Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 26
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Notas iniciais do capítulo

-DARY! LEGENDARY! Como eu prometi - e super atrasado, mil desculpas - um capítulo legendary pra vocês! Se vocês gostarem de música pra acompanhar a leitura, eu aconselho essa daqui https://www.youtube.com/watch?v=a76PIoh0TZk



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Descemos as escadas. Harry foi à cozinha buscar o bolo dos meninos e eu fui junto. Voltamos com os pratinhos para o quarto, bem na hora de impedir Sherlock de queimar o último soldadinho de John com uma lanterna e uma lupa. O irmão de Harriet estava sentado num canto, desolado. Confiscamos os objetos, descemos as escadas e já íamos entrar na cozinha, quando Harry parou e se virou para mim.

“Mycroft, não é para você me seguir a festa toda. Sai daqui, vai se divertir, homem!”

“Mas eu não sei o que fazer.” Declarei.

“Ué, vai dançar, beijar alguém.”

“Eu não danço e eu não me relaciono com...”

“Shh, shh, já entendi...” Ela apenas revirou os olhos, pegou um copo de água na geladeira e me entregou. Agradeci e engoli de uma vez. Foi horrível. Aquele negócio desceu queimando pelo meu esôfago.

“Eca, Harriet, isso não é água.”

“Claro que não.” Ela disse, fechando a porta da cozinha na minha cara. “É coragem.”

Fui abandonado na sala de estar para me enturmar. Um menino passou servindo refrigerante e eu aceitei uma coca, porque ele me falou que era diet.

Fiquei observando o lugar. Até que não era uma festa tão detestável quanto eu imaginava. A música estava alta, mas não chagava a ser desagradável. E todas aquelas pessoas em volta, não era estranho, sabe? Era como um recreio no colégio, só que mais animadinho e arrumado.

Dei o gole definitivo no meu refrigerante e do nada, as pessoas começaram a vir para os cantos, abrindo um círculo no meio do “salão”. Fiquei sem entender o que estava acontecendo, mas segui o fluxo.

Nisso, uma menina de vestido rosa foi até o meio e começou a sacudir os pés no ritmo da música. Em seguida, foi até a multidão e de lá puxou um ser de jaqueta de couro para junto de si. Tremi. Era Greg.

Comecei a entrar em pânico por ele. Imagina ficar em evidência na frente da escola inteira! Surpreendentemente ele sustentou a situação muito bem. Bem demais, eu diria.

Em todas as tentativas de imaginar o Greg dançando, meu cérebro nunca considerou o fato de que ele dançava bem e isso não vai soar nem um pouco heterossexual, mas... como ele dançava!

O menino da bandeja passou, tirou o copo vazio da minha mão e colocou um cheio, mas eu permaneci imóvel, com o olhar fixo na pista. Greg e a menina dançavam com passos simétricos. As pessoas em volta começaram a bater palmas em sincronia. No final da música, ele fez um passo complexo, tirou a jaqueta e tacou em direção ao público. Senti as minhas bochechas ruborizarem (de vergonha alheia, obviamente).

Todos aplaudiram e voltaram a pista para a próxima música.

Bebi minha coca de uma só vez.

“Que homem, não é?”

Virei o rosto para o lado e Harriet estava lá, com um copo na mão.

“O quê?” falei, espantado “Que susto, Harriet, eu não vi você chegando...”

“Mas é claro, sua atenção estava nos movimentos suaves do Greg.”

“Muito espirituoso.” Sorri desdenhosamente. “Por que essa atração repentina pelo Greg? Mudou de time?”

“Na verdade, eu sempre joguei nos dois.” Ela riu. “Mas por que você está perguntando? Ciúmes de mim ou do Greg?”

“Eu não sinto ciúmes. Acho que você já passou da sua cota de uísque por hoje, Harriet, só isso.”

“Eu não cheguei nem na metade!” deu uma gargalhada e foi dançar com alguém que me parecia ser a garçonete do restaurante italiano.

Procurei algum lugar para sentar e no caminho, passei por Greg.

"Sua performance foi muito boa na pista." Eu falei, tentando fazer um elogio.

"Ah, obrigado." ele respondeu "John Travolta me ensinou tudo."

"Quem?"

"Esquece." riu "Por que você demorou a chegar?"

"É que hoje lá em casa fizeram uma..." A menina do vestido rosa apareceu e puxou Greg de volta para a pista.

"Desculpa, depois a gente se fala..." ele gritou, enquanto era engolido pela multidão.

Fui então me sentar em uma das cadeiras ao canto.

Contei as lâmpadas no teto, fiz deduções mentais sobre os donos da casa, decorei os títulos dos livros na estante e nada de Greg acabar de dançar. Resolvi procurar comida. Os petiscos de atum tinham acabado e as batatinhas também. Só tinha sobrado uma comida japonesa esquisita. Lembrei do bolo na cozinha e fui pegar um pedaço.

Chegando lá, me deparei com Sherlock e o amiguinho confiscando a bandeja de bolo. Eu ia falar alguma coisa, mas acho que a expressão que fiz já dizia tudo.

“Você acha que só você sabe destrancar portas com grampo de cabelo, é?” Sherlock respondeu a minha pergunta mental. “Vamos John, carregue o bolo até o quarto.”

Respirei fundo e fui então para a geladeira. Àquela altura eu já estava tão faminto que regras de etiqueta não se aplicavam mais a mim. Antes que eu pudesse dar uma boa olhada lá dentro, um grito me parou.

“O que é que você está fazendo aqui?” Virei e era Harriet. Os meninos já não estavam mais no cômodo então é, era comigo. “Vai se divertir agora, eu to mandando!”

“Mas eu só vim pegar...”

“Sem mas, vamos dançar!” Ela disse me puxando pelo braço.

Paramos do lado do aparelho de som. Harriet pegou uma caixa de cd, tirou o que estava tocando e colocou um outro.

“Nós precisamos de ABBA nessa festa.” Ela falou. “Precisamos de Dancing Queen!”

“Não, essa música não!” protestei, me lembrando da noite do karaokê.

“Por que não?”

Não foi preciso responder. A música começou a tocar e Greg surgiu não sei de onde, me empurrando para a pista de dança.

“É A SUA MÚSICA, MYCROFT!” Ele gritou, enquanto me segurava pelos braços e me rodava no meio de todo mundo. Só consegui ver Harriet tendo um ataque de risos ao longe e Sherlock gritando um “vai, Mycroft” de cima da escada, com o menininho loiro gargalhando do lado.

“Greg, para com isso, por favor!” tentei contestar "Eu não quero ficar em evidência, eu quero voltar pro canto!"

"Nada disso. Ninguém coloca Mycroft no canto!"

Não teve jeito. O refrão chegou e Greg começou a apontar pra mim, como no dia do karaokê e para piorar, as pessoas em volta fizeram igual, mesmo sem saber o motivo.

Comecei a ficar tonto com todas aquelas pessoas girando em volta de mim. Cobri meu rosto com as mãos. Meu estômago estava praticamente vazio e os copos de refrigerante misturados com a bebida alcoólica que a Harriet me deu não ajudavam em nada. Senti que ia desmaiar e dessa vez de verdade. Sem aviso prévio, despenquei no chão.


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Notas finais do capítulo

Nobody puts Mycroft in a corner! HAHAH Ai, não consigo evitar referências de musicais dos anos 80, é mais forte do que eu.
Desculpa por acabar o capítulo com todo esse drama, não pretendo demorar a postar o próximo. Desculpa também pela demora a responder os reviews e tal, valeu pela paciência, gente! Bjins!