Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 3
Rude e narcisista


Notas iniciais do capítulo

Oh well, eu estava lendo Jogos Vorazes, mas aí eu senti saudades da minha fic e vim escrever. Mais um capítulo, um pouco maior do que os outros. Pois é, o tamanho depende da vontade que o Mycroft tem de escrever, ehe.



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A avaliadora ficou horrorizada com o meu último texto. Ela disse que eu tenho que chamar as pessoas pelo nome e que eu não deveria ter mudado de mesa. Disse também que eu sou muito rude e narcisista, pelo modo como eu trato as pessoas. Agradeci e ela ficou um pouco irritada, porque aquilo aparentemente “não foi um elogio”, o que significa que ah, foi um insulto. Quem está sendo rude agora, hein?

A propósito, por que eu preciso frequentar a psicóloga do colégio e o Sherlock não? Injusto.

Mas vamos ao meu dia.

Tive aulas legais durante a semana. Os professores do terceiro ano são bem especializados e nunca se incomodam quando eu tenho uma opinião contraditória sobre a matéria. Pelo menos, até agora. Não fiz contato com mais ninguém, exceto por quarta-feira na hora do recreio, quando o Blab... digo, o Gregory perguntou se podia sentar na minha mesa na cantina.

“Não.”

“Mas todas as outras cadeiras já estão ocupadas!”

“Aquela ali ainda tem lugar” falei apontando para a mesa daquele cara que faz Biologia comigo.

“Não... ele me dá medo”

“Sente-se logo então, mas devo avisar que eu gosto de comer em silêncio.”

“Sem problemas.”

E foram lindos cinco minutos de total silêncio.

“Seu nome é engraçado. Mycroft. My-croft. É hebraico?”

Revirei os olhos.

“Não, é britânico mesmo.”

“Ah...” ele hesitou umas quatro vezes, mas resolveu falar “posso te chamar de Mike? Você pode me chama de Greg, se quiser.”

“Eu prefiro Mycroft. Não gosto de apelidos.”

“Tá certo, mas, por favor, me chame de Greg. Ninguém fala Gregory, nem minha avó.”

“Vou me lembrar disso, se alguma vez eu tiver a intenção de lhe dirigir a palavra.”

E então voltamos ao silêncio. Eu estava comendo meus dois pães de batata, como de costume. Greg tinha levado uma lancheira com uns biscoitos grandes recheados e eu devo ter olhado tempo demais para aquele lanche, porque ele acabou me oferecendo um. Aceitei e acho que eu dei um sorriso rápido, sei lá.

Era nosso último tempo de sexta feira e se você fosse da banda do colégio, podia se ausentar da educação física. Eu disse que tocava violoncelo, mas não disse que era bom nisso. Entendo a escala musical, tudo uma simples fórmula matemática, mas meu professor nunca fica satisfeito com os sons que saem do meu instrumento. “Canalize suas emoções no arco, Mycroft, sinta o ritmo”, mas eu simplesmente não conseguia aplicar a teoria na prática. Mesmo assim eu continuava a ter aulas. Qualquer coisa era melhor do que jogar futebol.

Sentei num banco perto dos portões cinza da escola para esperar Sherlock. Ele veio todo suado.

“Você fez educação física?”

“Fugir de vinte pessoas jogando bolas em você é considerado educação física?”

“Troque o seu tempo pela aula de música.”

“Eu tentei, mas aparentemente a última vaga foi preenchida por um estudante de violoncelo.”

“Nem pense nisso, eu não vou te dar a minha vaga.”

“Então eu vou falar com a mamãe.”

“Pode falar, contanto que você prometa que não vai fazer chantagem emocional.”

“Não prometo.”

Fomos discutindo pelo caminho, até que ouvimos um grande barulho vindo de trás. Era o Gregory, ele tinha caído da bicicleta.

“O pedal esquerdo estava solto.” disse Sherlock.

“Você deduziu isso?” perguntei.

“Não, eu vi uma garota afrouxando os parafusos, mas acho que ele ia cair de qualquer jeito, a corrente me parece enferrujada.”

“E pelo aspecto, ele a trocou semana passada. Deve ter comprado uma usada por um preço mais baixo.”

“O freio me parece quebrado, o que você me diz?”

“Talvez mal colocado. Olha a...”

“MAS SERÁ POSSÍVEL?! Vocês vão ficar aí ou vão me ajudar?” gritou Gregory.

Ajudamos ele a se levantar e o levamos até a porta de casa. Deve ter sido só uma torção, porque ele conseguiu ficar de pé. No caminho, ele perguntou várias vezes pela bicicleta, mas àquela altura, o caminhão do lixo já devia ter recolhido.

Seguimos para nossa casa e passamos a tarde debatendo sobre quem tinha direito à vaga na aula de música. Discutir com Sherlock sempre me deixava irritado, mas por dentro eu estava feliz por não ter tido um ataque de nervos na minha primeira semana de aula.


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Notas finais do capítulo

Vi que tem mais leitores, obrigada, pessoas! Não tenham medo de comentar. c:
Beijos e até outro capítulo.