Quando me dei conta lá estava a moça parada a minha frente, me encarando como se sua intenção fosse me hipnotizar, enquanto isso ela levou suas mãos delicadas até meu pescoço tentando me sufocar, porém não obteve nenhum sucesso. Um sorriso melancólico tomou conta de seu rosto, suas mãos continuaram apoiadas em meu pescoço, até o momento que com sua voz um tanto fraca sussurrou algumas palavras:

–O que você é?- Seus lábios ficaram entreabertos, seus olhos foram voltando ao normal, deixando a cor verde aparecer.

–Eu? Por que diria?- Não pude evitar o sorriso que aparecia em meu rosto, como se estivesse de acordo com a situação. Deixá-la receosa me trouxe certo prazer, porém isso acabou com ouvi sua voz claramente dizer.

–Você não imagina quem sou, então por que não me diz logo quem é e podemos resolver de uma forma agradável?

Ela soltou suas mãos de meu pescoço e deu alguns passos para traz, sabia que não era humano, pois se fosse provavelmente estaria morto.

–Eu sou...

Antes que pudesse terminar a frase fui interrompido por alguns homens que vinham em nossa direção. Eram quatro homens, dois estavam armados com facas e os outros dois com pedaços de madeira nas mãos. O homem que vinha na frente guiando o grupo era alto, porém magro, usava um casaco surrado e calças rasgadas. Seu cheiro fedia a bebida, estava um pouco bêbado, porém consciente para dar ordens.

–Você..- Disse ele apontando para a moça, com um olhar de malicia- Quero você.

–E o cara, o que fazemos com ele?- Perguntou outro rapaz que estava um pouco mais atrás.

–Pode matar, mas a loirinha...

Ao ouvir as palavras que saiam da boca daquele homem, ela se escondeu atrás de mim, como se tivesse alguma relação comigo. Sua mão apertava a minha, seus olhos encontraram os meus, porém não pude ver nada além de um vazio que precisava ser preenchido de alguma forma. A garoa que caia do céu a poucos minutos atrás se tornará em uma chuva forte que ao se chocar contra meu corpo me dava um sensação se estar realmente vivo, de ser até mesmo um humano.

O homem que havia falado que queria a moça, vinha em minha direção com um pedaço de madeira na mão, ele estava pronto para atacar, quando me dei conta a moça havia saído de trás de mim e agora estava a minha frente. Ela deixava transparecer em seu rosto um sorriso inocente, seus lábios se moveram com uma delicadeza incomparável, com sua doce voz.

–Não precisa de violência, eu... -Ela fez uma pequena pausa e me olhou. Quando me dei conta vi que seus olhos estavam completamente negros como se um pingo de tinta tivesse caído sobre eles e se espalhado. Então ela continuou a falar - Eu fico com você.

Ela se aproximou do homem,e colocou sua pequena mão sobre a madeira que ele segurava,abaixando-a até colocá-la no chão. Então levou suas mãos até o rosto do homem e lhe envolveu em um beijo. Após parar o beijo, ela olhou para ele e sorriu, e aproveitando o ensejo quebrou o pescoço do rapaz e se afastou um do corpo que agora estava caído no chão, sem vida. Ela levou suas mãos até a cabeça e com um pequeno tom de ironia disse ao outros três homens que a olhavam sem acreditar no que estavam presenciando.

–Opa! Acho que ele morreu.- Após suas ultimas palavras ela soltou uma risada que me agonizou.- Quem vai ser o próximo?