Visita Inesperada escrita por Diamond


Capítulo 1
Parte 01


Notas iniciais do capítulo

Observação: A história se passa durante o filme "Frozen", mas vou fazer o possível para não alterar o curso natural da história.



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Elsa estava apoiada na janela, enquanto observava a lua cheia em todo seu esplendor. Era uma situação bem cômica aquela em que estava. Todas as noites Anna fazia questão de subir sua cama e chamar-lhe para brincar. Naquele dia em especial, a ruiva dormia calmamente em sua cama, ao passo que Elsa não conseguia relaxar para fazer o mesmo.

O tempo estava frio, mas isso não a incomodava de modo algum. Ficou observando a panorâmica de Arendelle por um tempo indeterminado até perceber um movimento estranho no ar. Observou com mais atenção, esfregou os olhos apenas para ter certeza de que não era sua cabeça pregando-lhe peças. Logo o movimento cessou. 

"Talvez seja a hora de ir para a cama", pensou consigo, enquanto se afastava da janela.

Logo que começou a se afastar da janela, fora rapidamente atingida por uma bola de neve. Olhou novamente para a janela, mas não viu ninguém.

— Quem fez isso? - soltou a pergunta, levemente irritada. De longe pôde ouvir uma risada, que se aproximava.

— O Coelhinho da Páscoa que não foi. - uma voz ecoou em reposta.

Jack sentou-se sobre a janela, ainda rindo de sua pequena travessura, sem esperança alguma que a menina o visse ou ouvisse o que ele dizia. Ninguém nunca reparava nele mesmo. Mas Elsa permaneceu calada por uns instantes, sem saber ao certo o que dizer. Quando finalmente pôs os pensamentos em ordem, perguntou quase com um sussurro:

— Quem é você?

— Jack Frost, oras. - respondeu automaticamente, só então voltando seu olhar para a garotinha loira. - Espere um pouco. Você pode me ver?

— Por que eu não poderia? - Elsa recuou um passo, incerta de suas palavras.

— Mas isso é incrível! Tem noção de quanto tempo faz que eu procuro uma pessoa que possa me ver?

Sem esperar uma resposta, Jack adentrou o quarto de modo eufórico, sem conseguir conter sua surpresa e alegria. Ele gesticulava e andava rapidamente, absorto num monólogo do qual Elsa não compreendia direito.

— Fale baixo! Não quero que minha irmã acorde!

Ela fez sinal de silêncio com uma mão, enquanto apontava para a cama de Anna com a outra. Ele se aproximou da mais velha, agachando-se para que pudesse ficar na mesma altura da menina. Seu sorriso era de mais pura felicidade.

— Como chegou aqui em cima?

— O vento me trouxe. Deixa eu te mostrar.

Jack estendeu a mão para Elsa, que hesitou por um momento. Quando fez menção de levar sua mão até a do rapaz de cabelos brancos, percebeu que Anna se movia levemente na cama.

— Elsa? - a mais nova perguntou enquanto tentava se livrar de uma enorme quantidade de cobertores.

Imediatamente a loira afastou sua mão do rapaz. O rodeou rapidamente, o empurrando em direção a janela para que fosse embora.

— Vai embora, depressa!

— Por que?

— Minha irmã não pode ver você aqui!

— Por que não?

Elsa não sabia dizer ao certo porque não queria compartilhar sua descoberta com Anna, apenas tentava empurrar o rapaz para fora de seu quarto antes que a pequena acordasse completamente. Jack acabou seguindo em direção ao janela, mas antes que pular a soleira, virou-se e sussurrou baixinho, de modo que apenas a loira ouvisse:

— Está bem, está bem, eu vou embora. Mas amanhã eu volto.

— Que seja, apenas saia daqui. - ela quase gritou, dando-lhe um último empurrão. Logo em seguida, correu até a cama e se jogou debaixo do grosso cobertor.

— Elsa. - Anna chamou a mais velha. Estava sentada na cama, completamente sonolenta. - Você quer brincar na neve?

— Hoje não Anna, quero apenas dormir.

— Tudo bem.

A mais nova deitou novamente na cama, sem relutar. Em poucos minutos estava dormindo novamente. Elsa tirou as cobertas da cabeça e olhou em direção a janela. Jack Frost flutuava do lado de fora, enquanto chamava-lhe com um dedo para que abrisse a janela. Ela balançou a cabeça em negação e fez sinal de que fosse embora. Ele apenas suspirou derrotado, ainda sem tirar o sorriso do rosto. Com a ponta do cajado de madeira, tocou no vidro da janela e desapareceu, provavelmente carregado pelo vento.

Na vidraça, podia-se observar algo diferente. Não podendo conter sua curiosidade, ela se levantou novamente, indo até a janela. O vidro estava completamente congelado. Mas não havia sido ela a fazer aquilo. Olhando com bastante atenção, aquele gelo havia desenhado caleidoscópios num estilo diferente do seu. Quando pôs a palma de sua mão sobre, tomou um susto. Apesar de ser gelo, tinha um certo calor contido nele.

 

 

No dia seguinte, Elsa brincou com sua irmã durante o dia inteiro. Ela esperava que a menina ficasse cansada o suficiente para que dormisse a noite inteira, de modo que não tivesse interrupções. Não queria admitir para si mesma, mas estava extremamente ansiosa para ver aquele rapaz de cabelos esbranquiçados novamente.

O dia passou de maneira lenta, deixando-a ainda mais ansiosa. Quando a noite finalmente chegou, ela andava de um lado para o outro em frente a janela, à espera daquele garoto de gelo. Jack Frost se aproximou da janela do modo mais silencioso e discreto possível. Passou até mesmo alguns segundos observando o desassossego da loira.

— Toda essa ânsia é por minha causa? - ele questionou de modo presunçoso.

— Jack, você veio mesmo! - a princesa exclamou com felicidade.

— É claro que eu vinha.

Ele estendeu novamente a mão para Elsa. Ela olhou para a mão pálida, mais uma vez incerta do que estava para fazer. Virou-se, encarando a cama de Anna, que dormia profundamente. Voltou a olhar para a mão de Jack. "Uma vez só não vai ter problema", ela concluiu. Segurou a mão dele com força e logo ambos estavam voando, sendo praticamente arrastados pelo vento.

A menina mal podia acreditar no que estava lhe acontecendo. Estava tão animada que não dizia nada, apenas sorria enquanto passavam pelos muros do castelo, o mercado, o mar e iam seguindo rapidamente em direção a montanha. Quando desceram, chegaram a um local coberto de neve. Os galhos das árvores estavam congelados, tudo ao seu redor estava coberto por um branco puríssimo, ainda que estivessem no meio da primavera.

Enquanto observava tudo encantada, Jack se abaixava no chão e juntava um pouco de neve nas mãos, que logo foi parar nas costas da menina.

— Ei, pare de fazer isso! - ela ralhou enquanto o rapaz se desfazia numa risada. Quando abriu os olhos, não viu uma ou duas, mas uma rajada de bolas de neve vindo em sua direção.

Com o auxílio de seu cajado, conseguiu desviar de algumas, mas logo que começou a ser atingido, o que fez com que perdesse o equilíbrio e caísse no chão, não tardando a ser soterrado.

— Certo, certo, eu me rendo!

Elsa sorriu vitoriosa enquanto se aproximava do rapaz no intuito de ajudá-lo a sair debaixo da montanha de neve que ela mesma havia criado.

— Como conseguiu fazer aquilo tão depressa?

— Bom, digamos que eu tenha uma ajudinha sobrenatural. - ela disse enquanto mostrava o gelo que conseguia criar apenas movimentando suas mãos.

Dessa maneira, os dois brincaram com a neve até que estivesse perto de amanhecer. Aquilo não aconteceu somente naquela noite. Nos dias seguintes, Jack Frost sempre estava à sua janela. Nas vezes em que uma Anna agitada e sem sono não a permitia sair para brincar com seu novo amigo, ele permanecia na janela, observando as duas crianças brincarem juntas.

Aquele modo de vida durou algumas semanas, até o dia em que ocorreu uma fatalidade. Elsa e Anna brincavam juntas no Hall do castelo, mas por ter escorregado no gelo, acabou acertando a cabeça de sua irmã, congelando-a. Felizmente conseguira poupar a vida de Anna, graças a ajuda dos Trolls, mas pagaria caro pelas suas travessuras e pelo seu dom. Acabou ficando isolada num dos quartos do castelo.

Durante todas as noites, Jack voltava a sua janela, mas nunca encontrava aquela a quem procurava no quarto. Depois de uma semana, decidiu olhar em todas as janelas do castelo. Estava prestes a desistir quando checou a última, mas longe e mais isolada das outras.

Lá estava ela. Sentada na cama, cabisbaixa, Elsa era a visão perfeita da infelicidade. Ele bateu na janela, tirando a menina de seus devaneios. Ela abriu a janela, porém permaneceu no meio da passagem. Não queria que ele entrasse.

— Elsa! O que está fazendo aqui? Onde esteve esse tempo todo?

— Aqui... Estive aqui o tempo todo. - ela respondeu com tristeza.

— Elsa... O que foi que aconteceu?

Não podendo conter mais as lágrimas, ela se ajoelhou no chão enquanto chorava compulsivamente. Jack entrou no quarto e se ajoelhou ao seu lado, perguntando repetidas vezes o que havia acontecido. Em meio a soluços, ela contou como havia machucado a irmã, ainda que acidentalmente. Sem saber ao certo o que fazer para animá-la, ele apenas abraçou a loira e esperou até que suas lágrimas secassem.

— Jack, você precisa ir embora.

— O quê? - ela perguntou num sobressalto, sem entender a razão que motivava aquelas palavras. - Por quê?

— Eu sou um monstro, não quero te machucar. - ela respondeu com pesar enquanto o empurrava para longe.

— Elsa, você não é um monstro. Aquilo foi um acidente.

— Sim, foi um acidente, mas serviu para mostrar que eu não consigo controlar esse poder!

— Mas você pode aprender. - ele insistiu.

— Só que eu não quero aprender! Eu não pedi por eles. Eu queria ter nascido normal.

— Você não pode estar falando sério! E todas aquelas vezes que nós brincamos juntos com a neve? Vai dizer que não se divertiu?

— Sim Jack, eu me diverti. Mas as pessoas a minha volta não são como eu e você. Se for para proteger as pessoas que eu amo, não me incomoda de ficar trancada aqui para sempre, sozinha. E isso inclui você.

— Mas você vai ficar aqui sozinha?

— Eu estou bem sozinha. - ela concluiu.

— Não Elsa, ninguém está bem sozinho. Acredite em mim quando digo isso.

— Jack, não podemos ficar juntos. Se eu não me aceitar como eu sou, como vou poder aceitar você?

Aquelas palavras soaram de um jeito diferente aos ouvidos de Jack Frost. Ele não esperava ouvir aquilo. Por um lado entendia a menina, mas por algum motivo, relutava em deixá-la sozinha. Solidão era uma antiga companheira sua, e não era das mais agradáveis.

— Tudo bem, eu vou. - ele respondeu cabisbaixo, enquanto seguia em direção a janela.

Quando estava de pé, sobre a soleira, se virou para ver a loira pela última vez. Ela estava de costas. Ele saltou, logo sendo levado pelo vento.

Se Elsa tivesse se virado no último instante, teria visto a expressão triste e gélida no rosto de Jack e talvez as coisas tivessem acontecido de uma forma um pouco diferente.


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Notas finais do capítulo

Então, eis aqui a primeira parte! Postarei a segunda parte na quarta e a terceira na sexta. Essa é a minha primeira vez escrevendo um Cross-Over, então por favor, comentários construtivos me ajudariam muito, assim como qualquer erro ortográfico que vocês reparem ao longo do texto!