Mistério da Rosa escrita por Ma Black


Capítulo 5
Despedida Decente




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Elas faziam jus à reputação. Digo, as garotas da família Everdeen. Era completamente desonroso o modo como os pais não se importavam com quem suas filhas andavam. Só naquele momento percebi que Prim tinha doze anos. Deveria estar brincando de boneca, não bancar a cupida esperta para cima de mim. Quanto a Katniss, não se dava respeito nenhum. Talvez no futuro, no século XXI, pais que liberam os filhos seja uma atitude normal. Mas fazer isso aqui, nos Estados Unidos, 1949? Não. Definitivamente não.

Porém Prim estava me ajudando, então não poderia reclamar, portanto, hesitante, perguntei:

– Prim... Tem certeza que isso vai dar certo?

– Absoluta! – disse e se levantou do banco.

–--X---

Era meia noite e eu estava parado na frente da casa dos Everdeen. Prim havia me dito para subir de meia noite e dez. Devo admitir que eu estava com medo do que encontraria através da janela. Subi em uma árvore e observei as duas irmãs abraçadas, Prim saiu do quarto e Katniss se deitou. Era agora.

Pulei para a varanda ficando surpreso com o silencio que consegui fazer. Olhei pela janela. Ela estava voltando a dormir e parecia mais um anjo. Ainda não conseguia ver seu rosto, pois seus cabelos escuros e ondulados estavam delicadamente o cobrindo, porém sabia que ela estava sem o pano.

Hesitei antes de entrar no quarto. Não era certo da minha parte o que eu estava fazendo; ela era uma dama e estava invadindo completamente a sua privacidade. Passaram-se aproximadamente dez minutos e eu ainda estava parado do lado de fora como uma marica, sem saber exatamente o que ia falar ao entrar. Pensei por um dado momento em desistir do meu ato, mas, com um passo corajoso, segui rumo ao seu quarto.

Enquanto caminhava, acabei tropeçando e fazendo barulho, o que fez a morena levantar assustada. Minha mente dizia “vai”, mas minhas pernas não se mexiam.

– Não se assuste, sou eu... – disse quando finalmente tive coragem de entrar em seu quarto. – Peeta Mellark.

A morena saiu da cama em um salto quando ouviu minha voz e virou de costas antes que eu pudesse ver seu rosto. Por que diabos escondia o rosto?

– O que está fazendo aqui? – disse com um tom de irritação na sua doce voz. – Eu disse pra você me esquecer, não disse?!

– Perdoe-me estar invadindo sua privacidade, senhorita, mas precisava vê-la. Ver seu rosto, pelo menos uma vez.

– Você não quer ver meu rosto.

– Ao acaso é feia? Não, acho que não. Sua irmã parece uma princesa. Julgo impossível.

– Falou com minha irmã? – ela perguntou, com uma incredulidade extrema na voz. Ela estava se zangando. – Com que direito?

– E com que direito você me manda esquecer você, em? – respondi com outra pergunta. – Eu não tenho nada seu para poder me esquecer. Nenhuma lembrança que precise ser esquecida. Nenhuma imagem para ser apagada de vez da minha memória...

– Peeta... – disse com a voz falhando enquanto se acalmava, ainda de costas.

– Vire-se de frente pra mim – pedi. – Encara-me nos olhos? Quero ver a cor de seus olhos.

Ela não se mexeu.

Esse silêncio estava me incomodando. Peguei na sua mão e sussurrei:

– Por favor - pude sentir o calor sendo transmitido com o nosso simples contato nas mãos.

Ela se desfez do meu toque e se virou.

Mal dava para ver seu rosto já que estávamos praticamente no escuro, exceto por uma vela que se encontrava no canto do quarto, fonte de uma luz trépida que iluminava seu doce rosto. Mesmo no escuro pude observar cada traço dele, que me encarava com um sorriso tímido e contido.

Eu sabia que ela era linda. Em meus sonhos sempre imaginava rostos para a minha amada, mas nada se comparava ao rosto que estava na minha frente naquele momento, sorrindo para mim. Não estaria exagerando se dissesse que Katniss parecia um anjo. Suas bochechas estavam rosadas e algumas sardas podiam ser visíveis.

Levantei finalmente meu olhar e encontrei olhos acinzentados me fitando. Tinha a sensação que todo o mundo em nossa volta havia parado, que uma descarga elétrica havia caído em mim e que só nós dois existíamos no mundo. Seu olhar transmitia uma alegria que jamais pude enxergar no olhar de uma pessoa.

Eu parecia estar sendo puxado por ela. Não conseguia mais tirar meus olhos dos seus e só percebi que o espaço entre nós diminuiu quando senti sua respiração acelerada batendo no meu rosto. Consegui desviar o olhar e focar em sua boca. Uma boca molhada e com um tom avermelhado. Uma boca carnuda e convidativa. Era como se eu as ouvisse me chamando.

– Peeta... – disse Katniss e pude sentir seus lábios batendo de leve nos meus ao falar.

Eu sabia que era falta de respeito, chegar tão próximo assim dela. Que as coisas não aconteciam simplesmente assim, por isso me afastei.

– Me desculpe - falei.

– Você já deve ter percebido que não sou como as moças da nossa época - ela sussurrou, dando um passo a frente.

– O que isso significa?

– Que para me tratar com respeito, só na frente dos meus pais.

Ela jogou os braços em volta do meu pescoço e eu a beijei, mantendo minhas mãos em sua cintura fina. Ela bagunçou os meus cabelos e riu disso em seguida, interrompendo o beijo por um segundo. Sua língua amaciava a minha enquanto o beijo se estendia.

Aos poucos fomos nos separando e dei uma mordida de leve em seu lábio inferior. Só quando estávamos realmente separados é que pude perceber o que estava fazendo. Encarei seus olhos e vi que carregavam uma mistura de desejo e culpa. Imaginei o motivo da culpa, mas nada lógico se passava em minha cabeça.

– Peeta... – ela disse se ajoelhando no chão e começando a chorar. Ajoelhei-me no chão junto dela e tentei tirar a mão de seu rosto. Ela enterrou a cabeça em meu ombro e me abraçou. – Nós não...

– Katniss – interrompi a morena fazendo com que separasse nosso abraço e me encarasse nos olhos – Eu não vim aqui procurando explicações, ok? Vim aqui para ter uma despedida decente. O futuro nós resolvemos depois. Vamos viver o presente, tá?

Ela assentiu e me levantei, estendendo a mão para ajudá-la a fazer o mesmo. O silêncio desagradável reinou. Enquanto Katniss pensava fitando o chão, eu a admirava. Seus cachos bagunçados caídos nos ombros, seus olhos acinzentados, suas bochechas coradas, sua boca carnuda... Tudo nela era perfeito.

De repente seus olhos se encheram de lágrimas.

– Ei...! – disse segurando sua mão e a puxando mais pra perto. – Esquece isso, ok?

E pela segunda vez na noite nossos lábios se encostaram, em um beijo calmo, com intensa dor e amor misturado.

Então algo começou a tomar meus pensamentos como se não tivesse mais controle da situação. Desejo. Isso era o que estava ocupando meus pensamentos. Desejo. Eu desejava Katniss Everdeen: a mulher misteriosa; que me fez enlouquecer com um toque; que cheirava a rosas; que tinha a voz rouca e provocante; e que estava na minha frente naquele momento.

Parecia que a morena havia entendido a vontade subentendida em meu olhar, pois nossos beijos passaram de calmo e cheio de amor para um beijo desesperado e cheio de desejo. O ar faltou em nossos pulmões, mas isso não nos impediu de voltar a nos beijar novamente.

Procurei apoio em algum local e achei sua cama. Fui caminhando até ela durante beijos e beijos com a Katniss e sentei na beirada. Logo a morena estava sentada em meu colo com uma perna em cada lado da minha cintura. Deitei-me, fazendo com que ela ficasse sobre mim.

O beijo parou e nos encaramos. Seus cabelos batiam em meu rosto fazendo cócegas em meu nariz e não pude deixar de sorrir. Isso tudo parecia um sonho. Um sonho que não queria que acabasse nunca. Logo a morena correspondeu meu sorriso e decidi inverter a situação, ficando em cima dela.

Beijei seus ombros, pescoço e finalmente achei seus lábios. Com um rápido movimento de desespero a morena tirou minha blusa e percebi naquele momento que sua camisola havia subido até seu umbigo. Ela me ajudou com zíper e botões da minha calça e logo a peça estava jogada no chão.

Katniss ficou novamente em cima de mim e com os joelhos na cama, sempre com seus olhos nos meus, ela tirou a camisola. Seus seios eram fartos.

Sem perceber, nós dois estávamos sem roupa alguma, suados e ofegantes mesmo que nada tivesse acontecido ainda. Nessa altura do campeonato não conseguia mais deixar um pensamento racional em minha cabeça, muito menos distinguir quem estava em cima de quem. Os toques dela me deixavam excitado e cada vez com mais desejo. E quanto mais desejo, menos raciocínio.

Então nos unificamos. Viramos um único corpo, um único coração batendo descompensado.

Depois de algum tempo caímos um do lado do outro, totalmente suados e consumidos pelo prazer. Não preciso dizer que foi delicioso ouvir sua voz suplicando o meu nome durante nosso momento. Ainda ofegante, com coração acelerado, virei a cabeça de lado e a encarei. Notei um sorriso em sua face corada e não pude deixar de sorrir também.

Ela tentou falar alguma coisa, mas meus lábios invadiram os dela. Desta vez era um beijo calmo depois de todo esse desejo e aos poucos meus pensamentos lógicos foram voltando. Puxei-a mais pra perto e fiz carinho em seus cabelos sem acreditar no que acabamos de fazer. Eu nunca esqueceria isso.

Percebi que Katniss acabou dormindo e eu, sem muita opção, acabei fazendo o mesmo. O último pensamento na minha cabeça foi que agora sim, havíamos tido uma despedida decente.


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