Percy Jackson & A Tenente do Caos escrita por Thalia Luna, Vivs, Vivs


Capítulo 3
Um Meteoro Dourado


Notas iniciais do capítulo

Bom, acho que não disse nada ainda aqui, mas olá e boa leitura. Espero que gostem ;)



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Não sei qual foi o nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser.

Existem poucas situações em que um semideus se vê com medo. Mas não o medo e o frio que congelava a barriga nas batalhas, mas o medo do irremediável, o medo das consequências de nossas atitudes. E naquele momento, eu estava apavorado.
Annabeth me encarou com olhos frívolos, como se eu fosse um ladrão que rouba doces de criancinhas.
   Dei um sorriso amarelo.
   Meio torto.
   Ela pediu licença aos seus irmãos e veio conversar comigo, andando de forma segura e vertiginosa.
   — Precisamos conversar — essas foram as únicas duas palavras que Annie sussurrou ao passar por mim, e continuar andando rumo ao lado.
   Sem nem um: “Percy, você está bem?”.
   — Será que ela se tocou do quão idiota você é, Perseu? — provocou Clarisse, a filha de Ares e a semideusa mais odiosa de todo o Acampamento. Ignorei-a.
   Incerto, eu a segui, repetindo meu discurso freneticamente em meus pensamentos, explicando a situação que acabara de desenrolar comigo.
   — Quem era aquela e por que você a estava segurando? — indagou Annabeth. Seus olhos cinzentos estavam tempestuosos, revelando o conflito que acontecia dentro de si.
   — Bom… — comecei, mas fui interrompido por um acesso de raiva da minha namorada.
   — Eu não quero saber, Perseu Jackson! — dei um pequeno salto para trás, assustado com o tom raivoso que a voz de Annabeth adquirira. — Bem que minha mãe disse que você não era diferente do seu pai! Eu deveria ter acreditado nela! É só você se afastar um pouco que seja de mim e já está com outra nos braços, literalmente! — concluiu ela. Ao invés de me estressar mais ainda com o ataque de fúria de Annabeth, minha reação foi bem diferente.
   Sorri. Não, eu gargalhei.
   Minha Sabidinha estava com ciúmes de mim.
   Eu sei que isso não é algo para se alegrar, na verdade é algo bem preocupante, mas Annabeth, tão fechada com os seus sentimentos na maioria das vezes, agora os expunha de forma clara.
   — Por que você está rindo seu idiota? — indagou ela, ainda mais alterada que antes.
   Sem dizer uma palavra, segurei seu rosto vermelho e encostei os nossos lábios. E foi só isso, um toque de lábios, mas nele, eu expressei tudo o que eu sentia, e isso serviu para ela se acalmar.
   — Eu te amo, minha  Sabidinha. Não duvide disso. Nunca .— pela primeira vez, Annabeth se encontrava sem palavras, se encontrava sem argumentos para debater.
   Eu adorava vê-la desconsertada por causa das minhas ações. Suas bochechas adquiriam um adorável tom avermelhado, a boca abria e fechava como um peixe fora d'água e os olhos cinzentos esbugalhados revelavam surpresa.
   — Se prepare, Annie, que a história é bem complexa e um pouco doida — adverti, pronto para contar as maluquices do dia.
   Com o fim da narrativa, eu esperava alguma reação da Annie perplexa que me encarava sem esboçar surpresa, horror ou qualquer outra emoção.
   —  A garota é filha de Hera…? — começou a garota sem saber como completar o pensamento.
   — É o que tudo indica — afirmei, tão perplexo quanto Annie.
   Onde o mundo iria parar se até a deusa dos casamentos tinha um amante…
   — Me desculpe, Percy — disse ela, me abraçando, pegando-me desprevenido. A apertei contra mim, sentindo algo opressor no meu peito, como se aquele fosse um dos nossos últimos abraços.
   — Vou ver como ela está. Tudo bem para você ou vai dar outra crise?
   — Pode ir, Percy. Está tudo bem — num lampejo de insanidade, eu levantei Annabeth em meus braços e mergulhei na água.
   E aquele foi o segundo melhor beijo aquático da minha vida.
   A medida que foi esquentando, que o beijo ficou mais quente, mais a minha noção de tempo e de espaço se perdia e mais o corpo de Annabeth pressionava o meu.
   Até que a bolha de ar em que estávamos confinados e que era fonte de nosso oxigênio estourou, por causa da minha falta de concentração.
   Rapidamente, nós dois nos separamos e nadamos em direção a superfície, respirando aliviados e rindo descontroladamente.

Depois que saímos completamente encharcados de dentro do lago, rindo como dois adolescentes desajuízados que éramos, eu me dirigi à Casa Grande para verificar o estado da garota recém-chegada.
   Eu estava prestes a bater na porta quando ouvi meu nome ser citado. Uma força maior, chamada curiosidade, me impediu de fazer qualquer movimento, então eu fiquei estático, ouvindo a conversa por trás da porta.
   — Tenho certeza, Senhor Quíron — afirmou a voz da garota.
   — Zeus atacará o Acampamento caso o Percy não se entregue — concluiu o centauro.Sua voz cheia de dor e eu podia jurar ódio. Mesmo sendo um cara durão (meio cara e meio cavalo, na verdade), Quíron doaria a sua vida por qualquer campista, disso eu tinha certeza.
   Fiquei inerte, estagnado no mesmo lugar.
   Eu não podia continuar no Acampamento se minha presença causaria problemas para todos.
   Mas por que Zeus estava zangado comigo? Eu não aprontei nada recentemente, ao menos nada que ele saiba.
   Eu ficaria lá para escutar mais do assunto, mas ao dar um passo para me aproximar mais da porta e ouvir melhor, o piso de madeira rangeu sob os meus pés e as vozes se cessaram.
   Antes que eu fosse descoberto, saí correndo desvairadamente pelo Acampamento, ainda refletindo sobre o que acabara de ouvir.
   Eu estava desnorteado, como se tivesse acabado de levar um soco no estômago.
   Parei ao ver uma criança de cerca de seis anos tropeçar no chão e cair , poucos metros à minha frente e fica parada lá, como se fosse dormir.
   Aquela criança era do chalé de Ares e chegara há pouco tempo no Acampamento, logo depois que sua mãe fora devorada por um monstro que até então eu não recordava.
   Corri e ajudei o garoto a se levantar. Mesmo tendo cinco anos de idade, seu rosto e braços eram cobertos por cicatrizes, a mais chamativa era a que cortava o lado direito do rosto desde o canto do nariz até perto da orelha.Essa cicatriz e o seu cabelo loiro areia, me lembrava um velho amigo.
   — Obrigado — agradeceu ele, usando de uma doçura nunca antes vista nos filhos do deus da guerra.
   E foi em razão de ver aquela criança pequena e tão indefesa que eu cheguei à uma decisão.
   — Mas eu sei cuidar de mim mesmo, Jackson — rosnou a criança limpando a poeira da roupa e caminhando em direção aos chalés. Não me importei com a grosseria presente na voz do menino, afinal, aquilo não era nada do que um filho de Ares não fazia.
   Eu sairia do Acampamento e não demoraria.

A noite chegara e Nix cobrira o extenso céu com seu manto de escuridão e estrelas.
   A maioria dos campistas estavam ao redor da fogueira, cantando, dançando e brincando, esbanjando felicidade. Isso só piorou a guerra interna travada em minha consciência.
   — Percy, está tudo bem? — perguntou Annie, sentada no troco de árvore caído que nos servira de banco. Sua mão estava pousada no meu joelho, o belo rosto revelava preocupação.
   — Está sim Annabeth — respondi desanuviando minha expressão, antes pensativa.
   — Você estava pensativo,isso é preocupante — comentou ela, sorrindo suavemente.
   — Foi só uma sensação estranha. Um pressentimento — não era completamente mentira, apenas meia verdade.
   Os filhos de Apolo me ensurdecia com suas músicas alegres e extremamente altas, compostas por flautas e liras. Mas no meu interminável monólogo interno, eu percebi que eu tinha que fazer a coisa certa, independente do quanto eu sofresse.
   — Olhe lá! — gritou Annabeth, apontando para cima.
   No susto, eu me levantei e observei o céu.
   Uma espécie de meteoro dourado caía na direção do Acampamento, liberando um engraçado cheiro de algo tostado.


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Notas finais do capítulo

Pessoas, juro de coração que tentaremos ser mais pontuais e mais frequentes quanto a postagem. Perdoem eventuais erros e até a próxima.



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