Com isso, Ray decide perguntar para o universo falante, coisas que talvez o levassem á pergunta chave.

– Quando foi a primeira vez que os Glatons surgiram?

“Isso foi há aproximadamente, cinco anos antes de Holf aparecer para você, o que os fez evoluírem bastante.”

– Por que nenhum Belkron é afetado pela evolução dos Glatons?

“Por que eles foram criados por eles. Na verdade, Holf só ficou preso no tempo por que outro Belkron o prendeu lá por ter te exposto á uma quantidade imensa de Glatons, eles já sabiam que a inexistência desse universo estaria por vir se os Glatons não ficassem estabilizados.”

– Espera... Como você sabe tanto...? Se, onde estamos é antes de tudo que existe, como pode saber do futuro se ele ainda é incerto?

“Parece que de tudo você não sabe, para que o futuro ocorra, precisamos do passado certo? Então a mesma coisa acontece ao contrário, para que o passado exista, precisamos do futuro. Ele pode não ter acontecido ainda, mas é ele quem decide o que acontece agora.”

– Então, não importa a decisão que eu tome, o futuro já está decidido, é isso?

“Sim, você tem a ilusão de que tem escolha, isso é só um jeito de se sentir aliviado. Mas tudo na sua vida já aconteceu ou vai acontecer, é como Einstein dizia...”

– O tempo é uma ilusão, passado, presente e futuro estão acontecendo agora e tudo misturado. Não sei bem se é assim mas foi o que entendi.

“Ah! Posso ser a razão do intelecto, mas se me permite perguntar... Onde está Lia? Eu não consigo encontra-la em lugar nenhum quando folheio pelos universos.”

– Humph! – Ray soltou um pequeno sorriso zombando do universo que pensava que sabia de tudo, mas fez isso tentando não mostrar que uma lágrima saia de seu olho quando se lembrou de Lia com essa pergunta repentina. – Então o futuro não está completamente em suas mãos, bom saber. Mas... Lia, está morta. – Mais lágrimas desciam pelo seu rosto enquanto sorria tentando mascarar o que estava sentindo.

“Oh! Desculpe-me se essa não foi uma pergunta certa a se fazer, sou só a base do conhecimento, então não conheço qualquer tipo de emoção ou coisa do tipo.”

E assim ficaram em silêncio por um tempo, até Ray chegar á duas conclusões.

Primeira, agora estava no passado e podia fazer o que quisesse para alterar o futuro, algo que não saberia o resultado de tal experiência.

Segunda, sua vida já estava acabada, destinada ao fracasso, quando sua busca por Lia começou. Então só bastava fazer uma coisa.

– Quero acabar com a minha existência. – Disse com disposição.

“O que? Como tal suicídio salvaria o seu universo?”

– Quero acabar com a minha existência, digo, não quero nascer nesse multiverso que irá começar a existir daqui á algum tempo. Eu vou ser o guardião do “meu” universo. Vou ficar nas suas fendas com os outros universos paralelos para que nenhum Belkron passe por lá, fazendo assim, com que a existência dos Glatons naquele universo, seja impossível. Vou continuar vivo, mas só dessa forma.

“Sim, mas, a verdadeira pergunta não foi feita para que tal coisa aconteça, só com ela você poderá salvar tudo e todos.”

– Então, como faço pra voltar pro meu tempo, mas não existindo naquele MULTIVERSO e sim nas brechas entre seus universos?

E assim se fez. Com a pergunta certa Ray conseguiu ouvir de Deus, o universo pensante, o que ninguém jamais ouvirá. E agora sim, o mundo estava completamente em paz, sem nenhum vestígio de Glatons, assim pensava Ray. Mas a quantidade de Glatons naquele mundo que Ray tanto amava, era impossível agora se evoluírem por falta de movimento, estavam desativados.

Por muitos e muitos anos Ray vigiou os seres humanos evoluírem, tanto fisicamente quanto moralmente. Sempre os observando com um sorriso estampado no rosto, feliz por ter salvado tudo aquilo. O verdadeiro herói só consegue vitória, após uma longa jornada de erros.

–Fim-