Doce Inimiga escrita por Angel Black


Capítulo 13
Primeiro Turno




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Hermione correu pelo corredor desesperada até achar o primeiro toillete. Sem poder conter a ânsia e a dor que sentia por dentro, vomitou, como se tirasse de si toda a sujeira que a infectava, como se sua alma não pudesse mais transpirar naquele âmbito de hipocrisia e imoralidade.

Vomitou tanto que, minutos depois, quando já não havia mais nada para regurgitar, ela ainda estava sentada sobre o piso frio e abraçada à privada branca e luxuosa.

Foi quando ouviu passos se aproximando, entrando no banheiro e abrindo a porta do compartimento ao qual estava entregue. Sem abrir os olhos e, adivinhando se tratar de Sophie ou Drácula, Hermione respondeu:

– Não posso mais continuar... eu pensei que poderia... mas não posso... eu não posso...eu não posso... meu Deus!

– Deveria ter pensado nisso antes! Agora é tarde para desistir

Hermione ficou gelada quando escutou aquela voz. Abriu os olhos, mas não se atreveu a levantar a cabeça. “Não, meu Deus, por favor, tenha dó de mim”, pensou ela, arrasada para iniciar outro confronto com seu marido.

– Você está horrível! Parece mesmo que se transformou numa vampira! – disse Harry se aproximando, e antes que Hermione pudesse fazer alguma coisa, ele a segurou pelos ombros e começou a enxugar sua testa, lavada pelo suor.

Sem forças, ela acabou despencando nos braços de Harry, chacoalhada pelos soluços.

– Eu te odeio! – ela dizia, chorando e o esmurrando com as mãos. Fraca como estava, as mãos mal pairavam no ar. – Por que não me deixa em paz?

– Há poucos minutos disse que ainda me amava... agora já me odeia? Você precisa decidir. E, se quer saber, não vim atrás de você, vim lavar meu rosto. Acontece que você está no banheiro masculino.

Por cima dos ombros de Harry, Hermione olhou em volta e, quando viu os mictórios, enrubesceu de vergonha e tentou se levantar.

– Quer ficar calma, você vai acabar desmaiando se tentar sair assim! – disse Harry, segurando-a pela cintura.

As pernas de Hermione tremeram novamente e, sem que ela pudesse se controlar, acabaram cedendo, entregando-se novamente aos braços de Harry.

– Você precisa ver um medi-bruxo agora mesmo! – disse Harry, erguendo-a nos braços. Ela não resistiu inicialmente. Apenas apoiou a cabeça nos braços do seu marido e deixou-se ficar por alguns minutos.

Quando alcançaram o corredor, Drácula apareceu, junto com Sophie.

– Largue-a! – disse Drácula, ameaçador, ao ver que Harry mantinha Hermione firme nos braços.

– Ela está doente! – replicou Harry. – O que diabos vocês estão fazendo com ela?

– É você quem a deixa doente! – disse Drácula. – Solte-a ou eu vou chamar os seguranças. Você pode ter seqüestrado Firenze impunemente, mas não deixarei que faça isso com a Srta. Granger.

– Potter! Sra. Potter! Hermione é a minha mulher, e eu sei o que é melhor para ela. Ela está doente, precisa de cuidados,! e eu ainda sou o marido dela!

– Largue-me! – sussurrou Hermione, muito fracamente, tentando se desvencilhar de Harry.

– Viu só!? Hermione quer vir conosco ! – disse Drácula vitorioso.

Sem alternativas, Harry colocou Hermione no chão, ainda segurando-a pela cintura.

– Hermione, tome cuidado. Eles não são como você pensa que são. Eles podem te machucar...

– Você é o único que pode me machucar, Harry... – disse Hermione, cambaleante.

Ela não se importaria se ficasse aninhada nos braços dele naquela hora. Era reconfortante e agradável aquela idéia, mas sabia que se deixasse ele levá-la dali, voltaria a ser uma prisioneira e nunca mais poderia se libertar. Ela precisava ser forte, uma fortaleza que não sabia onde buscar.

Drácula puxou Hermione e a carregou pelo corredor, afastando-a de Harry, que ficou imóvel, observando-os atentamente.

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– É o fim! – esbravejava Drácula, na limusine em que ele, Sophie e Hermione ocupavam a caminho do hotel. – Além de expor todos os sentimentos da maneira mais deselegante que uma pessoa poderia fazer, você ainda não quis ficar no jantar! Será que eu tenho que lembrá-la de que estamos em campanha? O que os eleitores acharão disso? É o fim! O Fim! Agora acho que a nossa única esperança mesmo é esperar pelo segundo turno! Que estupidez, poderíamos ter ganhado logo no primeiro turno, no primeiro! Se você expusesse tudo o que sabe de Harry Potter diante de todos, duvido que ele teria saída. Mas não, NÃO! Você tinha que ficar indefesa, e ainda jogou água na cara dele, que falta total de sutileza! Eu não estou apoiando a senhorita para vê-la perder!

– Olha aqui! – disse Hermione, brava e com uma terrível dor-de-cabeça – O que fiz está feito! Você soube desde o início que sou impulsiva, este é o meu jeito e prefiro não mudar para me tornar uma pessoa fria e calculista. E, de qualquer jeito, você não estava muito melhor sozinho. Sem os votos dos vampiros você nunca teve chance!

– Que audácia! – gritou Drácula, querendo a todo custo provocar Hermione, que se encolhia cada vez mais no banco, não por medo dos vampiros, mas porque se sentia muito mal. – A senhorita... a senhorita está dizendo que...

– Por favorr, querrido! – disse Sophie, parecendo irritada com toda a discussão. – Deixe-a! De qualquer forma, é só o início. E com o segundo turno teremos tempo para reverter a situação.

O silêncio pairou no carro, enquanto Hermione olhava para fora, pensava em tudo o que falara para Harry. Sentia-se nervosa. Achou que seria forte o suficiente para poder enfrentá-lo, mas depois de toda a intimidade pela qual passaram juntos, culminando com um casamento forjado, mas que por algumas horas foi verdadeiro e maravilhoso para ela, todo o resto só serviu para enfraquecê-la. Harry era seguro, forte, sabia conduzi-la com a elegância de alguém que se dedicava à política há muitos anos. Ela nada tinha de lábia, e temia que seu discurso marcado pela ideologia não fosse mais forte que o de Harry, marcado pela eloqüência trivial, contudo, estratégica.

Mal podia esperar para chegar ao hotel e, quando isso aconteceu, correu logo para o quarto, procurando pelo toillete. Vomitou novamente, sem poder controlar os espasmos do estômago. Fraca e cansada, Hermione tomou um banho de quase meia hora. A água era misturada às lágrimas, que escorriam por seu corpo. Chegou a se sentar no piso frio e a se encolher contra a parede enquanto seu corpo era sacolejado pelos soluços.

“Não há como escapar!”, pensava ela, “Não sou forte o suficiente, e se ele ganhar, eu serei uma escrava para sempre!”.

Depois do banho, Hermione se arrastou para a cama, onde ficou por muitas horas entregue à tristeza.

Era manhã quando Drácula entrou no quarto de Hermione sem que ela se desse conta. Ela já estava deitada há dois dias inteiros e não queria saber de acordar:

– Srta. Granger! – disse o vampiro, e pigarregou. Pigarreou novamente, dessa vez mais alto, e nada.

Contrariado, Drácula se aproximou da janela e abriu as cortinas num puxão.

Hermione xingou com um muxuxo quando a luz forte do sol atingiu seus olhos, até então, acostumados à escuridão.

– Achei que vampiros não suportassem a luz do sol – disse ela, sentando-se na cama, ao ver que Drácula não se aborrecia com a luz batendo às suas costas.

– É verdade! Vampiros não podem tomar banho de sol se não quiserem ser dissolvidos, mas isso não se aplica a mim. Contudo, não posso me expor por muito tempo, ou corro sérios perigos. Agora, ultimamente, é a senhorita quem tem se comportado como um vampiro. Estamos em campanha e a senhorita parece que está de férias.

– Não tenho me sentido bem ultimamente! – disse Hermione, colocando o penhoar sobre a camisola. O Drácula de agora era atraente demais para que Hermione se sentisse a vontade.

– Bem, tenho uma notícia que a fará se sentir bem melhor!

– O que é, Harry Potter desistiu? – perguntou, ironicamente.

– Bem, quase! Saiu a última pesquisa de intenções de votos. Ora, ora, o povo é bem estranho, às vezes. Quando achei que perderíamos pontos, acabamos ganhando! Aparentemente, o público gostou da sua atitude. Ainda estão curiosos para saber o que houve com você e o Sr. Potter, mas quando disse que o amava e que agia assim naturalmente, as pessoas adoraram. Tem uma pequena multidão em frente ao prédio com cartazes seus. Os trouxas estão sem entender nada. É possível que saia nos jornais deles também. Publicidade gratuita, tudo o que queremos.

Drácula estava mesmo contente!

– Estamos de novo no jogo, Srta. Granger, e agora vamos intensificar a campanha...

E Drácula realmente a intensificou, para o desprazer de Hermione, que parecia ter pego uma virose daquelas. Algumas semanas depois, os enjôos não davam descanso, assim como Drácula ou Sophie, que saíam com ela para cima e para baixo em eventos e encontros.

A votação do primeiro turno saiu como esperado. Um empate técnico entre Harry e Hermione, com uma leve vantagem para Potter. Mas isso não desanimou Drácula.

– Na sexta feira antes do segundo turno haverá um baile no Ministério da Magia, com cobertura completa. É importante que você vá, precisamos desses últimos votos, não deixe de comparecer – ele a advertiu, em tom de ameaça.

– Tudo bem, sei que devo me controlar, mas é difícil, você sabe! – replicou.

– Sei, sim, mas vamos dar um jeito nisso. Agora, suba e coloque um vestido, vamos a um baile de caridade em Devon.

– Não, agora não! – disse Hermione, misteriosa. – Tenho um compromisso.

– Mais importante que um baile em Devon? Pode nos trazer muitos votos!.

– Para mim, é mais importante! – disse, caminhando para o lobby do hotel.

– Quer que eu te acompanhe? – perguntou Drácula, correndo para acompanhá-la e segurar seu braço.

– Obrigada, mas não! – respondeu, olhando para as mãos dele no seu braço.

– Às vezes sinto que você se incomoda comigo! – disse o vampiro retirando a mão.

– Não gosto que as pessoas me inibam. – replicou Hermione, sinceramente. – Você tem sido um grande amigo, Drácula, mas às vezes, quer me controlar e eu não gosto disso.

– E Harry, Hermione? – lançou com um olhar provocador. – Quando Harry é dominador e controlador, você não liga?

– Ligo sim... se não ligasse eu teria escolhido ir com ele naquela noite no Ministério, quando estava passando mal. Eu o amo, isso não posso esconder, nem a você, nem a ele, e nem a mim mesma. Mas meu amor-próprio ainda é maior do que o que sinto por ele. Ele me machucou demais para eu fingir que está tudo bem. Jurei para mim mesma que não o deixaria jamais me machucar novamente. Não vou deixar, Drácula, nem ele, nem a ninguém...


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