PERCY (Point of View)

Quando eu voltei com latinhas de refrigerante e pratos, ela estava sentada no sofá, olhando atentamente para TV. E como sempre, estava linda. Annabeth, por que você roubou meu coração assim?

– Você não vai sentar? – ela perguntou, e eu acordei do meu transe.

Estava em pé, ao lado da mesa de centro, e um dos pratos de vidro quase caiu quando escutei-a falar.

– A-ah, claro. – respondi, colocando os pratos e as latinhas de refrigerante na mesa de centro.

Ela sorriu. Isso é bom?! Acho que sim. Meu avô sempre dizia: quando você fizer uma garota sorrir, continue assim pois ela está gostando de você. Tomara que ele esteja certo.

Sentei-me, e em poucos instantes o filme começou.

ABC do amor... Eu já assisti esse filme. O garoto se apaixona e sofre. É basicamente isso. Mas no final, ele fica um pouco feliz. Será que sou eu e Annabeth? Mas espera, nem eu nem ela fazemos karatê. E somos bem mais velhos.

Comemos a pizza e tomamos refrigerante. Eu estava ao lado dela, isto estava incrível.

Poucos minutos depois, eu fiquei feliz em não sermos os personagens do filme. Bom, por que eu não quero ser tão imbecil e sem sorte quando o garoto do filme. Em falar em sermos mais velhos, mas... Quantos anos será que ela tem?

Eu e a Thalia temos a mesma idade, e... ESPERA! A THALIA! ONDE SERÁ QUE AQUELA CRIATURA ESTÁ?!

Levantei-me rapidamente do sofá e fui até a estante, procurando meu celular freneticamente.

– O que aconteceu? – Annabeth me perguntou, e quando eu a olhei vi que ela parecia preocupada.

– A THALIA! EU NÃO SEI ONDE ELA ESTÁ! – falei, e rapidamente a Annabeth também levantou.

– Você tá procurando seu celular?

– É.

Continuei procurando, sem sucesso. Fui até a cozinha para procurar lá também, sem sucesso. Quando voltei, Annabeth estava sorrindo com um celular ao lado da cabeça. Não era o meu, mas se ela estiver falando com a Thalia, serve né?

– Você... – tentei falar, ela apenas levantou uma mão aberta, sinal para esperar.

ISSO É RUIM?!

– Vou passar para Percy. – Annabeth falou, e eu a vi corar.

– Só estamos vendo um filme, Thalia! – Annabeth gritou, bastante vermelha – Na casa dele.

E aí ela corou mais ainda. Eu até imagino o que Thalia estaria falando...

“Onde você está? Na casa de Percy? Own, vocês ficam lindos juntos!”

Queria eu que Thalia pensasse isso mesmo.

E então eu acordei novamente do meu transe, com uma Annabeth linda e impaciente segurando um celular branco na minha frente.

– É... Oi? – perguntei, e ela sorriu. Linda...

– A Thalia quer... – ela corou – Falar com você.

Assenti e peguei o celular da mão de Annabeth. Levei-o até o ouvido direito, e comecei a gritar com a pior prima gótica que uma pessoa pode ter.

– ONDE VOCÊ ESTÁ? – Annabeth olhava para mim espantada, mas logo depois sorriu.

– Own, meu priminho está preocupado comigo! Que lindo! – Thalia falou do outro lado.

– CLARO QUE ESTOU, SUA VADIA! – continuei gritando, e Annabeth parecia um pouco surpresa, mas não deveria. Eu havia dito coisas piores à Thalia na frente de Annabeth – VAMOS, ONDE VOCÊ ESTÁ?

– Esqueceu que eu voltava para casa hoje? E pelo que parece, você está bem acompanhado aí. – a idiota falou e meu rosto começou a esquentar. Annabeth parece ter percebido, e em seguida sorriu para mim. Linda... – Você tá aí, Perseu?

– C-CLARO QUE ESTOU! – gritei novamente.

– Para de gritar, meu ouvido tá doendo! – a minha priminha tentou gritar do outro lado mas eu afastei o celular do ouvido, então não ouvi o grito, apenas ouvi o que ela falou, baixinho.

– DIZ ONDE VOCÊ TÁ! – eu gritei, de novo.

– ESTOU EM CASA! – Thalia também gritou – ESTOU EM CASA, CARALHO!

Eu não gosto muito da Thalia, mas mesmo assim me preocupo com ela. Tinha que saber onde ela estava. Vai que ela é sequestrada ou coisa assim? Ela tem a minha idade, mas a culpa iria cair sobre minhas costas por que eu estava em casa e não havia visto Thalia sair. Mas agora eu sabia que ela estava em casa, então podia desligar na cara dela e voltar à assistir ABC do amor com Annabeth.

– Ótimo. – falei, mais aliviado – Agora, tchau.

– Espera, Perseu. – Thalia me impediu de desligar.

– O que você quer? – perguntei, bem mais calmo agora.

– A Annabeth tá aí é?

– Tá sim. – respondi, olhando para aquela linda garota loira que agora estava sentada no sofá.

– Não abuse dela, Perseu. Ela é delicada e meiga. – aquela idiota falou do outro lado e meu rosto voltou a esquentar. Mesmo.

– POR QUE EU FARIA ISSO?! – gritei. Não deveria ter feito isso.

– Isso mesmo Percy. Quem ama cuida, não abusa. – fiquei mais vermelho.

Minha prima é irritante até sem estar perto de mim. Incrível.

Annabeth me olhava sorrindo, do sofá. Eu ficava ainda mais vermelho, e ela sorria ainda mais. O que será que ela tá pensando?

*****

ANNABETH (Point of View)

Percy ficava tão fofo daquele jeito, vermelhinho. O que será que a Thalia tá falando pra ele ficar desse jeito?

– OLHA, JÁ CHEGA TÁ LEGAL? – ele gritou mais uma vez. Acho que ela estava irritando-o.

E em seguida, ele desligou a chamada. Suspirou, e veio até mim, entregando o celular.

– O que ela falou? – perguntei, curiosa.

– Ér, nada. – ele disse, e eu fiz biquinho. Queria saber o que ela falou.

– Me conta, vai. – falei.

Ele fez uma cara engraçada. Engraçada e linda. Nossa, como ele era lindo. Eu sempre me afogava naqueles olhos verdes, por isso evitava olhá-los com frequência, mas era quase impossível.

– Você não vai contar? – perguntei logo depois, ainda fazendo biquinho.

Isso mesmo Percy, eu sou irresistível. Conte-me o que ela falou...

Espera! Quem dera ele me achasse irresistível como eu o acho!

– Ela... Me disse para não te irritar. – ele falou, rapidamente, e ficou vermelhinho de novo.

Talvez não tenha sido isso que ela disse, mas eu não quis perguntar. Ele ainda nem me conhecia direito. Não queria deixa-lo irritado comigo por causa de uma besteira.

– Você, me irritar? – perguntei sorrindo.

– Sim... – ele falou, abaixando a cabeça.

– Você não me irritaria, não é? – eu falei, fazendo-o olhar para mim de novo, e colocando um dedo na boca.

ANNABETH! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?! – minha mente questionava.

Admito que eu mesma me surpreendi com o que eu fiz. Eu não era disso. Mas... Eu queria provocar Percy. E parece que estava conseguindo.

Ele balançou a cabeça, negando o que eu perguntei anteriormente. Peguei a mão dele e o puxei para o sofá.

– Vem, vamos perder o filme se ficarmos assim. – falei, e ele assentiu.

*****

PERCY (Point of View)

ESSA GAROTA VAI ME DEIXAR LOUCO! PRIMEIRO ELA FAZ BIQUINHO, E DEPOIS COLOCA O DEDINHO NA BOCA PRA ME PROVOCAR! ANNABETH, SAIBA QUE SE EU COMEÇAR A AGIR PELO IMPULSO EU NÃO VOU ME CONTROLAR!

Depois de instantes ali, olhando um para o outro, e eu ainda em transe, ela me puxou, indo até o sofá.

– Vem, vamos perder o filme se ficarmos assim. – ela disse, e eu assenti.

Sentamos um do lado do outro. Eu não conseguia falar nada. Isso nunca tinha acontecido comigo!

Depois de algum tempo, parecia que eu havia voltado ao normal, mas ainda estava bem atento com as coisas.

– Own, eles ficam lindos juntos! – Annabeth disse, toda sentimental, quando o garoto e a garota dançam juntos no final do filme.

Essa garota é perfeita! Sentimental, provocadora, linda, incrível... Perfeita! E quando eu já estava ficando com o batimento cardíaco normal novamente, ela me surpreende mais uma vez. Encostou a cabeça no meu ombro e suspirou. Ela vai me enlouquecer!

Depois de alguns minutos, o filme chegou ao fim. Olhei para ela, e ela havia adormecido! Estava como um anjo, dormindo calmamente, e de um jeito lindo!

A chuva, que tinha começado a cair há uns trinta minutos, ainda caía forte lá fora. E eu tive pena de acordá-la e manda-la embora.

Ah, não faz mal se ela dormir aqui por causa da chuva, não é? Eu posso usar meu corpo pra aquecê-la e...

PERSEU! – a minha mente me repreendia!

Incrível! Com outras garotas, com certeza eu não conseguiria me controlar, mas Annabeth é diferente... Eu entendo que tenho que cuidar dela, e não consigo me aproveitar de situações assim. Definitivamente, essa garota roubou meu coração.