Enigmas escrita por Catarina Pereira


Capítulo 6
Capítulo 5 - Mais rápido


Notas iniciais do capítulo

Boa gente! Como vão?? Passaram bem o dia das mães? Espero que sim (:
Eu pra variar tive uma semana corrida, relatório pra entregar, prova pra fazer, textos pra ler, enfim, o de sempre.
Bem, capítulo novinho pra vocês! Espero que gostem :D



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O pequeno hotel no centro de Madrid podia não ser o mais famoso, porém era aconchegante, perfeito para quem passaria alguns meses, ou mais, vivendo por lá. Eliana teria que se acostumar com um pequeno quarto de hotel, bem diferente do que qualquer quarto já cedido por seus tios a ela. O quarto de hotel parecia bem melhor. E, por um tempo, seria só seu.

Colocadas as maletas ao lado da cama, Eliana revisara o lugar. Uma copa, um banheiro e um quarto, não havia nada que pudesse ser chamado de sala. Um lugar ótimo, sim, a padaria de seus tios era menos confortável. Ela sentou-se na cama, o que foi um convite para seu cansaço de 12 horas de viagem vir à tona. Uma ducha realmente cairia bem para a ocasião.

Depois da ducha, Eliana achou melhor conferir seus e-mails, afinal Eddy poderia ter alguma informação dessa transferência. Antes de sair dos Estados Unidos, o acordo havia sido que ela continuaria tendo uma coluna na revista americana e faria o necessário na versão espanhola. Assim, Eddy ficara encarregado passar as diretrizes semanais do que Eliana deveria preparar e ela, deveria entregar tudo com certa antecedência.

Novidade da noite: apenas um e-mail. Não-novidade da noite: o remetente era o Eddy. Claro que várias piadinhas sobre sua viagem compunham o corpo do texto, mas, basicamente, Eddy lhe enviava o tema da coluna que Eliana escreveria. Ela respondeu o necessário e desligou o aparelho. Não era tarde, mas realmente precisava dormir e assim o fez.

***

Pela manhã, Eliana tinha alguns planos para o dia. Como começaria a trabalhar apenas à tarde, teria que conhecer os arredores do hotel, pelo menos, para saber onde estava. Não tinha um destino definido, apenas precisava traçar um mapa do local. Saiu do elevador pronta para um café da manhã, distraída com a rota que faria, quando trombou com alguém.

– Perdão, moça... Deixe-me te ajudar a levantar...

O homem era jovem, cabelos meio compridos, alto e tinha uma beleza excepcional. Eliana hesitou em deixa-lo segurar sua mão para que servisse de apoio, mas acabou cedendo e estendeu a mão. Após colocar-se de pé, a jornalista agradeceu e continuou seu caminho, o jovem, por sua vez, a seguiu.

– Senhorita... Desculpe incomodá-la dessa forma, mas não é daqui, não é verdade?

Eliana abrandou seus passos com o intuito de, assim, conseguir estar alinhada ao rapaz e ouvir o que ele estava dizendo.

– Ahm... Você também não é daqui, seu sotaque é bem diferente. Com licença, preciso chegar a um lugar.

– E por que não me deixa acompanha-la? Eu moro aqui há bastante tempo, suficiente para conhecer bem a cidade. Posso ser de grande ajuda. O que acha?

– Acho que não é boa ideia. Desculpe, eu preciso fazer o caminho sozinha. Deixamos para outra vez.

O jovem acenou com a cabeça e virou para o outro lado. Eliana seguiu o roteiro que tinha montado em sua cabeça por mais quinze minutos e então encontrou. Ali estava a revista La Vida. Realmente, como haviam dito por e-mail, não era tão longe do hotel e o local era bem acessível e bem sinalizado. Não seria difícil encontra-lo novamente.

Ela entrou pela porta da frente, prestando atenção a seu redor. O lugar era quase perfeito. Ela se encontrava no momento em um hall, juraria inclusive que havia certos objetos feitos de ouro na decoração. Um grande salão, com um balcão enorme ao fundo. Encostados nas paredes laterais estavam sofás e poltronas e, enfrente destes, mesinhas de centro que continham alguns exemplares da revista. Eliana avançou, chagando até o balcão, no qual estavam sentadas quatro moças bem vestidas e bem maquiadas. Duas delas, as que estavam em frente a Eliana, atendiam os respectivos telefones, o que fez com que ela se encaminhasse até as outras duas moças. A primeira, uma loira, ergueu os olhos para Eliana e abriu um sorriso.

– Bem vinda à revista La Vida! Em que posso ser útil?

– Oi... Eu... Bem... – Eliana sentiu de repente sua autoestima abaixar a níveis catastróficos, mas respirou fundo antes de continuar. – Eu sou Eliana Jones, sou a nova contratada da revista, transferida da sede de Austin. Gostaria de saber onde posso encontrar o senhor Marcus.

– Já vejo... – A moça, que Eliana supôs ser secretária, olhou-a de cima a baixo antes de levantar-se – Acompanhe-me por favor.

A moça loira saiu de trás do balcão, embora Eliana não tivesse visto como, já que não havia nenhuma porta que desse acesso à parte de dentro do balcão, e caminhou em velocidade estelar até uma outra sala. Eliana teve que correr para alcança-la, até que a moça parou. Estavam em frente a uma fileira de elevadores, cinco no total, de desenho clássico, e o botão já havia sido acionado. A moça realmente era eficiente.

O elevador as levou até o 12º andar. A porta do elevador revelou um corredor comprido, contendo dez portas de vidro divididas entre os dois lados, que levavam a uma porta maior com os dizeres ‘Marcus Esther’. A loira, novamente, caminhou pelo corredor com a velocidade que tanto incomodou Eliana e parou em frente à porta de Marcus.

– Muito bem. Se você for mesmo a nova contratada, irá precisar de mim novamente para estabelecer-se aqui. Meu nome é Tamara.

“Tamara, curta e grossa...” Pensou Eliana. “Mas eficiente.” Tamara já entrara na sala, após bater três vezes e anunciara a presença de Eliana. Inclusive, já a esperava, segurando a porta. Eliana entrou ao passo que Tamara saiu. Eliana estava cara a cara com um senhor, cujos poucos cabelos brancos estavam cuidadosamente penteados para o lado e a gravata azul e o terno estavam impecavelmente passados.

– A senhorita, então, é a senhorita Jones?

– Exatamente. – Respondeu Eliana, estendendo alguns papeis e documentos.

– Está certo. Acredito que tenha recebido meu e-mail, que enviei por meio do senhor Tellez, com toda a informação necessária sobre a empresa.

– Sim, senhor, recebi.

– E tem alguma dúvida?

– Nenhuma, senhor.

– Ótimo. Pode se retirar, então. Esses papéis ficarão comigo, e a senhorita vai procurar a senhorita Tamara. Ela ajudará a encontrar uma sala onde tenha lugar para você e que seja da sua área. Explique a ela o seu papel na revista.

Eliana assentiu, pediu licença e saiu da sala. Em meio àquelas milhões de portas, ela se encaminhou novamente ao elevador, escolhendo o botão correspondente ao hall de entrada. Só poderia ser brincadeira. Tamara a estava esperando na porta do elevador, mandando-a permanecer onde estava, pois iam fazer uma nova viagem de elevador.

– Qual é a área da revista que a senhorita vai trabalhar?

– Ahm... Vou escrever colunas cotidianas, de tema livre.

– Ah, muito bem.

Assim sendo, Tamara pressionou o botão número dez. O elevador parou em um corredor bem parecido ao do corredor do senhor Esther, mas a porta grande do final do corredor era dividida em duas. A secretária bateu na quarta porta e entrou, trocando poucas palavras com uma mulher e deixando Eliana sozinha logo depois. Ela entrou na sala, percebendo que haviam duas mesas equipadas, mas apenas uma era utilizada. Eliana deixou sua bolsa na mesa vazia e se dirigiu à moça que estava sentada ao lado.

– Olá. Eu sou Eliana.

– Eliana, Eliana... Você tem muito o que aprender... Aqui não dá pra perder tempo, não. No seu e-mail você vai encontrar o prazo pra sua coluna ser entregue ao revisor e, se eu fosse você, já começava a escrever. Aqui as pessoas não toleram nadinha de entrega em cima da hora. – A moça virou a cadeira de modo a ficar de frente para a ‘novata’. – A propósito, sou Sarah.

Eliana assustou-se com todo o discurso de Sarah, mas pensou que ela tinha uma certa razão. Não seria nada bom que ela atrasasse a entrega já na primeira semana. Ela se sentou e começou a trabalhar.

***

Ainda que Eliana tivesse combinado por e-mail que iria começar a trabalhar no período da tarde, ela resolvera acatar o conselho da colega que acabara de conhecer e começara, então, a buscar alguma informação de sua nova tarefa. Descobrira uma informação, compartilhada por rede em seu computador, que continha seu e-mail comercial, sua senha provisória e instruções de como utilizar esse serviço. Acessando o e-mail, descobrira regras da empresa, um cronograma de afazeres que lhe competiam e ainda datas exatas de quando entregar cada reportagem, sendo que os temas seriam dados semanalmente.

Eliana ainda estava muito assustada com toda a organização da empresa, mas não deixou que a emoção a afetasse. Com o tema de sua coluna em mãos, Eliana prontamente começou a pensar em algo a dizer sobre a situação do capitalismo na União Europeia. Claro que uma pesquisa fora necessária e, após algumas horas, tinha redigido um texto sobre o assunto. Número de palavras, gramática, possíveis repetições de palavras e erros de digitação devidamente corrigidos. Ela pôde enviar ao revisor a pauta e o texto anexados. Pela hora (e pelas informações contadas nos e-mails), era hora do almoço.

Numa nova empresa, ainda mais tão diferente ao que estava acostumada, ela achou melhor esperar o modelo de outros funcionários antes de simplesmente pegar suas coisas e sair para comer algo. Sim, sua fome era absurda, pois os horários ainda estavam um pouco bagunçados, mas se conteve. A companheira não tirara os olhos da tela do computador desde que Eliana entrara na sala. Assim, sendo uma novata, e sua companheira já veterana, resolveu esperar alguma ação de Sarah.

A colega de sala, compenetrada em seus afazeres, nem percebera que Eliana a fitava, perdida em pensamentos, quando desligou o aparelho e levantou-se. Eliana se assustou por estar distraída e tentou conversar com a moça.

– Já é hora de sair?

– Eliana... É Eliana mesmo, não é? – Eliana assentiu. – Bem... Sim, é hora de sair. Seria importante você saber de algumas coisas, como acaba de começar aqui. Por que não almoçamos juntas?

– Acho ótimo! – Respondeu Eliana entusiasmada, afinal era uma oportunidade de ter uma aliada nesse lugar tão novo.

– Lembrando que teremos que estar aqui até, no máximo uma e cinquenta e nove. Sim, são todos rígidos por aqui.

Eliana não discutiu, pegou sua bolsa e seguiu Sarah pela extensão do corredor, entrando no elevador e saindo no hall já conhecido. As duas saíram para a rua, e Sarah a guiou por algumas ruas, até que acabaram a caminhada em um restaurante não tão simples, nem tão luxuoso. Das portas e janelas, Eliana podia sentir o cheiro delicioso da culinária espanhola, o que a deixou com mais fome ainda.

As duas se sentaram, quando Sarah começou a dizer algumas coisas que chamaram atenção de Eliana.

– Sabe, às vezes parece que nós somos todos máquinas. Enquanto eu estava sozinha na sala, eu era mais ou menos isso. Agora que você chegou, eu fico um pouco nervosa, não sei bem o que dizer a outra pessoa e muito menos a alguém que é novo na empresa. – Ela parou, abrindo um sorriso tímido, em oferta de paz – Desculpe se te assustei. Às vezes é um pouco difícil.

– Eu entendo. Eu percebi que tudo é bem mais rígido por aqui. Não é nada parecido à sede de Austin, na verdade. Mas acho que um pouco de pressão deve fazer bem ao seguimento do cronograma. – Sarah a olhava enquanto tentava alcançar, sem sucesso, o cardápio. – E você não precisa se desculpar. Quando foi que você começou a trabalhar na revista?

– Desde a inauguração trabalho lá. Antes disso, era parte do negócio familiar. Minha família faz artigos de decoração. Você precisa conhecer algum dia, podia usar alguns na sua casa. Aliás, como você veio parar aqui?

– Bem, me transferiram. Mas não sei por quanto tempo, ainda tenho minha parte na revista de lá e a prova de que tudo é incerto, é que eu vivo em um hotel.

– Ah... Nem decorar você pode... – Sarah alcançou, finalmente, o menu, dando uma olhada rápida nas páginas antes de continuar. – Podemos pedir? Estou morta de fome!

Eliana sorriu e concordou, quando seu telefone lhe avisou que um e-mail novo havia chegado. Enquanto Sarah fazia seu pedido, Eliana pegou o celular para olhar de que se tratava a mensagem e leu o assunto: “FW: Decoração La Vida – Mr.Flowers”.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da revista La Vida? Está quase uma metáfora dos meus dias UIAHAIUHAI
Espero que tenham gostado
Comentem muito! Dicas, sugestões, percepções, suposições, tudo é bem vindo!
beeijooos,
@CatPereira_



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