Ladrões de Almas escrita por Fleur


Capítulo 16
Fervendo




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P.O.V. (point of view - ponto de vista) Frederick

Eu havia esperado tanto o momento em que eu pudesse tocá-la e, agora, Annie estava em meus braços. Deus sabe o quanto eu queria um momento assim com ela - que droga, estou falando como um deles - e nenhum dos que imaginei foi tão bom quanto esse. Mesmo depois de tantos anos observando-a de longe, a pedido de Dan, ela conseguia me impressionar sempre. Conseguia, de alguma forma, manter-me vivo e distante de tudo o que um dia eu cogitara pra mim.

Fiquei parado ali por horas, apenas apreciando sua pele macia e seu cheiro, esperando ansioso que ela abrisse aqueles olhos verdes e falasse qualquer coisa, mesmo que fosse sem sentido. Minha cabeça estava louca demais. Os meus pensamentos pareciam átomos excitados em meu crânio, quicando de um lado para outro de forma desordenada. A espera estava me deixando perturbado, e a visão do corpo dela adormecido junto ao meu só piorava.

Então, Annie rodopiou na cama. Por um instante, dei meu melhor sorriso achando que ela havia acordado. Mas não, ela apenas me dera as costas e continuava a dormir. Meu membro rígido latejou quando senti a bunda de Annie roçar nele. Permaneci quieto e tive que morder os lábios para não soltar um gemido. Você não vai estragar tudo agora, pensei. Ela iria correndo para aquele amigo idiota dela. Era incrível como ele sempre estava por perto, parecia até que ele adivinhava quando eu chegava perto. Deveria ter um bipe naquele imbecil: Alerta! Demônio se aproximando. Aquilo me dava nos nervos. Pensei novamente em formas de quebrar o nariz dele.

Ela sabia tanto quanto eu que aquele retardado a desejava, mas continuava dando atenção à ele. Suspirei irritado com os pensamentos barulhentos que rondavam minha mente. Cobri o rosto com a palma das mãos, tentando me acalmar. E se ela não me quisesse? Ora, eu a ouvir conversar com a mãe. Droga, Frederick! Você não podia se envolver com ela... Annie era apenas uma humana... Não, na verdade, ela não era humana. Não tanto.

Eu ficava louco só em pensar que Tony poderia roubar a pequena chance que eu tinha com ela. Uma raiva imensa me consumia em imaginar que Annie poderia escolher outro e não a mim, essa angústia aumentava, principalmente, quando eu a via perto daquele filho da mãe. Qual é, Annie, eu sou bem mais bonito que ele, não sou?

Ela se mexeu novamente. Dessa vez, não contive meu desejo. Eu precisava tocá-la. A princípio, em um toque cuidadoso, acariciei suas costas sobre a blusa de malha cinza que ela vestia, mas eu queria mesmo era sentir mais de sua pele. Então, atrevi-me e toquei sua cintura nua. O atrito dos meus dedos em sua pele era quase nulo, ela era tão macia. Grunhi.
– Em que esta pensando?

A doce voz de Annie tirou-me da luxúria de meus pensamentos. Recolhi minha mão de sua cintura e ajeitei-me ao seu lado, tentando esconder a minha excitação. Inferno, eu parecia um adolescente idiota que não conseguia se controlar. Mas ela realmente me deixava sem controle.

Hesitei antes de respondê-la. Eram tantos pensamentos que eu não sabia, de fato, qual deveria falar. Analisei durante alguns segundos e cheguei à uma conclusão: Nenhum. Ela iria me chamar de louco, tarado e outros adjetivos se eu dissesse ao menos uma dica sobre o que enchia minha mente. Então, apressei-me em inventar alguma coisa, não poderia deixá-la falando sozinha, afinal, eu mesmo havia a esperado acordar por horas.
– Estava lembrando do nosso beijo... - Disse. E estava mesmo.

Eu fui um idiota em beijá-la e sair da casa dela daquele jeito. Mas como eu já havia dito, eu estava realmente parecendo um adolescente. Virgem. Ouvi o riso baixinho de Annie e ela logo se virou de frente para me encarar. Sustentei o olhar dela por um tempo, antes de desviar minha atenção para sua boca. Droga, era tão macia...
– Qual deles? - Perguntou ela, mordeu os lábios.

E eu tive que me segurar para não mordê-los também.
– O primeiro... - Fechei meus olhos, tentando parar de imaginar o tanto de prazer que ela poderia me proporcionar com aquela boca.

Pare, ordenei à minha mente.
– Aquele que você fugiu depois. - Annie falou de maneira ácida.

Suspirei e ignorei o comentário dela. Eu tinha meus motivos para ter agido daquela forma. Que garota sem coração!
– Eu dormi por quanto tempo? - Ela bocejou.

Tentou se levantar, mas eu a impedi, puxei-a de volta e deixei meu braço sobre ela. Aproveitei a proximidade e acariciei seu rosto. Ela, surpreendendo-me como sempre, fechou os olhos com o toque dos meus dedos na maçã de seu rosto. Pude ouvir um leve e baixo suspiro sair de sua boca entreaberta, tão convidativa.
– Tempo suficiente. - Respondi, inebriado por sua beleza.

Ela sorriu e não se dando por convencida, esticou-se um pouco e tirou o celular de dentro do bolso do jeans que vestia. Ao olhar o horário, sua boca se abriu em espanto. Era início da madrugada.
– Você me drogou?! - Ela me olhou com urgência.

Franzi o cenho. Não estava acreditando que havia passado horas ao seu lado, esperando que acordasse, pra ouvir aquilo dela. Nossas conversas, naquele dia, se resumiam à acusações e desconfianças por parte dela. Senti o sangue ferver dentro de minhas veias. Então, fiz o que Lauren havia recomendado quando eu estivesse bravo, comecei a contar mentalmente até dez. Um, dois, três...
– Tinha alguma coisa naquele suco, não era? Onde esta a minha mãe? - Annie aumentou o tom de sua voz enquanto se livrava dos meus braços e pulava da cama.

Quatro, cinco, seis, sete...
– O Tony vai saber que você...

Oito, nove, dez.

Tony. Explodi ao ouvir o nome daquele desgraçado se pronunciado por ela. Levantei-me da cama, acho que mais rápido que Annie. Peguei o casaco dela, que havia deixado sobre a cadeira da escrivaninha, e o entreguei. Abria porta do meu quarto bem na hora que Lauren ia bater, gesticulei para que ela esperasse e virei-me para Annie.
– Eu não te droguei, você desmaiou no escritório e eu te trouxe para meu quarto para que descansasse. - Tentei explicar. - Sua mãe esta em casa. Inteirinha. -Passei a mão em meus cabelos, desgrenhando-os com fúria. - Se eu soubesse que era assim que você iria me tratar quando acordasse, Annie, teria te deixado lá no momento que você apagou. - Apontei pra janela do meu quarto, que tinha a vista para a casa dela. - Vai lá, não estou te segurando. Você louca pra correr para aquele imbecil, não é?
– Frederick... - Lauren, assim como Annie, olhava-me com a expressão surpresa.

Sacudi a cabeça, eu estava fervendo. Mas os olhos marejados e assustados de Annie me fizeram esfriar.
– Eu quero apenas que você entenda que não pretendo te fazer mal algum! - Disse, diminuindo o tom de voz. - Quantas vezes eu vou precisar repetir para que você não esqueça? Eu te amo, Annie.


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Notas finais do capítulo

E então, gostou do primeiro Point Of View (P.O.V.) de Frederick?
Ele vai acabar ficando louco! Annie não tinha nada que estragar aquele momento deles, né? Ela mereceu a bronca... Bem feito!
Mas me diz... O que você espera para o próximo capítulo, hein?