Semicerrei os olhos, tentando enxergar alguma coisa. Finalmente, os teimosos se adaptaram à escuridão e eu vi... Um gigante segurando uma espada enorme, maior do que eu. (n/Aut: O que é maior que você? O gigante ou a espada?) (n/Julie: O gigante.) (n/Aut: E a espada?) (n/Julie: Também.) (n/Aut: Claro, não é difícil ser maior que você...) (n/Julie: Nossa, magoou.)

Ele tinha uma pele meio azulada e seu cabelo se parecia com algas marinhas. Tinha, facilmente, uns três metros de altura e sua cabeça não tocava o teto da caverna por poucos centímetros. Bom, talvez ele fosse pacífico. Alguns gigantes poderiam ser bons, certo? Como Damásen. Sabe, aquele que salvou a vida de alguém matando um drakon. Esse que estava na nossa frente podia ser legal, não necessariamente um gigante sanguinário decapitador de cabeças.

- Eu sou Amico. - A voz dele era como um rugido. - O sanguinário, rei dos Bebrícios.

Ops. Pois é, acho que ele ERA um gigante sanguinário decapitador de cabeças. Por que eu ainda tenho esperanças mesmo? (n/Aut: Eu realmente não sei.) Ele se colocou em nosso caminho e levantou a espada.

- Passem por mim, se puderem. - Rosnou.

Repassei mentalmente tudo o que eu sabia sobre Amico. Não consegui lembrar de nada, só o fato de que ele tinha sido morto por Pólux. Mas como? Nessas horas sempre me dá um branco...

Nico (que tinha recolocado a camisa, graças os deuses) olhou pra mim.

- Ataque Beta? - Perguntou.

- Primeiro temos que tentar uma aproximação diplomática, e... - Sussurrei de volta, mas ele não me ouviu e correu pra cima do gigante azul. Que diplomático. Acho que ia ser o ataque Beta mesmo, como tínhamos treinado juntos.

Basicamente, um de nós atrasava o inimigo enquanto o outro dava o golpe final. Simples, mas eficaz. Isto é, se você não morresse tentando. Nico provavelmente serviria de distração, portanto eu procurei um bom lugar para atacar. Com minha sorte, eu ia ter que montar nas costas dele também (do gigante, não de Nico!).

Com um barulho metálico, a luta começou. Eu precisava esperar alguns segundos até que Amico estivesse concentrado, então fiquei observando os movimentos deles. Nico girava e partia para o ataque, mas o gigante se desviava facilmente de todos os seus golpes. Finalmente, vi minha oportunidade, com Amico virado de costas para mim. Corri e dei um golpe com minha espada, acertando bem atrás de seu joelho. Ele começou a sangrar icor dourado, o sangue dos imortais, mas isso não pareceu ajudar muito.

Ele só ficou mais lento, mancando um pouco. E com raiva de mim, claro. Ele se virou na minha direção e começou a lutar comigo. Comigo! Oh meus deuses, eu estava morta. Ou não...

De algum jeito, olhei bem fundo nos olhos dele e senti aquela barreira na minha mente, a mesma barreira que sempre sentia quando tentava assustar alguém. Me concentrei e consegui ultrapassá-la, sendo atingida por uma nova onda de força. Continuei olhando firme para os olhos completamente azuis daquela coisa, e eles demonstraram exatamente o que eu queria: medo. Agora estavam tão arregalados que pareciam bolas de baseball.

O esforço para fazer aquilo me drenou completamente. Sinalizei para que Nico andasse logo, já que eu não sabia quanto tempo poderia ficar segurando aquilo. Ele entendeu e enfiou a espada até o punho na barriga do gigante. Este gritou de dor.

- Ainda vamos nos ver, e isso não vai ficar assim. - Disse, antes de explodir em uma luz azul e nos deixar sozinhos novamente.

Caí de joelhos, esgotada. Não lembrava de como era difícil fazer aquilo... Nico se aproximou de mim devagar, e eu notei que tinha um corte feio na testa dele, por onde o sangue escorria. Isso ia doer muito depois. Tentei levantar, mas minha cabeça girou e eu sentei de novo.

- Tudo bem? - Perguntou. - Uau. Foi incrível. Como...

- Não sei. - Respondi. - Vem aqui, vou achar um pedaço de pano. - Comecei a mexer na mochila.

- Não tem nenhum aí. Só as roupas. Por que precisa disso?

Então ele não sabia. (n/Percy: Não sabia o quê?) (n/Aut: Que o gigante tinha rachado a testa dele.) (n/Percy: Será que ele vai ficar com uma cicatriz igual à do Harry Potter?) (n/Harry: Não. A não ser que o gigante tenha mandado um Avada Kedavra nele, mas se tivesse feito isso provavelmente Nico estaria morto.) (n/Julie: Até você, Harry? Daqui a pouco a Katniss Everdeen vai aparecer por aqui também.) (n/Katniss: Me chamaram?) (n/Julie: Não. Mas quem sabe o Finnick?) (n/Aut: Cri, cri, cri. Acho que temos que continuar.) (n/Todos: Hãn?) (n/Aut: Qual é, a que sofre com as tentativas de assassinato por causa dessas interrupções sou eu!) (n/Julie: Okay. Acho que não deu hoje, mas eu ainda estou te esperando, Finnick!) (n/Nico: Eeeeeeei! Vamos parar com essa palhaçada?)

Dei de ombros e ele rasgou a outra manga da camisa, me entregando. Joguei nela um pouco de néctar, tomando o cuidado de economizar, e falei:

- Senta aí. - Ele obedeceu, ainda meio confuso. - Não vou mentir pra você, isso vai doer bastante.

- Isso o quê?

- Melhor você não saber. - Enfiei um quadradinho de ambrosia na boca dele. - Prepare-se. No três. Um... - Coloquei o pano em sua testa e ele gritou de dor.

- E o dois e o três? Não tem dois e três? - Disse fazendo uma careta.

- Dois, três. Já passou, certo? Vai melhorar logo.

Dizendo isso, busquei algumas frutas e comemos em silêncio. Ele ainda segurava o pano na testa quando recomeçamos a caminhada, mas o corte tinha começado a cicatrizar. Nico estava disposto a andar até a noite, e mesmo com meus comentários de que não saberíamos se seria realmente noite, ele continuou.

- Ainda quero que me conte como fez aquilo. - Disse depois de alguns minutos. É, ia ser uma tarde muito longa.