Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 25
Naquele dia de junho


Notas iniciais do capítulo

Ai ai, divirtam-se!



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“Oi, meninos, como anda a vida?” Harriet falou enquanto se acomodava no espaço que sobrava ao meu lado na mesa. Greg ainda estava com o rosto enfiado na lancheira. “Tudo bem com ele?”

“Sim, só está fazendo drama.” Respondi.

“Eu mereço, hein, olha quem fala...” Greg resmungou tirando a cara cheia de recheio rosa de dentro da lancheira.

“É melhor você limpar logo essa cara antes que a Harriet lamba.” Falei, com meu melhor tom sarcástico.

“Mas que bonitinho, Mycroft, não precisa ter ciúmes.” Ela respondeu, em meio a risadas. As palavras me faltaram. “Enfim, eu vim aqui avisar que eu vou dar uma festa lá em casa. Vocês estão convidadíssimos.” Entregou-nos dois envelopes.

“Que legal!” Greg falou, enquanto limpava o rosto com um guardanapo. “Era disso que estávamos precisando.”

“Mas é nesse dia de junho, é?” Perguntei. “Por acaso é seu aniversário ou algo assim?”

“Não, é só uma festa mesmo. Meus pais vão viajar e eu vou aproveitar a casa. Agora se me derem licença, tenho mais gente pra convidar.” E despediu-se, acenando para Greg e me dando um beijo na bochecha, que eu limpei imediatamente.

A animação de Greg subiu a níveis altíssimos. Ele nem estava preocupado com o fato de que Megan certamente estaria lá. Só pensava em todas as horas que ia passar dançando e desviando o foco de suas preocupações. Eu nem sabia que ele dançava/gostava de dançar, então minha mente ficou uns três minutos ocupada tentando imaginar essa cena.

E quanto a mim, bem... eu não estava lá muito a fim de ir. Eu me sinto desconfortável nesses tipos de festa. Não que eu tenha ido a muitas festas na vida, mas é sempre a mesma coisa: todo mundo meio inconsciente, espaços apertados e barulho alto.

Então aquele dia de junho chegou e lá estava eu, às dez da noite, com uma camisa bonita e sapatos novos, tentado sair de casa sem ser percebido, em meio à confusão de parentes que ocupavam a sala de estar. Consegui passar pela porta com sucesso, mas levei um susto.

“Ei, aonde você vai?” Uma vozinha saída não sei de onde perguntou.

“Na casa de alguém. Onde você tá?”

“Aqui.” Disse Sherlock, saindo dramaticamente das sombras de um arbusto. “Eu posso ir com você?”

“Não é lugar de criança.”

“Eu achei que você tinha dito que era a casa de alguém.”

“Não importa, a questão é que eu preciso ir e você, trate de entrar, está muito frio aqui.”

“Voltar pra lá e deixar a minha bochecha ser apertada até a morte? Não, obrigado, prefiro o frio.”

“Você que sabe” disse e saí andando. Passei pela porta de Greg e vi que as luzes estavam todas apagadas. Ótimo, agora eu teria que chegar a um evento social de alguém que eu mal conheço, cheio de pessoas estranhas fazendo coisas estranhas ao som de músicas estranhas. Pensei em desistir umas cinco vezes durante o caminho, mas daí eu me lembrava que eu teria que voltar pro evento social na minha casa cheio de gente que fica perguntando se eu me lembro de quando eles me carregaram no colo e eu tenho que responder que não, porque eu era um bebê, e então tem as perguntas sobre estudos, relacionamentos e ai... Quando vi, já tinha chegado à casa de Harriet.

Hesitei em tocar a campainha. Eu não pertencia aquele lugar, eu tinha que voltar pra casa. Dei meia volta.

“Faça-me o favor, Mycroft!” Sherlock saiu de trás de uma árvore, me contornou e tocou a maldita campainha.

“O que você fez?” Eu entrei em desespero.

“Eu te segui.” Ele me olhou confuso. “Não é obvio?”

“Isso eu já entendi, mas por que você tocou a campainha?” Levei as mãos à cabeça.

“Não era pra tocar?”

Harriet abriu a porta. Um vento correu pelo vão e ela teve que segurar o vestido à lá Marylin Monroe.

“Entrada triunfal.” Ela riu. “Mycroft! Você veio!” Estendi a mão para cumprimenta-la, gesto esse que foi completamente ignorado quando ela me puxou e me abraçou. Fiquei sem reação. “E quem é esse com você?”

“Meu irmão Sherlock, ele vai ficar aqui fora, não se preocupe.”

“Mycroft!” Sherlock gritou. “Assim eu vou ficar com frio!”

“Ninguém mandou você me seguir, agora o vento do leste vai pegar você!”

“Não fala do vento do leste!” Sherlock protestou.

“Esquece o que ele falou.” Harry disse, puxando Sherlock pela mão “Já sei exatamente aonde eu vou te colocar.”

Entramos. A sala de estar/pista de dança estava repleta de pessoas do colégio que eu conhecia de vista. Alguns dançavam animadamente, outros comiam uns petiscos espalhados por uma mesa cheia de comida e havia vários grupos menores de gente conversando por todos os cantos. Fiz uma varredura com os olhos rápida e não achei Greg, então continuei seguindo Harriet para o lugar onde ela estava levando Sherlock.

Subimos as escadas e paramos em frente a uma porta esverdeada. Harriet tirou um molho de chaves de debaixo do tapete e a destrancou. De lá, um menininho tão loiro quanto ela e tão pequeno quanto Sherlock, veio correndo.

“Eu quero saiiiiir!” Ele gritou.

“Não, John, não tem nada para você lá embaixo.” Ela falou, enquanto empurrava Sherlock para dentro. “Mas veja como eu sou legal, eu te trouxe um amiguinho!”

“O que é isso, vocês estão sequestrando crianças e colocando elas nesse quarto?” Sherlock perguntou.

“Não, esse é só o meu irmãozinho John.” Ela respondeu. “Depois eu trago bolo pra vocês.”

“Eu não quero ficar aqui, meus soldadinhos já estão cansados de marchar no quarto!” O menininho loiro reclamou. “Queremos ir pra sala!”

“O Sherlock – é Sherlock, né? – vai brincar com você agora.” Ela sorriu. “Do que você gosta de brincar, Sherlock?”

“De assassinato!” meu irmão falou com animação e o irmão de Harriet começou a chorar.

“Eu... É... Melhor trazer o bolo logo, né? Vamos lá, Mycroft.” Harry disse, fechando a porta e ignorando os apelos de John.


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Notas finais do capítulo

Talvez eu demore um pouquito a postar o próximo, porque eu vou ter um simulado e tal, so... no rush. Mas eu prometo que capítulo que vem vai ser LEGEN- wait for it