Severus Prince Snape, ouviu vozes lá fora e levantou-se. Chegou à porta no exacto momento em que se ouviram umas leves batidas na porta. Abriu-a.

Hermione susteve a respiração enquanto a porta se abria e fechou os olhos. “Quando abrir os olhos será que vou acordar caída no gabinete? Isto não pode ser real… ”

  - Boa noite, Hermione Granger.

  - É mesmo você?

  - Sou, abra os olhos. – Ele disse aquilo em voz suplicante, como se disso dependesse a sua vida.

Hermione abriu os olhos, e não conseguiu conter as lágrimas ao ver o amor que julgava perdido parado à sua frente.

  - Entre. Está frio aqui fora. – Ele tentava conter o entusiasmo, ainda tinha medo que ela se assustasse e saísse dali a correr. Afinal, ele devia estar no mundo dos mortos.

Entraram para uma sala que pareceu acolhedora a Hermione. Sentaram-se em cadeirões próximos e olharam-se apaixonadamente, mas as palavras quando saíram, saíram contidas.

  - Quer um chá? Algo quente?

  - Não, obrigada. Quero respostas, dá-mas? – “Por favor, diz que sim.”

  - Se as conseguir dar. – “Ela está ainda mais linda do que aquilo que me lembro.” 

    - Há quanto tempo decidiu ficar escondido? Porque é que não o revelou a quem sabia a verdade? Afinal… deu-nos a verdade, saberia que não o iríamos julgar.

  - Desde que recuperei a consciência, uns meses depois daquele dia, pedi à Minerva para não revelar a ninguém. Sabe bem que era melhor assim, já era o suficiente sobrecarregar a Minerva com este segredo, agora a menina também…

  - Não confia em mim?

  - As únicas pessoas em quem confiei magoaram-me muito, sabe? – “O meu coração confia em si, mas não lhe posso dizer isso, não já”

  - Oh… Compreendo. – “Sou mesmo uma tola, pensava que poderia ser correspondida… Afinal eu confiei-lhe os meus sentimentos naquelas cartas… Oh, as cartas…“ Ao pensar isto corou, mas tinha de ver a sua dúvida satisfeita, encheu-se de coragem e perguntou. – Recebeu as minhas cartas?

  - Recebi. – A menção às cartas derrubou o autocontrolo que ele tentava reunir. – E respondi a cada uma.

  - Então, as flores… fo… fo… foi o senhor! – Hermione estava tão surpresa quanto envergonhada, nem conseguia falar decentemente.

  - Fui, Miss Granger. – “Prometi a mim próprio que não a iria tratar como uma aluna… “ – E também lhe escrevi uma carta de resposta a cada carta que me enviou, mas como deve calcular não as podia enviar. Desculpe-me.

“Os olhos dele… Estão diferentes… Ele sabe aquilo que sinto, já não tenho nada a perder. Quantas vezes jurei a mim própria que se o pudesse voltar a ver lhe contaria tudo?! Hermione assume tudo de uma vez! Sê corajosa, és uma Gryffindor ou não?!”

“No que será que ela tanto pensa?! Será que se arrependeu de ter escrito o que escreveu? Severus Prince pode ser a ultima vez que a vês. Assume tudo agora ou nunca lhe poderás dizer o que sentes!”

  - Queria dizer-lhe que…

  - Sabe que…

Falaram os dois ao mesmo tempo. Sorriram com a atrapalhação, “Ele fica ainda mais lindo quando sorri, devia faze-lo mais vezes”, Snape levantou-se e estendeu a mão a Hermione.

  - A menina dança?

Hermione sorriu-lhe e levantou-se. Uma calma melodia encheu a sala, e ela deixou-se guiar pelos passos dele. A proximidade física não os incomodava. Ele encostou-lhe os lábios ao ouvido e preparou-se para continuar o que tinha começado.

  - Por favor, deixe-me acabar o que lhe quero dizer.

“Porque é que o chão deixou de existir? Como é que eu consigo continuar a dançar com ele a falar-me assim ao ouvido? Isto só pode ser um sonho.”

 Interpretou o silêncio dela como um consentimento.

  - Eu tenho dificuldade em assumir mas, o meu coração chama por si.

“Isto é mesmo um sonho. Não permitas que eu acorde agora, não não não…”

  - Eu julgava ter perdido a minha vida, mas quando me começou a escrever, o meu coração ganhou uma nova força. Este cativeiro passou a ser um verdadeiro sacrifício.

Olharam-se nos olhos um do outro.

   - Hermione, amo-a.

Beijaram-se. Os corpos continuavam a mover-se ao som da música, e os lábios começaram uma dança ao som do coração. Os seus corações batiam como se apenas de um se tratasse. Um beijo lento, cheio de sentimentos, cheio de revelações mudas.

  - Severus, sabe quanto o amo. Tudo o que disse naquelas cartas, saiu do coração, é a mais pura das verdades.

Os olhos deles transbordavam de felicidade. A música tornou-se mais mexida e Severus Snape fazia Hermione mexer-se ao som da música sem dificuldades.

Ela falhou um passo, e as gargalhadas de ambos soaram em conjunto. Ele voltou a faze-la rodopiar até aos seus braços e abraçou-a.

  - Pensei que nunca mais iria sentir o seu perfume.

   - E eu, pensei que nunca iria sentir os seus braços.