Quebrando as correntes do destino escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 18
Escravos do amor


Notas iniciais do capítulo

POV - Edward



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Edward

Vejo as penas e a figura,

Provo as asas, dando giros;

Acompanham-me os suspiros,

E a ternura do Pastor.

E num vôo feliz ave

Chego intrépido até onde

Riso e pérolas esconde

O suave e puro Amor.

Toco o néctar precioso,

Que a mortais não se permite;

É o insulto sem limite,

Mas ditoso o meu ardor;

Já me chamas atrevido,

Já me prendes no regaço:

Não me assusta o terno laço,

É fingido o meu temor.

Se disfarças os meus erros,

E me soltas por piedade,

Não estimo a liberdade,

Busco os ferros por favor.

Não me julgues inocente,

Nem abrandes meu castigo;

Que sou bárbaro inimigo,

Insolente e roubador.

Deixo, ó Glaura, a triste lida

Submergida em doce calma;

E a minha alma ao bem se entrega,

Que lhe nega o teu rigor.”

─ Silva Alvarenga.

─ É lindo.

Sorrio e coloco as folhas de volta no meio do livro. Isabella observa.

─ Não é o tipo de poesia que se possa encontrar livremente. – dou um sorriso cheio de malícia. Ela entende.

─ É poesia erótica! Onde consegues isso? – ela tenta pegar os papeis das minhas mãos.

─ Quando vou à Corte, sempre sei onde encontrar o que preciso. Os livros de romance da madrinha, minhas poesias, os meus romances...

─ Hum. – ela se ajeita ficando de lado. Apoia a cabeça no braço. – “Romântico, erótico, pornográfico, vida, razão, mulher, homem.” – Olho para ela quase assombrado. Ela lê Donatien de Sade? Ela não percebe e resolvo deixar passar essa informação. Por enquanto. - Também encontras mulheres, creio eu. – Sinhazinha Isabella cria uma ponte para outro assunto.

─ Sinhazinha... – ela levanta uma sobrancelha expressando desagrado. – Isabella, Bella! – dou-lhe um beijo na testa e me levanto para guardar o livro. – Não tenho por que mentir à senhoria. Então digo-lhe que nunca precisei de mulheres, mas há as que precisaram de mim.

─ Damas da Corte. Continue.

─ Mulheres casadas, jovens, velhas... – aperto de leve a ponta de seu nariz e me deito ao seu lado. – Mulheres insatisfeitas. Elas...

─ Pagam para ter você. – Isabella deita-se de barriga para cima e fita o teto.

─ Quero que entendas, se o Comendador, senhor seu pai, não assinar minha alforria, posso pagar por ela! Madrinha não me deixa trabalhar, fico aqui pela chácara como um inútil!

─ Mamãe faz o melhor para ti!

─ Sei disso, meu rouxinol... – pego seu queixo e a viro para mim. – Mas ainda assim, sou um escravo. Não sou livre. Tu nunca entenderias.

Isabella parece ficar ressentida e imediatamente a pego e coloco em meu colo.

─ Não faço isso há muito tempo e jamais voltarei a fazer. Sou exclusivamente seu agora e para sempre.

Ela parece não ter escutado minhas palavras. Fica brincando um tempo com meus pelos do peito e então diz:

─ Entendo muito mais coisas do que gostaria, Edward. Peço-te que não me tomes como criança. Talvez a bagagem que carrego comigo me faça mais velha umas três ou quatro décadas a frente.

Suas palavras tem amargura e sinto-me atingido por elas. Preciso saber.

─ Isabella, lembro o que o pai Billy falaste contigo, e também eu sinto que sofrestes algo de terrível nesses anos que vivera fora. Por favor, conte-me. Converses comigo.

─ Tu dissestes que não se importa com meu passado.

─ Não, de fato não me importo, mas...

─ Então prefiro que deixes assim. Não quero falar sobre isso.

─ Não confias em mim?

─ Achas que estaria aqui em seus braços, se não confiasse?

Analiso sua expressão. Isabella já deixou as feições de menina há tempos, seu rosto ainda é delicado e juvenil, mas seus olhos revelam experiência.

─ Esqueças. Não me importo com seu passado e nem com o futuro. Importo-me com o presente, quem és agora para mim. Só que me aflige saber que podes ter sofrido...

─ Minha felicidade começou no momento em que coloquei os pés no navio de volta ao Brasil. E nos seus braços descobri um prazer outrora inimaginável! Acredites, sei bem o que é não ser livre e em como o ato sexual pode ser sujo e deprimente e sem sentido e sem... sem graça. Nunca desejei ser tocada por homem algum nessa vida. Até conhecer você.

Isabella fala com a voz embargada e a há um brilho em seus olhos que me comove e me arrebata. Não quero ser eu o causador de tão amargas lembranças. E não serei. Sou seu salvador, afinal.

─ Então... – chego mais perto e coloco uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. – Sou mesmo seu salvador? – ela dá um sorriso ainda triste – E o que acontece depois que eu a salvo?

Giro com ela nos braços, fazendo com que fiquemos sentados um na frente do outro. Ela encaixa o quadril no vão onde minhas pernas se dobram. Sinto seu calcanhar gelado atrás de mim, isso me arrepia.

─ Salvo você também. – ela fala com o rosto bem próximo do meu e coloca os braços sobre meu ombro cruzando as mãos na minha nuca.

Penso que ela vai me beijar, nossa! nunca imaginei que fosse desejar tanto um beijo na boca, mas ela vira o rosto no último segundo e passando os lábios de leve pelo meu rosto ela chega ao meu ouvido. É inevitável, todo meu corpo se enrijece da cintura para baixo. Isabella mordisca a ponta da minha orelha e sua respiração dentro do meu ouvido me deixa louco. Por um momento passa a pergunta pela minha cabeça “Onde ela aprendeu essas coisas?” e assim que penso já me repreendo. Não me interesso nem um pouco em saber onde, nem como.

Fecho os olhos para aproveitar melhor a sensação e me controlo para não encaixar meu membro de uma vez dentro dela. Enquanto ela praticamente degusta minha orelha, acaricio suas costas. Ela passa para o meu pescoço e assopra um hálito quente que arrepia onde antes ela havia lambido. Não estou mais me aguentando de tesão. Aperto e quase cravo meus dedos em suas costas, ela arfa e então antes que eu me dê conta, ela senta em mim. Ou melhor, nele.

Solto um gemido carregado de lascívia e surpresa. Adorável surpresa. Ela ajeita as pernas de modo que seus pés estão apoiados na cama ao lado do meu corpo. Ela segura no meu ombro e prendendo o olhar no meu, ela começa a se mover. Primeiro de forma deliciosamente lenta, depois vai aumentando o ritmo. Jogo a cabeça para trás envolvido por seu jogo sensual e seu ritmo preciso.

Ela sorri e estou no céu. Ela está deslumbrante.

─ Chame pelo meu nome, Edward. Chame...

─ Isabella... Bella! – Pego-a pelo quadril e acompanho seu ritmo com as mãos.

Ela suga meu lábio inferior e dá uma mordida de leve. Estremeço. Ela vai me levar à loucura plena. Beijo cada um de seus lindos, arrebitados e róseos seios, ela geme e se contorce, mas não para de se mexer, ela rebola e se movimenta de forma muito sensual, desce e sobe por toda a extensão de meu membro. Suas bochechas estão vermelhas, sinto meu corpo todo queimar.

De repente ela grita de prazer e sinto suas pernas rígidas em volta de mim. Sei que ela encontrou sua liberação e deixo-me entregar á excitação que toma conta de mim. Aperto sua pélvis contra meu corpo e não penso mais em nada.

─ Isa... Bella... – gozo chamando o nome dela mais uma vez. Minha libertadora, minha salvação.

Ela sorri e sinto-a comprimir meu membro, sei que ela está sentindo-o latejar dentro dela. Afundo minha cabeça entre seus seios e então arregalo os olhos. Essa não.

Coloco Isabella deitada, saindo de dentro dela e me levanto rapidamente.

─ O que houve? – pergunta confusa ao me ver tirar água da bacia com o jarro.

─ Precisas se lavar.

Ela me olha confusa.

─ É assim que nascem os bebês. Nunca, nunca despejei meu gozo dentro de mulher alguma, pois não podia correr esse risco. Agora tome. Lave-se.

─ Achas que isso irá adiantar? – pergunta com sarcasmo. – É... só lavar e pronto? – ela debocha.

─ Espero que sim. Jamais acontecera isso antes. Eu devia ter tomado cuidado, mas... foi tudo tão diferente.

─ Edward, isso também aconteceu lá fora, no mato, não te lembras?

Sinto-me um imbecil.

─ E agora, sinhazinha? – meu desespero é evidente.

─ Acalme-se. Talvez eu... nem possa gerar filhos. Nunca aconteceu antes, também. – há uma nota de amargura em sua voz. – E minha regra se foi há apenas dois dias, portanto, não estou em período de fertilidade. – ela dá de ombros.

Não sei o que fazer, nem dizer. Preciso conversar com Jasper sobre isso, ele é reprodutor, sabe fazer esses cálculos. Olho para ela e ela está se vestindo.

─ Não vá! Por favor... desculpe-me, é só que eu...

─ Está tudo bem. – ela sorri me acalmando. – Preciso mesmo ir embora. Logo irá amanhecer e minha mãe levanta muito cedo, tu sabes.

Pego meu relógio de bolso que está pendurado num preguinho próximo a cama. Já passam das três da madrugada. Ela está de pé e pega seu manto do chão. Passo a mão no cabelo, tudo isso parece bom demais para ser realidade.

─ Como vou saber que tudo isso não fora um sonho?

─ Se tiver sido um sonho, jamais quero acordar. E se acordar, volto a dormir para sonharmos juntos novamente. Nada pode nos separar agora.

─ Prometes? – falo e a seguro junto a mim.

─ Com toda minha alma e meu coração e meu corpo.

Ela tem uma expressão suave e determinada. Como eu a amo! Sim. Não sei se conseguirei dizer a ela isso um dia, mas não há outro nome para o sentimento que invade meu peito e acalma meu coração. Sei de minha condição, e gosto dela: sou escravo do amor.


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Notas finais do capítulo

Diário da história: Esse capítulo se passa na madrugada do dia 18/06/1883. Segunda-feira.



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