Depois do jantar na véspera de Natal, Hermione pensou que ninguém iria sentir a sua falta. Encaminhou-se para o gabinete do antigo professor de poções, que no próximo ano seria seu, as lágrimas não a deixavam ver o caminho, mas ela já o sabia de cor.

Entrou e sentou-se no cadeirão habitual.

A gata que a observava deu um pulo chamando a sua atenção e contorceu-se.

- Professora… Hãããn… Eu não estou aqui a estragar nada.

- Hermione, não precisa de se explicar. E pode tratar-me por Minerva.

“Será que a Directora bebeu demais ao jantar?!”

- Eu tenho-a seguido até este gabinete várias vezes nos últimos meses – Minerva McGonagall continuou ao ver que Hermione estava confusa.

- Peço desculpa.

- Não, eu é que lhe peço desculpa.

“Ela parece que está mesmo a sofrer, o que é que será que se passa? Nunca me fez nada, eu é que devo ter infringido dezenas de regras da escola.”

- Mas a professora nunca me fez nada.

- Fiz sim, e muito. – As mãos da professora cobriram-lhe o resto, como se ela se tentasse acalmar, respirou fundo, e continuou. – Escondi-lhe a verdade. Mas esta noite vou-lhe contar tudo o que aconteceu naquele dia, no dia da Batalha Final.

Hermione tremia, não imaginava o que é que a professora lhe escondia que a fizesse sentir assim tão mal.

                - Depois do Harry matar o Vol… Vol… Voldemort e nos ter reunido para nos contar o que o professor Snape tinha feito durante todos aqueles anos. Eu fui para o gabinete do Director pensar, porque não entendia como é que o Dumbledore poderia ter exigido tanto de alguém. Então… - E recomeçou a chorar, os lábios de Hermione já sangravam só de tentar conter os gritos de dor que se formavam ao relembrar aquele dia. A professora lembrou-se de que a sua missão neste dia era sobre a felicidade, conseguiu acalmar-se e continuar. - O professor Dumbledore deu-me uma missão. Salvar o professor Snape. Disse-me onde estava a poção, que o próprio Severus andava a desenvolver contra o veneno da cobra de estimação do Voldemort. Sem pensar que um dia seria ele a precisar dela.

Hermione não se aguentou, ao ouvir o nome de Severus soltou um pequeno grito.

                - Hermione, por favor. Aguente-se, é importante que lhe conte isto.

                - Sim. Minerva desculpe, mas se me seguiu até aqui, sabe que este é um tema muito delicado para mim.

                - Eu sei, e por isso é que lhe estou a revelar tudo. Ouça-me até ao fim.

Hermione assentiu com a cabeça, incapaz de dizer uma palavra que fosse.

                - Peguei na poção e num Vira-Tempo, e voltei até aquele momento em que vocês estavam a despedir-se do Severus. Transformada é claro. Assim que vocês saíram, eu dei-lhe a poção e levei-o para um local seguro. A conselho do professor Dumbledore não contei a ninguém o que fiz, o mundo mágico iria querer a cabeça do Severus. Poucos iriam acreditar nele depois daquele ano que ele passou como Director desta escola. A sua recuperação foi difícil, e só poderia ser eu a trata-lo, mas o Severus sobreviveu. Neste momento continua fraco e optou por continuar escondido.

Hermione levantou-se e deixou-se cair de joelhos em frente à professora McGonagall.

                - Por favor, por favor, leve-me até ele. – Soluçava ela. Minerva McGonagall nunca tinha imaginado ver Hermione Granger tão subjugada a alguém.

                - Francamente, Hermione. Porque é que acha que lhe estou a contar isto?! É óbvio que a vou levar até ao local onde ele está escondido.

Hermione levantou-se, e ambas se encaminharam para fora dos portões da escola.

Tentava conter as lágrimas e a professora fingia que não as via. Sem dizer nada a professora estendeu o braço para que Hermione o agarrasse.

Desmaterializaram-se as duas.

Apareceram em frente a uma casa, isolada de tudo. Hermione avançou a medo, e viu que a professora ficava para trás.

                - Não vem comigo?

                - Não, já cumpri a minha parte. Poderá ficar aqui o resto das férias, se o desejar.

                - Obrigada pela prenda de natal, Directora.

Hermione Jean Granger, seguiu a passos pequenos mas seguros para a porta. Decidida a entrar.