No outro dia, eu ainda não vi minhas notas no teste do professor Gaicoz, Sieg me chamou pra treinar a tarde, já que naquele dia nossas aulas a tarde iriam ser a partir das quatro horas.

Estávamos num dos campos da escola que era possível treinar sem ser em aula.

—Vou pegar leve com você. —Sieg falou se gabando.

—Eu não vou pegar leve com você. —Disse em posição pra atacar quando vi Sieg só apoiado na espada, o olhei confusa.

—Que foi? —ele perguntou.

—Ta achando que eu sou tão fraca assim? —já estava pegando fogo de raiva daquele imortal.

—Ah, ta… —ele apenas segurou a espada de qualquer jeito com uma das mãos e ficou de frente pra mim. —Pronto.

—Só uma mão? —o olhei confusa.

—Qual o problema agora?

—É… Não é o jeito certo de segura a espada…

—Deixa disso, vamos logo.

—Ta, pelo menos eu ganho vantagem.

E assim começou, eu já fui tentando acertá-lo, mas ele desviou com facilidade e me acertou por trás, o que fez eu cair no chão.

—Já está no chão? —ele riu.

—Imortal desgraçado. —me levantei e o ataquei, mas ele desviou de novo.

—Já ta bravinha? —ele riu.

—Eu te mato. —tentei outro ataque, mas ele novamente desviou.

E assim foi a luta, ele desviando e quando tinha a chance me derrubava no chão com um único golpe. A cada vez que eu caía no chão a minha raiva aumentava, inda mais que ele não parava de rir; até que eu consegui acertar um golpe nele e ele caiu no chão, comecei a rir malignamente.

—É, foi uma boa luta. —Sieg disse levantando, eu não deixei ele levantar.

Continuei atacando e ele defendia com sua espada.

—Quer parar? —ele defendeu um dos golpes.

Parei de atacar, ele deu um suspiro e continuou deitado, ataquei mais uma vez e ele conseguiu defender.

—CHEGA ELESIS! —ele gritou com raiva.

Eu ri e o ajudei a levantar.

—Você sabe que eu ganhei, né? Afinal foram infinitas vezes contra uma que você conseguiu me atacar. —ele falou se gabando.

—Não precisa me lembrar, eu ainda não acredito que perdi para uma pessoa que não leva as coisas a sério.

—Hey! Eu levo a sério sim!

—Essa luta? —perguntei já sabendo a resposta.

—Essa… Não. —ele riu sem graça.

—É… Não precisou nem das duas mãos para me ganhar. —falei triste, eu era tão ruim assim?
—Ainda não entendo esse seu preconceito com quem só usa uma mão pra segurar a espada. Isso é bem normal, sabia?

—Não é normal não, não é o jeito certo.

—Agora tem jeito certo pra isso?

—Sempre teve.

—Nunca teve, na verdade você que é a esquisita.

—Arranje outra pessoa então, ai eu assumo que isso não é estranho… E essa pessoa tem que me ganhar também.

—Fácil! Espera ai! Não sai dai! —ele saiu correndo, provavelmente iria procurar alguém.

Depois de um tempo ele voltou puxando um garoto de cabelo comprido e azul.

—Então, quem é esse? —perguntei.

—Eu sou o Ronan, e por que você me trouxe aqui Sieghart?

—Luta com ela. —Sieg apontou para mim.

—Por que eu lutaria? Eu nem sei quem ela é e por que eu lutaria com alguém, principalmente com uma garota, sem motivo?

—Por uma aposta que eu fiz com ela.

—Sou a Elesis. —acenei.

—Oi. —ele acenou —Qual aposta? —ele cruzou os braços.

—Ela acha que é errado segura a espada com uma mão só. —ele deu de ombros.

—Sério? —Ronan me olhou confuso.

—Hunf. —Cruzei os braços e olhei pro lado.

—E o que eu tenho que fazer?

—Ganha dela. —Sieg deu a Ronan a espada de madeira que estava usando.

—Só? —ele pegou a espada e se posicionou.

—Ah, usar magia não vale. —Sieg se afastou e sentou no chão para assistir.

—Então ta.

Me posicionei e fui na direção dele para um ataque; diferente de Sieg que só esquivava, ele só defende…

Defendia, e quando tinha a chance me derrubava no chão, mas a pontuação foi diferente… Em vez de infinitas contra uma, no final ficou oito pra Ronan e cinco pra mim, contava as vezes que caímos no chão.

—Quer ajuda? —Ronan estendeu a mão, já que o último a cair no chão fui eu.

—Obrigada. —peguei na mão dele e me levantei. —VIU! PORQUE VOCÊ NÃO É CAVALHEIRO QUE NEM ELE? —falava do Sieghart.

—Hunf. —Sieg cruzou os braços e olhou pro lado.

Ronan riu.

—Ah, eu quero lutar assim também! Me ensina? —perguntei à Ronan.

—Não, você disse que é errado lutar desse jeito. —Sieg respondeu.

—Eu não estava falando com você. —respondi, bem grossa.

—Claro que ensino. —Ronan respondeu simpaticamente.

—Obrigada. —falei alegre.

—Então eu já vou indo… —Sieg falou andando em direção à saída.

—Você fica. —o puxei pela gola da camisa.

—Mas eu não quero. —ele cruzou os braços.

—Vai ficar. —o joguei no chão.

—Tá. —respondeu emburrado, de braços cruzados.

—Tem certeza que você é o mais velho, Sieghart? —Ronan brincou irônico.

—Cala a boca, eu não quero apanhar mais.

—Que bom que sabe. —sorri.

Ronan tentou me explicar a usar a espada com uma única mão, Sieg ajudou depois de um tempo. Eu achei um pouco complicado no começo mas me acostumei… Bom, mais ou menos.

—CHEGA! VOCÊ É PIOR ASSIM DO QUE ANTES! —Sieg reclamou.

—Não fale com ela desse jeito. —Ronan se apoiava na espada.

—Mas é a verdade. —sentei no chão.

—Uma coisa que você não percebeu é: eu esquivo, ele defende, você SÓ vai ataca! —Sieg falou.

—Nisso ele tem razão, você deveria se esquivar ou defender mais.

—E ai? Me ajudam? —me empolguei de novo.

—Você não usa o mesmo estilo que o nosso, então não da. —Sieg arranjou uma desculpa.

—Mas ela está aprendendo. —Ronan falou.

—Aprendendo? Continua um lixo! Era bem melhor do outro jeito!

É, fiquei triste com isso…E acabei dando um soco nele o fazendo voar.

—Que é? Foi automático. —dei de ombros.

Ronan riu.

—Mas o que o Sieg disse não é tudo mentira, você é melhor nesse seu estilo, já está acostumado com ele e teria mais facilidade pra o melhorar.

—Certo, e vocês não podem me ajudar por que não é o mesmo estilo…

—É, você vai ter que se virar sozinha… Vai aprender alguma coisa na aula também.

—Tá.

—Eu já vou indo. —ele acenou para Sieg que estava longe.

—Eu vou levar aquele desgraçado a enfermaria, DE NOVO! —cruzei os braços.

—Não precisaria se não batesse nele. —ele riu.

—Mas ele merece. —dei de ombros.

—Um pouco… —ele riu —Até a aula. —acenou e foi embora.

—Até! —gritei e acenei.

Fui até o Sieg e o levei a enfermaria de novo, Tammy fez os curativos e saímos de lá.

—O lado bom é que eu vejo a Tammy todo o dia, o lado ruim é que isso dói. —Sieg andava com os braços atrás da cabeça.

—Para de me enche que você para de se machucar!

—É impossível! Você é que nem uma bomba! E pra minha sorte você me odeia!

Eu quis bater nele por ter me chamado de bomba, mas do jeito que ele falou foi engraçado e eu acabei rindo.

—Eu não te odeio. —falei rindo.

—Não, magina.

—Não mesmo. —o empurrei com o braço.

—Ó! JÁ TÁ ME ATACANDO DE NOVO! E DESSA VEZ EU NÃO FIZ NADA! —ele ficou longe de mim e se protegeu com o braço.

—Idiota. —ri.

Ele riu também, e colocou o braço por cima dos meus ombros me abraçando, não sei por que, mas deixei…

—Ta doente? —Sieg perguntou.

—Não, por quê?

—Deixou eu te tocar por mais de três segundos.

—Não enche. —encostei a cabeça nele.

Acho que eu estava cansada, e ele estava me servindo um pouco de apoio.

Ficamos um tempo em um dos pátios por preguiça de ir até os quartos, e eu acabei dormindo lá…

Acordei depois de um tempo.

—Hm? —acordei não sabendo o que estava acontecendo.

—Você é pesada, sabia? Já tentou perder uns quilinhos? —Sieg falou, estava me carregando.

—POR QUE VOCÊ ESTÁ ME CARREGANDO? —tentei me soltar dele.

—Eu só ia te levar pro quarto, já é de noite e você ainda estava dormindo. —ele me soltou.

—Ah, então volte a me carregar. —me joguei nele.

—Folgada. —dessa vez ele me carregou nas costas.

—Espera, nós perdemos a aula?

—Pois é.

—Que droga! —soquei o ombro dele.

—Não me bate, eu não fiz nada.

—Não me acordou antes!

—EU que tinha que TE acorda? —ele reclamou.

—Claro! Eu que dormi primeiro!

—Não devia ter dormido então, cala a boca que eu já estou te carregando.

—Não fala cala a boca pra mim! —dei um tapa na cabeça dele.

—QUER PARAR DE ME BATER? —parecia revoltado.

—Esse foi até fraco.

Ele suspirou, sabia que eu continuaria a bater nele.

Depois de pouco tempo eu voltei a dormir só que dessa vez apoiando a cabeça no ombro dele, só que ele me acordou logo depois:

—Elesis! Você está babando em mim! —ele me balançava.

—Eu não babo enquanto durmo! —disse limpando minha boca.

—Não?

—Okay…

—Fora isso, seu quarto já ta ali ó! —ele apontou — Vai sozinha. —ele me soltou, mas eu não quis solta-lo.

—Nãããoooo. —falei em voz de manha —me leva até a minha cama!

—Não sou seu escravo!

—É sim! Ninguém mandou me acorda!

—Uns minutos atrás você queria que eu te acordasse!

—Mas era pra aula…

No fim da discussão, ele me levou até minha cama.

Mari e Amy estranharam, mas ficaram quietas.

—Sieg! Trás algo pra eu comer?

—Já falei que não sou seu escravo!

—Pode deixar que eu preparo alguma coisa. —Mari falou em seu típico tom robótico.

Sieg se distraiu um pouco com ela, mas eu o expulsei.

—Como você é chata Elesis! Nem um obrigada?

—Puxei pro meu bisavô.

—ASSUMIU QUE É MINHA BISNETA! —ele fez um escândalo, mas parecia feliz.

—Tá, obrigada Ercnard.

—Vai se ferra. —fechei a porta do quarto na cara dele.

—Como você é má, Elesis. —Amy falou brincando.

—Só com ele.

Ela riu.

—Que foi? Ninguém mandou ele ser meu parente.

—Que fofinha. —ela riu.

—Ah… To com muita preguiça. —cai na minha cama.

—Cansou? —Amy perguntou.

—É… Eu treinei a tarde inteira. —afogava minha cara no travesseiro.

Amy riu, Mari me trouxe um lanche; comi, fui tomar banho e etc, logo depois cai na cama e dormi.