O Inevitável escrita por Sabrina


Capítulo 3
Pequena Discussão Sobre "Quero Ser Independente, Irmãzinha"




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Enquanto Alexander examinava a flecha eu arrumava a mala em estado de alerta. A única pessoa no mundo que poderia ter controle sobre mim era a minha irmã, e ela sempre conseguia.

– Você ainda não me disse como se tornou vampira... - Alexander murmurou.

– Fui mordida. - Disse num tom sarcástico e ele olhou com uma cara "não me diga?!?!" - Foi a três anos atrás, minha mãe louca nos envolveu num ritual de bruxas para adquirir mais poder e meu pai nos salvou.

– Vocês? - Ele me fitou.

– Eu e meu irmão... - Disse. - Afinal porque eu estou te contando isso? Nem te conheço!

– Meu nome é Alexander Montazar, vim da França, mas odeio os franceses! - Ele riu e eu ignorei. - Tinha dezesseis quando fui transformado.

– Eu tinha vinte e meu irmão tinha vinte e três... - Sentei-me na cama enquanto explicava. - Natasha conseguiu escapar, mas eu e Felix estávamos quase no final do ritual e então meu pai nos transformou. Logo após meu irmão foi embora e minha mãe morreu, agora sou eu quem cuida dela...

– E seu pai? - Ele era extremamente curioso, mas decidi que poderia ser bem prestativo.

– Não faço ideia! - Sorri. - Eu preferia ter morrido naquele ritual ao invés de ser transformada.

– De acordo com o que eu sei... - Ele virou a flecha de um lado para o outro. - Sua irmã agora tem todo o poder da familia, certo?

– Sim, no momento em que nós morremos todo o poder foi passado para ela! - Sorri. - Mas ela ainda tem muito o que aprender.

– Depois que eu fui transformado roubei uma grande quantia de dinheiro e fui morar na Califórnia. - Ele viu minha irmã na porta e sorriu, em seguida continuou. - Aprendi a me controlar em luas cheias e com o tempo fui ficando mais forte. Então a um mês atrás soube de um grupo que caça lobisomens e vampiros...

– E então resolveu que iria virar um super-herói sobrenatural e matar todos os caçadores que possivelmente são treinados desde crianças a nos matar? - Minha irmã fitou ele. - Ideia genial!

– Sarcasmo deve ser coisa de familia... - Ele murmurou. - Não matar a todos, matar os que estão ao meu alcance...

Enquanto eles discutiam terminei de arrumar a minha mala e fiquei olhando para os dois. - Ja terminaram? - Fiz uma cara entediada.

– Já... - Natasha sorriu para mim, desconfortável. - Para onde vamos?

– Para onde vamos? - Perguntei para Alexander. - Porque definitivamente não quero ficar aqui enquanto existem caçadores tentando me matar e prejudicar a minha irmã.

– Os caçadores precisam de bruxas! - Alexander me olhou. - Ou encaramos ou vamos fugir para o resto da vida! Pelo o que eu sei eles tem alguns vampiros e alguns lobos trabalhando para eles.

– E o que esses caçadores querem? - Perguntei.

– Isso é o que eu me pergunto todos os dias! - Ele fitou Natasha. - Mas sempre tem alguém que controla tudo e eu tenho certeza que há alguém por trás de tudo isso.

– Só precisamos saber quem! - Natasha falou e os dois me olharam.

– Olha aqui.. - Me encostei no armário. - Eu só quero dar uma vida normal para a minha irmã, sabe? Estudar, trabalhar, casar, ter filhos, envelhecer e tudo mais... E ai vem um lobo que entra pela minha porta falando que nós não podemos ter uma vida normal?

– É questão de vida ou morte! - Alexander me olhou seriamente.

– E para onde vamos? - Natasha me olhou e eu arregalei os olhos. - Jessi, eu sei que você quer me dar tudo isso. Mas eu também sei que tenho responsabilidades.

– Você tem dezoito anos Natasha! - Disse eu. - Realmente trocaria uma vida normal para se sacrificar por isso tudo?

– Eu não posso ter uma vida normal sendo que eu nem sou normal, Jessi, pelo amor de Deus! - Ela me olhou. - Estava na hora de ter essa conversa! Qual foi o motivo de me arrastar pra cima e pra baixo durante três anos? Qual o motivo de eu ficar em casa enquanto você sai por ai na sua missão suicida? Ai de repente do nada você resolve que quer me dar uma vida normal?

– Você não tem noção da dor que eu tive ao ver uma flecha em você ontem! - Gritei e bati no móvel, arrancando uma parte dele. - Você realmente não tem noção do que iria ser de mim sem você, certo?

– Isso pode ser discutido depois, por favor? - Alexander nos olhou.

– Cale a boca! - Eu e Natasha gritamos.

– Se você não quiser, eu vou! - Natasha rebateu sem qualquer sentimento.

– Você vai com alguém que você nem conhece? - Fitei-a.

– Pelo menos ele vai me mostrar que ficar trancafiada durante três anos não é a solução para mim! - Ela gritou. - O único lugar que eu ia era pra escola, e ainda assim você não me deixava um segundo! Eu estou cansada de ficar de baixo das suas asas, eu me sinto totalmente vulnerável! E você só deixou eu ler a droga daquele livro com feitiços quando eu fiz dezoito anos! Droga Jessica, você não é a unica aqui não!

– Natasha! - Eu realmente não estava acreditando no que ela havia dito. Pra mim, para ela não havia problema nenhum. Me senti a pior irmã do mundo! Ela não tinha amigos, não tinha nada, só tinha a mim e mesmo assim eu queria que ela tivesse uma vida normal.

– Não precisa dizer nada! - Ela falou. - Eu ja sei o que você pensa... E querendo ou não eu vou com ele!

– Então eu vou com você... - Não sabia se iria me arrepender daquilo, mas Natasha estava certa, depois de tudo aquilo eu deveria apoia-la a fazer algo.

– To vendo que eu ainda vou sofrer nisso... - Alexander murmurou e foi para a sala.

– Vamos poupá-lo de nossas brigas! - Natasha me olhou enquanto dizia. - E você vai pagar uma fortuna pelo móvel destruido. - Nós rimos e ela saiu do quarto.

Me sentei na cama e parei para pensar um pouco. Ignorei a dor que eu estava sentindo, pois o sangue que eu havia tomado foi tão pouco e eu estava me sentindo tão exausta.

– Posso? - Alexander entrou no quarto e esticou o braço. - Da pra ver que a sua aparência não é uma das melhores.

– Não tem medo de eu te machucar? - Olhei para ele que logo sentou-se ao meu lado, estava sendo bem gentil para um lobisomem.

– Claro que não! - Ele sorriu e eu vi como seus dentes eram extremamente limpos e grandes.

Ele me deu seu braço e dessa vez eu fiz sem dó alguma. Eu estava com tanta fome que nem liguei para modos.

– Pare quando eu pedir! - Ele me olhou e eu ignorei. - Por favor Jessica, sangue de lobisomem alimenta e é bem convidativo.

E era mesmo. Mas eu não podia matar o garoto que sentiu atração pela minha irmã. Afinal ela iria ficar muito brava.

– Relaxe que eu sei quando eu tenho que parar! - Parei e limpei a minha boca. - Eu sei me controlar.

– Isso é bom! - Ele se levantou e foi para a sala.

Mesmo Alexander sendo tão gentil eu não confiava nele. Mas senti em seus olhos o medo, medo dos caçadores. Então soube que de agora em diante eu não iria questioná-lo, eu iria segui-lo e ajudar a acabar com aquele grupo. Mas para isso precisava treinar a minha irmã, talvez precisasse treinar os dois.


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