— Não! Eu não posso ficar aqui parada e ver meus amigos morrerem para me proteger daquele monstro! — disse a mim mesma, convicta do que eu tinha que fazer. — Que seja! E que Deus me ajude desta vez! — pedi, apertando os passos na direção daqueles três indivíduos que vieram de outro mundo em busca de uma nova Anlu para proteger.

Fui em direção a clareira em que se encontravam meus amados amigos, feridos e cansados. Ao me aproximar, todos os 4 me olharam surpresos, me fazendo perceber que Kisho não havia percebido minha presença até o momento e isso me aliviara. Fui até Teito que ainda estava no chão com tanta dor que não conseguia se levantar. Agachei-me na frente dele com os olhos de Ikuto e Natsume me encarando ainda surpresos com minha aparição, olhei para a o peito de Teito que estava à mostra, pois sua blusa estava rasgada.

— Que horror, se eu tivesse chegado antes vocês não estariam nessas condições.

— O que você esta fazendo aqui, não havia ficado em casa? – disse Ikuto assustado, com medo que algo acontecesse comigo.

— Agora percebo que realmente é igual a minha Anlu, brava, destemida e corajosa o bastante para vir até aqui com seus protetores já tão cansados. – Kisho falou com um tom mais sarcástico do que já havia falado até agora.

Nem me importei em olhá-lo, muito menos escutar o que falava, o que o fez se irritar um pouco, minha preocupação era com o hematoma que se formava no peito de Teito, coloquei minha mão no local ferido e comecei a transferir minha energia para ele fazendo minha mão brilhar, e em poucos minutos estava curado.

— C-c-como? – começaram a gaguejar Teito e Natsume juntos, Ikuto ficava somente a encarar com os olhos do tamanho de dois pratos de tão grande que estavam.

— Não fiz nada de mais só usei uma parte da minha energia para te curar, meu verdadeiro poder vocês ainda não viram, além do mais só aprendi isso a menos de um mês então não esta perfeito, mas já dá para se mover melhor agora. – falei com um pequeno sorriso por ver que havia conseguido curar, mesmo que só um pouco, o Teito.

— Ora, ora, por quanto tempo mais vai me ignorar? Estou começando a me sentir excluído. – Kisho falou com o olhar de quem iria chorar e com a voz de magoado, mesmo sabendo que era mentira.

O encarei com o olhar transfigurado, isso assustou meus amigos que estavam ao meu lado e fazendo o enorme sorriso dos lábios de Kisho diminuir um pouco, mas sem desaparecer totalmente. Respirei fundo e olhei para Teito, Ikuto e Natsume me olhavam como se eu fosse um monstro, mas já havia me acostumado com esse tipo de olhar após tantos anos. Aos poucos meu olhar voltou ao normal e os olhei com carinho.

— Gostaria que depois do que vocês verão hoje não me odeiem ? – os três me encararam confusos e preocupados com o que iria acontecer. Voltei meu olhar para Kisho que ainda nos olhava com curiosidade para saber se eu era mais poderosa que a Anlu do outro mundo. – Vamos acabar logo com isso de um vez. Você trouxe muita dor ao coração de muitas pessoas e agora deve pagar pelos seus pecados.

— Calma! Você parece com minha Anlu e por isso estou aqui, para fazê-la minha. Como aquela não quis, eu tive que matá-la, mas... – ele saiu de onde estava caminhando na minha direção e parando ao perceber o olhar de Ikuto e Natsume. – Eu sei que você vai ser mais inteligente e escolher ficar comigo, pois ao contrario teria que matá-la junto com seus amigos também.

— CALA A BOCA SEU DEMÔNIO...!!!! – Natsume gritou tão alto que fez meu ouvido doer um pouco – você é quem vai morrer, não vamos permitir que mais ninguém morra por suas mãos sujas.

— Isso mesmo. – Teito e Ikuto concordaram – e ninguém vai deixar que nada aconteça com você Anlu, não por parecer com a nossa amiga, mas sim por você ser você, com sua própria personalidade. – Ikuto diz isso sorrindo para mim com um olhar ainda mais feliz.

Senti meus olhos se encherem de lagrimas por aparecer outra vez pessoas na minha vida que gostem de mim por quem eu sou, e desta vez por nada no mundo eu iria deixar essas pessoas tão importantes sumirem de minha vida outra vez, como aconteceu no passado.

— Então vamos acabar com ele juntos. – os olhei esperançosa e eles assentiram.

Comecei a me concentrar para que pudesse iniciar minha “transformação“, meus olhos verdes começaram a ficar vermelhos com tons de roxo, meus cabelos castanhos ficaram prateados, nisso todos os quatro seres do outro mundo me olhavam surpresos; a minha volta era como se houvesse um fraco furacão rodando, fazendo as pequenas folhas no chão voarem para o céu. Deixei minha transformação incompleta, pois a ultima parte era somente em caso de emergência.

Os meninos me olhavam de boca aberta por minha súbita “transformação”, mas já sabia que iria ocorrer esse tipo de reação, o que eles na verdade não sabiam era que graças a isso pude desbloquear uma parte dos meus poderes que eu não poderia usar, se não transformada.

— Ainda não estou completa, mas de acordo com o correr da luta eu vejo se devo ou não usar todo meu poder. – falei confiante, mas tentando esconder meu medo de meu poder não ser suficiente para salvar meus amigos ou de acabar machucando-os.

— Nossa, não sabia que a Anlu daqui tinha uma força assim tão grande, consigo sentir o seu poder, acho que essa luta vai ser bem interessante. Espero que não me desaponte como seus amiguinhos. – falou Kisho olhando feliz para cada um de nós, com seu sorriso sádico.

— Não se preocupe, não vamos desapontá-lo e pode ter certeza que essa guerra acaba hoje e com você morto no final. – disse Natsume cheio de sarcasmo, assim como Kisho, depois olhando para Teito, Ikuto e por fim para mim como um sinal de que era hora de atacar, e nós iniciamos o segundo tempo.