Desconstruindo Mycroft escrita por Sparkles


Capítulo 10
Você quer brincar de detetive?


Notas iniciais do capítulo

Eu estou com "Você quer brincar na neve" na cabeça, então tá explicado o título. Boa leitura!



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Adormeci na beirada da cama de Sherlock e acordei com ele me dando um chute na cara, que aparentemente “foi sem querer”. Levantei e fui escolher as roupas que usaria. Não tinha nada muito sério no meu armário, então eu peguei um dos ternos do meu pai e um bom chapéu.

Já estava terminando de dar o nó na gravata quando Sherlock apareceu no meu quarto, vestido de pirata.

“O que conversamos sobre essa roupa?”

“Mas Mycroft, eu nunca tenho chance de usar isso” ele disse, colocando o tapa-olho.

“Essa roupa chama muita atenção, e hoje nós vamos brincar de detetive, lembra?”

Sherlock voltou para o quarto e em dez minutos estava pronto. Usava um casaco longo, por cima de uma camisa branca e uma calça de suspensórios.

“Tira o casaco, você vai ficar com calor.”

“Mas eu gosto dele” disse Sherlock “e você também colocou um casaco.”

“Isso é um paletó.”

“Isso é desnecessário”

“Eu precisava de uma roupa que eu não usasse normalmente. Disfarce é tudo.”

“Eu não uso minha roupa de pirata normalmente.”

“Fica então com essa roupa mesmo, mas eu não vou segurar o casaco pra você.”

Peguei um par de binóculos que eu tinha e tomamos um café da manhã rápido, o que era totalmente contra os meus princípios, mas eu estava com pressa.

“Posso saber para onde estão indo?” disse minha mãe, quando já estávamos abrindo a porta.

“Brincar de detetive!” Sherlock anunciou.

“Por que vocês estão vestidos assim?”

“Faz parte do jogo” eu falei “Vai ser na casa do Greg, mas não precisa ligar pra lá, eu ouvi dizer que eles não pagaram a luz, estão sem telefone”

“Certo” acho que ela não engoliu a história “Essa roupa é sua, Mike?”

“Mycroft, me chame de Mycroft” respondi “E não exatamente, mas... ih, olha só a hora, estamos muito atrasados. Beijo, mãe, tchau.” Fechei a porta.

Sherlock me olhou fazendo ‘não’ com a cabeça. Dei um peteleco no ombro dele e fomos andando.

Paramos num banco de praça, que ficava quase em frente à casa de Greg, porém na outra calçada. Eram 10:47 da manhã e nenhum movimento suspeito na porta.

“Por que a gente veio pra cá?”

“Eu quero investigar algo.”

“Posso usar os binóculos?”

“Não”

Ele não tinha mencionado a hora exata, mas eu supus que fosse um almoço, ou pelo menos estava torcendo para que fosse. Eu não podia correr o risco de chegar à noite e encontrá-lo voltando pra casa. Talvez tenhamos chegado muito cedo, mas eu não queria perder nenhum movimento.

Deu onze e meia e nada.

Sherlock já estava muito entediado.

“Detetive é a pior brincadeira do mundo.” Ele cruzou os braços “Eu achei que a gente fosse seguir as pessoas, achar pistas e interrogar.”

“Você sabe que não é necessário interrogar pra saber muito” falei “Vamos jogar dedução?”

“Sim, sim!” ele parecia animado “Eu começo escolhendo. Vamos falar daquela moça que acabou de sair da mercearia.” Ele apontou para a mulher.

“Ela tem prisão de ventre” falei, observando a cesta de compras que ela carregava “Todas as frutas que ela comprou são estimulantes intestinais. Pode ser por causa de estresse.”

“Faz sentido, ela se separou recentemente.” ele sugeriu.

“Rá, errado, não tem marca de anel no dedo.”

“Mas olha, ela leva um elástico no pulso, que seria para amarrar o cabelo”

“E o cabelo dela é muito curto pra isso, sim. Logo, ela tinha um cabelo comprido e o cortou há pouco tempo.” Olhei pra ele. “O que isso tem a ver?”

“Quando uma mulher faz uma grande mudança na aparência, significa que ela quer se renovar e deixar algum passado pra trás.”

Franzi o cenho.

“O quê?”

“Eu li isso na revista da mamãe” ele continuou “Enfim, ela realmente não tem uma marca de anel porque, ta-daa, ela não era casada. Eles podiam ser só namorados, quem sabe.”

“É, você se saiu bem” falei “Mas eu ainda sou o mais inteligente.”

“Quando eu for maior e fizer minha faculdade de pirata eu vou ser muito mais inteligente que você.”

“Por favor, você sabe que isso não é uma profissão de verdade, certo?”

“Não importa, eu posso inventar a profissão que eu quiser.”

“Se é assim, eu quero ser o Rei da Inglaterra.”

“Mas isso já existe” Sherlock franziu o nariz “E você teria que se casar com a Rainha.”

“Eca” chacoalhei a cabeça “mas vamos voltar ao jogo...”

Ficamos brincando daquilo até as 2:56 da tarde. Já estávamos exaustos e sem vontade de existir.

“Sua vez, Mycroft” Sherlock já estava praticamente deitado no banco “O que você diz daquele homem careca?”

“Eu deduzo que ele parece o Sméagol."

Rimos juntos. Foi então que eu vi um movimento na maçaneta da porta da casa de Greg. Peguei os binóculos e sim, era ele saindo. Esperei que ele seguisse por algum caminho, puxei Sherlock pelo braço e começamos a segui-lo.


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Notas finais do capítulo

Nha, eu gosto de pensar que eles tinham bons momentos quando crianças. E aí, pessoas, o que acharam? Beijos e até o próximo capítulo!



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