Carpe Diem − Ride or Die escrita por Amanda Lima


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Se quiseram entrar no clima da cena descrita, ouçam as canções:
Gasolina, de Daddy Yankee.
Tokyo Drift, de Teriyaki Boyz.



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Melissa pisou no freio enquanto terminava de completar seu drift impecável e ouviu os aplausos, gritos e assovios. Havia ganhado a corrida mais uma vez, portanto, estava realmente gostando de Los Angeles. Sorriu ao abrir a porta do seu Dodge Charger R/T 1970 preto e desceu logo dando de cara com o garoto perdedor, ele deveria ter 17 anos no máximo. Estendeu a mão.

− Pague.

Ele revirou os olhos, bufou e colocou as mãos nos bolsos da calça procurando as chaves.

− Como uma mulher pode ganhar assim? Não é possível! – reclamou enquanto passava o objeto metálico para as mãos da garota campeã.

Aproximou-se dele e sussurrou:

− Um segredo para você que é iniciante: não utilize o nitro tão rápido.

Deixou Jason ou Jack olhando-a pasmo, o nome dele não importava... O que importava é que havia acabado de faturar um Mazda RX-7 personalizado.

Filhinhos de papai que não sabem controlar um bom carro, pensou enquanto revirava os olhos.

− Volte para a escola, docinho! – gritou por sobre o ombro e ouviu as risadas ecoarem por todo o 7º andar da garagem localizada no centro da cidade.

Sorriu mais uma vez consigo mesma enquanto andava em direção de seus bons amigos que havia conquistado durante os últimos dois anos.

Os três anos anteriores da vida de Melissa Bertolli haviam sido confusos e complicados: ela havia se mudado três vezes passando pela Califórnia, Nova York e, por fim, ficando em Los Angeles onde estava instalada nos últimos dois anos.

Acreditou que não conseguiria ficar no lugar nem por seis meses como havia sido com os outros, mas se surpreendeu com a facilidade que teve para se misturar com o mundo de rachas. Não ganhava os valores exorbitantes que sempre recebia com seus assaltos praticados ao redor do país com seus ex-companheiros (e atualmente mortos), mas recebia muito bem com seus rachas, toda noite faturava ao menos mil dólares e a maioria do dinheiro ela investia em seus carros ou investia na oficina de seu amigo, Clinn James, que na verdade fechava as portas sempre que aparecia um bom carro de corrida para restaurar.

− Essa é minha garota! – Cindy gritou e abraçou Melissa assim que a vencedora se aproximou.

− Ele era só um garotinho iludido, não foi tão difícil assim ganhar dele, Cindy. – Melissa fez pouco do seu grande ato da noite.

Sentou-se ao lado de Clinn no capô do carro dele.

− Eu nunca vi uma garota fazer um drift daquele jeito, Mel. Nunca mesmo. – O amigo disse e a outra apenas concordou com a cabeça.

O silêncio logo se instalou entre os três e Melissa estranhou aquilo, já que ambos os amigos nunca se calavam. Seu sensor de perigo logo estava aparecendo e apitando loucamente para que ela saísse daquele lugar.

Começou a olhar ao redor apenas percebendo que a música alta fazia com que os apostadores e corredores se divertissem. Havia vários carros de corrida, de todas as cores, marcas e formas... Mas havia um especial que chamou sua atenção, tinha certeza de que jamais havia visto aquele carro durante os negócios.

− Quem é? – perguntou olhando para o amigo.

− De quem você está falando? – Clinn respondeu com outra pergunta e congelou assim que Melissa acenou com o queixo para o carro.

− Quem é o dono do Supra azul com prata, Clinn? – Melissa ergueu a voz em mais um tom.

− Mel... – Cindy começou.

− Toda vez que você vem com o “Mel...” é porque tem algo acontecendo. O que diabo está acontecendo?

− O dono do Supra está te procurando, mas, por favor, não chegue esmurrando o rapaz, porque tenho certeza de que ele sabe se defender. – Clinn completou o que Cindy iria dizer.

Melissa engoliu em seco.

− Como ele é?

− Ele tem os cabelos claros, mas não necessariamente louros e os olhos são extremamente azuis... Sério, nunca vi olhos azuis daquele jeito. – a garota disse com o olhar de sonhadora. Melissa tinha a impressão de que a amiga queria que ele estivesse procurando por ela, porém, mal sabia ela que toda vez que alguém procurava a garota de 25 anos era por algum motivo perigoso.

Melissa nem terminou de ouvir o que eles tinham para dizer e já pulou do capô do carro sentindo suas botas contra o concreto, olhou para a direta e depois para esquerda, mas acabou seguindo reto em direção ao bar improvisado empurrando algumas pessoas no meio da pequena multidão que dançava em volta dos carros estacionados.

O reconheceu antes mesmo de olhá-lo por completo.

Estava mais forte, seus ombros deveriam estar o dobro do que eram antigamente, a postura era mais firme e decidida. Era o policial.

Caminhou apressadamente até ele e bateu em suas costas, sentiu-se mal com sua baixa estatura perto do homem que ele havia se tornado.

Os olhos azuis estavam mais azuis do que nunca, percebeu Melissa enquanto eles se encaravam ferozmente.

− Eu só vou perguntar uma vez: o que você está fazendo aqui? – rosnou.

− Eu precisava encontrar você, senhorita Bertolli. – ele resmungou de volta.

− Se veio me prender, policial, sinto muito, mas hoje não é um bom dia.

− Eu preciso da sua ajuda. – confessou trincando os dentes.

Melissa riu alto com isso e acabou atraindo alguns olhares curiosos. Ela nunca ria alto.

− Um servidor do governo precisa da minha ajuda? Conte-me outra, policialzinho.

Deu as costas ao homem que deveria dar dois dela em tamanho, e talvez, peso.

− Melissa! – ele a segurou pelo braço e ela o olhou de soslaio.

− Solta meu braço... Agora. – soou ameaçadora.

Ele a soltou.

− Eu realmente preciso falar com você. – sussurrou de uma forma sofrida. Havia algo o incomodando e Melissa gostaria de descobrir, mas não daria o braço a torcer.

− Tudo bem.

− Tudo bem? Você vai me ajudar?

Ela riu de novo.

− Espere aí, policialzinho, eu vou te ouvir e apenas te ouvir se...

− Se...?

− Você ganhar de mim em uma corrida.

− Você ficou louca? – reclamou passando as mãos nos cabelos desgrenhados até de mais para um policial de Charlottesville.

Ela levantou os braços, sorriu e os balançou em um sinal de desdém.

− Você vem até a minha área, vem até Los Angeles atrás de mim e eu sou louca por querer ver se vai valer meu tempo ou não? Poupe-me, é pegar ou largar.

Ele a olhou fixamente pensando como seria estrangular aquele pequeno pescoço prepotente.

− Vocês estão prontos? – Rita gritou da linha de largada.

Melissa apenas pisou no acelerador indicando que sim, olhou para o lado e viu o policial lhe encarando. Ela lhe lançou seu melhor sorriso desafiador.

Olhou para cima, respirou fundo e sussurrou: correr ou morrer, correr ou morrer. Depois olhou para frente conhecendo o percurso que deveria fazer.

Se conseguisse largar rapidamente e passar na frente do adversário, conseguiria a descida do estacionamento apenas para ela enquanto ele teria que ficar atrás o tempo inteiro até chegarem à avenida.

− 3, 2 e... JÁ! – a organizadora dos rachas gritou e a multidão ficou frenética.

Melissa pisou fundo no acelerador e deu partida jogando o carro para frente e gritou de felicidade quando conseguiu o corredor apenas para si. Já fizera drift ali durante meses, então conhecia cada curva muito bem. Olhou pelo retrovisor vendo que, droga!, o dono dos olhos azuis e do distintivo policial também era bom. Olhou para frente e saiu pela avenida ouvindo buzinas atrás de si, olhou o espelho mais uma vez e percebeu que ele estava em sua traseira. Passaram zunindo por carros e motos, sabia que a policia seria chamada e sorriu com o pensamento, adorava a adrenalina de fugir dos policiais.

Não respeitou nenhum sinal vermelho, virou para a esquerda vendo mais luzes na cidade que uma hora dessas deveria estar dormindo, mas que na verdade, estavam todos fazendo algo naquela noite de sexta-feira. O esquema dessa corrida seria fácil... Quatro quarteirões por quatro quarteirões seriam rápidos, e nada extremamente perigoso além da velocidade a que seguiam já que Melissa batia 170 km/h e sabia que ele deveria estar nessa faixa também. Seus olhos iam e vinham do velocímetro, do retrovisor e da pista a sua frente. Assustou-se ao olhar pelo retrovisor e perceber que ele estava chegando a sua cola pela pista dupla, então a garota jogou seu carro na frente do dele mais uma vez, e de novo, e de novo, e de novo. Sorriu com o desafio que lançava ao rapaz já que eles estavam ziguezagueando pela pista. Já estavam quase no estacionamento novamente quando ele conseguiu se igualar com ela e então seu coração acelerou ao pensar que ele iria passá-la. Pensou em acionar o nitro, mas sabia que seria cedo de mais, seria um erro de principiante... E ela não era principiante. Quando fez a última curva, ativou o botão no volante e sentiu seu corpo ir de encontro com o banco de couro fortemente enquanto o carro ganhava aquela potência tão conhecida por ela.

− TOMA ESSA, POLICIALZINHO! – gritou de alegria assim que entrou a toda na garagem de rachas. Deu a volta completa no térreo do estabelecimento e se jogou contra o corredor que era completamente perfeito para o drift perfeito. Fez os círculos sem nem ao menos encostar as pontas do carro nas paredes, viu a fumaça saindo pelos pneus e sabia que estava deixando uma marca no chão, seu corpo se movia conforme o carro ia em direção ao topo. Chegou ao sétimo andar gritando de alegria. Havia ganhado mais uma vez!

Ficou no carro respirando fundo enquanto via o policial chegar logo atrás dela e o carro dele também não estava nada arranhado. Essa foi por pouco, pensou consigo mesma. Desceu do carro e foi de encontro a ele enquanto ouvia a gritaria ao seu redor, viu algumas pessoas passando dinheiro a outras. Com certeza eram de apostas, e não sentia dó de quem haviam desconfiado de que ela ganharia.

− Você foi bem, mas eu sou a melhor.

Ele olhou pra baixo e riu.

− Por isso eu preciso que você me escute.

− Você perdeu, nada feito.

A garota estava quase fechando a porta de seu carro quando o ouviu dizer:

− Meu nome é Bernardo Campbell.

Congelou ao ouvir o nome e o sobrenome, como ela pôde não o ter reconhecido? Como era burra! Deveria sair daquele lugar imediatamente, deveria sumir de Los Angeles também, quem sabe até do país.

− Seu irmão matou o meu pai.


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