que processar você também por danos morais. Já não basta fazer isso com aquele italiano metido.

Afrodite começou a rir.

– Vai processa-lo?

– Sim.

– Pois prepare o dinheiro. Muito dinheiro.

– Não sei por quê? Ele deve ser um morto de fome.

– Giovanni? - arqueou a sobrancelha. - Morto de fome?

– Ele não é? - Mabel o fitou.

– Não querida. - sorriu simpático. - se fossemos colocar o santuário numa escala de riqueza, em primeiro lugar Atena. Ela é bilionária e não para de fazer dinheiro. Em segundo lugar o senhor Scanparizzi Romanelli.

– O Gio? - indagou Julia.

– Sim. Ele é dono simplesmente da Europa. - disse como se fosse algo trivial, levando a boca uma xícara de chá. - a mãe já nasceu milionária, Julieta Trivelli Scanparizzi Romanelli e o pai Francesco também. Logo herdou duas fortunas.

– O pai dele ainda vive? - Julia aproveitou a deixa para saber mais sobre o canceriano.

– Sim, mas há anos não se falam. - ficou sério. - problemas familiares. Então senhorita Heluane se for processa-lo pense em contratar os melhores advogados e dê preferência para um tribunal que a família dele não tenha influência. Fica a dica.

– Jamais imaginaria que ele fosse realmente rico. - disse Paula.

– Ele é. Em terceiro lugar, esse humilde servo de Atena. E depois os outros. Se bem que do resto, Kamus tem algumas propriedades em Marselha, o que faria em quarto lugar.

Isa ligou os ouvidos.

– "Propriedades em Marselha?... Minhas próximas férias." Ele tem parentes?

– Apenas uma irmã mais nova e sobrinhos. Ela se chama Claire.

– Pois ele pode ser ricaço, continua o mesmo idiota! – serviu-se de mais uma xícara de chá de morango.

– Uma atração... - Dite conteve o sorriso. - interessante.

– Atração? - Helu quase levantou. - por aquele grosso? Nunca!

– Afrodite. - Julia pegou no braço dele. - por que disse aquilo das Moiras?

O cavaleiro virou-se totalmente para ela, segurando de leve o queixo dela.

– Se seus cabelos fossem mais vermelhos, poderia se dizer que é a Julieta Scanparizzi. Você é uma cópia fiel da mãe dele. Quando bati o olho em você, pensei que estava vendo a senhora Julieta na minha frente.

– Isso explica muita coisa. - disse Jules lembrando de como MM apegou-se a paulista.

Julia ficou calada. Mask enxergava nela sua mãe? Que decepção! Era sinal que ela tinha cara de velha.

– Sua cara não é tão velha assim Julia. - brincou Isabel.

– Claro que não. - disse Dite sorrindo. - tem quantos anos?

– Vinte e seis...

– Faz todo o sentido a aparência. Julieta tinha vinte e sete quando morreu.

– Só? - Gabe ficou assustada. - muito nova.

– Era...foi uma morte prematura... - a voz ficou séria. - prematura e muito cruel...

– O que aconteceu? - Julia queria saber mais. - me conta Dite, por favor.

– Ela morreu quando ele tinha oito anos, era uma alma santa, enquanto o marido... a família de Gio é mafiosa, dos dois lados.... - o pisciano ficou em silêncio fitando um ponto qualquer. - uma hora ele te conta.

– O que? Eu quero saber agora.

– Julia, a certas histórias que é melhor não serem contadas. Um dia ele te fala.

Ficou calada. Mask jamais contaria para ela, ainda mais agora depois das palavras de mais cedo. Helu ouvia tudo atentamente. Qual seria o passado dele? Ficou curiosa, para saber o que aconteceu a Julieta.

O.o.O.o.O

Mask andava lentamente por entre as poças d'água e goteiras provenientes do teto rochoso. Uma das prisões do santuário ficava no subsolo da Arena dourada. Apenas uma porta de ferro separava a longa escada do mundo com sol. Depois de descê-las, ainda andava-se por um longo corredor pouco iluminado e úmido. Mask foi deixado em uma das celas. O cavaleiro andou até o fundo sentando numa pedra. Encostou as costas na parede. Ouvir aquilo de Julia o magoou e a possibilidade dela nunca mais falar com ele, ou ir embora o deixava atordoado. De tristeza o sentimento passou a ser ódio, faria Heluane pagar bem caro.


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Notas finais do capítulo

* A fic se passa no inicio de Agosto de 2013.
* Igreja de Santa Rita de Cássia fica em Campo Grande - MS
* Música que o Shaka estava escutando: http://www.youtube.com/watch?v=GKyMgyNsRKI
Eu escuto algumas músicas indianas e aí achei essa a cara do Shaka. A música é Jogi Mahi do filme Bachna Ae Haseeno e o cara que canta ( da roupa preta) é o ator Ranbir Kapoor
* Starbucks: é a empresa multinacional com a maior cadeia de cafeterias do mundo, tem sua sede em Seattle,EUA.



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