POV Nico

Meu dia já não estava lá essas coisas. E olha que isso foi antes de eu ser atacado por um ciclope.

Veja bem, eu estava terrivelmente cansado. Não parei para dormir desde que fui perseguido por um enxame de abelhas surgido sabe-se lá de onde. Corri até meus pés ficarem em carne viva por causa de tantas bolhas.

"Terei que me preocupar com isso mais tarde."

Comi uma manga, e percebi que minhas frutas já estavam quase acabando. Tinha que encontrar Julie logo para podermos sair de Lugar Nenhum.

E uma das abelhas tinha conseguido me alcançar e me picou bem na testa. Francamente, isso não é de Zeus!

Quando achei que teria um segundo de descanso, aparece o enorme ciclope na minha frente.

E com uma tanga igulzinha a do Tarzan. Tive que me segurar para não rir disso.

- Consegue passar por mim, garoto? - Ele perguntou, sorrindo sombriamente. Notei que havia um dente de ouro em sua boca, bem na frente.

- Espero que sim. - Murmurei, mais para mim mesmo do que para ele, enquanto o observava. Seu olho era puramente azul. Não tinha nem um fio de cabelo na cabeça, mas como que em compensação seu peito parecia o de um urso. Os pelos eram meio... rosados? - Você é ruivo? - Perguntei estupidamente.

- Algum problema? - Ele retrucou, zangado. - Ou você também vai caçoar de mim por isso?

Um ciclope careca de tanguinha, com um dente de ouro, olho azul, que sofre bullying por ser ruivo. Tá, agora eu posso dizer que já vi de tudo.

- Não, nenhum problema, claro que não. - Respondi, me esforçando mais ainda para segurar o riso. Acho que ele deve ter percebido meu leve sarcasmo, porque sua expressão se tornou ainda mais feroz e ele brandiu um enorme tronco de árvore na minha direção. Este passou a dois centímetros no meu nariz.

Ao mesmo tempo, eu quase caí na gargalhada, pois o rosto dele ficou tão vermelho quanto seus pelos. Geralmente, é isso que acontece quando se irrita um ruivo.

- O cabelo é meu, quem tem que dar conta dele sou eu. - Ele disse.

- Que cabelo? - Falei, me esquivando de mais um golpe. O monstro atacou novamente e eu tentei rolar por baixo de suas pernas, mas ele percebeu o truque e tive que desviar para o lado, antes que ele conseguisse me acertar.

- Engraçadinho você, hum? - Ele gritou, ainda mais vermelho. Parecia um tomate enorme. - Como eu disse, quem tem o direito de arrancar os cabelos por causa da minha aparência sou eu. EU, OUVIU?

- Já entendi. - Respondi. - O que eu quero saber é que cabelos você arranca, ou então já deve ter arrancado todos.

Cortei com minha espada e acabei acertando uma das pernas dele. O ciclope urrou.

- Filhote nojento de deus! - Disse, tentando me atingir novamente.

- Você está parecendo o Sr.D! - Gritei de volta.

Finalmente, vi minha chance de me livrar daquilo. Fiz um arco com minha lâmina e cortei do seu ombro direito até o lado esquerdo de seu quadril. Com um grito, o ciclope se desintegrou em cinzas.

- Boa sorte no Tártaro.

Talvez agora eu tivesse, enfim, meu segundo de tranquilidade. Suspirei e me deixei cair no chão, mas no mesmo instante ouvi um grito familiar. Levantei e corri para o som imediatamente.

- Ah, Julie, sua doida! Em que será que você se meteu dessa vez? - Disse para mim mesmo, enquanto um leque de emoções ameaçava explodir em peito. Ia de preocupação com minha amiga, medo pelo que poderia aontecer com ela, até uma enorme felicidade por saber que eu finalmente a encontraria.