Revenge - Sobrevivência escrita por Cherrys moon


Capítulo 6
Capitulo 6




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1

Victoria e Emily tentavam se recuperar do susto que acabaram de passar com a cobra. O bicho ainda estava no chão sangrando, mas já tinha parado de se contorcer. Emily sabia que aquela cobra poderia dar um belo jantar. Quando se esta numa situação de sobrevivência qualquer bicho abatido é muito bem vindo, mas ela tinha certeza que Victoria se recusaria terminantemente a comer uma cobra. Além disso, carregar um bicho que estava sangrando poderia atrair outros animais. Emily não sabia que tipo de animal selvagem vivia naquela mata e andar com o cheiro de sangue fresco definitivamente não era uma boa idéia. Emily refletiu sobre o que fazer.

Após um tempo pensando, Emily se levantou e foi até o corpo da cobra. Ela tinha decidido não levar o bicho. Era um risco, afinal ela não tinha idéia se conseguiria encontrar outro alimento, mas devido as circunstâncias ela achou que valia a pena arriscar.

— O que esta fazendo? — perguntou Victoria ao ver Emily pegando algumas folhas do chão com terra e tudo.

Emily não respondeu. Ela caminhou até o corpo da cobra começou a jogar as folhas por cima

— Você esta fazendo um enterro pra cobra? — Questionou Victoria

—Não — respondeu Emily sem parar de jogar as folhas sob o animal — estou camuflando o cheiro dela para não atrair outros animais

Fazia sentindo, pensou Victoria

— Tenta achar algum galho, não muito fino nem muito grosso — disse Emily ainda jogando folhas por cima do corpo da cobra

— Pra que? — perguntou Victoria

— Não podemos mais levar esses galhos cheio de sangue — disse Emily — e temos que ter alguma coisa para nos defendermos

Victoria começou a olhar no chão perto das arvores, sempre atenta para não ser surpreendida por outro animal.

Após algum tempo, Emily tinha conseguido enterrar cobra. Ela se sentou no chão e sentiu seus braços doerem. Ela estava exausta, queria deitar ali e descansar por um bom tempo. Após cerca de meia hora de descanso, Emily se levantou e viu Victoria de costas, sentada um pouco mais a frente

— Não acredito que ela não foi procurar — resmungou Emily se levantando

Emily se aproximou de Victoria e viu que ela estava fazendo alguma coisa

Victoria não apenas tinha encontrado um galho resistente e de bom tamanho, como também estava tentado prender um dos saltos de sua sandália na ponta dele usando um pedaço da corda do paraquedas

— O que esta fazendo? — perguntou Emily

— Acho que fica melhor do que afinar a ponta com uma pedra — disse Victoria enquanto dava mais alguns nós em volta do salto prendendo-o fortemente ao galho

— Bom trabalho— disse Emily realmente admirada e se perguntando como não pensou naquilo antes

Após Victoria terminar de preparar a lança, as duas voltaram a caminhar rumo ao lago. Enquanto caminhavam, Victoria olhava para todos os lados com medo de ser surpreendida por algum bicho de novo

— Como sabe tanto sobre sobrevivência? Perguntou Victoria

— Fui escoteira quando era criança — mentiu Emily

Emily tinha feito um treinamento no Japão com Takeda, e aprendeu a sobreviver nas mais diversas situações. Mas era óbvio que ela não podia contar isso para Victoria.

As duas continuaram andando e após algum tempo chegaram no lago que Emily tinha encontrado água.

— Esse lago é nojento — exclamou Victoria ao ver a água num tom de verde escuro

Emily olhou em volta buscando descobrir de onde a água vinha, aquilo não parecia ser um lago formado apenas água da chuva. Após observar o local por um tempo Emily viu uma parte do chão lamacenta e conclui que era por ali que a agua vinha.

— Victoria olha isso — disse Emily

— É lama — comentou Victoria — o que tem isso demais?

— Esta úmida — disse Emily — significa que a pouco tempo teve água aqui.

Victoria entendeu o que Emily queria dizer. Era uma espécie de córrego, quando chovia aquilo inundava levando água para o lago, mas sem chuva o nível de água diminui ficando apenas um rastro de lama.

— Vamos seguir isso — disse Emily — é bem provável que encontremos um rio ou um lago maior. Victoria e Emily ficaram mais animadas. Elas não estavam mais andando sem rumo, agora tinham um caminho a seguir.

2

Conrad chegou ao escritório da equipe de buscas. Ele havia recebido um telefonema informando que tinham descoberto a localização do acidente. Aiden já estava lá

— Quais as novidades? — perguntou Conrad

— Um avião relatou ter visto um pedido de socorro numa ilha — disse um dos investigadores

— E acha que são elas? — perguntou Conrad

— Tudo indica que sim — respondeu o investigador — também foi relatado fumaça numa montanha que faz parte da ilha.

— Deve ter sido onde o avião caiu — comentou Aiden

— Mas se deixaram sinal na ilha é porque conseguiram escapar da explosão — disse o investigador

— Qual o próximo passo? — perguntou Conrad

— Por mim iríamos para lá imediatamente — disse Aiden

— Nós vamos — falou o investigador — mas temos que saber a localização exata. Minha equipe esta verificando as coordenadas, partiremos assim que for possível

3

Victoria e Emily continuaram andando por um bom tempo. Elas estavam seguindo um rastro lamacento na esperança de encontrar uma fonte de água, e encontraram. Era mais um lago. Apesar de ser um pouco maior do que o outro, ele também continha uma agua verde amarronzada

— Essa água é tão suja quanto a outra — disse Victoria

Emily não deu ouvidos. Ela tinha visto uma coisa que lhe chamou a atenção. Algo se mexia nas folhagens na beira do lago

—Não faça barulho — sussurrou Emily

Victoria não gostava quando ela falava esse tipo de coisa. Da ultima vez ela quase foi atacada por uma cobra

Emily pegou a lança que Victoria havia feito e caminhou lentamente rumo a margem do lago. A medida que ia se aproximando ela pode ver o que havia ali e esboçou um sorriso

Victoria observava de longe. Ela não ia correr o risco de se aproximar sem saber o que o que tinha naquele lago

Delicadamente Emily continuou se aproximando, parou quase na margem do lago, levantou a lança e atacou.

Victoria se aproximou um pouco, ainda receosa por não saber o que Emily tinha feito. De repente Emily se levantou segurando a lança com uma enorme rã espetada nela.

— Consegui o nosso jantar — disse Emily sorridente

Victoria encarou o bicho.

— uma rã — disse Victoria

— Qual é Victoria? — falou Emily ao notar a expressão de desagrado dela — patas de rã estão do cardápio de restaurantes do mundo todo. E são bem caras

— Ah sim querida — começou Victoria — mas as rãs vendidas nos restaurantes não são selvagens. Elas são criadas especialmente para serem consumida, em locais com higiene adequada e....

— Encare esta aqui como uma rã orgânica — disse Emily antes que Victoria terminasse de falar.

4

Havia uma clareira perto do lago e Emily decidiu que elas deviam montar acampamento ali. Elas teriam água por perto, e de onde veio aquela rã podia vir mais.

— Vou fazer uma fogueira — disse Emily — vai nos aquecer e manter os animais afastados

O fogo era extremamente necessário, mas consegui-lo não era tarefa fácil. As mãos de Emily ainda doíam, mas ela não tinha escolha.

— Essas arvores são altas demais para prender o paraquedas — comentou Victoria

— Eu sei — disse Emily — vamos ter que dormir perto do fogo.

Emily passou quase uma hora e meia tentando acender o fogo e quando conseguiu o sol já estava se pondo.

— Vou pegar água — disse Emily já colocando algumas pedras no fogo

— Daquele lago nojento? — perguntou Victoria

— É nossa única fonte — disse Emily — e você vai ter que beber.

Emily se levantou, pegou o casco de jabuti, a rã ainda espetada na lança e foi até o lago.

Victoria começou a se aquecer perto da fogueira recém acesa. Apesar de estar morrendo de sede, ela quase vomitava só de pensar em beber aquela água.

Emily chegou ao lago. Ela tinha ficado tão concentrada quando encontrou a rã que não tinha reparado que na parte final do lago tinha uma espécie de paredão de pedras. Emily se aproximou e colocou as mãos na pedra. Estavam úmidas. Era por ali que a água escorria, provavelmente formando um tipo de cachoeira. Emily olhou para cima tentando verificar se era seguro escalar. A esperança era de que na parte de cima ela encontrasse uma água mais pura, porem ela notou que as pedras eram íngremes demais e não valia a pena correr o risco.

Emily retirou a rã da lança e a lavou no lago. Com a ajuda do salto de Victoria e uma pedra ela abriu a rã e limpou o maximo que conseguiu retirando a cabeça e todos os órgãos. Depois ela encheu o casco de jabuti com a água do lago e voltou para onde passaria a noite

5

Ao retornar, Emily retirou as pedras do fogo e as colocou na água. Espetou os pedaços da rã em galhos que ela havia encontrado e os colocou no fogo como se fossem espetinhos de churrasco. Enquanto Emily colocava as pedras na água para ferve-la, Victoria desembolou o paraquedas, o posicionou perto do fogo como se fosse uma canga na praia e se deitou

Quando a água esfriou Emily tomou um bom gole. Exatamente como da outra vez o gosto não era muito bom, mas no nível de desidratação que ela estava, pareceu delicioso.

— Tome um pouco — disse Emily

— Não consigo tomar isso — disse Victoria ainda deitada.

— Você precisa tomar — insistiu Emily

Victoria não respondeu. Emily colocou a água perto dela e foi verificar o churrasquinho de rã. Em pouco tempo a carne já estava assada. Embora Victoria estivesse relutante em aceitar comer aquilo, ela estava faminta e o cheiro da carne assada era delicioso

Emily retirou um pedaço da rã do galho e comeu. Pra quem não tinha comido nada nos últimos dois dias além de um coco ralo, aquilo era uma refeição divina.

— Não vai comer? — Perguntou Emily

Victoria não pode resistir. Ela se levantou e pegou um pedaço a rã. Estava deliciosa ela tinha que admitir.

— Sobre a água... — começou Emily

— Não vou tomar — cortou Victoria

Emily já estava de saco cheio disso e resolveu deixar pra lá, mas no fundo sabia que o corpo de Victoria não ia aguentar muito tempo sem água. Uma das coisas que ela aprendeu com Takeda sobre sobrevivência era que a água é mais importante do que a comida. Na verdade se você não tem água, não deve nem consumir nenhum alimento, pois o organismo vai precisar absorver o resto de água que tem no corpo para digerir o alimento. Victoria não tinha tomado nada além da pouca água de coco no dia anterior, mas estava comendo a rã. Não era uma situação boa, mas Emily sabia que não adiantava explicar.

Após comerem, Emily pegou os ossos da rã e os jogos o mais longe que pode ir sem ficar no escuro total. Ao voltar Victoria já estava deitada perto da fogueira.

— Vou ficar de vigia enquanto você dorme — disse Emily — mais tarde te acordo para revezarmos

— hum hum — disse Victoria que estava morrendo de sono e frio.

Emily se encostou numa arvore perto da fogueira com a lança sempre ao alcance das mãos, caso precisasse se defender de alguma coisa. Ela começou pensar em Nolan, Aiden, Jack e até em Daniel. Eles deviam estar muito preocupados com ela. Emily mergulhou em pensamentos e acabou cochilando

Quando Emily acordou ainda era de madrugada e não se perdoou por ter cochilado, ela devia ter ficado de vigia o tempo todo. Felizmente nada tinha acontecido, mas ela percebeu que em breve iria cochilar de novo. Era hora de se deitar e deixar Victoria vigiando.

Emily foi ate Victoria para acorda-la

— Victoria — disse Emily a sacudindo — Victoria acorde. É sua vez de vigiar

Victoria se mexeu um pouco, mas não acordou. Embora estivesse perto do fogo, Emily percebeu que Victoria tremia. Isso não era bom sinal. Emily colocou a mão na testa de Victoria e viu que ela estava ardendo em febre. Definitivamente isso não era bom.

Emily tirou o que restara de seu casaco e o colocou por cima de Victoria. Ela procurou o casco de jabuti na esperança de ainda ter água. Ela iria forçar o liquido para dentro de Victoria de qualquer jeito, mas viu o casco no chão, virado para baixo

— Droga — exclamou Emily

Ainda estava escuro, e ela sabia que não podia caminhar ate o lago para pegar mais água. Victoria teria que aguentar ate o amanhecer


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