Já olhou pela janela, e tudo que viu foi nada mais que pó? Será que confundi as palavras? Seria a fina e graciosa areia branca, que quando pisamos nela, sentimos como se nossos problemas fossem embora, um por um? Não, não é essa que falo. Falo do pó, que se formou das ruínas que um dia chamou Paris, das casas perdidas, dizimadas uma por uma, pela bomba que foi jogada pelas cabeças de seus milhões de habitantes. Agora a cidade do amor foi reduzida a ossos e entulhos, e principalmente, pó.

"Todas as pessoas sonham, mas não da mesma forma."

Como o planeta chegou a esse inferno? Lembro-me das histórias de minha avó, sobre como antigamente as crianças brincavam, os adultos namoravam, e todos eram felizes vivendo suas vidas. Como ela ficou radiante quando veio para Paris pela primeira vez, e conheceu meu avô, através de um simples esbarrão. O que eu não daria para ter nascido naquela época? Mas acho que não seria tão divertido...

"Aqueles que sonham à noite nos recessos poeirentos de suas mentes, acordam pela manhã para descobrir que tudo não passava de vaidade."

E aqui estou eu, Katheryne, no ano de 1940, na maior guerra que já aconteceu na história, com as mãos sujas de sangue de centenas de pessoas que tive que matar para chegar até aqui. Mas até que valeu a pena.

Finalmente estou com uma arma apontado para cabeça do filho da puta que começou tudo isso, que me obrigou a fazer coisas que jamais vou conseguir esquecer.

O revólver está queimando em minha mão, louco para enfim ser utilizado, para finalmente ver o sorriso malicioso que terei depois que atirar. Tudo passou pela minha cabeça, como um lindo e doce Déjà-vu.

"Mas os que sonham acordados, esses sim são perigosos, pois eles sonham com os olhos abertos e tornam seus sonhos possíveis. " (Thomas Lawrence - TE Lawrence, Lawrence of Arabia)