Doce Inimiga escrita por Angel Black


Capítulo 14
Doce Confronto




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/462185/chapter/14

Hermione saiu pelo hall de entrada do hotel, com Drácula acompanhando-a com o olhar, ao mesmo tempo em que Sophie entrava.

– Mon-cherri, aonde aquela maluca vai? Achei que tínhamos um baile.

– Ela vai ver ELE! – respondeu de mau-humor, as presas se agigantando na boca.

– Harry? – perguntou Sophie, incrédula.

– Não... Harry não... ELE...
–--------------------------------

DIAS DEPOIS...

Hermione passou base corretiva abaixo dos olhos e colocou uma grande quantidade de base compacta para disfarçar as olheiras. Tinha medo mesmo que as pessoas desconfiassem de que se transformara numa vampira. Ela deveria aparentar estar bem de saúde, mas seu rosto, abatido e cansado, revelavam o contrário.

Era a noite do baile final no Ministério da Magia, a sexta-feira anterior à votação do segundo turno, que seria no domingo.

Ela estava nervosa. Sabia que precisava ganhar, mas suas forças estavam se exaurindo cada vez mais. Os dias intensos de campanha pareciam ter acabado com sua vivacidade.

Quando se olhava no espelho, imaginava se realmente não teria sido transformada em vampiro, mas achou que não. Apesar de que agora não suportava mais andar por muito tempo e detestava ter que levantar cedo, seu apetite não havia mudado. Não se interessava por coisas mal passadas, preferia saladas, como sempre, e um frango bem assado como prato principal. Seu apetite, na verdade, parecia ter melhorado, mas não era boba. Tomava precauções todos os dias para que seu quarto, naquele hotel vampiresco, não fosse arrombado, e ainda dormia sempre em alerta, a varinha fazendo-lhe companhia embaixo do travesseiro.

Agora que o fim estava próximo, queria mesmo que tudo acabasse.
Se Harry ganhasse, sabia o que aconteceria. Seria uma escrava para sempre, e as pessoas viveriam subjugadas a ele, até que alguém tivesse coragem o suficiente para enfrentá-lo. Se ela ganhasse, bem... se ganhasse, haveria muito o que fazer. Teria que enfrentar a fúria de Harry e encontrar um modo de conviver com ele, com a oposição que ele ofereceria a seu governo.

Escolheu o vestido mais opulento que encontrara. Não era de seu feitio usar roupas extravagantes, mas queria estar estonteante na presença de Harry. Colocou uma tiara de diamantes que Drácula havia comprado para ela, e se cobriu de jóias. Achou que estava ridícula, ela sempre foi tão simples. Aquele glamour todo definitivamente não combinava com ela, mas saiu do quarto mesmo assim, encontrando Drácula e Sophie no hall de entrada do hotel, esperando-a.

– Está maravilhosa! – disse Drácula, beijando sua mão. Hermione sentiu que ele a mordiscou e puxou-a bruscamente, assustada.

– Fique calma, srta. Hermione! A transformação em vampiro é um ritual muito poderoso, não é com um simples arranhãozinho que virará uma vampira. Eu precisaria beber alguns goles do seu sangue e você do meu, e não creio que faria isso.

– Você me assustou. Por que mordeu minha mão? – perguntou irritada.

– Não resisti. Você tem um encanto sobre mim que me é estranho!

Hermione não gostou da colocação de Drácula, especialmente porque estavam na frente de Sophie, que já parecia bem perturbada. Mas ele não parou por aí. Esqueceu-se completamente da francesa e, segurando no braço de Hermione, guiou-a até a limusine.

O salão de festas do Ministério da Magia era duas vezes maior que o salão principal de Hogwarts, e estava decorado com um luxo de tirar o fôlego. Hermione viu Harry assim que botou os pés ali. Ele estava rodeado por uma grande quantidade de pessoas, muitos deles repórteres.

– Devíamos ir até lá! – disse Drácula, sussurrando no ouvido de Hermione.

– Prefiro não ir agora! – respondeu dando um passo à frente, a fim de evitar o contato com Drácula, que parecia querer ficar cada vez mais perto dela.

Quando Harry divisou Hermione, abaixou a cabeça por um segundo, parecendo pensativo. Em seguida, sorriu e fez um aceno com a cabeça, que ela respondeu igualmente.

Minutos depois, os convidados do Ministério começaram a se sentar nos lugares indicados pela administração e, para a infelicidade de Hermione, coube a ela ficar ao lado de Harry. Era uma contravenção às regras de etiqueta, uma vez que ainda eram casados, sentarem-se um do lado do outro num jantar como aquele, mas, como a administração do Ministério significava administração de Harry, não ficou muito surpresa.

– Quero dar as boas vindas a todos nesta noite especial! – disse Arthur Weasley, sentando-se à cabeceira daquela mesa gigantesca. – Principalmente aos nossos elegíveis Harry James Potter e Hermione Jane Granger Potter, que concorrem para rei e rainha do mundo, respectivamente, e a Rudolf Blues e Victor Braimovich, derrotados no primeiro turno. Sejam todos bem vindos ao Ministério da Magia do Reino Unido e creio que, futura instalação da sede internacional do reinado da magia.

Durante o discurso de Weasley, Hermione percebeu que Harry não tirava os olhos dela e, irritada, replicou:

– Algum problema... sr. Potter? – sussurrou. Mesmo assim, os fotógrafos que estavam em volta começaram a focalizar o casal da noite.

– Você não me parece muito melhor! Tem se alimentado bem? – perguntou.

– Por que está tão preocupado com minha saúde? Ah... já sei, aposto que quer saber se tem chances de eu morrer antes de domingo, não é? Não se preocupe, ou melhor, preocupe-se sim, pois estou perfeitamente bem.

– Parece mais branca do que o de costume. Tem tomado sol? Sol é bom, principalmente no início, quando o ritual vampiresco foi recém...

– Vá pro inferno! – respondeu ela, impaciente.

– Ele te mordeu, não é? – perguntou ele, levantando um pouco a voz e atraindo a atenção de mais gente ainda.

– Não, não me mordeu! – falou Hermione, rispidamente.

– E o que é isso em sua mão?

Na mão de Hermione, onde Drácula havia mordiscado, uma mancha roxa crescia, as veias perto do arranhão, pareciam mais dilatas e negras.

– Não é nada! – disse Hermione, escondendo a mão, mas Harry foi atrevido e forçou Hermione a lhe mostrar a mão, mesmo contra sua vontade.

– Quer parar com isso?! –A esta altura, todos só tinham olhos para eles.
Harry, sem fazer esforço, ao contrário de Hermione, mantinha o pulso dela firme em suas mãos.

– Está infeccionado, mas é recente. Não pode ser isso! Ele deve ter mordido você noutro lugar, tem outro lugar que está dolorido em você, Hermione?

– PARE COM ISSO! – gritou ela e se levantou.

– Sente-se! – mandou ele, parecendo irritado.

– Eu vou-me embora! Cansei de toda essa hipocrisia.

– Eu mandei sentar! – disse Harry, cada vez mais chateado.

– Você não manda em mim!

Harry se levantou. Como era muito mais alto do que ela, Hermione titubeou por alguns segundos, mas não mudou.

– Eu não tenho medo de você! – disse ela, com o coração freneticamente acelerado.

– Por favor, sente-se, agora eu estou pedindo. Estou suplicando, Hermione, por favor, sente-se.

O silêncio parecia mortal naquela sala lotada de pessoas.

Hermione se sentou, achando que seria mesmo o melhor, ou Drácula iria infernizá-la por toda a vida, por ter fugido do jantar daquela forma.

– Sinto muito pelo meu comportamento, só estou preocupado.

– Não há razões para estar. – respondeu Hermione. – Drácula não me transformou em vampira, se é o que você está tentando sugerir para todos...

– Eu não...

– Drácula é um gentleman, assim como Sophie é uma dama, ambos são muitos respeitados pela sociedade bruxa, e espero que continue sendo assim também com os outros vampiros.

O jantar continuou civilizadamente, depois disso, com poucas conversas entre os dois. Quando o jantar enfim acabou, Arthur Weasley anunciou que o baile começaria. A primeira dança seria dos candidatos, e antes que o Ministro terminasse de falar, Harry já estendia a mão para Hermione, que hesitou um pouco antes de ceder. Harry a conduziu para o centro do salão e começou a valsar vagarosamente, muito perto dela.

– Você encomendou isso, não é? Esse jantar, essa música, a primeira valsa ser dos candidatos. Tudo partiu de você, não foi? – perguntou enojada.

– Claro que sim. Já deve ter percebido, Hermione, que minha influência é infinitamente maior que a de Arthur e do que a de Drácula. Mesmo se você vencer no domingo, assim mesmo eu ainda terei o que quero.

– Então não acredita na democracia, e sim na força.

– Acredito que há uma maneira de agir para cada situação. Em algumas delas, a força é necessária. Em outras, é a diplomacia que abre caminhos. Com você, ainda não sei o que devo usar. Nunca quis machucá-la, Hermione, pelo contrário, meu objetivo sempre foi protegê-la, no que falhei miseravelmente. No fim, ao tentar trazê-la para meu lado e torná-la minha aliada, acabei ganhando a pior dos meus inimigos. A minha única inimiga... minha doce... inimiga.

Harry foi se aproximando de Hermione, para o desespero dela.

– O que pensa que está fazendo? – perguntou ela, nervosa.

– Isso é muito importante para mim, Hermione. Eu sempre quis ser o rei do mundo. Batalhei muito por isso, de uma maneira que você nem imagina, pois não passou comigo esses dez anos em que fui um político. Mas, mesmo assim, Mione, eu deixaria tudo isso por você. Desistiria dessa campanha se pudesse tê-la novamente.

– Você acha que me engana, Harry? Você acha que ainda sou tola o suficiente para cair na sua lábia novamente...

– Não é lábia, Hermione.... não dessa vez! Eu confesso que quando me casei com você eu só queria te calar... te fazer minha aliada, e arrastei você para este casamento fadado ao insucesso. Mas agora alguma coisa mudou dentro de mim. Não sei quando começou, mas agora me tomou por completo. Eu amo você, Hermione... eu a amo... apesar de minha razão dizer que não. Apesar de você ser totalmente inadequada para mim. Apesar de você ser o motivo, talvez, do meu fracasso no domingo, apesar de você não ter a elegância necessária de que a posição que eu quero alcançar necessita, apesar de tudo isso... eu a amo...

– Como pode dizer isso de maneira tão arrogante e orgulhosa? Veja, Harry, mesmo que eu acreditasse que seu “amor” por mim é verdadeiro... acha mesmo que eu seria tão insensível para que estas palavras não me ofendam? Eu não sou adequada para você só porque não ajo como uma rainha ou como uma primeira dama? Pois bem, a mim pouco me importa como sou. E sua falsa declaração de amor só serviu para que me sentisse ainda mais decidida a derrotá-lo! O que vai acontecer, Harry Potter, se eu for a rainha e você o derrotado? Então, você é que será inadequado para mim. Ah... – disse Hermione, sentindo uma raiva crescer dentro de si – isso só mostra o seu desespero, Harry, não é? E só mostra o quão superficial você é!

– Hermione se te ofendi peço perdão, mas eu precisava expor meus sentimentos. Não sabe os confrontos que minha razão e meu coração têm sofrido ultimamente por sua culpa. Você não entende porque não desejou isso por tantos anos quanto eu. Por que não apostou tudo o que tem numa campanha como esta. Mas se te aborreço com minha “falsa declaração de amor”, deixe-me corrigir este ato.

Harry abandonou Hermione no meio da dança naquele páteo enorme, apanhou o sobretudo apoiado em sua mesa e declarou:

– Senhoras e senhores... tenho uma declaração a fazer: estou, neste momento, desistindo de minha candidatura para rei do mundo mágico. –

O jantar estava acabado. Os poucos repórteres explodiram em perguntas e fotos. Alguns convidados ilustres se levantaram aturdidos com a declaração de Harry, outros pareciam perplexos. Drácula e Sophie sorriam como lunáticos, enquanto Hermione sentia como se um balde de água gelada fosse derramado sobre ela.

– Creio que isso faz de Hermione Jane Granger a nova rainha do mundo. – pronunciou Harry simplesmente, sem explicar as razões e os por quês.

E lançando um último olhar para Hermione, que ainda estava petrificada, Harry saiu do aposento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Doce Inimiga" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.