Hermione e Draco se entreolharam assustados, a menina saiu andando pisando duro. Então Hermione sentiu o impacto do corpo cair no chão e levantou os olhos. Havia um garoto loiro, com os cabelos bagunçados, olhos azuis, uniforme de Sonserina olhando para ela segurando um caderno rosa.

–Você não olha por onde anda não? –Hermione gritou.

–Mil perdões senhorita, não foi de propósito. –Assegurou.

–Olha os modos Gran... –Draco tentou falar com Hermione.

–Devolve meu caderno Scorpius. –A garota ruiva gritou com o loiro. Ela é realmente muito linda. Cabelos ruivos lisos, só as pontas tinham cachos naturais, os olhos eram verde escuro, podia-se até mesmo confundir com azul.

–Deixa de ser nervosinha Rose. –Mostrou a língua pra ela.

–Sonserinos. –Rose e Hermione falaram na mesma hora.

–Não me lembro de ter te visto. –Rose encarou Hermione.

–Nem eu. –Hermione encarou-a.

–Prazer, Rose Jean Granger Weasley. –Esticou a mão e Hermione olhou assustada para Draco.

–Eu nem me apresentei, mil desculpas. –Scorpius entrou entre as duas. –Scorpius Hyperion Malfoy. –Sorriu para ela, o sorriso era idêntico ao de Draco.

–Vocês dois. –Minerva olhou assustada para os dois. –Então foi isso que aconteceu. –Fechou os olhos. –Me acompanhem. –Draco e Hermione foram atrás dela até a sala da diretoria.

–Professora o que está acontecendo? Quem era aquela garota? Por que o sobrenome dela é Granger Weasley? –A respiração da garota estava acelerada.

–E o garoto? Malfoy? Que pegadinha é essa? –Draco perguntou.

–Sinto muito em dizer, mas vocês entraram na maquina do tempo e estão no futuro. –Explicou.

–Muito no futuro? –Draco questionou.

–Deixa eu explicar assim. –Minerva começou. –Draco aquele garoto é o seu único filho, com Astoria Greengrass. –Virou-se para Hermione. –A garota é sua filha com Ronald Weasley. Você tem outro filho, Hugo Weasley. –Hermione esbugalhou os olhos.

–Merlin. E agora? -Hermione estava assustada.

–Eu vou dar um jeito, a maquina foi destruída. Era primeira e última viagem dela. –Minerva disse para o desespero dos dois. –Mas eu vou dar um jeito, mas até lá vocês terão aula normal, com os filhos de vocês e com nomes de mentira. –Avisou.

–Que nomes? –Hermione perguntou.

–Vamos começar com Draco. –Ajeitou o chapéu. –Vamos deixar a inicial D. Daniel Moore ou Daniel Mitchell? –Perguntou.

–Mitchell. –Draco revirou os olhos.

–Helen ou Hanna? –Perguntou á Hermione.

–Helen. –Decidiu.

–Helen Gilbert. –A mulher decidiu. –Continuam as mesmas iniciais. –Se esforcem, ninguém pode saber. Boa sorte e... –A mulher começou.

–Não se matem. –Completaram em um uníssono.

–Nós sabemos. –Draco finalizou.

Assim os dois saíram da sala de Minerva e cada um foi levado aos seus quartos. Draco no mesmo quarto que Scorpius, Hermione no mesmo quarto que Rose.

Draco entrou no quarto e estava arrumando as coisas que Minerva havia dado á ele.

–Mitchell, não é? –Scorpius sentou-se na cama de Draco.

–Sim. –Tentou disfarçar o desgosto.

–Não gosta do seu sobrenome? –O rapaz perguntou curioso.

–Na verdade. –Começou. –Não. –Finalizou com sinceridade.

–É um sobrenome legal. –Afirmou.

–E você? Gosta do seu? –Perguntou cheio de curiosidade.

–É... Legal. –Encostou-se à cabeceira da cama. –É estranho quando seu nome significa algo como “Escorpião de má fé” –Fez aspas com os dedos.

–Seu pai chama-se Draco, não é? –Puxou assunto, tentando esquecer a decepção de saber que o filho não gostava de seu sobrenome e ele, no fundo, sabia que aquela não era o verdadeiro motivo. Mas tentou ignorar.

–É. Eu sou o Escorpião de Má Fé, filho do Dragão de Má Fé. –Riu pelo nariz. –Você sabe quem ele é? –Draco assentiu.

–Vocês se dão bem? –Precisava saber.

–Apesar de tudo... Sim, nos damos bem. –Afirmou meio confuso.

–Desculpe a intromissão, mas... Apesar de tudo? –Arqueou a sobrancelha.

–Um dia eu te conto. –Disse um tanto na defensiva. –Sabe... Você parece com o meu pai, bastante. Na verdade, você parece a versão jovem do meu pai. Você não é meu irmão bastardo não, não é? -Draco riu da reação do filho.

–Não. –Negou.

–E como seu pai se chama? –Perguntou.

–Lucius. –Respondeu.

–O nome do meu avô. –Levantou-se. –Nos vemos depois, vou procurar Albus. –E saiu.

Hermione sentou-se na cama que lhe foi destinada, folheou um dos livros que estavam no chão, mas não conseguiu se concentrar em nenhuma das palavras

–Weasley? –Hermione chamou a atenção da ruiva.

–Pode dizer Gilbert. –Virou-se para ela.

–Me chame de Her... Hellen. –Cometeu um erro.

–Então pode me chamar de Rose. –Sorriu para ela.

–Como é ser filha da grande Hermione Granger? –Perguntou um pouco sem graça de se engrandecer.

–Difícil. –Respondeu rapidamente. –Todos esperam muito de mim, esperam que eu seja a cópia dela, mas o problema é exatamente esse. Eu não sou ela. –Respirou fundo. –É a mesma coisa com Albus e com Malfoy. –Revirou os olhos ao falar de Scorpius.

–Malfoy? –Questionou.

–É. Eu não gosto de admitir, mas pra ele as coisas são quase tão difíceis quanto são pra mim. Deve ser horrível ser o filho de um ex-comensal da morte. Normalmente quando ele arruma confusão é sempre pelo mesmo motivo, o pai dele. Eles brigam, mas um Malfoy não pode viver sem o outro. –Sorriu de lado.

–E o pai dele? O que você acha dele? –Encheu-lhe de perguntas.

–Não sei. Tudo o que sei é o que mamãe e papai me contam. Mamãe diz que não tem nada contra ele, mas sinto algo na voz dela quando toca no nome da família e às vezes ela o chama pelo primeiro nome. –Deu de ombros. –Acho que eles não se odiavam tanto. –Supôs. –Mas meu pai o odeia, odeia de uma maneira quase sobrenatural. –Enrijeceu a musculatura. –Papai disse que me deserdaria se eu me apaixonasse por um Malfoy. –Contou.

–E você se apaixonou? –Hermione sabia a resposta, mas sabia também que ela não iria admitir.

–Não, jamais. –Ruborizou.

–Isso é bom. –Sorriu para a ruiva que se recompôs.

–E você e o tal Mitchell? Senti um clima entre vocês. –Arqueou a sobrancelha.

–Enlouqueceu? Nós nos odiamos. –Hermione sentiu o coração bater como uma bateria.

–Certo. –Levantou as mãos em rendição. –Mas essa é a minha opinião. –Riu.

–Jamais poderia me apaixonar por ele. Ele é desprezível. –Levantou-se.

–Aonde vai? –Rose questionou.

–Andar por aí. –E saiu.

A Grifinória sentou-se debaixo de uma árvore e tentou absorver tudo o que estava acontecendo. Será que já haviam dado falta deles e da maquina? E o que Harry e Rony estavam achando disso? Encostou a cabeça da árvore e fechou os olhos impedindo que as lágrimas escorressem.

–Teve a mesma ideia que eu. –Draco sentou-se ao lado dela.

–Você tem ideia do quanto é difícil conversar com a minha própria filha? –Perguntou contrariada.

–Tenho. –Afirmou.

–Ela disse que é difícil ser a minha filha. –Balançou a cabeça negativamente.

–Ele disse que não gosta do sobrenome dele. –Engoliu a seco.

–Ela disse uma coisa estranha pra mim, sobre você. –Se arrependeu de falar isso.

–Ele disse que eu sou parecido com o pai dele. –Draco encarou-a. –Espera aí, vocês estavam falando sobre mim? -Arqueou a sobrancelha.

–Ela disse que eu não gosto de falar seu sobrenome e que Ronald te odeia. –Contou.

–É claro que ele me odeia. –Revirou os olhos.

–Mas porque eu sentiria algo estranho em dizer seu sobrenome? –Estava confusa.

–Talvez porque mesmo depois de tantos anos não esqueceu o beijo que você me deu. –Gabou-se.

–Eu não te beijei. Aquilo foi um selinho e foi acidental. –Levantou-se e estava corada.

–Acidental ou não, beijo ou selinho... Você me agarrou. –Zombou.

–Era uma aposta e eu perdi. –Revelou.

–Eu fiz parte de uma aposta? –Levantou-se irado.

–Até parece que você nunca apostou uma garota. –Provocou.

–Eu odeio você Granger. –Vociferou irado.

–Eu odeio você Malfoy. –Virou as costas e saiu pisando duro.

–Garota idiota. –Chutou o nada.